Baixe Brincando com Astronomia- Perelman e outras Notas de estudo em PDF para Astronomia, somente na Docsity! A
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TRADUÇÃO DE R. ARGENTIÊRE
soDTINI vHOoLIAS
(VISVESONETAS 3Q VHISTISVIS aVO3IDOS VA) JHJINIDAV "4 2Q OVÍVINIINO
(1 iwn10oA) HIGVYS OA OVÍVOIINAIA OVÍI1OD
142,,..0 ALFABETO PLANETÁRIO
145.,,.0 QUE NÃO PODEMOS DESENHAR
149....POR QUE NAU EXISTE ATMOSFERA EM MERCURIO?
151...:AS FASES DE VENUS
158....AS GRANDES OPOSIÇÕES
«UM PLANETA OU UM PEQUENO SOL?
O DESAPARECIMENTO DOS ANEIS DE SATURNO.
-ANAORAMAS ASTRONOMICOS:
O PLANETA TRANSNETUNIANO
+-»-PLANETAS PIGMEUS
168...,05 NOSSOS MAIS PRÓXIMOS VIZINHOS
169,...0S COMPANHEIROS DE VIAGEM DE JÚPITER
170,...0S CEUS ALHEIOS
IV — AS ESTRELAS
185....POR QUE AS ESTRELAS PARECEM ESTRELAS?
186....POR QUE AS ESTRELAS CINTILAM ENQUANTO
OS PLANETAS TEM BRILHO CONSTANTE?
189,...PODEM AS ESTRELAS SEREM VISTAS DE DIA?
191....0 QUE É A MAGNITUDE ESTELAR?
«A ALGEBRA ESTELAR
«O OLHO E O TELESCÓPIO
“A MAONITUDE ESTELAR DO SOL E DA LUA
-O BRILHO VERDADEIRO DAS ESTRELAS E DO SOL
203....A MAIS BRILHANTE DAS ESTRELAS CONHECIDAS
204..,.A MAGNITUDE ESTELAR DOS PLANETAS COMO
É VISTA EM NOSSOS CEUS E NOS CÉUS ALHEIOS
206..,.POR QUE AS ESTRELAS NAO SAO AMPLIADAS NO TELESCÓPIO?
210,...COMO MEDIR OS DIAMETROS ESTELARES?
212....GIGANTES DO MUNDO ESTELAR
213.,,.UM CALCULO INESPERADO
214.,..A SUBSTÂNCIA MAIS PESADA
POR QUE AS ESTRELAS SÃO CHAMADAS FIXAS?
UNIDADES DE DISTANCIAS ESTELARES
«OS SISTEMAS ESTELARES PRÓXIMOS
A ESCADA DO UNIVERSO
V— A GRAVITAÇÃO
231,...0 TIRO VERTICAL
234,,..0 PESO NA GRANDE ALTITUDE
288. ...COMPASSOS NA TRAJETÓRIA PLANETARIA
243,...A QUEDA DE PLANETAS NO SOL
246....4 FORJA DE VULCANO
247....08 LIMITES DO SISTEMA SOLAR
248,..,0 ERRO NO LIVRO DE JULIO VERNE
249....COMO FOI PESADA A TERRA?
252,...COMO E O INTERIOR DA TERRA?
253,...PESANDO Q SOL E A LUA
256... MPSO E DENSIDADES DOS PLANETAS E DAS ESTRELAS
-O PESO NA LUA E NOS PLANETAS
RECORDE DE PESO
O PESO NO FUNDO DO PLANETA
O PROBLEMA DO NAVIO
MARES SOLARES E LUNARES
268....A LUA E O TEMPO
O LIVRO de J, I, PRRELMAN faz o leitor co-
nhecer as diversas questões de astronomia com
seus notáveis progressos científicos; conta de
maneira, muito envolvente os importantes fenô-
menos do céu estelar, O autor mostra muitos
fatos, aparentemente costumeiros e prosáicos,
de um ponto de vista totalmente novo e ines-
perado, expondo o seu verdadeiro sentido, Os
problemas explanados pelo livro pintam diante
do leitor um grande quadro do espaço universal
e de fatos admiráveis, atraindo o interêsse para
a mais absorvente das ciências, que é a ciência
dos céus, JT. PERELMAN, infelizmente, morreu
em 1942, durante o cérco de Leningrado e não
conseguiu satisfazer o seu desejo, que era escre-
ver a continuação dêsse llvro. As sucessivas
edições dessa obra foram adicionadas algumas
Pequenas modificações a fim de torná-la con-
forme o espírito de nossa época,
RODUÇÃO
A ASTRONOMIA é uma ciência afortunada; ela não
tem necessidade de adornos, disse o súbio francês
Arago; é tão fascinante que não se precisa aplicar
um esfôrço especial para compreendê-la. Entretanto,
a ciência dos céus não é sômente uma coleção de
teorias audazes. A sua base, na verdade, é cons-
tituida por fatos comuns que se repetem dia a dia.
Os homens que não pertencem ao quadro de amadores
do céu, têm, na maioria dos casos, uma noção muito
nebulosa dessa prosáica parte da astronomia. Por
êste motivo dão-lhe pouca atenção: é um fato muito
conhecido que é difícil prestar-se atenção naquilo que
se vê todos os dias diante dos olhos.
É êsse aspecto diário da ciência dos céus, nas
suas primeiras e não nas últimas páginas, que forma
o conteúdo principal, mas não exclusivo, dêste livro
de astronomia. O seu principal objetivo é, antes de
tudo, iniciar o leitor nos fatos básicos da astronomia,
Isto não quer dizer que êste livro seja uma espécie
de texto elementar. O método de elaboração do ma-
terial diferencia-se muito de um livro de estudo. Os
fatos comuns, apenasmente conhecidos, são explanados,
aqui, através de paradoxos inesperados ou mostrado
por um lado novo a fim de excitar a imaginação
e renovar o interêsse pela leitura. Foram abandonados,
na medida do possível, a terminologia profissional e
o nefelibatismo técnico, os quais se apresentam como
um obstáculo entre o leitor e o livro de astronomia.
E!
Os livros de ciência popular são, muitas vêzes,
acusados de não ser suficientemente sérios. A acusa-
ção até certo ponto é justa e concordamos (se tiver-
mos em mente os trabalhos de um preparo exato em
ciências naturais) que procuram fugir de qualquer
forma ou figura de cátculo. Entretanto, o leitor precisa
saber guiar as suas preferências reais desde que apren-
deu, pelo menos na forma elementar, a operar com
cifras. Por êste motivo, o autor não se limitou a de-
senvolver simples cálculos neste livro; procurou também
apresentá-lo, de maneira fácil e na forma mais aces-
sível da matemática escolar. Semelhantes equações
não sómente ajudam os conhecimentos adquiridos como
preparam o leitor para o exame de obras mais sérias.
Este livro contém capitulos relacionados com à
Terra, a Lua, os planetas, as estrélas e a gravitação.
O autor concentrou a sua atenção nas matérias não
usualmente discutidas nas obras dessa natireza, O
autor tem a esperança de elaborar um segundo volume
sôbre os objetos omitidos no presente livro. Não
obstante o grande número de trabalhos publicados
sôbre êste assunto, o livro não deseja discutir ou
analisar em detalhes o rico acêrvo da moderna as-
tronomia.
A TERRA, SUA
FORMA E MOVIMENTOS
O CAMINHO MAIS CURTO
NA TERRA E NO MAPA
O professor marcou com o gis dois pontos no
quadro negro. Depois, pediu ao aluno para desco-
brir qual era a menor distância entre os dois pontos.
Houve um momento de hesitação e o jovem es-
colar traçou cuidadosamente uma linha curva.
— ÊÉste é o caminho mais curto? perguntou, sur-
prêso, o professor. Quem lhe ensinou isto?
— Foi o meu pai. Ele é motorista de taxi.
O cândido desenho do aluno é, naturalmente, um
gracejo. Entretanto, eu suponho que você poderá
abrir a bôca de incredulidade quando lhe disser que
a linha arqueada pontuada na Fig. 1, é o menor ca-
minho entre o Cabo de Boa Esperança e a ponta sul
da Austrália! Você poderá ainda ficar mais espantado
ao aprender que o caminho indireto entre o Japão e
o canal do Panamá, desenhado na Fig. 2, é o mais
curto do que a linha reta entre os pontos situados
no mesmo: mapa!
Tudo isto parece uma brincadeira, entretanto,
diante de vocês está uma verdade indiscutível, muito
bem conhecida pelos cartógrafos.
Para esclarecer a questão teremos necessidade de
dizer algumas palavras sôbre os mapas em geral e
13
Calculemos, agora, o comprimento de cada arco.
Como os pontos À e B estão a 60º de latitude, os
raios OA e OB formam um ângulo de 30º com OC,
sendo êste último um eixo do globo imaginário. No
triângulo retângulo ACO, o cateto AC (= r) oposto
ao ângulo de 309, iguala a metade da hipotenusa AO:
dai r = —- O comprimento do arco AB é 1/6
do comprimento do círculo de latitudes, e como êste
círculo tem um comprimento duas vêzes menor que
o do grande círculo (consequentemente duas vêzes
menor do raio) então, o comprimento do arco do
Pequeno círculo AB passa a ser o seguinte:
1
do O o sm
Para delsnihar o comprimento do arco do gran-
de circulo traçado entre êstes dois pontos, devemos
Procurar o valor do ângulo AOB. Como a corda AB
tmindo as extremidades do arco de 60º do Pequeno
Círculo, é o lado de um exágono equilátero, inscre-
ve-se no mesmo Pequeno circulo, por Este motivo,
AB = “2 Se desenharmos uma linha reta
OD, unindo o Ponto O, o centro do globo, o ponto D
situado na metade da corda AB, obteremos o triân-
gula ODA, no qual o ângulo D é o ângulo reto,
1
Se DA [E AB e OA é R, então, o seno
AOD = AD: AQ E, R = 0,25. Procurando
nas tabelas apropriadas encontramos que <AOD =
14º 28" 5”, Conseguentemente, <AOB = 28º 57",
É fácil, agora, descobrir por este caminho sua-
vizado, o valor do comprimento de um minuto do
grande círculo do globo sendo de uma milha náutica
ou cêrca de 1,85 km. Eis que 28º57 = 1737 =
3.213 km.
18
Portanto, acabamos por descobrir que, a rota
ao longo do circulo de latitude indicada na carta
náutica pela linha reta, é de 3.333 km, enquanto a
rota pelo grande círculo, através de uma linha curva
no mapa é de 3.213 km, ou 120 km à menos.
Equipado com um pedaço de barbante e um
globo terrestre escolar, você mesmo poderá desco-
brir, com tôda a facilidade, quais os caminhos de-
senhados são corretos é verificar, que os arcos do
grande círculo são, efetivamente, aquilo que ali fo-
ram mostrados. Medindo o caminho “reto” sôbre
o mar, entre a África e a Austrália, como está tra-
cado na Fig. 1, verificamos que é de 6.020 milhas,
enquanto que o caminho “curvo” é de 5.450 milhas,
isto é, 570 milhas (1.050 km) a menos.
Nas cartas de navegação aérea a rota “reta”
que liga Londres à Changai cruza o mar Cáspio,
enquanto que o caminho menor está situado ao norte
de Leningrado. Agora, torna-se possível compreender
como tal tato é importante do ponto de vista de eco-
nomia de tempo e combustível,
Na era em que os navios eram impelidos pelo
vento o tempo não tinha muita importância; o homem
não olhava, então, o “tempo” como “dinheiro”; mas,
com o advento do vapor, cada tonelada a mais de
carvão que se gastava, custava dinheiro. Foi quando
Os navios tiveram de escolher caminhos mais curtos,
utilizando, principalmente, não os mapas do tipo de
Projeção de Mercator, mas os chamados de projeção
“Central”, que são mapas que indicam os arcos do
grande círculo por linhas: retas,
Por que, então, os navegadores dos velhos tem-
pos utilizaram estas cartas enganosas e trilharam
caminhos desvantajosos? É errado pensar que nos
tempos antigos, não se conheciam as qualidades es-
19
pecíficas das cartas de navegação acima mencionadas.
Entretanto, esta não é a verdadeira razão, A verdade
é que, além de seus inconvenientes, as cartas de
Projeção de Mercator possuem um certo número
de pontos vantajosos para os marinheiros. Em pri-
meiro lugar, elas oferecem um panorama, sem de-
formação, das pequenas partes: da superficie terrestre,
conservando os ângulos do contôrno. Isto não altera
o fato de que, quanto maior fôr a distância do equa-
dor, mais alongados ficam os contôrnos. Nas altas
latitudes a deformação é tão grande que um desco-
nhecedor das feições peculiares da carta de nave-
gação, pode fazer a Groenlândia tão grande como a
África, ou o Alasca tão grande como a Austrália,
quando, na realidade, a Groenlândia é 15 vêzes me-
nor do que a África, enquanto o AI a, junto com
a Groenlândia não são maiores do que a metade do
tamanho da Austrália. Eles tinham uma concepção
absolutamente correta do tamanho dos diferentes con-
tinentes. Mas, os marinheiros familiarizados com
estas peculiaridades não podiam chegar a um ex-
travio, por que, dentro das pequenas secções do
mapa de navegação, obtinham uma descrição exata
(Fig. 5).
Entretanto, o mapa náutico é uma chave para a
solução do serviço prático de navegação. É somente
pela carta que o verdadeiro caminho correto do navio
é indicado por uma linha reta, Governá-lo em um
curso único e seguro, em uma mesma e única direção,
ao longo do mesmo rumo, ou, em outras palavras,
cruzar todos os meridianos no mesmo ângulo, é o
que se chama curso loxodromo. Portanto, êste curso
pode ser executado como uma linha reta sômente
em uma carta cujos meridianos sejam linhas retas
paralelas, Na realidade, o loxodromo é uma espiral
20
g s
— Uma carta núutica mundial de Mercator. Este
tipo de mapa dilata tremendamente os panoramas dos
territórios colocados ao longo do equador. Qual é maior:
a Groenlândia ou a Austrália? (ver a resposta no texto)
A resposta deve ser dada sem consultar o diário
dêsse grande explorador.
RESPOSTA
O Polo Norte é o ponto mais ao norte do globo.
Qualquer caminho que tomarmos ao sair do Polo
Norte sempre iremos ao Sul. Retornando do Polo
Norte, Amundsen somente poderia ir para o Sul, não
existindo outra direção. Eis uma citação do diário
de bordo no seu vôo ao Polo Norte com o dirigível
Norg
“O Norge traçou um circulo nas proximidades
do Polo Norte... E depois continuamos o nosso
vôo... Desde a primeira vez que deixamos Roma
tomamos o curso sul...”
Exatamente no Polo Sul Amundsen sômenie po-
deria ir para o norte.
Esta parece a velha e conhecida anedota do
turco de K. Plutkov que descobriu-se a si mesmo
na mais oriental das terras. “Oriente à frente, oriente
à direita e oriente à esquerda. E onde está o Oeste?
Por ventura, o seu pensamento deveria ser tão veloz
como uma simples mancha visível movendo-se na
distância?,.. Você está certo! O oriente está tam-
bém nas minhas costas. Em suma, por tôda a parte
e em tôda a volta nada mais do que um interminável
oriente”.
Uma região fazendo face oriental com todos os
lados é uma impossibilidade para a nossa Terra.
Mas existe um ponto no qual o sul está sempre em
volta, enquanto que êste ponto está orlado em todos
Os lugares por um norte “sem fim”. No Polo Norte
é possível construir uma casa tendo as quatro pa-
redes com face para o sul. Este é, deveras, um
24
b
trabalho que os exploradóres soviéticos no Polo Norte
conseguiram realizar,
CINCO MANEIRAS DE CONTAR O TEMPO
Utilizamos relógios de bolso e parede cujos pas-
sos findamentais de suas indicações não sabemos
avaliar. Eu penso que são poucos os leitores que
sabem explicar o sentido dessa frase pronunciada:
— Agora, são 19 horas,
Por que sômente o pequeno ponteiro aponta
para o número 7? E qual é o significado dêste nú-
mero? Éle mostra que depois do meio-dia, passou
uma 7/24 parte do dia. Mas, depois de que meio-dia
e, antes de tudo, 7/24 de que dia? O que é um
dia? O dia, como diz um conhecido ditado, “dia e
noite, dia acabado”, é a duração de uma rotação
completa de nossa esfera sôbre si mesma em relação
ao Sol. Para finalidades práticas êle é medido da
seguinte forma: duas passagens sucessivas do Sol
(ou mais exatamente de seu centro) através de uma
linha imaginária no céu ligada a um ponto situado
diretamente sôbre a nossa cabeça, o “zenite”, com o
ponto sul no horizonte. Esta duração varia, pois o
Sol cruza esta linha um pouco mais cêdo ow mais
tarde. É, pois, impossível, acertar o relógio com
este “verdadeiro meio-dia”. Os mais hábeis peritos
relojoeiros não podem construir um relógio que re-
gule o tempo com o Sol, pois, êle seria inexato, “O
Sol mostra o tempo errado”, era o lema dos cons-
trutores de relógios de Paris no século passado.
Nossos relógios não se regulam por um Sol real,
mas por um Sol fictício, que não resplandece, nem
é quente, mas que tem sido imaginado com o único
propósito de fornecer corretamente o tempo. Imagi-
nemos um corpo celeste cujo movimento através do
25
na UR.S.S. e em muitos países europeus durante
o verão *,
O tempo de verão é exatamente uma hora de
verão em avanço do fuso horário, Ele foi instituido
1min, E 12h. Yômin.
Yomin. 12h, YOmin.
5 min, 12h. Smin.
0 mi em IN + dr) 12h. Omin,
5 min, Mh. 5Smin.
Yomin. Pp Wib; 50min.
1Smia, Uh: 45min.
20min. he Armin.
FIG. 7 — Esta tabela, chamada «tabela de equação de tempos mostra
como é grande a discrepância em cada dia particular entre o verda-
deiro e médio meio-dia solar. Por exemplo, em 1.9 de abril um re
lógio preciso pode mostrar 12:05 no verdadeiro meio-dia: em outras
Palavras, a curva fornece o tempo médio do verdadeiro meio-dia
para economizar combustível para a iluminação ar-
tifícial, começando e terminando o dia de trabalho
cêdo durante o tempo brilhante do ano, entre a pri-
mavera e o outono. O adiantamento dos relógios é
executado por aplicação oficial. No ocidente, êste
No Brasil, o emprigo da hora de verão foi instituido no any
de 1981 é continuado em 1932, sendo depois abandonado até 1949, quando,
por decreto «le 24 de novembro dêsse ano passou novamente a vigorar
no periodo de 1 de dezembro a 30 de abril, adiantando-se o relógio legal
de uma hora O decreto n.o 27.990, de 13 de abril de 1950 modificou-o
dio O fuso em atraso de 4 horas sobre Londres, para a parte do
Pará a W da linha dos rios Xingu é Jar), para o estado de Mato Grosso
S hara a parte do Amazonas que fica à leste da linha unindo Tabátinga
a Porto-Acre;
do O fuso em atrazo de 5 horas sobre Londres para o território
do Acre e a parte do Amazonas a W da linha, indo de Tabatinga
a Porto-Acre.
A hora legal do Brasil & a mesma do Rio de Janeiro. A horá legal
dos lusos é à média exata para os pontos do semi-meridiano central;
fica adiantada a W e atrasada a leste; a maior diferença entre a norá
dos fusos e nora média não excede 30 minutos para mais ou menos. N. T.
30
acontecimento é sempre verificado na primavera: a
1 hora da madrugada, o ponteiro é movido para
as 2, enquanto que, no outono, o ponteiro é atrasado
1 hora,
Na URS.S. os relógios têm um adiantamento
cíclico anual no verão e no inverno. Não obstante,
o não economiza eletricidade, forçando muito o
ritmo de trabalho das usinas de tôrça.
O tempo de verão foi introduzido pela primeira
vêz na União Soviética em 1917; para um certo pe-
ríodo de tempo os relógios eram adiantados duas e
até mais horas *. Depois de um período de alguns
anos de interrupção, o tempo de verão foi novamente
decretado na U.R.S.S., na primavera de 1930, sendo
exatamente uma hora adiantada do fuso horário.
DURAÇÃO DA ILUMINAÇÃO DO DIA
Para uma exata contagem da duração de ilumi-
nação do dia em qualquer parte do mundo e em
qualquer dia do ano, é preciso lançar mãos de tabelas
apropriadas nos anuários astronômicos. Para o nos-
so leitor é duvidoso que necessite dessas tabelas mi-
nuciosas; um reconhecimento relativamente grosseiro
pode ser feito através do desenho (Fig. 8). O lado
esquerdo indica a duração de iluminação do dia, A
* Na U.RS.S, foi J 1. Pereiman, autor dêste livro, quem propôs,
Pela primeira vêz, a introdução da hora de verão, com um avanço de
uma hora,
de 24 de novembro do ano anterior, determinando que o regime de hora
de verão, então em vigor, cessasse a 16 de abril e de então em diante
9 relógio de tempo legal fósse adiantado de uma hora a partir de Oh
de 1 de dezembro de cada ano até 31 de março do ano seguinte, voltando
então a marcar a hora legal. O decreto 23.308, de 24 de fevereiro de
1953 modificou o de 13 de abril de 1950, mandando que a partir da zero
hora de 1.0 de dezembro de cada ano até 9 último dia do mês de fevereiro
do “ano seguinte, vigorasse a hora de verão, Mas, o decreto 34,724, de
30 de novembro de 1959, revogou os anteriores, ficando assim defini
vamente abolido o uso da hora de verão no Brasil. N. T,
Bu
borda inferior dá a distância angular do Sol do egua-
dor celeste, conhecida como a “declinação” solar; esta
é medida em graus. Finalmente, as linhas inclinadas
correspondem às várias latitudes de observação,
Para a utilização do desenho precisamos conhe-
cer o valor da distância angular do Sol (“declina-
ção?) do equador, em ambos os lados, nos diferentes
dias do ano. Estes números estão relacionados abaixo.
Dia do
ano
21 Jan | ) 24 Jul,
8 Fev. | 12 Ag.
Declinação || Dia do Declinação
do Sol ano do Sol
+ 200
+15
28 Ag, + 10
10 Set. E
21 Mar. 23 St | 0
4 Abr. 6 Out,
16 Abr, - || 20 Out.
1 Mai. 3 Nov.
21 Mai. 22 Nov.
22 Jun. i 22 Dez,
|
23 Fey.
8 Mar.
Eis alguns exemplos de sua utilização.
1) Procuremos a duração de iluminação do dia
no meio de abril, em Leningrado (Lat. N. 609) *.
A tabela nos mostra que a declinação do Sol no meio
de abril é + 10º, isto é, a distância angular para o
equador celeste a um tempo particular. Procuremos,
agora, o número correspondente a 10º na borda baixa
do nosso desenho e tracemos uma linha perpendicular
para cima a fim de intersecar à linha inclinada cor-
respondente ao 60º paralelo. Procuremos, agora, à
* De S, Paulo: 23937'30,4 L.8.; 46939'42,7" 1 W. Gr.; do Rio
de Janeiro; 22853'42, 151! LS; +43013'22,55 LW. Gr. NT.
32
esquerda qual o ponto da interceção correspondente
ao número 14, cuja média de duração da ilumi-
nação do dia encontramos, ser aproximadamente, 14
horas 30 minutos. Dizemos “aproximadamente” por-
que o desenho não o fornece, levando em conside-
ração o efeito conhecido como “retração atmosférica”
(ver Fig. 15).
2) Procuremos a duração de iluminação diária
para 10 de Novembro do Astrakhan (46º L. N.).
A declinação do Sol a
IO de novembro é —17º
(ele está agora, no Hemis-
fério Sul do céu). Aplican-
do o método acima, des-
cobrimos uma duração de
14) horas. Entretanto, é
preciso saber a função da
declinação, pois, o numero
soº obtido implica não na du-
ração da iluminação diária,
mas na escuridão noturna.
Assim, subtraindo 144% de
soº 24, obtemos 9h horas, que
é a duração de iluminação
20º diária requerida.
so Podemos também con-
2 E tar o momento do nascer
0850 10º 15º master “do Sol. Dividindo 9), pe-
SUroNo NERO la metade obtemos 4 horas
FIG. 8 — Tabela da du- 45 minutos. Vimos, na Fig.
ração da iluminação diária 7, que quando é meio-dia
(ver texto para detalhes) verdadeiro a 10 de novem-
bro, o relógio marca 11
horas 43 minutos. Procurando o nascer do Sol, sub-
traimos 4 horas 45 minutos, obtemos, então, 18 horas
33
Ns sas
8
so
3
DURAÇÃO DA ILUMINAÇÃO DIARIA EM HORAS
x
=
58 minutos que é quando o Sol se põe. Por outro
lado, o pôr do Sol pode ser às 11 horas 43 minu-
tos + 4 horas 45 minutos = 16 horas 28 minutos,
Ambos os desenhos (F 7 e 8) podem, quando
habilmente utilizados, ser substituidos por tabelas
apropriadas de efemérides,
Utilizando o método acima descrito, você pode
compilar uma tabela do nascer e o ocaso do Sol durante
todo o ano para uma dada latitude. Um exemplo
para o 50º paralelo, dando também a duração da ilu-
minação do dia, é fornecido na Fig. 9 (compilada
através de bases do tempo local e não com o tempo
dona Waneiro Fevereiro Marco AD Ma ooo EO TS CEE COR ATANSVER aa DEranio
DIAS Zizi, 7 na 93 1,
FIG. 9 — Uma tabela anual para o nascer c ocaso do Sol no parateto 500
de verão). Você deve desenhar, cuidadosamente, uma
Tabela semelhante para o seu uso. Possuindo-a, vo-
cê estará apto, a dizer, por meio de uma ligeira
olhada em sua carta, o tempo aproximado do nascer
e pôr do Sol em um dado dia,
SOMBRAS EXTRAORDINARIAS
À Fig. 10, na Página próxima, mostra uma coisa
extraordinária e também rara. O marinheiro estando
34
sob o maior explendor do Sol não tem práticamente
sombra,
Conquanto seja um quadro verdadeiro não ocorre
em nossas latitudes *, mas no equador, no qual o
Sol passa quase diretamente sôbre a cabeça, no cha-
mado “zenite”.
Em nossas latitudes o Sol nunca está no zenite,
tanto que um quadro como o descrito é impossível.
Em nossas latitudes, quardo o Sol do meio-dia atinge
o máximo a 22 de junho,
está no zenite em tôda
a parte do limite seten-
trional da zona equatorial
(o Trópico de Câncer, is-
to é, no paralelo 234º L,
N.). Seis meses depois, a
22 de dezembro, está no
zenite em tôda parte do
paralelo 234º LS. (o
Trópico do Capricórnio).
Entre êstes dois limites, is-
to é, nos trópicos, o Sol do
meio-dia está no zenite
duas vêzes por ano, res-
plandecendo em um ca- FIG. 10 — Quase sem uma
minho que impede uma jorra (O deseo rerods à
sombra, ou mais exata-
mente, as sombras ficam diretamente abaixo dos pês.
A Fig. 11 mostra a situação nos Polos. Além
de fantástica é notavelmente instrutiva, Como é na-
tural, um homem não tem sombras em seis diferentes
posições de uma só vez. O artista esboçou em um
* Refere-se 0 autor, naturalmente, ao Hemisfério Norte. NT.
da inexatidão é que o relógio tendo a face para cima,
é mantido paralelo ao plano horizontal, enguanto o
Sol em sua passagem diária cruza êste plano sômente
nos Polos. Em tôdas as outras latitudes êle faz
com o horizonte diversos ângulos, chegando até o
ângulo reto (no equador). Assim, o relógio sômente
fornece rumos exatos nos Polos; nos outros lugares,
um érro maior ou menor é inevitável.
Observemos, agora, o desenho (Fig. 14a). Su-
ponhamos que o nosso observador esteja situado no
ponto M. O ponto N indica o Polo do mundo, en-
quanto o círculo HASNRBQ — meridiano celeste —
s
FIG, 14 — a eb. O que o relógio como bússola mostra de errado
passa através do observador no zenite e no Polo.
Em cada latitude que se encontra o observador pode
ser fâcilmente determinado; para isso é suficiente me-
dir com o transferidor a altitude polar acima do
horizonte NR que é igual a latitude do local. Virando
os olhos para a direção H, o observador em M fica
com a face ao Sul, O desenho fornece a passagem
diária do Sol por uma linha reta na parte acima
do horizonte é dia, enquanto a parte de baixo é
noite. A linha reta AQ indica à passagem do Sol
40
nos equinócios — quando é dia e noite as passagens
são iguais. SB, a passagem do Sol no verão, é pa-
ralela a AQ, mas grande proporção liga-se acima do
horizonte e sômente uma parte insignificante (anu-
lada pelas noites curtas de verão) abaixo. O Sol
atravessa 1/24 parte da circunferência dêsses círculos
em cada hora ou E - Não obstante, às
3 horas da tarde, o Sol não se encontra exata-
mente a SW e como já antecipamos (15º x 3 = 45º)
a razão desta divergência é que os arcos iguais das
passagens solares não são iguais em projeção ao
plano horizontal.
Para melhor elucidação/ver a Fig. 14b. SWNE
é 0 circulo horizontal observado do zenite e a linha
reta SN é o meridiano celeste. Méa locação de
nosso observador e L' o centro do circulo descrito
pelo Sol em sua passagem diária como projetado no
plano horizontal, O círculo real do curso solar é
projetado na forma da elipse S'
Projetemos, agora a projeção dos pontos de di-
visões da rota do Sol SB, no plano do horizonte.
Girando o círculo SB paralelo ao plano do horizonte,
a posição S”B” aparece como na Fig. l4a. Divi-
damos êste circulo em 24 partes iguais e projetemos
os pontos no plano horizontal. Para marcar êstes
pontos de divisão da elípse S'B' — da projeção dos
írculos do percurso solar no plano do horizonte —
dos pontos de divisão do círculo S”B” estão traçados
os setores paralelos a SN. Como se percebe clara-
mente os arcos assim obtidos são desiguais. Para o
nosso observador a desigualdade pode parecer muito
grande, porque êle está localizado não no ponto L', o
centro da elípse, mas no ponto M, ao lado dêle.
41
Vamos agora escolher uma latitude (53º) para
calcular o grau de incerteza na verificação dos pontos
da bússola utilizando um relógio durante um dia de
verão. Nesse tempo do ano, o Sol nasce entre 3 à
4 horas da madrugada *. (O limite do segmen-
to sombreado indica noite). O Sol atinge o ponto
E, Este (90º), não às 6 horas da manhã como mostra
o relógio, mas às 7:30 da manhã. Além disso, êle
atinge a 60º do S não às 8 horas da manhã, mas
às 9:30 horas e o ponto 30º do S não às 10 horas,
mas às 11 horas. O Sol estará a SW (45º do outro
lado do Sul) não às 15 horas, mas às 13,40 horas
e está a W não às 18 horas, mas às 16,30 horas.
Entretanto, se lembrarmos que o nosso relógio
mostra o Tempo de Verão, que não coincide com o
Tempo solar e local verdadeiro, a inexatidão pode
ser muito grande.
Assim, o emprêgo do relógio como uma bússola
é muito aleatório. O êrro menor dêste tipo de bús
la é perto da época dos equinócios (não conside-
ando a posição excêntrica do observador) e no in-
verno.
NOITES “BRANCAS” E DIAS “NEGROS”
Nos meiados de abril, Leningrado mergulha no
tempo das noites “brancas”, o “crepúsculo transpa-
rente” e “resplendor sem Lua”, cuja luz fantástica
tem suscitado muitos vôos poéticos. As noites “bran-
cas” de Leningrado estão tão associadas a literatura,
que muitas pessoas estão inclinadas a pensar que
esta estação particular é exclusiva prerrogativa des-
* Na Hemisfério Norte; no verão, em dezembro, na altura de São
Paulo, pouco depois das 5 horas da manhá. N. T.
42
cidade. Na realidade, como fenômeno astronômi-
co, as noites “brancas” são verdadeiras em todos os
pontos acima de uma latitude definida. Abstraindo-
-nos da prosa poética, podemos aprender que a noite
“branca”, é uma mistura do anoitecer e do amanhecer.
Pushkin definiu, corretamente, êste fenômeno como
uma reunião de dois crepúsculos — o da manhã e
o da tarde:
Impedindo a chegada da sombra noturna
Nos firmamentos dureos
Um crepúsculo se apressa
Em trocar o outro...
Nas latitudes em que o Sol em sua trajetória
cruza um limite de 174 abaixo do horizonte, o cre-
púsculo noturno não consegue ainda terminar quando
já chegam os raios do crepúsculo matinal, não se
formando a noite,
Naturalmente, Leningrado ou outro qualquer pon-
to não têm o monopólio dêsse fenômeno. Uma pes-
quisa astronômica dos limites das noites “brancas”
mostra que a zona está longe ao Sul de Leningrado.
Os moscovitas também podem admirar as suas
noites “brancas” aproximadamente em meiados de
maio até fins de Julho, Embora não tenha a mesma
luminosidade como em Leningrado, a noite “branca”
que ocorre em Leningrado em Maio pode ser obser-
vada em Moscou em Junho e fins de Julho.
O limite sul da zona de noite “branca” na U.R.S.S.
passa através de Poltava a 49º LN, (669% — 1704),
no qual tem uma noite “branca” por ano, pri men-
te, a 22 de junho, Ao Norte dêsse paralelo, as noites
“brancas” são luminosas e maiores. Noites “brancas”
43
foram observadas em Kuibyshev, Kazan, Pskov,
Kirov e Yeniseisk, Mas, como tôdas estas
terras estão situadas ao sul de Leningrado, as
noites “brancas” são menores (para cada lado de
22 de junho) e menos luminosas, Entretanto, em
Pudozh, a sua luminosidade é tão grande como em
Leningrado, enquanto em Arkhangelsk, que está ligada
a zona de Sol que nunca se põe, ela é muito brilhante.
As noites “brancas” de Estocolmo são análogas às
de Leningrado.
Quando o Sol está em seu nadir êle não mer-
gulha abaixo do horizonte, na realidade, roça por
êle, dessa forma, não temos simplesmente a fusão
do nascer e ocaso do Sol, mas dia continuo. Tal
fato é observado ao norte de 6504 em cujos do-
mínios nasce o Sol da Meia-Noite. Também mais
distante, a 67º24º, testemunhamos noite contínua, en-
quanto a aurora e o anoitecer fundem-se no meio-dia
e não meia-noite. Este é o dia “negro” oposto ao
das noites “brancas”, conquanto a sua luminosidade
seja a mesma. A terra do “meio-dia escuro” é tam-
bém a terra do “Sol da Meia-Noite” somente com
uma diferença de tempo no ano. Enquanto em junho
o Sol nunca se põe, em dezembro quando o Sol nunca
se levanta, a escuridão prevalece durante dias inter-
mináveis,
LUZ E SOMBRA
A noite “branca” é uma prova clara de que as
noções que adquirimos em criança, de uma alter-
nância regular de noite e dia são, no sentido lato da
da palavra, muito simplistas. Na realidade, a alter-
nância de dia e noite é muito mais variada e não pode
44
conter-se dentro dos padrões costumeiros de dia e
noite. A êste respeito, o mundo em que vivemos pode
ser dividido em 5 zonas, cada uma delas com a sua
alternância de luz e sombra.
A primeira zona, exterior ao equador em ambas
as direções, extende-se até o 49º paralelo, Aqui, sô-
mente, aqui, existe um dia cheio e uma noite cheia em
cada 24 horas.
A segunda zona, situada entre 49º e 651º abrange
tôda a UR.S.S,, ao norte de Poltava, tem contínuos
periodos de crepúsculo *. Esta é a zona de noites
“brancas”.
Na terceira zona situada entre 6514º e 674º O
Sol não se põe durante muitos dias em tôrno de 22
de junho. Esta é a terra do Sol da Meia-Noite.
A característica mais interessante da quarta zo-
na, situada entre 67/º e 834º, além dos dias con-
tíinuos em junho, é a longa noite de dezembro: o Sol
durante tma série de dias não nasce é os crepús-
culos noturnos e matinais absorvem o dia. Esta é
a zona de dias “negros”.
A quinta e última zona, ao norte de 834º tem
uma notável alternância de luz e sombra, Os inter-
valos que interrompem as seguências entre a troca
do dia e da noite, nas noites “brancas” de Lenin-
grado, alcançam aqui uma total quebra da ordem
costumeira. Os seis meses entre os solistícios de
verão e inverno, de 22 de junho a 22 de dezembro,
podem, por propósitos convenientes, ser divididos em
5 períodos ou estações. Primeiro, dias contínuos;
segundo, alternação de dia com crepúsculo da meia-
noite, mas sem noites própriamente ditas (as noites
* Acima da Baia de Ambarchik o Sol não se põe de 19 de mato
1 20 de julho e nas proximidades da Baia de Tixi entre 12 de maio é
E de agôsto.
45
Abaixo do equador, no Hemisfério Sul a pri-
mavera coincide com o outono, o inverno com o
verão, e assim por diante.
Para beneficiar o leitor propomos, nesse estágio,
algumas questões que, se solucionadas, poderão au-
xiliá-lo na assimilação e memorização do que foi
escrito até agora,
1. Em que lugar de nosso planêta o dia e a
noite são iguais em todo o ano?
2. Em que hora, tempo local, o Sol nasce a
21 de março no Tashkent e em Tóquio e, na mesma
data, em São Paulo?
3. A que hora, tempo local, o Sol põe-se a
23 de setembro em Novosibirsk, em New York e no
Cabo de Boa Esperança?
4. A que hora pode o Sol nascer em um ponto
no equador a 2 de agôsto e 27 de fevereiro?
5. É possível existir uma onda de frio em julho
e uma onda de calor em janeiro?
RESPOSTA
1. O dia e a noite têm sempre a mesma duração
no equador, porque o limite entre a luz e a sombra
divide o equador em duas parte iguais em qualquer
posição do globo terrestre;
2e 3) Nos equinócios o Sol nasce e se põe em
todo mundo a mesma hora, 6 da manhã e 18 horas
(tempo local);
4) O nascer do Sol no equador é às 6 horas
em todos os dias do ano;
5) Ondas de trio em julho e ondas de calor em
janeiro são muito comuns nas latitudes do sul.
* No Hemisfério Sul a situação é a seguinte
21 de março — dias iguais às noites — comêço do outono;
21 de junho — dias mais curtos — comêço do inverno;
23 de setembro — dias iguais às noites — comêço da primavera;
22 de dezembro — dias mais compridos — coméço do verão. N
50
TRES “SE”
Em alguma ocasião é mais dificil compreender
a coisa comum do que a incomum. Nós compreen-
demos os elegantes pontos da numeração decimal,
que aprendemos na escola sômente quando experi-
mentamos utilizar outro sistema, por exemplo, de
sete ou doze. Gostamos de ler um livro de Euclides
somente quando utilizamos a geometria não-eucli-
deana. Para apreciar, na realidade, o papel desem-
penhado pela gravidade em nossa vida, imaginamos
uma fração, ou, pelo contrário, um múltiplo do que
é na realidade. E assim faremos quando falarmos
em gravidade. Agora, vamos utilizar o método dos
“se” para esclarecer melhor as condições de movi-
mento da Terra em volta do Sol.
Vamos começar com um axioma, aprendido nos
nossos dias escolares, quando nos ensinaram que o
eixo terrestre forma um ângulo de 66º ou cêrea
de 34 de um ângulo reto em relação ao plano orbital
da Terra. Você apreciará o significado dêsse fato
somente quando imaginar que o ângulo de inclinação
é diferente. Digamos que não seja 34 mas um ângulo
reto. Em outras palavras, suponhamos que o eixo
de rotação da Terra seja perpendicular ao plano de
sua órbita, como sonhavam fazer os membros do
Clube do Canhão no livro de Júlio Verne “De pernas
para cima”. Quais as modificações assim introdu-
zidas teriam nos caminhos da Natureza?
SE O EIXO DA TERRA FÓSSE
PERPENDICULAR AO PLANO DA ÓRBITA
Suponhamos que os artilheiros de Júlio Verne
tenham executado o seu projeto de “endireitar o
51
eixo da Terra” e construir na forma de um ângulo
reto o plano de vôo da órbita de nosso planêta em
tômo do Sol, Quais seriam as modificações observa-
das na Natureza?
Em primeiro lugar, o Polo Norte Celeste — a
Polares da Ursa Menor — deixaria de ser polar, e
em conseguência, o eixo terrestre não passaria mais
nas suas proximidades, mas em um outro ponto em
tôrmo do qual a abóboda celeste revolveria, *
Em segundo lugar, as estações ficaram comple-
tamente diferentes, ou elas não teriam qualquer al-
teração? Quais as causas das estações? Por que o
verão é mais quente do que o inverno? Nós não
vamos fugir dessa questão de lugar comum. Na
escola aprendemos noções elementares sôbre estas
coisas e depois da escola muitos de nós nos encaminha-
mos para outros afazeres e não nos aborrecemos com
isto,
Em primeiro lugar, o verão no Hemisfério Norte
é mais quente por causa da inclinação do eixo da
Terra, cuja extremidade norte, agora, gira mais para
o Sol, tornando os dias mais longos e as noites mais
curtas. O Sol aquece a Terra durante um longo pe-
riodo e êste é o motivo da não existência de frio pro-
nunciado durante as horas menos curtas de escuridão
— o fluxo de calor cresce e o gasto diminui, Em
segundo lugar, devido ao eixo da Terra estar incli-
nado em direção ao Sol, a altitude do tempo do dia
dêsse último é alta e os raios incidem mais direta-
mente sôbre a Terra. Portanto, no verão, o Sol
além de aquecer, é mais forte, enquanto no período
notumo a perda é muito leve. No inverno acontece
9 inverso, a duração de aquecimento é menor e muitas
* O Polo Sul Celeste passa nas proximidades do Grupo Octantis;
pouco distante do Cruzeiro do Sul, N.T,
52
vêzes, é fraca, enquanto o resfriamento noturno é
pronunciado.
Como se sabe, no Hemisfério Sul êste processo
tem lugar nos seis primeiros ou últimos seis mêses,
Na primavera e no outono os dois polos ficam equi-
distantes em relação aos raios solares; o círculo de
luz, muitas vêzes, coincide com os meridianos; os
dias são, praticamente, iguais às noites; e o clima é
intermediário entre o inverno e o verão.
E se o eixo da Terra tôsse perpendicular ao
plano orbital?
Nós teríamos esta alternância? Não, porque o
globo sempre estaria com a face voltada aos raios
solares num mesmo ângulo e teriamos uma única es-
tação em todos os tempos do ano, Que estação seria?
Poderia ser a primavera para as zonas temperadas
e polar e o chamado outono.
Em tôdas as partes o dia seria sempre igual à
noite, como é agora na terceira semana de março e
setembro (êste é, grosseiramente, o caso de Júpiter:
seu eixo de rotação é quase perpendicular ao plano
de sua passagem ao redor do Sol).
Estudemos, agora, o caso da zona temperada,
Na zona tropical a modificação de clima não seria
perceptível; nos Polos, pelo contrário, seria muito
grande. Devido a retração atmosférica, uma ligeira
elevação do Sol acima do horizonte (Fig. 15), em
vez do ocaso, poderia roçar ao longo do horizonte.
O dia, ou mais exatamente, a madrugada poderia ser
perpétua. Entretanto, êste calor emitido pelo Sol
baixo seria leve, e poderia mesmo brilhar por todo
o ano, tornando o frígido clima polar muito mais
ameno. Mas, existiriam poucas compensações para
os danos que seriam ocasionados às áreas altamente
desenvolvidas do globo.
53
HORIZONTE
FIG, 15 — A retração atmosiér O raio da fonte
tado e curvado quando passa através das camadas atmosférica
da Terra; resulta que o observador pensa que a emissão é
no ponto S',, ao alto, Quando a fonte S, está abaixo do hori=
“onte, 0 observador aínda pode vê-ta, devido a retração, em S
SE O EIXO DA TERRA ESTIVESSE
INCLINADO 45º DO PLANO DA ÓRBITA
Imaginemos, agora, uma inclinação de 40º no
eixo terrestre em relação ao plano orbital. Durante
os equinócios (cêrca de 21 de março e 23 de se-
tembro) os dias seriam alternados com noites como
Acofises agora. Entretanto, em junho, o Sol atingi-
Haro zenite no paralelo 45º e não a 23º; esta la-
titude se tornaria tropical. Na latitude de Leningrado
(60º) o Sol estaria menos que 15º do zenite, uma
altitude verdadeiramente tropical! A zona equatorial
54
estaria diretamente na borda da zona frígida, ausente
a zona temperada. Em Moscou e Kharkov o mês de
junho seria não só longo como dia continuo. No
inverno, pelo contrário, a inteira escuridão polar pre-
valeceria durante semanas em Moscou, Kiev, Kharkov
e Poltava. E a zona tropical, ne: estação, tenderia
para a temperada porque o meio-dia do Sol não
seria mais alto do que 45º.
As zonas, a tropical e a temperada, naturalmente
perderiam muito com esta troca. Entretanto, nas
regiões polares haveria um ganho extraordinário. De-
pois de um inverno severo e extremo, pior do que
agora, sucerder-se-ia um verão morno e moderado,
mesmo quando no polo o meio-dia do Sol atingisse
o 45º nos céus e a iluminação iôsse maior do que
seis meses em um ano. Os gelos eternos do Ártico se
retirariam de maneira apreciável sob a ação benéfica
dos raios solares.
SE O EIXO DA TERRA
ESTIVESSE DEITADO NO PLANO ORBITAL
Nossa terceira experiência imaginária é deitar O
eixo da Terra no plano de sua órbita (Fig. 16). A
Terra caminhando em tôrmo do Sol “em uma posição
deitada”, rodaria em seu eixo da mesma forma que
o remoto membro de nossa família planetária que é
Urano. O que poderia acontecer nesse caso?
Nas proximidades dos Polos durante seis meses
seria dia, durante os quais o Sol passaria, do ho-
rizonte ao zenite, descrevendo uma espiral, e desceria
com a mesma espiral em direção ao horizonte, Isto
produziria uma noite de seis mes: Os dois poderiam
ser divididos em um crepúsculo com muitos dias de
duração. Antes de desaparecer abaixo do horizonte,
55
c
no qual -— é Ex: rici
q a “a excentricidade da órbita da Terra.
4 a 1
isto é, o: Substitiamos a
expressão algébrica
* por (a-b) (a+b), e
b difere pouco de a. pr CEO
Assim obtemos
| 2a(a-b) 2(a-b
60º = qo = a a
e daí, a-b=, L MO a É
2x602 > 7200” isto é menor que Te mm.
Descobrimos que, mesmo na escala grande,
1 a di-
ferença entre o comprimento dos semi.
-eixos maior e
menor órbi ãi
r da órbita da Terra não é maior do que E mm
um fino risco de lapis tem
É uma grossu i
que êste valor. E a
pa Portanto, não estamos errados quan-
senhamos a órbita da Terra como um circulo,
, Mas, onde o Sol se ajustaria em nosso esquema?
Situando-o em um dos focos da órbita, a É Ho
tância ficaria do centro? Em outras ináieas, 1
é o comprimento de OF ou OF, em nosso eo
imaginário? A relação de contagem é simples; o
4. a 106
o” “60. = 1,7 em.
Em nosso desenho o centro do Sol pode ficar a
1.7 em do centro da órbita, Mas, como o Sol di
de desenhado por um circulo de 1 em de diâmetro,
somente o ôlho treinado de um pintor é capaz de isa
Cernir que êle não está no centro do círculo. a
60
A conclusão prática é que nós podemos desenhar
a órbita da Terra como um circulo e colocar o Sol
ligeiramente de um lado do centro.
É possivel negligenciar a influência da posição
ssimétrica do Sol sôbre o clima terrestre? | Para
descobrir semelhante efeito, vamos conduzir outra ex-
periência imaginária, também colocada no “se”, Su-
ponhamos que a excentricidade da órbita da Terra
seja muito grande, da ordem de 0,5. Assim, o foco
da elipse poderia dividir seu semi-eixo pela metade;
esta elípse poderia ser olhada grosseiramente como
um ôvo de galinha, Nenhuma órbita dos planetas
maiores do sistema solar tem essa excentricidade; a
órbita de Plutão, a mais extensa, tem uma excentri-
cidade de 0,25. Os asteróides e comêtas entretanto,
movem-se ao longo de elípses mais alongadas.
SE O CAMINHO DA
TERRA FOSSE MAIS ALONGADO
Imaginemos se a órbita da Terra fôsse mais alon-
gada, com o foco dividindo seu semi-eixo maior pela
metade. A Fig. 19 esboça esta nova órbita. Supo-
nhamos que a Terra esteja no ponto A, próxima do
Sol, no dia 1 de janeiro e no ponto B, o mais dis-
tante, a 1 de julho. Assim como FB é maior em
duas vêzes FA, do que o Sol estaria três vêzes mais
próximo de nós em janeiro do que em julho. O seu
diâmetro em janeiro atingiria o triplo do diâmetro de
julho e a quantidade de calor emitido poderia ser
nove vêzes maior do que em julho (a relação inversa
do quadrado da distância). O que sobraria, então,
do nosso inverno no Norte? Somente que o Sol ti-
caria mais baixo nos céus, os dias seriam menores
e as noites mais longas. Mas êste não seria um
61
FIG. 19 — Esta é à forma
que a órbita da Terra teria
se a sua excentricidade fôs-
se 0,5. 0 Sol está no foco F
FIG, 20 — Uma ilustração d
gunda lei de Kepler: se o py
viaja ao longo dos arcos AB, CD e
EF em tempos iguais, cériene
tos sombreados são igu
4
FIG. 21 — Se a órbita da Terra em
tôrmo do Sol fôsse fortemente elip-
tica, ela teria esta forma. O planêta
cobriria a distância entre cada nú-
mero em tempo igual — um mês
tempo frio, pois, o Sol nas
proximidades compensaria
º deficit das condições de
iluminação,
IB Para isto devemos adi-
cionar uma outra circuns-
tância, de acôrdo com a
segunda lei de Kepler, a
qual diz que cada planeta
Se move na órbita eliptica
de modo que as áreas
ridas pelos raios veto-
ão proporcionais aos
tempos empregados em
percorrer os arcos com-
preendidos entre os raios
vetores.
O “raio vetor” de uma
órbita é a linha reta que
liga o Sol comos planetas,
nesse caso, a Terra. A
Terra move-se ao longo
de sua órbita junto com o
seu raio vetor, varrendo
este último uma certa área.
Nós sabemos, de acôrdo
com a lei de Kepler, que
as secções da área de uma
elípse varridas em tempo
igual são iguais entre si.
No ponto mais próximo do
Sol a Terra move-se mais
depressa ao longo de sua
órbita do que no ponto
mais afastado do caminho,
de outra maneira, a área varrida por um pequeno raio
vetor pode não ser igual a área coberta por um longo
raio vetor (Fig. 20).
Aplicando-se isto à nossa órbita imaginária de-
duzimos que entre dezembro e fevereiro quando a
Terra está mais próxima do Sol, ela se move mais
rapidamente em sua órbita do que entre junho e
agôsto. Em outras palavras, O inverno no norte é de
menor duração, enquanto o verão, pelo contrário, e
mais longo, como se houvesse uma compensação para
o mesquinho calor emitido pelo Sol.
A Fig. 21 fornece uma exata idéia da duração
das estações sob as condições imaginadas por nós.
A elipse esboçada forma uma nova órbita da Terra
com uma excentricidade igual a 0,5. Os números 71-12
dividem o caminho da Terra em seções que o atra-
vessam em intervalos iguais; de acôrdo com a lei de
Kepler as seções da elipse divididas pelos raios ve-
tores são iguais em área. A Terra atinge o ponto
1 em 1.º de janeiro, o ponto 2 em 1.º de fevereiro,
o ponto 3 em 1.º de março, e assim por diante. O
desenho mostra que esta órbita no equinócio vernal
(A) poderia estar no início de fevereiro e o do outo-
no (B) no fim de novembro. No Hemisfério Norte
o inverno seria menor do que dois meses, desde o
fim de novembro até o início de fevereiro. Por ou-
tro lado, a estação de dias longos e um Sol de meio-
«dia alto, duraria do equinócio vernal ao equinócio
de outono, sendo maior do que 9% meses.
O contrário seria verdadeiro no Hemisfério Sul,
O Sol teria duração menor e dias mais curtos, por-
quanto a Terra estaria mais distante do Sol diurno
RE 1 '
e seu calor chegaria diminuído de-g-. Ao contrário,
uma alta altitude solar e dias longos coincidiram com
63
o valor de 9 vêzes de calor solar. O inverno seria
mais Tigoroso do que a parte Norte. Por outro lado,
O verão, mais curto, seria intolerâvelmente quere,
Outra conseguência de nosso “se”, Em janeiro
a Terra movendo-se rápidamente na órbita faria com
que OS momentos médios e o verdadeiro meio-dia di-
vergissem consideravelmente, com uma diferença de
muitas horas, Seria inconveniente viver por êste
tempo médio solar, que nós agora observamos.
j Temos uma idéia dos efeitos da posição excên-
trica do Sol na órbita da Terra. Em primeito lugar
o inverno no Hemisfério Norte seria menor e re
€ O verão mais longo do que no Hemisfério Sul
Isto pode ser observado na realidade? Sem dúvida.
Em janeiro a Terra está mais próxima do Sol do
1
que em julho por 2 x e isto é, por
30 -
0 Assim,
a quantidade de calor recebida cresce (35)? vêzes,
isto é, 6%. Isto alivia a severidade do inverno no
ponte Entretanto, o outono e O inverno no norte são,
juntos, cêrca de oito dias menores do que no E
enquanto O verão e a primavera, no Hemisfério Norte
são oito dias maiores do que no Hemisfério Sul. Esta
é possivelmente, a razão da pequena espessura HE
gêlo no Polo Sul, Abaixo damos uma tabela mos-
trando a exata duração õ
ão das estações nos Hemisféri
Norte e Sul: o
| Hemisfério Sul
Primavera 92 dias 19 horas Outono
Verão 93" 15.» Inverno
Outono 89, € 10) Primavera
Inverno 89» q» Verão
Como vemos, o verão no norte é 4,6 horas mais
longo do que o inverno, a primavera 3,0 dias maior do
que o outono,
O Hemisfério Norte não retém esta vantagem
eternamente. O eixo maior da órbita da Terra muda
gradualmente no espaço, resultando daí que os pon-
tos próximos e remotos da órbita em tôrno do Sol
ficam transferidos para outros lugares. Êstes mo-
vimentos executam um ciclo completo em 21.000 anos.
Foi calculado que dentro de 10.700 da nossa era, as
vantagens agora indicadas para o Hemistério Norte
da Terra passarão para o Sul.
Mesmo a excentricidade da órbita da Terra não
ficará rigidamente fixada; ela sofrerá uma vagarosa
oscilação secular quase desde zero (0,003), e tor-
nar-se-á quase um círculo, até 0,077, quando ela
ficará mais alongada, semelhante a de Marte. Atual-
mente a sua excentricidade é diminuta; ela diminuirá
para cada 24 milênios 0,003 e o processo inverso
dá-se em 40 milênios. Estas modificações são tão
leves que a sua importância é puramente teórica.
QUANDO ESTAMOS MAIS PERTOS
DO SOL, A MEIO-DIA OU A TARDE?
Se a Terra seguisse uma órbita circular perfeita
tendo o Sol no seu ponto central, a resposta poderia
ser muito simples. Nós estaríamos junto do Sol à
meio-dia, se os pontos correspondentes da superfície
do globo terrestre, devido à rotação axial da Terra,
estivessem em conjunção com o Sol. O comprimento
maior dessa proximidade do Sol seria, para os pontos
do equador, de 6.400 km, isto & o comprimento do
raio terrestre.
65
riormente, em direção à leste, tangente, quase à
superfície terrestre. Os dois movimentos simul-
tâneos estão, naturalmente, de acôrdo com os di-
tames da mecânica e como um é desigual e o outro
igual, o movimento resultante ocorrerá em linha curva,
A Fig. 25 mostra esta curva, ou como um homem de
olhar perspicaz na Lua, poderia ver um corpo cair
na Terra,
4
FIG, 26 — Um corpo caindo livremente
para a nossa Terra, move-se simultã-
neamente em uma tangente para a rota
circular descrita pelos pontos da su-
da Terra devido a rotação
et
FIG, 27 — Como qualquer observação
FIG. 25 — O homem do corpo em queda mostrada na Fi
na Lua veria o mesmo 24 pode parecer de um posto privilegia
vôo como uma curva do no Sol (A escala não foi respeitada)
Vamos, agora, passar a uma etapa posterior e
imaginar-nos observando do Sol, através de um te-
lescópio muito poderoso, o vôo em direção à Terra
dessa bola pesada. No Sol nós estaríamos fora tanto
do eixo de rotação da Terra como de seu movimento
orbital. Dessa forma poderiamos ver, simultânea-
mente, três movimentos do corpo em queda (Fig. 26):
1) uma queda vertical na superfície terrestre; 2) um
movimento em direção à leste tangenciando a super-
tície terrestre; 3) um movimento em tôrno do Sol.
70
O movimento n.º 1 cobre 0,5 km. O movimento
n.º 2, em 10 segundos de vôo descendente, o corpo
cobriria, na latitude de Moscou, 0,3 x 10 = 3 km.
O terceiro e mais rápido dos movimentos, é de 30 km
por segundo, pois, em 10 segundos de sua queda
descendente êle pode viajar 300 km ao longo da
órbita terrestre, Comparado com êste salto pronun-
ciado, os outros 0,5 km descendentes e os 3 km ao
longo da tangente, seriam dificilmente notados; de
nosso privilegiado posto do Sol o ôlho poderia apa-
nhar sómente o vôo principal. Como podemos fa-
zê-lo? A Fig. 27 mostra, grosseiramente, como po-
demos vê-lo (a escala apropriada não foi observada,
aqui). A Terra desvia-se para a direção à esquerda,
enquanto o corpo em queda cai em um ponto acima
da Terra, na posição direita em um ponto corres-
pondente (pouco mais abaixo) na Terra na posição
esquerda. Como dissemos acima a escala correta
não foi observada, aqui, pois, em 10 segundos o
centro da Terra não sé desviaria 14.000 km, como
desenhou o nosso artista por motivos de esclareci-
mento, mas sômente 300 km.
Contudo, vamos dar mais um passo à frente e
imaginar-nos em uma estrêla, isto é, em um Sol re-
moto, cujos movimentos são os mesmos de nosso Sol.
Para isto nós teríamos de observar, além dos três
movimentos examinados, um quarto movimento, o da
queda do corpo em relação à estrêla na qual nós
agora estamos. O valor e a direção dêsse quarto
movimento depende da estrêla que nós escolhermos,
isto o movimento feito por todo o sistema solar
em relação ao da estrêla,
A Fig. 28 mostra um caso semelhante quando
o sistema solar se move em relação a uma dada es-
trêla e a um ângulo agudo da ecliptica à velocidade de
7
100 km por segundo (as estrêlas têm velocidades
dessa ordem). Em 10 segundos êste movimento des-
viaria o corpo que cai 1.000 km e, naturalmente, com-
plicaria o seu vôo. A observação feita de uma outra
estrêla daria a esta trajetória um outro valor e outra
direção.
Vamos passar mais adiante e imaginar que o
vôo em direção a Terra de um corpo em queda seja
visto por um observador situado além da Via Láctea,
que não esteja envolvido no rápido movimento de
FIG. 28 — Como um observador em uma distante
estrêla pode ver um corpo caindo para a Terra
nosso sistema estelar em relação a outras ilhas do
universo. Mas, aqui, vamos parar. Os leitores sabem,
agora, que observado de diferentes postos privile-
giados, o vôo de um mesmo corpo em queda pare-
ce-lhe diferente.
O TEMPO CELESTE
Você trabalhou durante uma hora e descansou
outra hora. Éstes dois tempos são iguais? Inques-
tionâvelmente, sim, respondem muitas pessoas, se con-
tarmos com um bom mecanismo. Mas, que mecanismo
de relojoaria poderiamos usar? Naturalmente, aferi-
do pela observação astronômica, ou, em outras pa-
72
lavras, que coincida com o movimento do globo ter-
restre girando idealmente em ângulos iguais e tempo
absolutamente iguais. Mas, quem disse que a rota-
ção da Terra é constante? Como estamos certos de
que duas rotações consecutivas axiais de nosso pla-
neta são feitos em tempos iguais? Nós não podemos
verificar isto, porquanto, a rotação da Terra serve
como um padrão de tempo.
Os astrônomos, ultimamente, têm achado que a
sua utilização em muitos casos é provisória, substi-
tuindo êste modêlo de movimento uniforme de há
muito estabelecido por outro. Estas são as razões
e as consequências dêsse passo,
Estudos pormenorizados revelam que, em seus
movimentos muitos dos corpos celestes não agem de
acôrdo com as suposições teóricas e que as diver-
gências não podem ser explicadas pelas leis da me-
cânica celeste. Descobriu-se que a Lua, os satélites
Ie Il de Júpiter e Mercúrio também os movimentos
anuais do Sol, isto é, o movimento de seu
próprio planeta ao longo de sua órbita, apresentam
variações, para as quais não se tem razão aparente.
Por exemplo, Lua desvia-se de sua trajetória teórica
1 : A
de minuto de arco em algumas épocas e
até de
o Sol cêrca de 1 segundo de arco. Uma análise des-
sas incongruências levam à seguinte conclusão: em
um período êsses movimentos ganham rapidez e no
período subsegiiente, tornam-se mais lentos. Con-
cluiu-se, naturalmente, que êstes desvios têm uma
causa comum.
É claro, quessurgem pensamentos sôbre a causa
geral que dá origem a tais desvios.
Não teríamos feito uma escolha infeliz da rotação
da Terra como modêlo de movimento uniforme, oca-
sionando uma “incerteza” nos nossos relógios naturais?
73
A questão da substituição do “relógio terrestre”
já foi levantada: ela foi provisoriamente rejeitada e
foram investigadas as medidas de movimento por ou-
tro mecanismo natural baseado nos movimentos de
um ou de outro dos satélites de Júpiter, da Lua e de
Mercúrio. Esta ação introduziu, imediatamente, or-
dem satisfatória no movimento dos corpos celestes
acima mencionados. Por outro lado, a rotação da
Terra medida por êste novo mecanismo mostrou-se
desigual — mais vagarosa durante algumas dezenas
de anos, mais rápida nas outras dezenas de anos e
mais vagarosa nos demais.
VN
Pins do
FIG, 29 — A linha curvada mostra como a Terra se desviou de
seu movimento entre: 1680 e 1920, Se a Terra rodasse sempre
com o mesmo movimento, a linha na tabela seria horizontal. O
desenho mostra que o dia é maior quando a rotação da Terra
é mais Jenta, e mais curto quanto q rotação é mais rápida
Em 1897 o dia foi 0,0035 segundos maior do
que nos anos anteriores, e, em 1918 a mesma quan-
tidade menor do que entre 1897 e 1918. O dia,
agora é, grosseiramente 0,02 segundos maior do que
foi a 100 anos atrás.
74
1680 1720 1760 1800 1840 1880 19200
SEGUNDO
30
20
J ro
Nesse sentido podemos dizer que o nosso pla-
neta gira de maneira desigual em relação a outros
movimentos e também em relação aos movimentos de
nosso sistema planetário, convencionalmente aceitos
como movimentos uniformes. O valor dos desvios
terrestres de um estrito movimento uniforme (no sen-
tido indicado) é desprezível: durante uma centena
de anos, entre 1680 e 1780, a Terra girou lentamente,
tendo os dias mais longos e por êste motivo o nosso
planêta acumulou mais de 30 segundos de diferença
entre seu tempo “próprio” e o “outro”. Dai que, nos
meados do século XIX, os dias tornaram-se curtos e
foram cortados em cêrca de 10 segundos; no início
de nosso século, perdeu mais 20 segundos. — Entre-
tanto, no primeiro quartel do século XX o movimento
terrestre voltou a diminuir, os dias encompridaram-se
e se acumulou uma diferença de cêrca de meio mi-
nuto (Fig. 29).
Várias razões foram invocadas para explicar estas
modificações, por exemplo, marés lunares, modificações
no diâmetro da Terra, * ete.
E possível que um estudo em tôrno dêsse fenô-
meno possa conduzir à descobertas muito importantes,
ONDE COMEÇAM OS MESES E OS ANOS?
A meia-noite bateu em Moscou e chegou o 1.º de
janeiro.
A oeste de Moscou está ainda a 31 de dezembro,
enguanto na direção leste já está em 1.º de janeiro.
Entretanto, em nossa Terra esférica, o Leste e o Oeste
x
A modificação no comprimento do diâmetro da Terra parece es-
capar de medidas diretas, pois, a sua precisão conhecida é até 100
metros. Seria suficiente para o diâmetro da Terra ter alguns metros
a mais ou a menos para causar as modificações acima mencionadas
na duração do dia, J.1.P.
75
II
A LUA E SEUS MOVIMENTOS
LUA NOVA OU VELHA?
Nem todos os que admiram um crescente da Lua
são capazes de dizer, corretamente, se ela é Nova ou,
ao contrário, Minguante. A diferença entre as duas
reside nas posições opostas dos cornos da semi-Lua.
No Hemisfério Norte o novo crescente sempre tem o
lado convexo para a direita,
enquanto a Lua Velha está à
esquerda. Como podemos nos
fas lembrar com segurança para
D| qual dos lados estão ambas as
(PRIMEIRA) a
| [q faces da semi-Lua?
Permito-me a oferecer um
VELHA
exemplo: comparando os cres-
“mn
centes com as letras “p” ou
“c?, torna-se fácil determinar
«ULTIMAS
RA be e se diante de nós está o cres-
distinguir a Lua Nova cente ou minguante (Fig. 30).
(crescente) da Lum velha Os francêses também possuem
um índice menemônico. Eles
» aplicam aos cornos da semi-
-lua uma reta imaginária, obtendo, dessa forma as
letras latinas “d” e “p”, Os alemães também têm
uma regra ligando a forma da Lua com certas letras.
81
Entretanto, estas regras são somente válidas para
o Hemisfério Norte, porquanto na Austrália ou no
Transvaal a situação é inversa. Mesmo no Hemistéri
Norte elas podem tornar-se impróprias para a:
tudes sulinas, Na Criméia e na Transcancásia o
crescente e o minguante ficam fortemente inclinados,
deitando-se de um lado até mais longe ao sul *.
Nas proximidades do equador o crescente é visto
acima do horizonte assemelhando-se a uma gôndola
flutuando nas ondas (o “navio lunar” dos contos
árabes) ou como o arco de uma ponte.
Não é sem razão que os antigos romanos cognomi-
navam a Lua inclinada de “mentirosa” (Luna fallax).
Evitados os erros das fases lunares, podemos voltar à
nossa atenção para os sinais astronômicos: a Lua
Nova é vista após o escurecer na parte ocidental do
céu, enquanto a velha é vista na direção Este, pela
manhã. **
A LUA DAS BANDEIRAS
PERGUNTA
A Fig. 31 mostra a antiga bandeira turca com
a Lua crescente e a estrêla, Isto provoca as se-
guintes questões:
1) Qual crescente lunar que a bandeira mostra,
novo ou velho?
2) É possivel ver o crescente e a estrêla nos
céus na posição mostrada na bandeira?
* Como acontece no Brasil, N. T.
w% No Hemisfério Sul, a Lua nova nasce é põe-se ao mesmo tempo
que o Sol; no quarto-crescente, a Lua nasce ao meio-dia e põe-se à meia-
noite; no quarto minguante, nasce à meia-noite e põe-se ao meio dia;
na Lua cheia, nasce ao pôr do Sol é põe-se ao nascer do Sol, N.'f.
82
RESPOSTA
1) Lembremos os artifícios sugeridos acima e
que pertencem a uma terra situada no Hemisfério
Norte, dai podemos concluir que a Lua que figura na
bandeira é a velha.
2) A estrêla não pode
ser vista dentro do di
co lunar completo (Fig.
32, a). Todos os corpos
od à celestes estão muito mais
distantes do que a Lua e,
por êste motivo, podem ser
eclipsados por ela. Podem
FIO. 31 — A antiga bandeira turca SOmEnte ser vistos fora do
anel da parte escura da
Lua, como está desenhado na Fig. 32, b.
Bastante curiosa é a outra bandeira turca, que
também foi desenhada com o crescente e a estrêla,
dispondo-se a última fora do crescente, exatamente
como está mostrado na Fig. 32,b.
O ENIGMA DAS FASES LUNARES 7
A Lua recebe a sua luz do Sol e, por êste motivo,
v lado convexo do crescente lunar deve, naturalmente,
estar com a face para o Sol, Entretanto, alguns
artistas se esquecem disso. Vários são os artistas
que exibem paisagens dos quais pintam uma meia-lua
com a sua face direita voltada para o Sol. Em ex-
posições de quadros de pintura não é raro vêr-se
paisagens com os corpos do crescente em direção ao
Sol (Fig. 33).
Podemos dizer, de maneira incidental, que para
se pintar uma Lua nova não é tão simples como vê-la
83
no céu. Mesmo os mais experimentados mestres do
pincel pintam os arcos, interior e exterior da foice
lunar, na forma de semi-circulos (Fig. 34,b). Na
verdade, sômente o arco exterior é um semi-círculo,
enquanto o interior é uma semi-elípse ou semi-círculo
(o terminador) visto em perspectiva (Fig. 34,a).
ria
as
— a eb. Porque
tr não podem ser
vistas entre os corpos lunares
FIG, 33 — Neste quadro exts-
te um êrro astronômico. Qual
& (Ver a resposta no texto)
Também não é fácil dar à foice lunar à posição
correta no céu, A meia-lua e a foice lunar podem,
às vêzes, tomar posições intrincadas em relação ao
Sol. Como a Lua é iluminada pelo Astro-Rei, uma
linha reta une os cornos da Lua, fazendo um ângulo
reto com os raios solares (Fig. 35). Em outras pa-
lavras, o centro do Sol deve encontrar-se em uma
perpendicular traçada através do centro da linha reta
84
unindo os cornos da Lua. Entretanto, esta disposição
sômente serve para a estreita foice. À Fig. 36 mostra
as posições da Lua em diferentes fases em relação
aos raios solares. A im-
pressão que nos dá é que
os raios solares parecem
curvar-se antes de atingir
a Lua,
A resposta ao enigma é
o seguinte: o raio que che-
ga do Sol em direção à
Lua é, na realidade, per-
pendicular à linha que une
os cornos lunares, descre-
vendo uma linha reta no
HO. 34 — Como se deve dese-
nhur (a) & como não se deve
desenhar (D) um crescente lunar
5 — O crescente lunar em relação ao Sol
espaço. Entretanto, os nos-
sos olhos vêem no céu não
uma linha reta, mas a sua
projeção na abóboda celes-
te, isto é uma linha curva.
Por êste motivo, a Lua
em relação ao Sol parece estar dependurada
“errôneamente” no céu. O
pintor deve estudar estas particularidades e saber pas-
ú-las à tela,
[10 36 — As diferentes ta-
posição
85
movimento em linha curva. É suficiente olhar a Fig.
38 para compreender êste caso.
Entretanto, alguns leitores podem ter algumas
dúvidas. Como pode acontecer isto? A própria Terra
atrai a Lua, mas o Sol atrai a Lua com grande tôrça.
Por que, ao invés de cair no Sol a Lua gira ao redor
da Terra? Seria realmente estranho se o Sol atraisse
sômente a Lua. O fato é que êle atrai a Lia e à
Terra como um todo, isto é, como um “planeta duplo”
sem interferência, como poderiamos dizer, nas rela-
ções domésticas do casal. Falando estritamente, o
Sol atrai o centro comum de gravidade do sistema
Terra-Lua, É o seu centro comum que gira em tôrno
do Sol sob a influência da atração solar, Este centro,
chamado baricentro (centro de massas), gira em tôrno
do Sol sob a ação da atração solar e está localizado
Ra 2 .
« uma distância ae 3 do raio terrestre do centro da
Terra em direção à Lua. O nosso satélite e o centro
da Terra giram em tôrno do baricentro perfazendo
uma revolução completa em um mês,
AS FACES VISÍVEIS E INVISIVEIS DA LUA
Dentre os efeitos estercoscópicos nenhum é tão
espantoso como a aparência da Lua. Observa-se que
a Lua tem a forma de uma bola, conquanto nos céus
êle dê a impressão de ser chata como uma bandeja.
Entretanto, poucas são as pessoas que têm uma
ligeira idéia de como é difícil obter-se uma fotografia
estereoscópica de nosso: satélite. Muitos mesmo nem
desconfiam. Para prepará-las é preciso conhecer
muito bem os caprichosos movimentos da Lua,
A Lua gira em tôrno da Terra apresentando
sempre a mesma face para ela. Girando também em
90
tório de seu eixo os dois movimentos coincidem no
mesmo período de tempo. , ol
A Fig. 39 mostra uma elipse descrita pela órbita
Junar. O desenho, exagera deliberadamente a forma
do alongamento da elipse lunar, porquanto, na rea-
lidade, à excentricidade da órbita lunar é 0,055 ou
É Uma exata reprodução da órbita lunar em
18 o
um pequeno desenho, além de tornar o ôlho humano
incapaz de distinguí-la de um círculo, faria com ue
o semi-eixo maior sendo desenhado com um ea
de extensão, apresentasse o semi-eixo menor seja
com 5 mm. E a Terra deveria estar a cêrca de
5.5 cm do centro. Eis, porque, para fins explana-
fórios o desenho mostra uma elipse alongada.
Imaginemos, agora, à
elipse da Fig. 39 como a
órbita lunar em tômo da
Terra. A Terra está loca-
lizada no ponto O, num
udos focos da elipse. As
leis de Kepler se aplicam
somente aos movimentos
planetários, em tôrno do
Sol, como também aos mo-
4 vo: vimentos dos satélites em
DiQeao REM oa bs ERAS tôrmo de seus planetas
Co Vento para detahes) centrais, e, em, particular,
o nas revoluções lunares. De
icôrdo com a segunda lei de Kepler, em um quarto
de mês a Lua atravessa a distância AE, de mancita
que a área OABCDE é Y da área da elipse, isto é,
| área MABCD (a igualdade das áreas O4E e MAD
| %
a
em nosso desenho é confirmada pela igualdade apro-
a das áreas MOQ e EQD). Portanto, em Já
nês a Lua viaja de A para E. Entretanto, em
91
contrastes com a revolução em tôrno do Sol, a rota-
ção da Lua, semelhante a rotação planetária em ge-
ral, é sempre a mesma. Em W de mês ela gira exa-
tamente 90º. Quando ela atinge E, o seu raio em
direção à Terra, no ponto 4, varreu um arco de 90º
e se dirigirá não para o ponto M, mas para um outro
ponto à esquerda de M, nas proximidades de seu se-
gundo fóco orbital, P. Como a Lua oscila levemente
a sua face em relação a um observador terrestre, ve-
mos, no lado direito, uma estreita banda de seu he-
misfério invisível. No ponto F a Lua mostra ao
observador terrestre uma banda ainda mais estreita,
de vez que o ângulo OFP é menor do que o ângulo
OEP. No ponto G, no “apogeu” da órbita, a Lua
volta para a mesma posição em relação à Terra, como
no ponto 4, o “perigeu”, No curso seguinte a Lua
oscila em direção a Terra, mas, desta vez, em direção
oposta, apresentando para 0 nosso planêta outra ban-
da de seu lado invisível. Esta banda, alargada no início,
estreita-se depois, porquanto no ponto 4, a Lua ocupa
a sua primitiva posição.
Vemos que, devido a forma elíptica da trajetória
lunar, o nosso satélite não apresenta, de maneira es-
trita, a mesma face para a Terra. Gira invariâvel-
mente a mesma face não em direção a Terra mas em
direção a outro foco de sua órbita. Para nós parece
inclinada em tôrno de sua posição semelhante a um
prato de balança. Eis, porque, o têrmo astronômico
“libração”, da palavra latina “libra” significa “ba-
lança”. O valor da libração em cada ponto é medida
pelo ângulo correspondente, Por exemplo, no ponto
E a libração é igual ao ângulo OEP, A maior libra-
ção é 7º53' ou, em números redondos, 8º.
É interessante seguir o crescimento e à diminui-
ção do ângulo de libração, acompanhando a Lua ao
92
longo de sua órbita, Marquemos O ponto D cm a
ponta de um compasso e descrevamos um Arco Ep E
sando através dos focos O e P. Este arco inter ss
a órbita nos pontos Be F. Os ângulos OBP Ed
assim inscritos, são equivalentes à metade do ângulo
central ODP. Eis, porque, quando procutamos E passa-
gem lunar de A para D, a libração cresce FApidaménie
na metade de seu máximo no ponto B e depois a
lentamente; entre D e F a libração diminui o
mente no início e depois, rápidamente. Na segunda
metade da elipse a libração varia de maneira seme-
lliante, mas, ao contrário (o grau de libração E
cada ponto da órbita é mais ou menos proporcion.
a distância da Lua do eixo maior da elipse);
Este balanço lunar é chamada libração em lon-
pilude. O nosso satélite é sujeito também a aa
espécie de libração, conhecida como ão GUS
fitude. O plano da órbita lunar está inelinal D 6 A
em direção ao plano do equador lunar, a é
que tanto em um caso como em outro a o e A
erra balanceiam levemente quer para o Sul, qu
para o Norte, mostrando sôbre seus polos 9 Ra
fério invisível. Esta libração em latitude atinge a!
0149. ]
Mostremos, agora, como o Garoa
consegue avaliar êstes leves balanceios da Es E
a sua posição média para obter uma ea E ;
O leitor já deve ter adivinhado como é
possível fixar as duas posições da Lua tendo um nm
liciente ângulo de abertura entre si * Nos poa
AcB,BeC,CepD, etc a posição lunar em Telação
a Terra varia de tal forma que se torna possível fi-
reoscópica.
» Um giro angular de 1.0 da Lua é suficiente para E a
o y au
fotografia estereoscópica (Para maiores detalhes ver a minha «
de Brincadeira»). 3: 1. Po
xar a fotografia estereoscópica. Entretanto, estamos
em face de uma outra dificuldade: nessas posições
a diferença de idade da Lua, de 36 a 48 horas, é
tão grande que a faixa da superfície nas proximidades
do terminador, na primeira fotografia, já emerge da
escuridão. Isto para os quadros estereoscópicos não
se admite (as faixas vão brilhar muito prateadas),
Surge um problema difícil: fixar as idênticas fases
da Lua, porém, diferindo nos graus de libração em
longitude de maneira que o círculo de iluminação cubra
a mesma superfície lunar. Mas, isto nem sempre é
suficiente: as duas posições devem ter, além disso,
uma idêntica libração em latitude.
Agora, você pode avaliar como é árduo obter
uma boa fotografia estereoscópica da Lua. E você
não ficará surpreso ao descobrir que, muitas vêzes,
para bater a segunda fotografia do par estereos:
pico, passaram-se anos.
Mas, é duvidoso que o nosso leitor entre na
estereototogratia, lunar, A nossa explanação não tem
uma finalidade prática, mas visa apontar os quadros
específicos do movimento lunar, os quais habilitam aos
astrônomos a ver uma pequena faixa do lado de nosso
satélite usualmente inacessível à observação. As libra-
ções lunares habilita-nos a ver não a metade, mas 59%
de toda a superfície lunar. Os outros 41% permane-
cem absolutamente fora de nossa vista e nunca nin-
guém conseguiu observá-los *. Presume-se que a
outra parte não difere essencialmente da parte visível.
Foram realizadas tentativas engenhosas para conti-
nuar a parte invisível das cordilheiras lunares e as
* Este lado invisível foi fotografado, pela primeira vez na história
do homem, pelo «Lunik Il», lançado no mês de outubro de 1959, do
tertitório da URSS. Descrevendo uma órbita em tro da Lua-Terra
foi possivel a éste aparélho fotogafar e transmitir para a Terra as
fotografias do lado invisível de nosso satélite, N, T,
94
faixas brilhantes, que saem da parte invisível pára
a visível. Tentaram esquematizar alguns a
da parte invisível. Mas, à verificação de a
enigmas ainda não podem ser Co ós
lamos “ainda” não sem base: há muito tempo se
elaboram processos para dar uma volta em tôrno da
Lua num aparêlho voador especial que possa pes
a gravidade terrestre e deslocar-se no Espaço ia
planetário (ver meu livro “viagens Interpianetárias a
Para a realização dêsse audaz empreendimento, nós
não estamos tão longe. Por enquanto se conhece uma
coisa: afirma-se à miude a idéia da existência de
atmosfera e água nesse hemisfério invisível. É com-
base e contradiz as leis da física.
| sem
pletamente Se
Se não existe atmosfera e água em um lad
então, elas não podem existir também no outro? (vol-
faremos para esta questão mais tarde).
UMA SEGUNDA LUA E A LUA DA LUA *
Os jornais contam, de tempos em (a Eu
um ou outro observador tem estabelecido a existência
de um segundo satélite da Terra, uma segunda Lua.
Entretanto, estas notícias não têm sido Ea
firmadas. Contudo o assunto não é despido
de interêsse. Por isso examinaremos esse tema, A
questão da Terra ter um segundo satélite não é nova:
& uma história muito longa. Todos os que leram o
livro de Júlio Verne, “Da Terra à lga ts dever se
lembrar que o autor mencionou a existência de a
segunda Lua, tão pequena e rápida que não poi já
gr observada da Terra. O astrônomo Petit, dizia
Júlio Verne, suspeita de sua existência e definiu a sua
revolução em tôro da Terra em 3 horas e 20 minutos.
95
FIG. dt — Areas terrestres comparadas com mares Junar
mares Cáspio e Negro fôssem t
transformaria em grand
Se os
a dies se
ienes ã (1 — Mare Nubium,
2 — Mare Mumorum, 3 — Mart Vaporum, 4 — Mare Serenitatis)
sportados para a 1
Para ilustrar as dimensões dos “mares” lunares
com os terrestres, a Fi
41 foi superposta a um
mapa da Lua cujos contornos mostram os Mares
Negro e Cáspio na mesma escala. Vemos através
de ligeiro exame, que os “mares” lunares não são
muito grandes, apesar de ocuparem parte notável do
disco lunar. Por exemplo, o “Mare Serenitatis”, na
102
Lua, tem uma área de 170.000 km?, mais ou menos,
2Y menor do que o Cáspio.
Por outro lado, as crateras lunares são vastas que
nenhum lugar da Terra pode ser comparado a ela
A cratera de Grimaldi, por exemplo, cobre uma área
tão grande como o lago Baikal e pode abranger pe-
quenos países, como a Bélgica ou a Suíça.
A PAISAGEM LUNAR
Muitas fotografias da superfície da Lua têm sido
reproduzidas em livros; por êste motivo suponho que
meus leitores já tenham uma idéia da arquitetura ti-
pica do relêvo lunar, tais como as crateras (Fig. 42),
as montanhas anulares é os “circos”. Muitos, pro-
vavelmente já viram as montanhas lunares através de
um pequeno telescópio, com uma ocular de 3 em.
Entretanto, nem as fotografias nem as observa-
ções telescópicas fornecem uma idéia de como a
superfície lunar pode ser vista por um observador
colocado dentro da própria Lua. De seu posto pri-
vilegiado nas montanhas lunares o observador teria
outra pespectiva diversa do telescópio. É uma coisa
olhar um objeto de uma alta elevação e outra, das
suas proximidades. Alguns exemplos ilustram êste
ponto. Para um observador terrestre a Montanha de
Eratosthenes aparece como um “circo” tendo um
piton central, Olhando através do telescópio vêem-se
precipícios lançados nos relevos bruscamente defini-
dos pelas marcas das sombras. Observemos um dês-
ses perfis (Fig. 43). Você pode ver que, comparado
com o vasto diâmetro do circo de 60 km, o muro e
o cone interior são muito baixos, sendo a altura dos
declives atenuada, Não podemos esquecer que o
seu diâmetro é equivalente entre o Lago Ládoga e
103
o Golfo da Finlândia, Nós temos escassas notícias
sôbre a forma circular dos muros, porquanto a con-
cavidade do solo é obscuro em sua base, uma vêz
que o horizonte lunar é duas vêzes mais estreitos
FIG. 42
=— Típicas crateras lunares
do que o da Terra (pois, o diâmetro lunar é um
quarto do da Terra). Na Terra um homem de esta-
tura média, levado ao centro de uma planície tem
uma visão de 5 km. Isto deriva da fórmula para a
distância do horizonte D = TÁ 2Rh, na qual D é a
distância em quilômetros, h a altura dos olhos em
quilômetros e R o raio do planeta em quilômetros. *
2 20 og)
e “o em
E
Z%.
FIG; 43 — O perfil de uma grande cratera
* Para se completar as distâncias do horizonte ver a minha
sQeometria de Brincadeira», no capitulo intitulado: «Quando o Céu e
a Terra se encontram» J.J. P;
Substituindo as letras na fórmula com os res-
pectivos números para a Terta e a Lua, descobrimos
que para um homem de altura média, a distância
do horizonte é de 4,8 km na Terra e 2,5 km na Lua.
FIG. 44 — Como qualquer observador verá
uma grande cratera lunar do seu centro
A Fig. 44 mostra como um observador pode ver
o interior da cratera lunar, (O panorama mostrado é
de outro circo, o de Archimedes). Como é que uma
vasta planície com uma cadeia de picos no horizonte
difere muito de um dos quadros mentais de uma
“cratera lunar”?
Depois de examinar ligeiramente o muro do outro
lado da cratera, o observador também verá o que
não espera. O outro declive da cratera (ver Fig.
43) é tão fraca que o observador não pode tomá-lo
como uma montanha, A principal coisa é que êle
nunca se convencerá que é uma cordilheira anular
com uma depressão redonda. Para obter o quadro
necessário êle terá de cruzar a crista, e, mesmo as-
105
sim, como dissemos, êle não será recompensado com
nenhuma vista notável,
Além dessas imensas crateras circulares a Lua
tem uma multidão de pequenos circulos tácilmente
percebidos mesmo quando o observador está nas suas
proximidades. Entretanto, a sua altura é desprezivel
e outra vez êle dificilmente verá outra coisa senão
o comum. Por outro lado as disposições lunares,
denominadas como as da Terra — os Alpes, os Cau-
casos, os Apeninos e outros rivalizam com as terres-
tres, em altura e chegam a 7 e 8 km. Sôbre a
comparativamente pequena Lua êles têm uma vista
quiçã impressionante,
Devido a falta de atmostera na Lua, o agudo
contraste entre a luz e a sombra produz, na obser-
vação telescópica, uma interessante ilusão: a mais
leve desigualdade é acentuada e lançada no relevo
arrojado. Coloquemos um grão de ervilha em cima
de uma tôlha de papel. Ela parece muito pequena,
não é verdade? Mas olhemos ao longo da sombra
que ela projeta (Fig. 45). Devido a iluminação de
tlanco uma sombra na Lua pode ser 20 vêzes maior
do que a altura do objeto sombreado. Isto é um
tavor para o astrônomo porque as sombras longas
têm facilitado a observação telescópica dos objetos
lunares tão pequenos como 30 metros de altura. Mas,
o mesmo fator pode exagerar a natureza desigual do
terreno lunar. Por exemplo, oMonte Pico visto através
do telescópio, ergue-se em
6 tais relevos que, uma pes-
FIG. 45 — Projeção da soa, involuntâriamente, po-
longa sombra de uma er- de tomar o pico, talhado
vilha iluminada de flanco como um rochedo pontia-
gudo (Fig. 46). É assim que toi representado em
tempos anteriores. Mas, observando-se da supertície
106
FIG. 46 — No telescópio o Monte Pico tem
aparência de um rochedo ponteagudo
da Lua, veriamos uma figura completamente diversa, »
da que está representado na Fig. 47,
Em compensação outros quadros da superfície
lunar não podem ser substimados por nós, O telescó-
pio mostra-nos, algumas rachaduras levemente no-
tadas, que fazem parte dos quadros menores da pai-
sagem lunar. Mas, transportando-nos para a super-
fície de nosso satélite vemos aos nossos pés um abismo
profundo e eseuro, estirado para o horizonte. Eis um
outro exemplo. Na Lua êle é conhecido como o
- Um viajante lunar verá o Monte Pica como uma colina
107
algo parecido a um globo mundial escolar, E assim
que ela é representada pelos desenhistas quando têm
necessidade de pintá-la no espaço interplanetário: com
Os contornos de continentes, as calotas polares e
outras minúcias. Tudo isto deve ser relegado ao
mundo da fantasia. Observando-a do lado de tora
da esfera celeste, não é possível distinguir-se tais
detalhes. Não se falando mesmo das nuvens que
cobrem comumente a metade da superfície terrestre,
a nossa própria atmosfera difunde fortemente os raios
solares. É por êste motivo que a Terra deve parecer
à primeira vista, tão brilhante e impenetrável como
Vênus. Investigando esta questão, o astrônomo de
Pulkovo, G. A. Tikhov escreve: “Olhando para a
Terra do espaço, veriamos um disco luminoso no
céu, fortemente branco; é muito duvidoso que pudes-
semos distinguir quaisquer detalhes de sua superfície,
Uma parte considerável da luz solar que incide sôbre
a Terra é difundida pela atmosfera com tôdas as
suas impurezas antes de atingir a superfície terrestre.
E parte dela é refletida pela superfície sofrendo tam-
bem grande enfraquecimento em consequência de uma
nova difusão na atmosfera.”
“E, assim, diferente da Lua que nos mostra dis-
tintamente todos os detalhes da sua superfície, a Terra
esconde a sua face não só da Lua como de todo o
universo sob o brilhante lençol atmosférico.”
Entretanto, não é só nisso que se diferenciam o
astro noturno e a Terra, Em nosso céu, a Lua nasce e se
põe viajando junto com a abóboda estelar, No céu da
Lua a Terra não realiza tal movimento. Ela não nasce
e se põe ali; ela não toma parte no deslocamento
muito lento das estrêlas; cla está quase que imóvel
no céu, em uma posição fixa, ocupando para cada ponto
da Lua uma determinada posição, enquanto que as
112
estrêlas correm lentamente atrás dela. Esta conseguên-
cia já foi vista por nós quando examinamos as parti-
cularidades do movimento lunar que consistem no se-
guinte: a Lua sempre tem a mesma parte de sua su-
perfície voltada para a Terra. Para um observador
lunar, a Terra está fixada na abóbada celeste quase
que imóvel. Por exemplo, suponhamos que a Terra
esteja no zenite de uma cratera lunar, então, ela nunca
abandonará a sua posição zenital, Se, em qualquer
ponto, ela é vista no horizonte, permanecerá perpê-
tuamente, no horizonte dêsse lugar. Somente as libra-
FIG. 51 — A «Terra nova» vista da Lua. O disco negro da Terra
é rodeado por um anel brilhante deyido a sua cobertura atmosférica
ções lunares mencionadas acima, alteram em algo esta
imobilidade, O céu estrelado efetua por detrás do
E 1
disco terrestre, uma lenta rotação equivalente a 213
Dum
dias dos nossos; o Sol percorre o céu em 29 — dias;
, 3
os planetas realizam um movimento semelhante e sô-
mente a Terra repousa, quase imóvel, em um céu negro.
Conquanto fixada em uma posição, a Terra gira
àpidamente (em 24 horas) em tôrno de seu próprio
eixo, E se a nossa atmosfera fôsse transparente a
Terra poderia servir como um relógio conveniente e
113
cósmico para os futuros passageiros das naves inter-
planetárias. Além disso, a Terra apresenta as mesmas
fases mostradas pela Lua em nosso céu, Isto quer
dizer que o nosso mundo não brilha sempre no céu
da Lua como um disco cheio:
às vêzes, ela surge com um
semi-circulo, outras vêzes, com
uma foice mais ou menos es-
treita, ou na forma de um
círculo incompleto, dependen-
do da parte da metade da
Terra iluminada pelo Sol e que
FIO, ide A é tar está voltada para a La Tro-
ra nova» no céu lu-
nar. O risco branco cando a disposição do Sol, da
RR a Terra e da Lua entre st, o lei-
tor facilmente se convencerá
de que a Terra e a Lua apresentam fases opostas uma
para a outra,
Quando observamos a Lua nova, o observador
lunar vê o disco completo da Terra, isto é, a “Terra
cheia” e, pelo contrário, quando vemos a Lua cheia, o
observador lunar vê a “Terra nova” (Fig. 51). Quando
vemos a estreita foice da Lua nova, o observador lunar
poderá admirar a Terra no minguante, exatamente com
o mesmo crescente como a Lua se nos apresenta no
momento. Entretanto, as fases da Terra não têm uma
nitidez tão contrastante e brusca como as lunares; a
atmosfera terrestre apaga o limite de luz, efetuando
uma passagem gradual do dia para a noite e vice-versa,
na qual, na Terra é observada na forma de crepúsculo.
Existe outra diferença entre as fases terrestres e
lunares. Na Terra nunca vemos a Lua no exato mo-
mento da Lua Nova, apesar de que ela estã, comumente,
neste caso, acima ou abaixo do Sol (às vêzes em 5º,
isto é 10 vêzes o seu diâmetro), de maneira que a
114
estreii borda da esfera lunar (limbo) iluminada pelo
Sol péde ser vista, mas, mesmo assim está fora do
alcance da nossa vista, porque o brilho do Sol absorve
a modesta luminosidade da região prateada da Lua
nova, Em regra geral notamos a Lua nova com a idade
de dois dias, quando ela consegue afastar-se numa dis-
tância suficiente do Sol.ft Em casos raros, na prima-
vera *, com a idade de um dia. Não acontece o mes-
mo quando observamos a “Terra nova” da Lua, por-
que no nosso satélite, não existe atmosfera que
dispersa os raios solares, criando em tôrno do astro
diúrno uma auréola luminosa. Por êste motivo, as
estrêlas e os planetas não se perdem nos raios solares,
sendo distinguidos no céu na imediata proximidade do
Sol. Quando a Terra não está situada diretamente
em frente ao Sol (isto é, no momento de eclipse, mas
acima ou abaixo dêle,) é sempre vista na forma de uma
fina foice com as cúspides voltadas para o Sol (Fig.
52), no negro céu semeado de estrêlas de nosso sa-
télite. À medida que a Terra se afasta à esquerda do
Sol, a foice se desloca literalmente para a esquerda,
Um fenômeno semelhante ao que acabamos de
descrever pode ser visto quando se observa a Lua atra-
vés de um pequeno telescópio. Na Lua cheia, o disco
do astro noturno não é observado por nós na forma de
um círculo completo. Assim como os centros da Lua
e do Sol não estão situados numa reta com os olhos
do observador, também ao disco lunar falta uma es-
treita foice que como uma faixa escura escorrega junto
da borda do disco iluminado à esquerda, à medida que
a Lua se afasta à direita. Entretanto, a Terra e a Lua
sempre mostram entre si fases opostas. Por isso, no
momento descrito, o observador lunar deveria ver uma
fina foice da “Terra nova”,
* Refere-se ao Hemisfério Norte. NT.
Já notamos, de passagem, que um dos efer s das
librações lunares é que a Terra não fica absolutâmente
imóvel no céu lunar. Ela oscila próximo a sua posição
média, na direção Norte-Sul em 14º é o Oeste-Este em
16º. Por isso, na Lua, o nosso planeta é visto acima
do horizonte, aparecendo no ocaso e depois na nas-
cente, descrevendo estranhas curvas (Fig. 53). Este
peculiar nascer e ocaso da Terra em um ponto defi-
nido do horizonte, sem viajar através dos céus, pode
persistir durante muitos dias terrestres,
ECLIPSES LUNARES
Completemos, agora, o quadro esboçado do céu
lunar descrevendo os espetáculos celestes, chamados
eclipses. Existem na Lua dois tipos de eclipses: os
solares € os “terrestres”. Os primeiros não se parecem
com os familiares eclipses do Sol, porém, são admirá-
Eles se originam, na Lua, quando vemos um eclipse
lunar na Terra; o nosso planeta fica na linha reta que
une os centros do Sol e da Lua, Quando isto acon-
tece, o nosso satélite tica submergido na sombra pro-
ietada pelo globo terrestre. A pessoa que teve a opor-
tunidade de ver a Lua, nesse momento, deve lem-
brar-se de que ela não perde completamente a lu-
116
minosidade e não desaparece da vista; aparece, ge-
ralmente, com a côr cereja-avermelhada quando pene-
tra no cone de sombra da Terra. Se, nesse momento,
estivéssemos na superficie lunar é observássemos a
Terra, então, compreenderiamos claramente a razão
dessa iluminação vermelha: no céu da Lua, o globo
terrestre fica em frente de um Sol ofuscante, mas
muito pequeno, apresentando-se com um disco negro
rodeado pela orla purpurina de sua atmosfera, É
justamente esta orla que ilumina a Lua com luz aver-
melhada quando o nosso satélite entra na sombra
(Fig. 54).
FIG. 54 — Um eclipse solar como & visto da Lu
sol S caminha gradualmente em direção
co terrestre E, rigidamente suspenso: no
O eclipse do Sol na Lua se prolonga mais de
4 horas e não alguns minttos como acontece na Ter-
ra, porque, em sintese, Cles são eclipses lunares, sen-
do somente observados não da Terra, mas da Lua.
No que se relaciona com os eclipses “terrestres”
êles são tão miseráveis que não têm o direito de ser
chamados de eclipses, Éles ocorrem quando o eclipse
solar é visto da Terra. No grande disco da Terra,
o observador lunar verá um pequeno círculo negro
cruzando as afortunadas regiões da Terra, nas quais
o eclipse pode ser observado.
Devemos notar, de passagem, que êstes eclipses
da mesma forma que os nossos solares, não podem
117
Quais são as questões abordadas pelos astrôno-
mos durante a observação de um eclipse total do Sol?
Anotemos as mais importantes delas. Em primeiro
lugar, surge a observação do assim chamado “desvio”
das raias espectrais da camada externa do Sol. As
raias do espectro solar em condições normais apare-
cem escuras no fundo branco da banda espectral e
durante alguns segundos se tornam claras num
fundo escuro durante o momento do eclipse total
do Sol pelo disco lunar. O espectro de absorção
transforma-se em espectro de emissão, Esté é O
chamado espectro “flash” (em inglês: relâmpago).
Conquanto êste fenômeno forneça indicações precio-
sas para o julgamento da natureza da camada ex-
terna do Sol pode, em certas condições, ser obser-
vado não somente no momento dos eclipses. Entre-
tanto, êle é visto nos eclipses de maneira tão precisa
que os astrônomos procuram não deixar passar tão
afortunada ocasião.
A segunda questão refere-se à investigação da
corda solar. A corda é o mais notável fenômeno
observado no momento do eclipse total. Esta auréola
brilhante, variável de tamanho e forma de eclipse pa-
ta eclipse, envolve completamente o disco negro da
Lua com línguas de fogo, as protuberâncias (Fig.
56). Êste jacto de luz não raro é algumas vêzes maior
do que o diâmetro solar emitindo comumente um
brilho que consiste na metade da luminosidade da
Lua cheia.
No eclipse de 1934,a corõa solar foi extraordi-
náriamente brilhante, seno mais brilhante do que a
Lua Cheia. Isto acontece raras vêzes, Este jacto de
luz, algo apagado, tinha três ou mais vêzes o diã-
metro solar. Tôda a corda se apresentava como uma
122
estrêla de cinco pontas, no centro da qual estava
ocupado pelo escuro disco lunar. E . ,
A natureza da corda solar ainda não foi bem
estudada. Durante os eclipses os astrônomos fotos
grafam a corôa, medem o seu brilho e investigam
o seu espectro. Tudo isto auxilia o estudo de sua
constituição física.
T D x E,
relatividade É
FIG. 5T — Uma consequência da teoria geral da dpi E
encurvamento da luz do Sol pelas fôrças da fear Ra do
a ividade, um observador ter
do com a teoria da relatividade, y Ê
tocado no ponto T vê a estrêla E! ao longo da ação fa fia
reta TDFE!, quando, na realidade, a estrêla está situa
EBEDT
ponto E, enviando seus ralis ao longo da linha curva EBP
A terceira questão foi sômente ventilada nas últi-
mas décadas e consiste na verificação de o cm
consequências da teoria generalizada da relatividade.
De acôrdo com esta teoria, os raios de luz de fuma
estrêla passando ao lado do Sol soirem a pi nCAs
de sua poderosa atração, obrigando-os a descrever
uma curvatura que pode ser notada no aparente des
locamento das estrêlas próximas ao disco solar (ie.
57). A verificação dessa teoria sômente é possível
no momento do eclipse total do Sol. .
As medidas efetuadas nos momentos dos eclip-
ses de 1919, 1922, 1926 e 1937 não deram, falando
em sentido estrito, resultados coneludentes. E a ques
tão de uma confirmação experimental do fenômeno
indicado pela teoria da relatividade ainda é uma ques-
tão aberta *.
* O fato da deiexão toi confirmado, mas o ajuste ori
quantitativo com a teoria, não foi ainda estabelecido! o preta E
Mikhailov fêz observações as quais mostram que a teoria nece
um reexame em vários aspectos, N. E.
123
São estas as principais razões pelas quais os
astrônomos abandonam os seus observatório e se
dirigem à remotas regiões e, às vêzes, à climas indse
pitos para observar um eclipse solar,
Ná que se refere ao eclipse total solar como es-
Petáculo existe em nossa literatura uma excelente
descrição dêste raro fenômeno da natureza, Por
exemplo, no livro de V. G. Korolenko, “No Eclipse”
existe uma descrição do eclipse de agôsto de 1887,
cuja observação foi levada a efeito às margens o
Volga, na cidade de Yuryeveis. Citaremos a copie al-
guns trechos da narrativa de Korolenko, eliminando as
passagens de pouca importância;
O Sol num minuto afunda na larga e escura |
mancha € aparece dentre as nuvens sensivelmente di-
minuido, ..
do Agora, isto & visível a ôlho desarmado, aúxi-
tado pela leve névoa que ainda está presente no ar,
amortecendo o cegante brilho, ,
3 Silêncio. De algum lugar se ouve uma respi-
ração pesada e nervosa...
Passa meia hora, O dia continua luminoso da
mesma forma, as nuvens fecham e abrem o Sol, que
agora passa nas alturas na forma de uma foice
“Os
Os jovens mostram-se excitados e curiosos.
Os velhos suspiram, as velhas soltam gritinhos
algo histéricos e alguém solta até gritos e geme como
se estivesse com dôr de dentes.
no dia começa a empalidecer de maneira per-
ceptível. Os rostos das pessoas tomam um aspecto
assustadiço. As sombras humanas se projetam no
chão, pálidas, indefinidas, Um vapor que passa para
124
baixo assemelha-se a um fantasma na penumbra. Os
seus contornos ficam meio apagados, perdem o con-
traste das côres. Pelo visto a quantidade de luz
diminuiu. Mas, como não há sombras proiundas co-
mo as noturnas, não há também jôgo de luz refletida
nas baixas camadas da atmosfera, de maneira que êste
crepúsculo parece incomum e estranho. A paisagem
parece estar dissolvida em tudo; a grama perde a
sua côr verde, as montanhas parecem perder a sua
compacta densidade.
“Mas, como sobra ainda uma fina borda do
Sol na forma de foice, reina a impressão de um dia
que empalideceu fortemente, e a mim me parece que
as descrições sôbre a escuridão durante os eclipses
foram exageradas. “Será que a ínfima faisca de Sol
que ainda está sobrando acesa, como a última es-
quecida vela no imenso universo, tenha tanto signi-
ticação; pensei eu. Será possível que quando ela
se apagar, a noite chegará rápidamente?
“Eis, que, esta faisca sumiu. Apagou-se de
maneira brusca como se fósse arrancada com estôrço
pelo anteparo negro; brilhou ainda como um jacto de
ouro e apagou-se e simultâneamente lançou sôbre a
Terra uma espessa escuridão. Anotei quando chegou
o rápido momento entre o crepúsculo e a sombra
total. Ela surgiu do Sul e semelhante a um imenso
lençol passou rápidamente pelas montanhas, rios e cam.
pos e abrangendo todo o espaço celeste cobriu-nos e
no mesmo momento fechou-se ao norte. Eu estava pa-
rado nos baixios da margem e lancei um olhar ao grupo
de pessoas. Reinava um silêncio tumular... As fi-
guras humanas se confundiam numa só massa escura...
“Mas, esta não era uma noite comum, Havia
tanta claridade que os olhos buscavam, involuntâria-
125
mente, a luminosidade prateada da Lua, que atra-
vessava a escuridão azul das noites comuns. Entre-
tanto, não havia em nenhum lugar, luminosidade, nem
E : Parecia que uma fina e imperceptível
cinza caia de cima sôbre a Terra ou uma fina
côr azulada.
e espessa rêde tinha se fixado no ar.
radiante de ar, correntes que fluindo no negrume,
emergem das sombras tirando da obscuridade a sua
forma e densidade. E sôbre tôda a natureza con-
FIG. 58 — Um antigo desenho feito para explicar como a fi-
gura da Terra pode ser medida pela forma da sombra da Lua
turbada pelo estranho panorama passam nuvens cor-
rendo e entre elas origina-se uma luta de pegador...
O corpo redondo, escuro e hostil, tal qual uma aranha,
curvou-se sôbre o brilhante Sol, correndo juntos 5
dois por cima das nuvens. Um pequeno brilho que
foge descontinuadamente vasando pelo escuro dá ao
espetáculo movimento e vida; as nuvens acentuam
126
E lá, ao lado
nas altas camadas tem-se um sentido de dilatada
ainda mais a ilusão com a sua corrida silenciosa e
inquieta”.
Para os astrônomos modernos os eclipses da Lua
não apresentam um interêsse excepcional como O
eclipse solar. Os nossos antepassados viam nos eclip-
ses da Lua cômodas ocasiões para convencer-Se de
que a forma da Terra era redonda, É instrutivo
relembrar o papel desempenhado por esta noção na
História da circunavegação de Magalhães. Quando
após a longa e cansativa viagem pelas desertas águas
do Oceano Pacífico, os marinheiros ficaram deses-
perados, pensando que tinham se afastado irrevo-
gavelmente de terra firme, indo em direção ao pre-
cipício liquido o qual não tinha fim, somente Ma-
galhães não perdeu a cabeça. “Apesar da Igreja,
com base nas ituras Sagradas continuar a afirmar
que a Terra é uma vasta planície cercada de água
— escrevia o companheiro de viagens do grande na-
vegador — Magalhães raciocinava da seguinte for-
ma: nos eclipses lunares à sombra lançada pela Terra
é redonda, portanto, a sombra deve ter a forma do
projeto que a lança”, Nos antigos livros de astro-
nomia encontramos desenhos que descrevem a estreita
dependência existente entre a forma da sombra da
Lua e à forma da Terra (Fig. 58).
Na atualidade não necessitamos mais dessa de-
monstração. Por outro lado, os eclipses lunares nos
habilitam a conhecer a estrutura das altas camadas
da atmosfera terrestre pelo brilho e coloração da Lua.
Como se sabe, a Lua não desaparece totalmente na
sombra da Terra, ela permanece visível aos raios
solares que se curvam para dentro do cone escuro.
A intensidade de iluminação lunar neste momento
particular e a tonalidade da coloração da Lua apre-
sentam para a astronomia um grande interêsse, e
127
deu uma viagem ao Polo para observar um eclipse
solar, mas, ao contrário das predições, êle não se
realizou. Qual a conclusão que o astrônomo. tirou
disso? Ele informou aos seus companheiros que a
planície de gêlo na qual se encontravam, não era um
continente, mas um bloco de gêlo flutuante, levado
pela corrente marítima, fora da faixa do eclipse. Esta
afirmação foi logo confirmada. Eis, aqui, um exemplo
de profunda fé na fôrça da ciência,
SERIA POSSÍVEL?
Contam os observadores que no instante dos
eclipses lunares há casos em que se vê o disco solar
no horizonte de um lado e, simultâneamente, de outro
lado, o eclipsado disco lunar.
Um fenômeno semelhante toi observado durante
o eclipse parcial da Lua no dia 4 de julho de 1936.
“Às 20h31m do dia 4 de julho de 1936, nasceu a
Lua e às 20h46m deu-se o ocaso do Sol. No
momento em que a lua nascia deu-se o eclipse, apesar
de que o Sole a Lua fôssem vistos ao mesmo tempo
sôbre o horizonte. Fiquei surpreso com êste acon-
tecimento, pois, os raios de luz se propegam em
linha reta”, escreveu-me um leitor dêste livro.
Na realidade, êste quadro é algo enigmático. A
despeito do jovem de Chekov de que não podia ver
através de um vidro estumaçado, “a linha que une
o centro do Sol ao centro da Terra” é possível;
naturalmente, podemos traçá-la em pensamento junto
ao nosso planeta. Poderia ocorrer um eclipse se a
Terra não cobrisse o Sol da Lua? Poderíamos dar
crédito a tal testemunho visual?
Na verdade, não há nada de inacreditável em
semelhante observação. O fato de o Sol e a Lua eclip-
132
sados serem vistos ao mesmo tempo no céu está con-
dicionado ao encurvamento dos raios solares na atmos-
tera terrestre. Graças a êste encurvamento, chamado
“refração atmosférica”, qualquer estrêla parece estar
mais alta do que a sua verdadeira posição (Fig. 15).
Quando vemos o Sol ou a Lua próximos 20 horizonte,
encontram-se geomêtricamente abaixo do horizonte.
Não há nada de inacreditável em que o disco do
Sol e da Lua eclipsada sejam ambos vistos sôbre o
horizonte ao mesmo tempo.
“As pessoas notaram — diz Flammarion — que
os eclipses de 1666, 1668 e 1750 tinham esta estra-
nha e rara particularidade. Mas, não hã necessidade
de irmos tão longe. A 15 de fevereiro de 1877, a Lua
nasceu em Paris às 5h 29m e o ocaso do Sol deu-se
às 5h39m, entretanto, o eclipse total já tinha co-
meçado. No dia 4 de dezembro de 1880 aconteceu
um eclipse total da Lua, nesse dia a Lua nasceu às
4h e o Sol pôs-se às 4h2m, e isto sucedeu no
meio do eclipse que se prolongou de 3h3m até
4hn33m. Se isto não é observado: com maior tre-
quência, é somente por falta de observadores. Para
que possamos ver a Lua em eclipse total, antes do
ocaso ou antes do seu nascimento, é preciso sómente
escolher um determinado lugar da Terra, no qual a
Lua sé encontre no: horizonte do meio do eclipse”,
O QUE NEM TODOS
CONHECEM SÓBRE OS ECLIPSES
PERGUNTA
t. Por quanto tempo se prolongam os eclipses so-
lares é os eclipses lunares?
Quantos eclipses são possíveis em um ano?
Existem anos sem eclipse solar? E também sem
eclipse lunar?
133
Im
|
|
I!
4. Para que lado o disco negro da Lua avança sô-
bre o Sol: da direita para a esquerda?
5. Em que borda começa o eclipse da Lua, à direi
ou à esquerda?
6. Por que as manchas de luz entre as sombras das
folhagens têm no momento do eclipse solar a for-
ma de uma foice? (Fig. 59).
7. Qual é a diferença da forma da foice solar em
um eclipse e a forma de uma foice lunar comum?
ta
FIG, 5 ante a fase de um celipse parcial, os salpicas
dão das fólhas tomam a forma de um crescente
8. Por que o eclipse solar sômente pode ser obser-
vado através de um vidro estumaçado?
RESPOSTAS
1. A maior duração da fase total do eclipse do Sol
é de 74, minutos (no equador; nas latitudes mais
altas, menor tempo). Tôdas as fases do eclipse
podem abranger até 4% horas (no equador).
A duração de tôdas as fases do eclipse lunar
podem ir até a 4 horas. O tempo de escureci-
134
mento total da Lua não se prolonga por mais
de 1 hora e 51 minutos.
O número de todos os eclipses durante um ano
— solares e lunares — não pode ser maior do
que 7 e menor do que 2 (em 1935 sucederam-se
7 eclipses, 5 solares e 2 lunares).
Nenhum ano passa sem eclipses; anualmente con-
tam-se pelo menos 2 eclipses. Na verdade, ano
sem eclipse não há, porém, acontece mais ou me-
nos cada 5 anos.
FIG. 60 — Quando se observa um eclipse no Hemis-
fério Norte vê-se o disco lunar cruzando o Sol para a
direita, e o observador no Hemistério Sul vê o inverno?
No Hemisfério Norte da Terra o disco lunar avan-
ça sôbre o Sol da direita para a esquerda; o pri-
meiro contacto da Lua com o Sol deve ser sempre
esperado do lado direito. No Hemisfério Sul, o
contacto é pela esquerda (Fig. 60). .
No Hemisfério Norte a Lua entra na sombra da
Terra pela esquerda; no Hemistério Sul, pela
direita.
135
6. As manchas de luz entre as sombras das fôlhas
não é nada mais do que as imagens do Sol. No
momento do eclipse o Sol tem a forma de uma
foice e a mesma forma e tem a imagem da Lua
por entre as sombras das tôlhas.
7. A foice lunar é limitada pelo lado de fora por
um semi-círculo e do lado de dentro por uma
semi-elipse. A foice solar está limitada por dois
arcos de círculo com o mesmo raio (ver Fig. 59.
O Enigma das fases lunares).
8. O Sol, apesar de parcialmente coberto pela Lua
não pode ser observado à dlho desarmado. Os
raios solares queimam a parte mais sensível da
camada reticular do ôlho, diminuindo notâvelmen-
te a acuidade visual por um tempo prolongado e,
às vêzes, por tôda a vida.
Ainda no início do século XIII, um cronista de
Novogorod "notou que “muitos na Grande Novogorod
evitavam olhar para êste portento celeste”, É fácil
evitar a queimadura se estivermos munidos de um
vidro esfumaçado, O vidro deve ser esfumaçado de
tal forma que o disco solar observado através dêle
só deixe passar um círculo esboçado com forte con-
traste, sem raios ou auréolas. Para maior comodida-
de, a parte enegrecida deve ser coberta por um outro
vidro limpo cujos cantos podem ser recobertos por
papel. Como não se pode prevêr de antemão as
condições de visibilidade do Sol nas horas do eclipse,
é util preparar alguns vidros com diversas espessuras
de enegrecimento, Podem também ser utilizados vi-
dros coloridos, juntando-se 2 vidros de diferentes
côres (preferivelmente “complementares”). Os óculos
escuros de passeio são inadequados para êste fim.
Finalmente, são muito úteis as chapas fotográficas
136
negativas, nas quais existem áreas escuras com es-
pessura necessária.
QUAL E O TEMPO DA LUA?
Falando com propriedade, na Lua não existe
tempo meteorológico. Se esta palavra fôr entendida
em sentido comum, qual o tempo que existiria lá onde
há completa ausência de atmosiera, nuvens, vapor
de água, precipitações e ventos? Nós sômente po-
deremos falar sôbre a temperatura do solo.
O que podemos pensar do aquecimento de sua
superfície? Os astrônomos dispõem, agora, de ins-
trumentos capazes de medir não só a temperatura
de distantes estrelas como também de partes de outros
objetos celestes. Estes instrumentos são baseados no
princípio de têrmo-eletricidade. Um condutor soldado
com dois metais diferentes produz uma corrente elê-
trica quando uma das partes soldadas é aquecida
mais do que a outra; a fôrça da corrente gerada de-
pende da diferença de temperatura, permitindo medir
a quantidade de calor absorvido.
A sensibilidade do aparêlho é formidável. A
despeito de suas dimensões microscópicas (a princi-
pal parte do aparêlho não mede mais de 0,2 mm e
pesa 0,1 mg), êle acusa mesmo o calor irradiado por
estrêlas de 13.2 magnitude, que elevam a temperatura
a 10.000.000.2 fração de 1 grau. Estas estrêlas não
são visíveis sem telescópio; o seu brilho é 1/600 mais
fraco das estrêlas que se encontram no limite de vi-
sibilidade à vista desarmada. O efeito dessa íntima
quantidade de calor € equivalente ao calor irradiado
por uma vela a muitos quilômetros de distância.
137
Os olhos dos efeitos deslumbrante é seus raios diretos.
Historiadores russos também notaram. casos de apare-
cimento de Vênus durante o dia. Crônicas de Novogo-
rod dizem que, em 1331, em pleno dia “o portento de
uma estrêla brilhante apareceu nos céus acima da igre-
ja”. A estrêla (como D. O. Svaitsky e M. A. Viliev
descobriram mais tarde) era Vênus,
As épocas mais oportunas para observar durante
o dia Vênus, ocorre cada oito anos. Os atentos obser-
vadores do céu podem ser felizes vendo a ôlho desar-
mado durante o dia não só Vênus como também Júpiter
e mesmo Mercúrio.
Agora é um momento apropriado para falarmos
sôbre o brilho comparativo dos planêtas. O homem
comum muitas vêzes pergunta: qual é mais brilhante:
Vênus, Júpiter ou Marte? Naturalmente, se êles brilhas-
sem simultâneamente ou estivessem colocados um ao la-
de outro, a questão não teria sido levantada, Mas, como
aparecem em tempos diferentes e em diferentes lugares,
todos querem saber qual dêles é o mais brilhanic. A
ordem de brilho é a seguinte:
Vênus, Marte, Júpiter — São muitas vêzes mais
brilhantes que Sirius,
Mercúrio e Saturno — São mais fracos do que
Sirius, porém, são mais brilhantes do que as estrêlas
de primeira magnitude.
Retornaremos a êste ponto no próximo capítulo,
quando tomaremos conhecimento da avaliação numeé-
rica do brilho dos corpos celestes.
O ALFABETO PLANETÁRIO
Para designar o Sol, a Lua e os planetas os as-
trônomos contemporâneos empregam símbolos de ori-
142
gem muito antiga (Fig. 62). Estes simbolos, natural-
mente, necessitam de uma explicação se bem que o
da Lua seja tão claro que não precisa
de esclarecimentos. O sinal de Mercúrio
é uma figura simplificada da varinha do
legendário deus Mercúrio, o patrono dêsse
planeta particular. Para Vênus temos um
signo representando um espêlho de mão,
o emblema da feminilidade da beleza des-
sa deusa. O simbolo de Marte, como
guarda do deus da guerra, é uma lança
despontando do escudo, as armas do
guerreiro. Para Júpiter, isto é, Zeus (o Z
à em manuscrito). De acôrdo com
Flammarion o signo de Saturno é uma ti-
gura deformada da “foice do tempo”, o
tradiconal pertence do deus do destino.
Os signos citados acima têm sido utili- uRANO
zados desde o século IX. O símbolo de
Urano é, naturalmente, de origem recente,
pois foi descoberto sômente no fim do
século XVIII. Seu signo, um círculo com a quão
letra H acima foi lembrado por Herschel,
que o descobriu. O símbolo de Neptuno,
descoberto em 1846, presta homenagem à
mitologia pintando o tridente do deus do ô
fundo dos oceanos. O signo do último TERRA
dos planetas, Plutão, é claro. FIG. 62 — Os
Para êste alfabeto planetário podemos simbolos are
acrescentar o simbolo do corpo central de tia, a Terra e
nosso sistema, o Sol. Este último simbolo outros planêtas
representa a palmeira na antiguidade e
foi utilzado pelos egípcios hã milhares de anos atrás.
MERCURIO
MARTE
JUPITER
SATURNO
NEPTUNO
soL
O E OECES PAO A
* O nome Plutão foi escolhido não sômente porque representa
um deus mitológico, mas: porque, as suas duas primeiras letras Pt, são
as iniciais do nome de Percival Lowell, o astrônomo que primeiro pres
viu a sua existência, NT.
143
Muitos pensam, provavelmente, quão estranho
é para os astrônomos ocidentais empregar os mesmos
símbolos do alfabeto planetário para designar os dias
da semana, por exemplo, o Sol para o domingo, a
Lua para segunda-feira, Marte para terça-feira, Mer-
cúrio para quarta-feira, Júpiter para quinta-feira, Vê-
nus para sexta-feira e Saturno para sábado.
Esta associação calha naturalmente quando com-
paramos os símbolos planetários não com os russos,
mas com os nomes latinos e franceses para os dias
da semana, nomes que têm sido preservados em li-
gação com os nomes dos planetas (em francês, se-
gunda-feira é lundi, o dia da Lua; terça-feira é mardi,
o dia de Marte, etc.). Mas não procuraremos ela-
borar uma lista dessas analogias e nem preocupar-nos
mais com a tilologia e a histórias da cultura do que
com a astronomia.
alquimistas também empregaram o alfabeto
planetário para designar os metais, utilizando o
simbolo do Sol para o Ouro
da Lua para a Prata
de Mercúrio para Mercúrio
de Vênus para o cobre
de Marte para o ferro
de Júpiter para o estanho
de Saturno para o chumbo
Isto explica a maneira de pensar dos alquimistas
que dedicaram cada metal para uma divindade da
antiga mitologia.
Finalmente, encontramos traços de reverência me-
dieval para com os símbolos planetários na utilização
de signos de Marte e Vênus pelos modernos botâni-
cos e zoólogos para designar o macho e a fêmea. Os
botânicos também usam os simbolos astronômicos
144
solares para designar as plantas anuais, Éles em-
pregam o mesmo signo em forma algo modificada
(com dois pontos dentro do circulo) para designar
plantas bienais. O signo de Júpiter designa relva
perene, enquanto Saturno, arbustos e árvores.
O QUE NÃO PODEMOS DESENHAR
Um plano exato de nosso sistema solar é algo
que não podemos transportar para o papel. Quando
os livros de astronomia fornecem um plano do sis-
tema solar êle é, na realidade, um desenho de órbitas
planetárias. Éle não representa todo o sistema solar.
Estes desenhos não podem pintar os planetas sem
violar grosseiramente a escala. — Contrastando com
a distância em que êles estão, os planetas ficam tão
insignificantes que é árduo fornecer uma correta
noção de proporção. Procura-
remos faciltar a imaginação
que é como se procurássemos
uma diminuta semelhança do
sistema solar. Nesse caso tor-
na-se evidente que não pode-
mos desenhar o sistema solar
no papel. Todos nós podemos
Fig, 63 — Uma compara: Vêr as proporções comparati-
ção das dimensões do Sol vas dos planetas e do Sol
Rin Mar grip, 66);
Para desenhar a Terra pre-
cisaremos escolher o mais
modesto valor, por exemplo, a cabeça de um al-
finete. Suponhamos que a Terra seja uma bola
com cêrca de 1 mm de diâmetro. Assim, poderíamos
utilizar uma escala grosseira de 15.000 km por 1 mm
ou 1:15.000.000.000. A Lua, um pequenissimo pon-
145
maple
Tefta
tinho de mm de diâmetro, deve estar colocada a
3 em da cabeça do alfinete. O Sol, uma bola de
tutebol com 10 cm de diâmetro, deve ser colocado a
10 metros da Terra. Dessa forma, uma bola de
futebol colocada no canto de uma sala espaçosa e
uma cabeça de alfinete colocada em outro canto, dá
uma idéia de que como o Sol e a Terra estão em
relação, um com o outro, no espaço. Podemos ver
que aqui, deveras, existe mais espaço do que matéria.
Na verdade, existem dois planetas entre o Sol e a
Terra — Mercúrio e Vênus — mas êles são tão
pequenos que o espaço pode ser considerado vasio.
Todos êles unidos em nosso salão não serão maiores
do que dois pontos, um com 1/3 mm de diâmetro
representando Mercúrio e situado a 4 metros de nos-
sa bola-Sol e o outro, Vênus, situado a 7 m. da bola,
Do outro lado da Terra existem também grãos
de matéria, Marte, com 4 mm de diâmetro, gira a
16 metros da bola-Sol, Cada 15 anos os dois grãos
representando a, Terra e Marte aproximam-se em
conjunção distanciando-se cêrca de 4 metros. Esta
é a menor distância entre os dois mundos. Marte tem
dois satélites, mas não podem ser pintados em nosso
modêlo porque na escala que escolhemos êles pare-
ceriam do tamanho de uma bactéria. Os asteróides
ou planetas menores que somam 1.500 e giram no
espaço entre Marte e Júpiter têm, práticamente, di-
mensões infinitesimais. A sua distância média do
Sol será, em nossa escala, de 28 metros. O maior
dos asteróides terá a espessura de um cabelo
1
(20
mm) em nosso modélo, menor, do que o tamanho de
um micróbio. 5
Teremos necessidade de designar o gigante Jú-
piter com uma esfera do tamanho de uma noz (1 cm),
146
colocada a 52 m da bola-Sol. Os maiores de seus
12 satélites circulam em suas proximidades a, respec-
tivamente, 34,7 e 12 cm de distância. O diâmetro
da maior das Luas de Jupiter seria de apenas 4 mm,
sendo as restantes do tamanho de micróbios. O sa-
télite mais distante, o IX, estaria a 2 metros de
distância da noz representando Júpiter, Portanto,
todo o sistema joviano teria 4 metros de diâmetro em
nosso modêlo. Isto é um tamanho considerável, com-
parado com que tem 6 cm deo sistema Terra-Lua
diâmetro, entretanto, é uma modesta média em com-
paração com a órbita de Júpiter que tem 104 metros.
Vimos, agora, que é quase impossível desenhar
o sistema solar em um papel. Entretanto, podemos
dar uma idéia mais aproximada. Coloquemos Saturno
a 100 metros de distância da bola-Sol, usando para
isso de uma noz de 8 mm de diâmetro. Os famosos
aneis de Saturno, de 4 mm de largura e 1/250 mm
de espessura, ficariam a 1 mm de distância da superfície
da noz. Os nove satélites ficariam destacados do
planêta a uma distância de 50 cm, sendo a forma dos
grãos com um diâmetro de 1/10 mm e menor.
O espaço vasio entre os planetas cresce à medida
que progredimos em direção ao limite do sistema.
Urano em nosso modêlo ficaria a 196 metros de
distância do Sol e êle mesmo seria representado por
uma pequena ervilha de 3 mm de diâmetro, com
cinco manchas como “satélites distribuidas a uma dis-
tância de 4 em do corpo primário.
O planeta chamado Netuno, que se acreditava
até recentemente ser o último do nosso sistema, seria
representado por uma pequena ervilha com dois sa-
télites. Tritão e Nereida, situados, respectivamente,
a 3e 70 cm entre si, revolucionando vagarosamente
a 300 metros de distância da bola central.
147
O quadro peculiar das fases de Vênus é que nas
diferentes fases seu diâmetro varia: o diâmetro do
estreito crescente é tão longo quanto o disco cheio
(Fig. 64). A razão disto é que as distâncias do
Planeta variam em relação a nós durante as suas di-
ferentes fases, A distância média de Vênus 40 Sol
é de 108.000.000 km e a Terra, 150.000.000 km. Um
simples cálculo mostra que a distância mais próxima
entre os dois planetas é igual
a diferença entre 150 e 108, is-
to é, 42.000.000 km e a maior
distância é a soma de 150 e
108, isto é, 258.000.000 km.
Portanto, a distância de Vênus
para nós varia dentro dêsses li-
mites. Quanto mais próxima
da Terra, Vênus apresenta-nos
a sua face não iluminada, potr-
FIG. 64 — Como as fases quanto, em sua fase maior tor-
de Vênus são vistas atra na-se completamente inobser-
Nan RREO a vável. Quando sai da posição
daria nas diferentes ta- de “Vênus nova”, o planeta to-
jr devido às modificações ma forma de uma foice, cujo
diâmetro decresce à medida
que o crescente fica mais largo.
Vênus é mais brilhante não quando. vista com
um, disco cheio ou quando o seu diâmetro é maior,
mas em uma certa fase intermediária. O disco cheio
é visto com 10” de ângulo visual e seu grande cres-
cente com um ângulo de 64”. Por outro lado, o pla-
neta é mais brilhante 30 dias depois de “Vênus nova”,
quando a:sua distância angular é de 40” e a extensão
angular do crescente é 10”, Ela resplandece com um
brilho 13 vêzes maior do que Sirius, a mais brilhante
estrêta dos céus,
da distância com a Terra
152
AS GRANDES OPOSIÇÕES
Muitas pessoas sabem que o tempo em que
Marte apresenta grande brilho e quando está pró-
ximo da Terra repete-se mais ou menos cada 15 a
O nome astronômico para isto, a Grande Oposição
de Marte, tornou-se muito popular. Os anos das
recentes e grandes “oposições” dêsse planeta foram
1924, 1939 (Fig. 65) e 1956. Mas, poucos Rede
porque retorna cada 15 anos. E, pOr falar nisso, as
relações “matemáticas” são muito simples.
A Terra completa a sua viagem orbital em 365 o
dias, Marte em 687 dias. Se os dois planêtas uma
vez voltam em conjunção quando um próximo ao ou-
tro, êles podem não só voltar depois de um E
valo que consiste em um número inteiro de ambos
os anos terrestres e marciano. Em outras palaniea,
precisamos solucionar os números inteiros da equação
365 x=687y
ou
x=1,88y
daí, então,
PO ea ne 2 la
mts las
Desenvolvendo a última fração em tração conti-
nua (ver página 93), obteremos:
4 cu dl
51 qe
RSA
' 3 : x
As três primeiras secções nos dão a aproximação
e pela qual temos 15 anos terrestres iguais a 8
anos marcianos. Portanto, Marte tem uma próxima
oposição cada 15 anos (Procuramos simplificar o pro-
blema aceitando 1,88 ao invés do exato 1,8809).
tout ago 4905 1907 1909 19 19h 1916
1918 1320 1322 1924 1926 1328 1933
1935 1937 1939 1941 1943 16 1948 1950
FIG. 65 — Como se modificou o diâmetro aparente
de Marte durante as oposições do século XX, As opo-
sições mais favoráveis foram as de 1909, 1924 e 1939
O mesmo método pode ser usado para desco-
brir o retôrno também de próximas oposições de Jú-
piter. Um ano joviano é igual a 11,86 (11,8622) anos
terrestres. Desenvolvendo esta fração em contínua,
obteremos: ,
43
11,86 =
º Lg
1
Les
1
+1
6+1
7,
As três primeiras seções dão-nos a aproximação
83/7. —Consegiientemente, as oposições de Júpiter
retornam cada 83 anos ou cada 7 anos jovianos, Estes
são os anos quando Júpiter mostra-se, visualmente,
154
muito brilhante. A última oposição ocorreu em 1927.
A próxima só será em 2010. Júpiter pode aproxi-
mar-se 587.000.000 km de distância da Terra — co-
locando-se o maior dos planetas do sistema solar
ao lado de nossa morada celeste.
UM PLANETA OU UM PEQUENO SOL?
Daremos, agora, resposta à algumas questões
relacionadas com Júpiter, o maior planeta do sistema.
A atração gravitacional dêsse gigante, que é enorme
podendo periazer a de 1.300 terras, obriga a todo
o enxame de satélites a revolver a sua volta, Os
astrônomos descobriram que Júpiter possui 12 luas,
sendo que as 4 maiores foram descobertas por Galileu
há cêrca de 3 séculos; além de um nome, foram desig-
nados com os números romanos L, TI, WI e IV. Os
satélites Il e IV são tão grandes como Mercúrio
A tabela abaixo compara os diâmetros dos satélites
- com Mercúrio é Marte, indicando também os diâmetros
dos dois primeiros satélites de Júpiter e de nossa Lua.
Nome Diâmetro
“6.600 km
IV satélite de Júpiter ..... 150
III satélite de Júpiter ..... «150
Mercúrio . E «700
I satélite de Júpiter ...... «700
Lua 480
II satélite de Júpiter ...... 3.220
A Fig. 66 ilustra esta tabela, O grande circulo
representa Júpiter; cada uma das esferas colocadas ao
longo de seu diâmetro representam a Terra, tendo
à direita a Lua, Marte e Mercúrio e à esquerda, os
quatro grandes satélites de Júpiter. Devemos ter
155
E Rs pm pm Bd
em mente que não se trata de um diagrama, mas
de um desenho. A correlação das áreas dessas es-
feras não fornece uma relação correta para os seus
volumes, que são proporcionais aos cubos de seus
diâmetros,
Conquanto o diâmetro de Júpiter seja apenas 11
vêzes maior do que a Terra, o seu volume é 113,
isto é, 1.300 vêzes maior. Em vista disso, precisamos
corrigir a nossa impressão visual do desenho da Fig.
66, a fim de podermos obter uma noção real da
imensidão de Jupiter.
A atração gravitacional de Júpiter é verdadeira-
mente impressionante, especialmente quando pensa-
mos nas distâncias em que êste gigante dos planetas
Compele as suas luas a se moverem em tôrno de si.
A tabela abaixo retere-se a estas distâncias,
em com-
paração
|
Distâncias em km |
da Lua para a T 380.000
do HT satélite a Júpiter ..| 1.070.000
do IV satélite Júpiter ..| 1.900.000
do IX satélite para Jupiter ..| 24.000.000
Nós inferimos, em primeiro lugar, que o sistema
Joviano é 63 vêzes maior do que o sistema Terra-Lua.
nenhum outro planeta possui tão extensa e espalhada
família de satélites
Não é sem razão que Júpiter é comparado a um
pequeno Sol. A sua massa é três vêzes a massa de
todos os planetas juntos. Se o Sol desaparecesse,
subitamente, o seu lugar seria ocupado por Júpiter,
que obrigaria a todos os planetas a revolver a sua
volta, desempenhando na verdade, o papel de astro
central,
156
Júpiter e o Sol possuem também similaridades ae
estrutura física. A densidade média de Júpiter — 1,35
— é muito próxima da do Sol (1,4). Entretanto, (à
forma ligeiramente achatada de Júpiter dá a AmpiSSão
de um núcleo denso envolvido por uma espêssa ca-
mada de gêlo e uma vasta atmosfera,
FIG. 66 — Júpiter e seus satélites (à esquerda) comparados com
Terra (ao longo do diâmetro) e a Lua, Marte e Mercúrio (à direita)
As ligações de Júpiter com o Sol foram levadas
mais longe ainda; supôs-se que êle tem crosta a
e que emergiu da fase de astro auto-luminoso. Este
ponto de vista foi, agora, rejeitado: medidas diretas
da temperatura de Júpiter mostram que São extrema-
mente baixas, da ordem de 140ºC abaixo de zero.
É verdade que estas medidas se referem a tempe-
ratura das nuvens que flutuam em sua atmosfera.
A baixa temperatura de Júpiter complica gran-
demente o estudo de suas peculiaridades físicas com
o aparecimento das tempestades atmosféricas, faixas,
157
desapareceram, Galileo decidiu então, que tinha incor-
rido em êrro e que Saturno não apresentava qualquer
apêndice.
Depois de 50 anos, Huygens teve a sorte de des-
cobrir os anéis de Saturno. Como Galileo êle não
deu a conhecer a sua descoberta, mas codificou a
sua suspeita no criptograma:
Agaaaaaccecedececeghiiiiiiillimmnnananan
ooooppgrrstititunuum
Três anos depois, convencido de que estava no
caminho certo, Huygens decidiu publicar o seu segrêdo:
Annulo cingitur, tenui, plano, nusquam cohaerente,
ad eclipticam inclinato
(Circundando por um círculo, fino, chato, em lugar
algum coerente e inclinado para a eclíptica).
Do
Em 1929, quando êste livro apareceu pela pri-
meira vez, escrevi que Netuno era o mais distante
dos planetas conhecidos do sistema solar — 30 vêzes
mais afastado do Sol do que a Terra, Agora, pode-
mos dizer que êle não está tão longe, pois, em 1930
veio incluir-se no sistema solar um novo membro, o
nono maior planeta que revoluciona em tôrmmo do Sol
ainda mais distante do que Netuno,
Esta descoberta não foi totalmente inesperada.
Há muito tempo que os astrônomos tinham a idéia
da existência de um planêta transnetuniano desco-
nhecido. Hã mais ou menos um século êles acredi-
tavam que Urano fôsse o planeta extremo do sistema
O PLANETA TRANSNETUNIANO
162
solar. Entretanto, certas irregularidades em seus mo-
vimentos levantaram a suspeita da existência de um
planeta mais distante ainda, cujo centro de gravitação
deveria perturbar o curso de Urano. Investigações
matemáticas relacionadas com esta questão foram rea-
lizadas pelo matemático inglês Adams e pelo ma-
temático francês, Leverier, culminando em uma bri-
lhante descoberta. O planeta suspeitado foi visto no
telescópio. O ôlho humano conseguiu espiar um mun-
do cuja existência tinha sido estabelecida pelos cál-
culos feitos “a bico de pena”.
Esta história da descoberta de Netuno, Des-
cobriu-se, subsequentemente, que a sua influência não
explicava certas irregularidades do movimento de Ura-
no. Conjecturou-se que deveria existir, possivelmente,
um outro planeta ainda mais distante do que Netuno.
Os matemáticos começaram a torturar os seus cére-
bros. Várias soluções foram propostas: supôs-se que
o nono planeta deveria estar situado a distâncias va-
riadas do Sol possuindo massas diferentes.
Em 1930, para dizer com exatidão, em fins de
1929, o telescópio conseguiu finalmente extrair das
trevas da orla do sistema solar um outro membro da
nossa família planetária. O novo planeta, chamado
Plutão, foi descoberto pelo jovem astrônomo Tom-
baugh.
Plutão gira em uma trajetória muito próxima a
uma das órbitas. Entretanto, de acôrdo com os es-
pecialistas, isto não pode ser saudado como um stt-
cesso matemático. A coincidência é mêramente um
curioso acidente.
O que sabemos acêrca dêsse mundo recém-des-
coberto? Muito pouca coisa. Ele está tão distante
e é tão parcamente iluminado pelo Sol, que, mesmo
os mais poderosos instrumentos conseguem medir com
163
dificuldade o seu diâmetro, que é de 5.900 km ou
0,47 do diâmetro da Terra,
Plutão percorre o seu caminho em tôrno do Sol
ao longo de órbita alongada com a excentricidade
igual a 0,25. Foi notado que possui uma inclinação
de 17º em relação à eclíptica, estando 40 vêzes mais
distante do Sol do que a Terra. Demora êste planeta
250 anos para completar uma revolução.
No céu de Plutão o Sol tem um brilho 1.600
vêzes menor do que em nosso céu, sendo visto como
um pequeno disco de 45 segundos angulares, isto é,
aproximadamente do tamanho como vemos Júpiter,
Seria interessante, agora, “saber qual é o mais bri-
lhante, o Sol para Plutão ou a Lua cheia para a Terra.
Parece que o distante Plutão não é tão mal ilu-
minado como algumas pessoas podem pensar, A
luz que nos chega da Lua cheia é 440.000 vêzes mais
fraca do que a luz do Sol. No céu de Plutão, o
astro diurno emite uma luz 1.600 vêzes mais fraca do
que chega para nós. Portanto, 'o brilho do Sol em
= 440.000 . à
Plutão é "1.600 275 vêzes maior do que o luar
da Lua cheia na Terra. Se o céu de Plutão é tão
claro como o da Terra, como parece ser nêste caso,
porquanto Plutão não tem aparentemente atmosfera,
a luz diurna poderia ser a mesma como a da luz de
275 Luas cheias, ou cêrca de 30 vêzes mais brilhante
do que a mais clara das noites brancas de Leningrado.
Entretanto, para descrever acertadamente Plutão, é
preciso dizer que ele não é o reinado da noite eterna,
PLANETAS PIGMEUS
Os nove maiores planetas mencionados não exau-
rem a população planetária do sistema solar. Acontece
164
que êles são justamente os maiores. Além dêles, cir-
culando em tôrno do Sol a várias distâncias, existe
uma legião de pequenos planetas. Estes pigmeus no
mundo dos planetas são conhecidos como asteróides
(que signífica “semelhantes a estrélas”), ou, simples-
mente, “planetas menores”, O maior dêles é Céres com
o diâmetro de 770 km. É muito menor do que a Lua,
tantas vêzes como o número que a Lua é menor do
que a Terra.
Céres, o primeiro dos planetas menores, foi des-
coberto a | de Janeiro de 1801. Mais de 400 dêsses
pigmeus foram localizadc durante o século XIX, Até
recentemente acreditava-se que os asteróides estavam
localizados juntos em uma extensa faixa entre as
órbitas de Marte e Júpiter,
No século XX, especialmente nesses últimos anos,
os limites do cinturão de asteróides foram extendidos
em ambas as direções. Eros descoberto no fim do
último século (1898) quebrou êstes limites quando
passou nas proximidades da órbita de Marte, Em 1920,
os astrônomos observando o asteróide Hidalgo, veri-
ficaram que a sua trajetória corta a órbita de Júpiter
estando perto da de Saturno. , Hidalgo é também no-
tável por apresentar a mais alongada órbita (com ex-
centricidade 0,66) de todos os planetas conhecidos,
sendo também o que apresenta a maior inclinação em
relação à eclíptica, atingindo 43º.
De passagem notamos que êste asteróide traz o
nome de Hidalgo y Costilla, herói do movimento da
independência do México, que morreu em 1811.
Em 1936 quando um asteróide com a excentrici-
dade 0,78 foi observado, notou-se que a zona dos
Planetas pigmeus era muito mais extensa, Este novo
membro do nosso sistema solar foi chamado Adonis;
é notável o fato de que o seu perihélio é tão distante
165
do Sol e de Júpiter, enquanto o seu afélio é nas
proximidades da órbita de Mercúrio.
Finalmente, o menor dos planetas, Icaro, desco-
berto em 1949, tem uma trajetória excepcional com
uma excentricidade de 0,83 e um perihélio duas vêzes
o raio da órbita terrestre e o afélio cêrca de um quin-
to da distância entre o Sole a Terra. Nenhum dês-
ses planetas conhecidos chega tão próximo do Sol
como lcaro,
O sistema de registro dêsses recém-descobertos
asteróides não é despido de interêsse, pois, êle pode
ser aplicado com sucesso em outras finalidades astro-
nômicas. Em primeiro lugar, o ano da descoberta é
registrado, sendo que a letra designa a metade dos
meses do tempo da descoberta (o ano é dividido em
24 meio-meses, sucessivamente designados pelas le-
tras do alfabeto).
Quando alguns dos planetas menores são desco-
bertos em um meio-mês, eles são designados por mais
de uma letra na ordem aliabética. As 24 letras não
seriam suficientes, porque elas se repetiriam, mas o
problema toi resolvido com números diminutos adi-
cionados ao pé das letras. Por exemplo, 1932 EA,
significa um asteróide descoberto na primeira metade
do mês de março de 1932, 25.º nessa contagem. Quan-
do a órbita do recém-descoberto planeta foi calculada,
então, é dada um número de ordem e um nome.
De uma multidão de planetas menores é provável
que sômente um pequeno número tenha sido acessível
aos instrumentos astronômicos. De acôrdo com os
cálculos devem existir de 40 a 50 mil asteróides no
sistema solar.
O número de planetas pigmeus registrados até
esta data excede a 1.500, Acima de uma centena
dêles foram descobertos pelos astrônomos do Obser-
166
vatório Simeiz, na Criméia, devido principalmente a
diligência de G. N. Neuymin, um assíduo caçador de
asteróides. O leitor não deve ficar surpreendido ao
descobrir na lista de planetas menores um nome como
o de “Vladilen” (em honra a Vladimir llych Lenin),
“Morozovia” e “Figneria” (em honra de dois heróis
revolucionários russos), “Simeiza” e outros. No nú-
mero de asteróides descobertos, Simeiz ocupa um
lugar de liderança dentre todos os observatórios do
mundo e na elaboração teórica das questões perti-
nentes aos asteróides, os astrônomos soviéticos tam-
bém ocupam um lugar preeminente. O Instituto de
Astronomia Teórica de Leningrado da Academia de
Ciências da URSS, tem se devotado durante anos ao
estudo da localização das posições de um grande nú-
mero de planetas menores e na elaboração da teoria
de seus movimentos. Todos os anos êle publica as
es pré-calculadas dos planetas menores (as cha-
efemérides) para os observatórios de todo o
mundo,
Os planetas menores variam muito de tamanho.
somente alguns são grandes como Céres ou Pallas
(diâmetro = 490 km). Cêrca de 70 têm diâmetros
pouco maiores de 100 km. Muitos dêles têm d
metros entre 20 a 40 km. Mais numerosos são os
asteróides “migalhas” com diâmetros entre 2 a 3 km
(dizemos “migalhas” na cl icação porque êste têr-
mo em astronomia tem um sentido relativo). Entretanto,
para todos os membros do cinturão de asteróides
que foram mapeados, calcula-se que a massa dêsses
asteróides (descobertos ou não descobertos) deve
atingir cêrea de um milésimo da Terra, De acôrdo
com uma estimativa sômente 5% dos asteróides aces-
síveis aos modernos telescópios é que foram des-
cobertas,
167
aconteceria, naturalmente, se o nosso vizinho de céu
tôsse bastante claro, Entretanto, incidiremos em êrro
se imaginarmos que o abudante “luar terrestre” nas
noites de Vênus produz a sua prateada luz cinzenta.
A iluminação de Vênus pela Terra é mais ou menos a
mesma emitida por uma vela comum a distância de
35 metros. Naturalmente, isto não é suficiente para
produzir em Vênus uma côr prateada,
O “luar terrestre” nos céus de Vênus é comple-
tado, às vêzes, pela luz da Lua que é quatro vêzes
mais brilhante que Sirius. É duvidoso que possamos
encontrar em todo o sistema solar um objeto tão bri-
lhante como a dupla luminosa Terra-Lua que adorna
os céus de Vênus. Na maioria das vêzes o observador
de Vênus verá a Terra e a Lua separadamente e
poderá, assim, ar habilitado a distinguir os deta-
lhes da superfície lunar através do telescópio.
Mercúrio é outro brilhante planeta no céu de
Vênus — a sua estrêla da manhã e da tarde, É tam-
bém incidentalmente visto da Terra como uma estrêla
brilhante. Mesmo “mais brilhante do que Sirius. No
céu de Vênus êle brilha aproximadamente três vêzes
mais do que nos céus da Terra. Por outro lado,
Marte fornece apenas 2V, de sua luz, quase mais
fôsco como Júpiter em nossos céus.
No que se refere às estrêlas fixas, os panoramas
das constelações o absolutamente iguais nos céus
dos planetas do sistema solar, Seja êle Mercúrio,
Júpiter, Saturno, Netuno ow Plutão, podemos vê-los
nas mesmas trajetórias estelares. Isto mostra quão
grandes sãos as distâncias estelares em comparação
com as distâncias planetárias,
Vamos, agora, passar de Vênus para o pequeno
Mercúrio, um mundo estranho despido de atmosfera
172
e conhecido como não tendo noite e dia alternados.
O Sol está suspenso e imóvel no seu céu, apresen-
tando-se como uma grande bola seis vêzes maior
(em área) do que visto da Terra (Fig. 68). pa
Mercúrio o nosso planeta é visto como uma estréia
com duas vêzes o brilho de Vênus em nosso céu.
Vênus também aparece, aí, com um brilho incomum.
De fato, em parte alguma de nosso sistema as e
trêlas ou os planetas brilham como Vênus com uma
iluminação fantástica no céu negro e sem nuvens de
Mercúrio. .
A nossa próxima parada é em Marte. Aí o Sl
é visto como uma bola dois terços menor em área
(Fig. 68). Nos céus de Marte o nosso globo brilha
como estrêla da manhã e da tarde, representando vê.
nus em nosso céu, porém, mais fraca, assim como
vemos Júpiter. A Terra nunca é vista E suar fase
cheia; em nenhum tempo os marcianos veem mais do
que 3% partes de nosso disco. Eles veem a tia a
ôlho nú como uma estrêla brilhante igual a Sirius.
No telescópio podem ver a Terra e sua cortesá a Lua
mostrando as suas fases. .
Aí a nossa atenção estará voltada para o mais
próximo satélite de Marte, que é Phobos. Está tão
próximo de Marte que a despeito de seu ips gnican do
tamanho (16 km de diâmetro), o “Phobos encio res-
plandece com 25 vêzes mais brilho do que Vênus em
nosso céu, Deimos, o segundo satélite, conquanto
menos brilhante, também rivaliza com a Terra nos
céus de Marte. A despeito de sua pequenez, Phobos
está tão perto de Marte que as suas fases são vi as
claramente. Qualquer pessoa com boa visão poderá,
provavelmente, observar cada uma de suas fases (Dei-
mos é visto em Marte sob um ângulo de 1”, enquanto
Phobos em um ângulo próximo de 6").
173
Antes de voarmos mais longe paramos por um
momento na superfície do mais próximo Satélite de
Marte. Nesse posto privilegiado de observação ve-
remos o espetáculo único de um disco gigantesco,
modificando rápidamente as suas fases, centenas
vêzes mais brilhante do que a nossa Lua,
é Marte. O disco ocupa mais de 41º nos céus,
€, 80 vêzes maior do que a Lua em nosso céu. So-
mente no satélite mais próximo de Júpiter é possível
observar semelhante espetáculo, incomum e notável.
A nossa próxima parada é no gigantesco planêta
acima mencionado. Se os céus de Júpiter fôssem
claros, o Sol seria visto como uma esfera 25 vêzes
menor em área do que em nossos céus (Fig. 68) e
seria o mesmo número de vêzes fraco. O seu breve
dia de 5 horas, rapidamente toma caminho para a
noite, à medida que procuramos os planetas familiares
no céu constelado. Nós os encontraremos, sem dú-
vida, mas como são diferentes! Mercúrio está com-
pletamente perdido nos raios solares, enquanto Vênus
e a Terra só podem ser distinguidos telescópicamente,
pois, elas se põem com o Sol *, Marte talvez possa
ser notado. Por outro lado, Saturno rivaliza em bri-
lho com Sírius.
Nos céus de Júpiter a nota é dada pelas suas
luas. Os satélites 1 e II são quase tão brilhantes como
a Terra nos céus de Vênus, enquanto o III é três
vêzes mais brilhante, o IV eo V muitas vêzes mais
brilhantes do que Sírius. Não obstante as suas di-
mensões, os diâmetros visuais dos quatro primeiros
satélites são maiores do que o diâmetro visual do
* Nos céus de Júpiter a Terra é vista cómo uma estréla de Sa
magnitude.
174
3, OS três primeiros satélites
Sol. Para cada revolu
jicam mergulhados na sombra de Júpiter, de tal Ee
que êles nunc o vistos em fase cheia. Os eclipses
totais do Sol também são vistos. porém, êles podem
ser observados sômente de uma estreita faixa que
cruza a superfície de Júpiter.
A atmosfera de Júpiter deveria ser escassa e
Entretanto, ela é
transparente como a da Terra.
densa e alta. A considerável
densidade tende a engendrar
ilusões óticas muito peculia-
res ligadas a reiraçã da luz.
A refração atmosférica da luz
na Terra é insignificante e en-
gendra simplesmente elevação
(ótica) dos corpos celestes
(ver página 54). Por outro
lado, a densa e alta atmosfera
de Júpiter gera maior volume
de ilusões óticas. Os raios
FIG. 69 — Como a luz
emitidos obliquamente de um atado. nro diesiiheite
erfíci Fi na atmosfera de Júpiter
ponto da superfície (Fig. 69), RR
não se propagam para tôda a quências dêsse fenômeno)
atmosfera, mas êles se curvam
em direção à superfície do pla-
neta, como as ondas de rádio na atmosfera da Rea o
observador situado nesse ponto vê uma coisa incomum.
Ele imaginaria estar no fundo de uma grande patio:
prâticamente, tôda a superficie do vasto planeta estará
no seu interior, com os contornos próximos a borda
e fortemente comprimidos. Acima da cabeça o céu,
não a metade como acontece em nosso caso, mas pró-
xima ao todo, finalizando por uma franja enevoada é
neblinosa somente na fimbria da bacia. O nosso
Sol nunca se põe nesse estranho céu, resultando daí
175
que à meia-noite o Sol é visível em todos os pontos
do planeta, Não podemos dizer, naturalmente, quais
dêsses extraordinários quadros são reais.
Uma visão de Júpiter tomada de seu satélite mais
próximo (Fig. 70) apresenta-nos uma perspectiva
fantástica. Olhando-se do 5.º satélite, que é o mais
próximo, veriamos o seu gigantesco disco com um
FIG. 70 — Como Júpiter é visto de seu II satélite
diâmetro 90 vêzes maior do que a Lua * e com um
brilho sômente seis ou sete vêzes menor do que o
Sol. Quando a sua orla baixa toca o horizonte, a
orla alta está no centro dos céus, e quando mergulham
abaixo do horizonte, ficam ainda acima da linha do
céu 1/8. De tempo em tempo, círculos escuros, as
sombras ambulantes das luas de Júpiter, naturalmen-
te, menos marcantes, “eclipsam” o planeta gigantesco
num grau perceptível, deslizando através de seu rá-
pido e revolucionante disco.
(%) Visto do satéite, o netro angular de Júpiter é maior do
que 44 graus,
176
Visitemos, agora, Saturno sômente para ver co-
mo os seus famosos anéis aparecem ao observador.
Descobrimos, primeiramente, que os anéis não são
visíveis de todos os lugares. Por exemplo, êles não
podem ser vistos entre os Polos e o paralelo 64º, Nos
limites dessa área sômente podemos ver a borda ex-
terna do anel exterior (Fig. 71). A visão entre os
64º e 50º paralelos é boa, e no 50º paralelo o obser-
vador pode admirar tôda a largura dos anéis, vistos
aí em seu ângulo maior de 12º. Na proximidade do
equador êles se estreitam, posto que estejam altos
acima do horizonte. No próprio equador os anéis
são vistos sômente como uma estreita banda cruzando
o zenite de Oeste para Este.
FIG. 71 — Como podemos procurar os graus de visibilidade
dos anéis de Saturno em vários pontos do Planêta, Entre o
Polo e o paraleto 649 os anéis ficam inteiramente invisíveis,
Entretanto, êste não representa todo o quadro
das condições de visibilidade dos anéis. Devemos le-
var em consideração, que sômente um lado dos anéis
é iluminado, enquanto o outro permanece na sombra.
O lado iluminado é visto únicamente da metade de
Saturno para a qual está voltada, Na metade do
longo ano de Saturno podemos ver os anéis sômente
17;
Merciírio em con-
junção (invisível)
e a máxima elon-
gação
Vênus em conjun-
ção (invisivel) e
a máxima elon-
gação (muito vi-
sível)
Marte em conjun-
ção e a máxima
elongação
Júpiter com seus 4
grandes satélites
Saturno com seu
grande satélite
olhos; os discos da Lua e dos planétas quando observados dis-
RB tãncia aparceem como se estivessem no telescópio com o citado aumento
de 100 vê
e os planêtas vist
O desenho deve
em um tel
úpio com o aumento
r levado a 25 em de distância dos
a 183
182
IV
AS ESTRÊLAS
POR QUE AS ESTRELAS PARECEM ESTRELAS?
Quando observamos as estrêlas a ôlho desarmado,
vêmo-las na forma de ráios.
A razão disto deve ser procurada em nossos pró-
prios olhos, ou melhor, na insuficiente transparência
do cristalino, que, diferente das boas lentes de vidro,
possuem a estrutura fibrosa e não-homogênea) Eis
o que Helmhaltz em (seu “Progressos da Teoria da
Visão”) disse sôbre o assunto:
“Os pontos de luz produzem no ôlho uma incor-
reta imagem da estrêla. Isto é devido ao cristalino,
cujas fibras se extendem na forma de tentáculos em
seis direções. Os raios que nos atingem como pontos
de luz provindos de estrêlas ou de fontes distantes,
são refletidos simplesmente na estrutura radial do cris-
talino. A universalidade dessa insuficiência do ôlho
é evidenciada pelo fato de que qualquer figura na
forma de raio usualmente é chamada estelar”.
Podemos, se assim desejarmos. corrigir esta insu-
ficiência de nosso cristalino e ver as estrêlas sem à
sua cintilação radial e muitas vêzes, sem utilizar O
telescópio. Leonardo da Vinci mencionou-o há 400
anos.
“Para observar as estrêlas sem raios, escrevia
ele, é suficiente olhá-las através de uma pequenissima
185
abertura, feita por uma fina agulha e encostar os olhos
nela. As estrêlas aparecem tão pequenas que nada
seria menor”.
Entretanto, isto não contradiz as idéias de Hel-
mholtz sôbre a origem dos raios estelares. Pelo con-
trário, a experiência descrita acima confirma a sua
teoria. Observando-as através de uma pequeníssima
abertura, o ôlho apanha somente um finíssimo feixe
de luz,que, passando através da parte central do cris-
tatino não é afetada pela sua estrutura radial *.
Portanto, se nossos olhos possuissem perfeitas
qualidades cristalinas veriamos no céu não “estrêlas”,
mas pontos luminosos.
POR QUE AS ESTRELAS CINTILAM ENQUANTO
OS PLANETAS TEM BRILHO CONSTANTE?
Podemos dis:
nguir facilmente a ôlho nú entre
uma estrêla fixa -e uma estrêla “vagabunda” ou plane-
ta ** mesmo sem qualquer conhecimento de atlas ce-
leste. Os planetas emitem brilho contínuo, enquanto
as estrêlas cintilam continuadamente; elas aparecem re-
lampear, tremer e mudar de brilho; as estrêlas muito
brilhantes, pouco acima do horizonte, cintilam inces-
santemente. “Esta luz, diz Flammarion, ora brilhan-
te, ora desfalecida, ora cintilantemente branca, ora
verde, ora vermelha e rutilante como o mais puro dos
diamantes, vivificam os desertos estelares, tanto que
»% Falando de «raios
chegam das estri
telares» temos em ment os ralos que
as e são deformados. pelos nossos olhos quando são
observados; isto é causado pela ditração da luz nos cílios dos olhos,
*% A significação original da palavra grega «planeta» é cestrêla
vagabunda»,
186
podemos tomar as estrêlas como olhos fixados sôbre
nossa Terra”. As cintilações das estrêlas apresentam
particular fôrça e beleza nas noites de geada, nos
tempos de ventos e também depois de pesadas chuvas
quando os céus ficam rápidamente despidos de nu-
vens *.
As estrêlas no horizonte cintilam muito mais do
que quando estão altas no céu e as estrêlas esbran-
quiçadas têm prioridade sôbre as estrêlas de côres
amarelas ou avermelhadas.
A cintilação das estrelas não é uma qualidade
intrínseca dela: Ela é comunicada pela atmosiera
terrestre através da qual os raios passam antes de
atingir os olhos. Se fôsse possível subir acima da
massa gasosa que nos rodeia é através da qual rece:
bemos a imagem do universo, veríamos que as estrê-
las não cintilam e que seu brilho tem uma luz calma
e constante.
As estrelas cintilam pela mesma razão com que
os objetos distantes tremem durante uma onda quente
quando o solo tica aquecido pela ação do Sol.
Entretanto, a luz das estrêlas penetra em um meio
não homogêneo, mas camadas de gases com diversas
temperaturas e densidades, portanto, com diferentes in-
dices de retração. Esta espécie de atmosfera parece
consistir em um agrupamento de prismas óticos, com
lentes côncavas e convexas, tôdas elas em constante
movimento. Ao passar através dêles a luz diverge e,
novamente, tomando um caminho reto, converge para
se dispersar de novo. Esta é a razão da frequente
modificação de brilho das estrêlas. E mesmo a dis-
* A forte cintilação no verão é sinal de chuva, indicando a apro-
ximação de um ciclone. Depois da chuva as estrêlas emitem principal-
mente luz azul; elas emitem luz verde antes da sêca
187
Em primeiro lugar, daremos alguns detalhes sô-
bre a classificação estelar por magnitude, É duvidoso
que necessite esclarecer o que significa a palavra
“magnitude”, não no sentido das dimensões geomé-
tricas das estrêlas, mas em seu brilho visual. Os
antigos classificavam as estrêlas brilhantes, vistas pri-
meiramente no céu do entardecer, como estrêlas de
primeira magnitude. As estrêlas seguintes eram de
segunda, terceira, quarta, quinta e, finalmente, sexta
magnitudes, que estavam mais ou menos na linha de
limite da visão sem instrumentos. Esta classificação
subjetiva das estrêlas por brilho não satisfazia os
astrônomos nesses últimos tempos. Procurou-se, des
de então, uma base mais rígida para a classificação
do brilho. Descobriu-se que a média das estrêlas bri-
lhantes (elas 1 o tôdas iguais em brilho) é, exa-
tamente, 100 vêzes mais brilhantes do que as estrêlas
mais fracas situadas no limite de vi
mentos.
o sem instru-
Uma escala de brilho estelar foi estabelecida des-
sa forma na qual a relação de brilho das estrêlas de
duas magnitudes próximas permanece constante,
Designando esta “relação de intensidade de luz”
por n, temos:
as estrôlas de 2.4 mag, são mais fracas da 1.º mag, em n vêzes
>» » »Srmago >» » » 24mag.emn »
>» »4emago» d >» > 3ºmagemn » sete
Comparando o brilho das estrêlas de tôdas as
outras magnitudes com as estrêlas de 1.º magnitude,
temos:
as estrêlas de 3.» mag. são mais fracas da 1. mag. em n2 vêzes
»o Do patmagoo » » + Lemagemn3 »
>» + Smag + & + » Lómagemnd »
» >» »6tmag 5 » » > Lemag emns >»
As observações estabelecem que nº = 100. Ago-
192
ra, acharemos facilmente (com o auxílio de logarit-
mos) o valor da relação de intensidade de luz n:
n=y100=2,5
Portanto, as estrêlas de cada sucessiva magnitude
são 2,5 vêzes mais fracas do que a magnitude pre-
cedente,
A ÁLGEBRA ESTELAR
Estudemos mais alguns detalhes acêrca do grupo
de estrêlas brilhantes. Notamos, acima, que elas não
o iguais em brilho. Algumas são mais brilhantes
do que a média, outras mais fracas (a sua média
de brilho é 100 vêzes maior do que as estrêlas
tuadas no limite de visão sem instrumentos).
Vamos, agora, designar o brilho dessas estrêlas
2,5 vêzes maior do que a estrêla média de primeira
magnitude. Qual é o número que precede 1? É o O.
Consequentemente, estas estrêlas são classificadas co-
mo estrêlas de magnitude “zero”. Poderíamos colo-
car estas estrêlas não a 2,5 vêzes, mas sômente a
5 ou duas vêzes mais brilhantes do que estas de
primeira magnitude? Elas estão situadas entre 1 e 0,
e por êste motivo a magnitude estelar é expressada
por uma fração decimal positiva, por exemplo, uma
estrêla de “0,9 magnitude” ou “0,6 magnitude” e as-
sim por diante. Estas estrêlas são tão brilhantes
como as de primeira magnitude.
Agora, sabemos porque os números negativos são
introduzidos na designação do brilho estelar. Quando
as estrélas têm uma luz intensa que ultrapassa a mag-
nitude zero, o seu brilho, ôbviamente, pode ser ex-
pressado em número do outro lado do zero, isto é,
* O valor mais exato é 2,512.
193
números negativos. Podemos definir o brilho como
— | (menos um), —2, — 1,6, — 0,9, etc.
Na prática astronômica a “magnitude estelar” é
aferida por um instrumento conhecido como fotôme-
tro. O brilho da fonte luminosa é comparado com
o brilho de uma estrêla definida com intensidade de
luz conhecida ou com uma “estrêla artificial” contida
no próprio instrumento.
A estréia mais brilhante do cêu, Sirius, tem a
magnitude estelar — 1,6, Canopus (vista sômente nas
latitudes sulinas) tem a magnitude estelar — 0,9. As
estrêlas mais brilhantes do Hemistério Norte são Ve-
ga (0,1), Capella e Arcturus (0,2), Rigel (0,3), Pro-
cyon (0,5) e Altair (0,9). (Lembremos que as estrêlas
de 0,5 magnitude são mais brilhantes do que as estrê-
las de 0,9 magnitude, e assim por diante). Eis, a
seguir, a lista das mais brilhantes estrêlas e de sua
magnitude estelar (o nome das constelações é dado
entre parênteses) :
Sirius (a Cânis Majoris)
Canopus (a Carinae) ...cccccers
a Centauri
Vega (a Lyrae)) sem em mimo sã ea
Capella (o Aurigae)
Arcturus (w Bootis) «.ccciesceos
Rigel (f Orionis)
Procyon (a Canis Minoris)
Achernar (e
B Centauri
Betelgeuse (a Orionis) ...
Altair (o Aquilae) 4. ces sa ces
a Crucis
Aldebaran (a Tauri) ..cccscscuss
Pollux (p Geminorum)
Spica (e Virginis)
Antares (a Scorpii) .....
Formalhaut (a Piscis Australis) ......
Deneb (a Cygni)
Regulus (a Leor
Passando uma vista d'olhos sôbre esta lista obser-
vamos que nem tôdas as estrêlas são exatamente da
primeira magnitude, Das estrelas de 0,9 magnitude
a lista chega até 1,I-—1,2 magnitudes, etc. saltando
para a primeira magnitude. Entretanto, não se deve
inferir que estrêla de primeira magnitude não exis
pois, isto é apenas um padrão convencional de br
É preciso observar que não se deve tomar a
classificação estelar como sendo determinada pelas
propriedades físicas das estrêlas. Ela deriva de nos:
sa visão, sendo uma consequência da aplicação ua
lei psico-fisiológica de Weber-Fechner, que é comum
a todos os sentidos. Aplicando-se a lei à visão,
temos a seguinte conclus: quando a luminosidade
modifica-se em progressão geométrica, a intensidade
da sensação luminosa moditica-se em progressão arit-
mética. (É muito curioso que medindo os sons e a
intensidade dos ruidos os físicos transportaram êste
princípio p aplicá-lo no estaba'ecimento do brilho
estelar; o leitor pode procurar uma descrição deia-
lhada dêste princípio em meu “Física de Brincadeira”
e «Álgebra de Brincadeira”).
Agora, que conseguimos estabelecer a escala as-
tronômica de brilho, podemos nos dedicar a fazer
alguns cálculos instrutivos. Calculemos quantas es-
trêlas de terceira magnitude tomadas juntas brilham
tanto quanto uma estrêta de primeira magnitude. Sa-
bemos que as estrêlas de terceira magnitude são mais
iracas das de primeira 2,52 ou 6.3 vêzes; daí para
195
substituir uma estrêla de primeira magnitude preci-
samos de 6,3 estrêlas de terceira. Consequentemente,
precisamos de 15,8 estrêlas de quarta magnitude, e
assim por diante. Os resultados dos cálculos são
dados tabela abaixo *. Para substituir uma estrêla
de primeira magnitude temos necessidade dos seguin-
tes números de estrêlas de outras magnitudes:
219; fe 250
6,3 10.º 4.000
16 Ge 10.000
40 16.º 1.000.000
6 100
A 7.º magnitude já esta acima do limite de visão,
passando para o mundo de estrêlas inaces íveis ao ôlho
desarmado. As estrilas de 16? magnitude sômente
podem ser vistas com telescópios muito poderosos.
Para apanhá-las a ôlho desarmado, a sensibilidade
natural de nossa visão precisaria ser aumentada em
10.000 vêzes. Então as veríamos, como estrêlas de
6.º magnitude.
A tabela acima não fornece, como é natural, da-
dos sôbre estrêlas com “pré-primeira” magnitude. Eis,
aqui, os cálculos para algumas delas: as estrêlas de
0,5 magnitude (Procyon) são 2,595, ou 1,5 vêzes mais
brilhantes do que as estrêlas de 1.º magnitude; as
estrélas de 0,9 magnitude (Canopus) são 2,59 ou 5,8
vêzes mais brilhantes, enquanto as estrelas de —1,6
magnitude (Sírius) são 2,528 ou 11 vêzes mais bri-
lhantes.
Finalmente, é interessante anotar êste cálculo:
quantas estrêlas de 1.º magnitude seriam necessárias
* Os cálculos são facilitados pelo fato de que o logaritmo
da relação de intensidade de luz é muito simples, 0,4.
196
para substituir a difusão de luz de tôdas as estrêlas
vistas a ôlho desarmado?
Tomemos como base que existem 10 estrêias de
1.º magnitude em um hemisfério do céu, Tem-se ob-
servado que o número de estrêlas na categoria próxima
de sucessão é mais ou menos o triplo do número da
antecedente. Em brilho elas são 2,5 vêzes mais fracas.
Portanto, o número procurado deve ser igual a soma
dos membros na progress
Obtemos:
Daí, a soma do brilho de tôdas as estrêlas vistas
a ôlho nú em um hemisfério é mais ou menos igual
a 100 est s de primeira magnitude ou uma estrêla
de —4 magnitude. Se repetirmos os cálculos não só
para os estrêlas vistas a ôlho desarmado, mas tam-
bém aquelas acessíveis aos modernos telescópios, des-
cobrimos que o brilho total de tôdas elas é equiva-
lente a 1.100 estrelas de 1.º magnitude ou a uma
estrêila de —6,6 magnitude.
O OLHO E O TELESCÓPIO
Comparemos a observação telescópica com a ob-
servação a ôÔlho desarmado.
Tomemos o diâmetro da pupila humana em noi-
tes de observação como tendo em média 7mm., Um
E = sa 505,
telescópio de 5 cm de diâmetro concentra ( e ou
197