Baixe Potencial pedologico das Terras do Estado da Paraiba para as principais culturas agricolas e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas 1.a Aproximação Sumário Introdução ..................................................................................................................................................................................................................... 8 Materiais e métodos .................................................................................................................................................................................................... 12 Caracterização da área de estudo ............................................................................................................................................................................ 12 Regiões geográficas e uso da terra ......................................................................................................................................................................... 19 Considerações gerais .............................................................................................................................................................................................. 24 Metodologia de trabalho ............................................................................................................................................................................................. 25 Parâmetros das principais culturas ......................................................................................................................................................................... 28 Algodão herbáceo (Gossypium hirsutum) .......................................................................................................................................................... 30 Cana de açúcar (Saccharum spp)........................................................................................................................................................................ 34 Feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp) e Feijão comum (Phaseolus vulgaris) ............................................................................................ 36 Mamona (Ricinus communis L.) ......................................................................................................................................................................... 39 Mandioca (Manioth esculenta Crantz) ............................................................................................................................................................... 41 Milho (Zea mays L.) ........................................................................................................................................................................................... 44 Sorgo (Sorghum bicolor) .................................................................................................................................................................................... 47 Resultados ................................................................................................................................................................................................................... 50 Fatores restritivos ................................................................................................................................................................................................... 50 Cultura do Algodão herbáceo ............................................................................................................................................................................... 60 Cultura da Cana de açúcar .................................................................................................................................................................................... 64 Cultura do Feijão Caupi e do Feijão Comum ....................................................................................................................................................... 70 Cultura da Mamona ............................................................................................................................................................................................... 75 Cultura da Mandioca .............................................................................................................................................................................................. 79 Cultura do Milho .................................................................................................................................................................................................... 83 Cultura do Sorgo.................................................................................................................................................................................................... 88 Referências bibliográficas .......................................................................................................................................................................................... 92 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Localização da área de estudo. ................................................................................................................................................................. 12 Figura 2. Hipsometria do Estado da Paraíba. ......................................................................................................................................................... 13 Figura 3. Geomorfologia do Estado da Paraíba....................................................................................................................................................... 14 Figura 4. Classificação climática de Köppen no Estado da Paraíba....................................................................................................................... 15 Figura 5. Mapa de solos do Estado da Paraíba. Fonte: ........................................................................................................................................... 16 Figura 6. Mapa de capacidade de uso das terras do Estado da Paraíba. .............................................................................................................. 17 Figura 7. Mapa Potencial Agropecuário e Florestal das Terras do Estado da Paraíba. ....................................................................................... 18 Figura 8. Regiões geográficas do Estado da Paraíba. ............................................................................................................................................. 19 Figura 9. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – salinidade/sodicidade. ................................................................................ 52 Figura 10. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – profundidade efetiva. ................................................................................ 53 Figura 11. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – fertilidade. .................................................................................................. 54 Figura 12. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – drenabilidade. ............................................................................................ 55 Figura 13. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – declividade. ................................................................................................ 56 Figura 14. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – textura. ....................................................................................................... 57 Figura 15. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – erosão. ........................................................................................................ 58 Figura 16. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – pedregosidade. ......................................................................................... 59 Figura 17. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do algodão herbáceo. ......................................................... 60 Figura 18. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura da cana de açúcar. ............................................................... 64 Figura 19. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do feijão caupi e feijão comum. ......................................... 70 Figura 20. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura da mamona. ......................................................................... 75 Figura 21. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura da mandioca. ....................................................................... 79 Figura 22. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do milho. .............................................................................. 84 Figura 23. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do sorgo. .............................................................................. 88 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Fatores restritivos dos solos .................................................................................................................................................................... 27 Tabela 2. Distribuição das classes de capacidade de uso dos solos ...................................................................................................................... 50 Tabela 3. Distribuição das classes dos fatores restritivos ..................................................................................................................................... 51 Tabela 4. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do algodão herbáceo............................................................................ 61 Tabela 5. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da cana de açúcar ................................................................................. 65 Tabela 6. Distribuição das classes do potencial pedológico das culturas do feijão comum e caupi .................................................................. 71 Tabela 7. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da cana de açúcar ................................................................................. 76 Tabela 8. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da mandioca ......................................................................................... 80 Tabela 9. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do milho ................................................................................................ 85 Tabela 10. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do sorgo .............................................................................................. 89 Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 10 Vários Estados e municípios têm avançado substancialmente nesses estudos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, já estando bem definidas as áreas propícias à exploração de suas principais culturas, como o café, a laranja, o algodão, o trigo, o arroz e a soja. No entanto, Chagas (1999) adverte que a ocupação do espaço agrícola brasileiro vem sendo realizada sem que se disponha de um instrumento básico que oriente as atividades de planejamento e uso de seus recursos naturais. Conforme Silva et al. (2013), conhecer, caracterizar e espacializar os potenciais e as restrições dos ambientes, numa escala adequada, possibilitam ordenar os espaços de forma racional e são fundamentais no planejamento de atividades agrícolas e pecuárias. A utilização desses conhecimentos nas atividades rurais pode reduzir os efeitos da degradação dos recursos solo, água, vegetação e fauna. Conforme Matuk (2009), o detalhamento da distribuição dos solos e demais recursos do meio físico permite que se defina melhor o planejamento de uso do solo. O conhecimento das características dos solos constitui fator fundamental para o planejamento adequado do uso da terra, bem como de seu manejo racional (BALLESTERO, 2000). O planejamento do uso e do manejo das terras é uma prática indispensável para a sustentabilidade da agricultura e a conservação da natureza (PEDRON et al., 2006). Portanto as classificações técnicas, também chamadas de interpretativas, são caracterizadas por utilizarem um pequeno número de atributos para separar os indivíduos em classes e atenderem a um determinado objetivo. No caso da classificação técnica ou interpretativa para o uso e manejo das terras, esta consiste da previsão do comportamento dos solos, sob manejos específicos e sob certas condições ambientais (PEREIRA & LOMBARDI NETO, 2004). Atualmente, os levantamentos dos recursos naturais têm se constituído em trabalhos de grande importância na orientação direta da utilização de um determinado recurso, como também para subsidiar os estudos direcionados para o mapeamento e gerenciamento ambiental (RIBEIRO et al., 2008). Mapas pedológicos em escalas generalizadas, englobando todo um território, permitem a visualização de grandes áreas, abrangendo a distribuição espacial e a variação existente na população dos solos, constituindo documentos importantes na caracterização dos recursos, na orientação de planejamentos regionais do uso da terra (ROSSI & OLIVEIRA, 2000). Os mapas constituem-se num suporte Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 11 indispensável para o planejamento, ordenamento e uso eficaz dos recursos da terra, sendo um instrumento visual da percepção humana e um meio para obter o registro e a análise da paisagem (LIMA et al., 2007). A principal exigência para se estabelecer o potencial de uso de um solo decorre de um conjunto de interpretações do próprio solo e do meio onde ele se desenvolve (RANZINI, 1969). Tais interpretações pressupõem a disponibilidade de certo número de informações preexistentes, que têm que ser fornecidas por levantamentos apropriados da área de trabalho, ou de levantamentos pedológicos pré- existentes. Para que as informações contidas nos levantamentos sejam melhores utilizadas, é necessário a partir destes levantamentos, sejam compostos mapas temáticos interpretativos baseados nos critérios da classificação técnica utilizada (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995). Portanto, a cartografia de solos é imprescindível à conservação e ao gerenciamento dos recursos naturais; sua execução requer o conhecimento pedológico, a compilação de dados ambientais (clima, geologia, vegetação e relevo) (CARVALHO et al., 2008). Conforme Francisco et al. (2012), na atualidade, o avanço da tecnologia da informação, a disponibilização de imagens de satélite em altas resoluções e de programas computacionais para a análise ambiental houve um grande avanço nos estudos relacionados à gestão dos recursos naturais. Neste contexto, o geoprocessamento surge como uma disciplina que utiliza um conjunto de técnicas matemáticas e computacionais, na forma de programas, o sistema de informações geográficas, que possibilita combinações de informações provenientes de diferentes procedimentos tecnológicos, gerando novas informações, que auxiliam a tomada de decisões, em contextos os mais diversos (DUARTE & BARBOSA, 2009). Este trabalho objetiva identificar e mapear as informações pedológicas das terras do Estado da Paraíba para as principais culturas agrícolas visando o reconhecimento das potencialidades do meio físico com vistas à alocação racional dos fatores de produção e seu desempenho econômico fornecendo elementos para orientar planos de crédito rural e introdução de áreas não tradicionais. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 12 Materiais e métodos Caracterização da área de estudo O Estado da Paraíba localizado na região Nordeste do Brasil (Figura 1), apresenta uma área de 56.372 km², que corresponde a 0,662% do território nacional. Seu posicionamento encontra-se entre os paralelos 6°02’12” e 8°19’18”S, e entre os meridianos de 34°45’54” e 38°45’45”W. Ao norte, limita-se com o Estado do Rio Grande do Norte; a leste, com o Oceano Atlântico; a oeste, com o Estado do Ceará; e ao sul, com o Estado de Pernambuco (FRANCISCO, 2010). Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte: Adaptado de IBGE (2009). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 15 nas regiões de parte do Litoral, Brejo, Agreste e em pequena faixa da região do Sertão e em toda área do Alto Sertão. O tipo climático Bsh é predominante na área do Cariri/Curimataú e boa parte da área do Sertão. Figura 4. Classificação climática de Köppen no Estado da Paraíba. Fonte: Francisco et al. (2015). As classes predominantes de solos área de estudo (Figura 5) estão descritas no Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978), e estas diferem pela diversidade geológica, pedológica e geomorfológica; atendendo também a uma diversidade de características de solo, relacionadas à morfologia, cor, textura, estrutura, declividade e pedregosidade e outras características. De uma forma geral os solos predominantes são os Luvissolos crômicos, Neossolos Litólicos, Planossolos Solódicos, Neossolos Regolíticos Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 16 Distróficos e Eutróficos distribuídos pela região do sertão e nos cariris, os Vertissolos na região de Souza, e os Argissolos Vermelho Amarelo e os Neossolos Quartzarênicos no litoral do Estado (FRANCISCO, 2010). Figura 5. Mapa de solos do Estado da Paraíba. Fonte: Francisco et al. (2013). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 17 As classes de capacidade de uso predominantes na área de estudo (Figura 6) estão descritas no Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978) baseado no mapa de solos (Figura 5) e em seus atributos e características relacionadas à textura superficial e subsuperficial, declividade, pedregosidade e rochosidade, profundidade efetiva, fertilidade aparente, erosão hídrica, drenagem, salinidade e sodificação, risco de inundação e seca edáfica. De acordo com Francisco (2010) estas se baseiam nas alternativas de uso e no grau de limitações. Onde a caracterização das classes de capacidade de uso leva em conta principalmente a maior ou menor complexidade das práticas conservacionistas, que compreendem além das práticas de controle da erosão, as complementares, de melhoramento do solo. Figura 6. Mapa de capacidade de uso das terras do Estado da Paraíba. Fonte: Francisco et al. (2014). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 20 Litoral – É a região geográfica formada pelas Várzeas e Tabuleiros, a precipitação varia de 1.000 a 1.800 mm.ano-1 e se distribuem, em grande parte, de fevereiro a agosto. Nas áreas de várzeas e baixadas litorâneas, com exceção das Dunas e dos Mangues, a terra é intensivamente ocupada pela cana-de-açúcar, coqueiros, fruteiras diversas e culturas de subsistência. Nas áreas de Tabuleiros, os solos são originados de sedimentos argilosos da era Terciária – formação Grupo Barreiras ao sul (Latossolos e Argissolos), e ao norte, por sedimentos arenosos desta mesma formação (Neossolos Quartzarênicos). Nos tabuleiros costeiros os solos são comumente pobres e ácidos. Apesar da baixa fertilidade dos solos, pela correção e adubação química, estas áreas são hoje, amplamente ocupadas pela cultura da cana de açúcar, além de abacaxi, inhame e mandioca. Agreste Acatingado - é uma região geográfica com características de clima semiárido que se inicia na área da Planície Atlântica, devido à depressão formada pela dissecação dos rios Paraíba e Mamanguape. Ocorre logo após os Tabuleiros, fazendo diminuir a precipitação (600 a 800 mm.ano-1) e se estende a sudoeste, até os limites superiores dos contrafortes orientais do Planalto da Borborema, atingindo as cidades de Campina Grande, Queimadas e Umbuzeiro na divisa com o Estado de Pernambuco. A noroeste, a partir da cidade de Alagoa Grande, o limite da região se dá com a área úmida do Brejo Paraibano, ao longo do sopé do Planalto, até a cidade de Belém, e daí para o norte, ao longo do divisor com o rio Curimataú, até a divisa com o Rio Grande do Norte. Já foi área de cultivo de algodão, agora com cultivo de milho para forragem e agricultura de feijão e fava. Predominam solos medianamente profundos a rasos, férteis e argilosos. Na área central da depressão, e ao longo da encosta do Planalto a sudoeste, ocorrem os Luvissolos Crômicos Planossólicos com relevo suave ondulado e ondulado, associados à Planossolos Solódicos nas áreas mais planas e aos Neossolos Litólicos Eutróficos nas áreas mais declivosas. Os Neossolos Litólicos são solos mais rasos e pedregosos e rochosos, associado a Afloramentos de Rochas, predominantes em área de relevo forte ondulado e montanhoso ao sul, acompanhando a calha do rio Paraíba e a oeste da região, entre as cidades de Itatuba, Alagoa Grande e Campina Grande. Ao norte, na proximidade da cidade de Guarabira, após o rio Mamanguape até o limite com o Rio Grande do Norte, a precipitação é mais elevada e ocorrem solos mais arenosos, planos à suave ondulados (Argissolos Vermelho Amarelo Eutróficos plíntico textura média) associados aos Argissolos Vermelho Amarelo Eutróficos em relevo suave ondulado e aos Neossolos Litólicos em relevo ondulado, onde se ampliam as áreas de cultivo e é comum o plantio de mandioca. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 21 Brejos Serranos - compreende as sub-regiões geográficas do Brejo, Agreste e Serras. a) Brejo - O termo brejo é um termo relacionado a áreas úmidas, da encosta oriental do Planalto, onde os totais da precipitação voltam a crescer aos níveis do Litoral. A precipitação chega a ultrapassar os 1.400 mm.ano-1 e a altitude atinge os 600 metros. Apesar do relevo forte ondulado e montanhoso, os solos argilosos (Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico e Nitossolo Vermelhos Eutróficos) e a boa disponibilidade de umidade, dão suporte ao cultivo da cana de açúcar, banana, citros, pastagem, fruteiras diversas e culturas alimentares. b) Agreste - contíguo ao Brejo, é uma área de transição para regiões mais secas do interior do Planalto. A precipitação declina aos 800 mm.ano-1 e a altitude varia de 500 a 750 m. É uma região densamente povoada. Os solos predominantes na área mais úmida são os Neossolos Regolíticos Distróficos, polarizada pela cidade de Esperança, onde até pouco tempo era conhecida pelo cultivo da batatinha, hoje feijão e erva doce; na área mais seca, ao norte, ocorrem os Neossolos Regolíticos Eutróficos e os Luvissolos Crômico Litólico, área polarizada pela cidade de Arara, grande produtora de feijão, milho e fava. c) Serras - é a região localizada ao norte, na divisa com o Estado do Rio Grande do Norte, e se estende de leste para oeste. Predominam os terrenos forte ondulados e montanhosos com solos rasos e pedregosos com vegetação de caatinga hipoxerófila (Neossolo Litólico Eutrófico). Em posições de topo aplainado, em altitude próxima a 600 m, ocorrem solos argilosos e profundos (Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico), originados do capeamento terciário, Série Serra de Martins. São áreas mais agrícolas, com vegetação diferenciada das áreas do entorno, conhecidas como Serras de Dona Inês e de Araruna, mais ao leste e mais úmidas, com forte influência das massas oceânicas de sudeste, e depois Serra do Bom Bocadinho e mais para oeste e com maior extensão a Serra de Cuité. Borborema - é a região geográfica que compreende as sub-regiões Cariris de Princesa, Cariris do Paraíba e Curimataú. Com exceção de parte da sub-região do Cariri de Princesa, que fica no terço oeste do Estado, a região da Borborema tem em comum, o clima Semiárido Quente e a sua localização sobre o Planalto da Borborema. a) Curimataú - localizada ao norte, compreende as áreas das depressões das drenagens dos rios Curimataú e Jacú. As cordilheiras das Serras ao norte, divisa com Rio Grande do Norte, e as elevações das regiões do Brejo e Agreste a sudeste, dificulta a circulação das massas úmidas atlânticas de norte e de sudeste fazendo diminuir as precipitações (<400 mm.ano-1), e aumentar as temperaturas (>260C), Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 22 provocando forte aridez. A vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila, os solos são rasos e pedregosos (Neossolos Litólicos Eutróficos e Afloramentos de Rochas), relevo suave ondulado e ondulado de biotita-xisto, predominando na bacia contribuinte do riacho de Algodão de Jandaíra, área mais seca e pastoril; e o Luvissolo Crômico Vértico relevo ondulado, nas bacias de drenagem do riacho de Barra de Santa Rosa, contribuinte do rio Curimataú, e na bacia do rio Jacú, áreas, que pela fertilidade deste solo, já foram grande produtora de algodão e agave, e hoje, produzem palma forrageira, milho para forragem e culturas alimentares. b) Cariris do Paraíba compreende em grande parte, a área da bacia de contribuição do açude de Boqueirão, que apresenta a montante, duas bacias contribuintes, a do Alto Paraíba e a do rio Taperoá. É uma área aberta, sobre o planalto, com relevo suave ondulado, altitude variando em grande parte entre 400 a 600 m, e drenagem voltada para o leste, o que facilita a penetração uniforme das massas atlânticas de sudeste, propiciando temperaturas amenas (<260C), e uma maior amplitude térmica diária. Nas áreas com relevo mais deprimido a precipitação média anual é inferior a 400mm, aumentando com a altitude no sentido dos divisores da drenagem. Os solos mais representativos é o Luvissolo Crômico Vértico fase pedregosa relevo suave ondulado, predominante em grande parte da região; os Vertissolos relevo suave ondulado e ondulado predominam nas partes mais baixa, no entorno do açude de Boqueirão e os Planossolos Nátricos relevo plano e suave ondulado, ao norte, ao longo da BR-230, trecho Campina Grande - Juazeirinho, na bacia do rio Taperoá. Nas áreas mais acidentadas, ocorrem os Neossolos Litólicos Eutróficos fase pedregosa substrato gnaisse e granito. Em toda a área, a vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila. É uma região tradicionalmente pastoril, onde tem predominando a criação de caprinos. Outrora com produção expressiva de algodão e na atualidade cultiva palma e culturas alimentares. c) Cariris de Princesa – corresponde, no terço médio do Estado, as cabeceiras do rio Paraíba, e no terço oeste, as do rio Piranhas. São áreas mais elevadas (>550m), ao longo da divisa com o Estado de Pernambuco. A precipitação é superior a 600mm, contudo, a área que corresponde à bacia do rio Paraíba, é mais seca (clima Bsh), apresentando vegetação do tipo caatinga hiperxerófila e predominância de solos Luvissolos Crômicos bem desenvolvidos, em relevo suave ondulado. Pelas limitações climáticas apresenta o mesmo sistema de exploração agrícola, pecuária e agricultura de subsistência. Nas cabeceiras do rio Piranhas, Planalto de Princesa, a altitude ultrapassa os 700 m e a precipitação chega aos 900mm. É área com maior densidade populacional, com produção comercial de feijão, e culturas Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 25 No processo de avaliação do potencial pedológico é necessário conhecer as exigências edáficas das culturas, bem como os fatores restritivos das terras (EMBRAPA, 2012). Neste estudo, as exigências das culturas quanto aos solos foram estabelecidas com base em informações disponíveis no Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978) nas condições naturais de ocorrência das chuvas, que corresponde à condição de sequeiro. Os principais atributos dos solos e do ambiente que afetam o uso das terras são o relevo; profundidade efetiva do solo; textura; fertilidade natural dos solos; drenagem; pedregosidade; rochosidade; salinidade; sodicidade; e erosão. Metodologia de trabalho Neste trabalho a base principal de dados utilizada é o Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978) e o mapa de solos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PARAÍBA, 2006) na escala de 1:200.000, representando a área de estudo e a ocorrência e distribuição das classes de solos predominantes no Estado. Para elaboração dos mapas foi utilizado a base de dados de Francisco et al. (2014) elaborada no software SPRING 5.2.2 na projeção UTM/SAD69, onde contém o mapa digital de solos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PARAÍBA, 2006) atualizado em seus limites conforme (IBGE, 2009), e o mapa de classe de capacidade de uso da terra onde utilizando o Zoneamento Agropecuário do Estado da Paraíba (PARAÍBA, 1978) elaborou a classificação dos polígonos de solos a partir da chave da fórmula básica da classe de capacidade de uso da terra, onde foram interpretadas as unidades de solos e elaborado o mapa, sendo adotadas as cores das legendas conforme o manual de Lepsch et al. (1996). Conforme a metodologia de PARAÍBA (1978), para a avaliação das culturas foi eleita categorias de terras que apresentem de maneira geral os grupos de terras das seguintes categorias: Categoria 1, Categoria 1a, Categoria 1b, Categoria 2, Categoria 2a, Categoria 2b, Categoria 2c, Categoria 3, e Categoria I. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 26 As classes de potencial pedológico foram determinadas isoladamente para categorizar as diferenças de adaptabilidade de uma cultura em relação às condições da terra, tornando-se necessário o estabelecimento dos solos mais adequados para o desenvolvimento das mesmas. Nesta interpretação considerou-se apenas o potencial dos solos em sistema de manejo desenvolvido, que se caracteriza por aplicação mais ou menos intensiva do capital e um razoável nível de conhecimentos técnicos especializados, para a melhoria das condições dos solos e das culturas, não se justificando nem um baixo, nem um muito alto nível de manejo, com resultados duvidosos principalmente do ponto de vista econômico. As práticas de manejo são levadas a efeito, na maioria dos casos, com auxilio de tração motorizada e utilizando resultados de pesquisas agrícolas. As classes de potencial são definidas em termos de graus de limitações, que são determinados de acordo com a possibilidade ou não de remoção ou melhoramento das condições naturais do solo para cada cultura. Em virtude da pequena escala do mapa de solos utilizado ser constituído predominantemente por associações, as classes de potencial foram definidas em função do solo dominante e, quando necessário, consultaram-se dados analíticos de perfis de solos representativos das unidades de mapeamento existentes no relatório de solos utilizado (FRANCISCO, 2010). Por esta metodologia, foram calculadas as áreas e classes de capacidade de uso do solo, para uma melhor análise geoespacial dos dados, através da opção “medidas de classe” do SPRING. Através do mapa de classes de capacidade de uso das terras e da descrição das informações de cada polígono de solo no Relatório (PARAÍBA, 1978), e as informações de aptidão edáfica da cultura, onde consta para cada polígono sua classe de aptidão, foi possível de forma precisa a espacialização dos dados e a elaboração do mapa de potencial pedológico das culturas do algodão herbáceo; cana de açúcar; feijão; feijão caupi; mamona, mandioca, milho e sorgo. Para viabilizar a elaboração do mapa do potencial pedológico e também visando a padronização cartográfica os mapas foram categorizados de acordo com EMBRAPA (2012) nas seguintes classes: Muito Alto - Categoria 1 (Aptidão Plena); Alto - Categoria 1a e 1b Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 27 (Aptidão Plena); Média - Categoria 2, 2a, 2b e 2c (Aptidão Moderada); Baixo - Categoria 3 (Aptidão Restrita); Muito Baixo - Categoria I (Inapta). Na sequencia foram extraídas as informações pedológicas dos solos e criado uma tabela para classificação dos mapas de salinidade/sodicidade, profundidade efetiva, pedregosidade, fertilidade, erosão, drenabilidade e textura (Tabela 1), sendo interpretados e classificados de acordo com os fatores restritivos dos solos (nula, ligeira, moderada, forte, muito forte e extremamente forte) e introduzidos manualmente no SPRING, gerando os respectivos mapas temáticos. O mapa de declividade utilizado foi o da base de dados de Francisco (2010) e Francisco et al. (2014) que foi gerado a partir do mapa de curvas de nível por processo de modelagem. Sendo realizado um refinamento das áreas com objetivo de eliminar áreas menores de 3 km2 devido a escala de trabalho. Tabela 1. Fatores restritivos dos solos Classes Fator Restritivo Declividade Pedregosidade Profundidade Efetiva (m) Textura Drenagem Fertilidade Salinidade/ Sodicidade Erosão Nula 0-3% 0% > 2 Arenosa Excessiva/ Forte/ Acentuada Muito Alta Não Salino/ Não Sódico Não Aparente Ligeira 3-6% < 1% 1 a 2 Média/ Siltosa Boa Alta Não Salino/ Não Sódico Ligeira Moderada 6-12% < 10% 0,5 a 1 Argilosa Moderada Média Ligeiramente Salino/ Ligeiramente Sódico Moderada Forte 12-20% < 30% 0,25 a 0,5 Muito Argilosa/ Indiscriminada Imperfeita Baixa Salino/Sódico Severa Muito Forte >20% > 30% <0,25 Mal Muito Baixa Muito Salino/ Muito Sódico Muito Severa/ Extremamente Severa Fonte: Adaptado de PARAÍBA (1978); Francisco et al. (2013). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 30 A fertilidade natural refere-se, sobretudo, à disponibilidade de nutrientes e à presença de elementos tóxicos para as plantas, como alumínio, sódio ou manganês. Entretanto, a fertilidade deve ser entendida como sendo uma avaliação muito mais ampla, envolvendo não apenas esses aspectos, mas também a qualidade física e biológica dos solos. A fertilidade natural dos solos pode ser inferida ou estimada em função de vários atributos dos solos (EMBRAPA, 2012). O sódio trocável (Na+), a partir de determinados teores, pode ser tóxico para algumas culturas (UNITED STATES, 1993) e, além disso, pode afetar, sobretudo, as condições físicas dos solos. A erosão refere-se à remoção da parte superficial do solo em consequência, principalmente, da ação das águas das chuvas e do vento (SANTOS et al., 2005). A erosão hídrica provoca a remoção de material sólido desagregado à medida que ocorre o fluxo de água no solo. É identificada, no campo, tanto na forma laminar como na forma de sulcos – abertura de canais (EMBRAPA, 2012). Algodão herbáceo (Gossypium hirsutum) O cultivo do algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) se constitui uma atividade de grande importância socioeconômica para a região nordeste, principalmente no semiárido, permitindo renda ao produtor, seja na oferta de matéria prima para a indústria têxtil e oleaginosa, seja na geração de empregos e renda, onde é explorada por pequenos e médios agricultores. A produção de algodão é uma atividade importante para agricultura familiar no semiárido, devido suas características de resistência à seca (CARMONA et al., 2005). O algodão é uma planta de origem tropical e é cultivado economicamente em países subtropicais acima da latitude de 30oN até 30oS. É considerada uma planta com elevada capacidade de resistência à seca, apesar de apresentar metabolismo fotossintético do tipo C3 ineficiente, com elevada taxa de fotorrespiração, e que reduz substancialmente o coeficiente fotossintético (BELTRÃO, 2006), comprometendo cerca de 38% da fotossíntese (ROSOLEM, 2007). Seu crescimento é marcado por uma complexa morfologia, em que Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 31 órgãos vegetativos e reprodutivos se desenvolvem simultaneamente, dificultando o monitoramento do seu crescimento em resposta a alterações climáticas. Para alcançar altas produtividades e qualidade de fibra o algodoeiro requer boa disponibilidade de água e temperaturas adequadas, sendo imprescindível a avaliação das condições de solo, temperatura e pluviosidade antes do plantio. (TENNAKOON & MILROY, 2003). Para a implantação da cultura do algodão, devem ser considerados o relevo e as condições de drenagem da área a ser explorada. Áreas com relevo plano a suave ondulado devem ser priorizadas em razão da cultura não cobrir adequadamente a superfície do solo, deixando-o exposto aos agentes erosivos. A má drenagem do solo é outro fator limitante. O encharcamento prolongado restringe o pleno desenvolvimento do algodão, por essa razão, os solos hidromórficos, como Gleissolos, Organossolos, e certos Neossolos e Cambissolos Flúvicos, não apresentam bom potencial para o cultivo do algodoeiro, em razão da oscilação do lençol freático ao longo do ano e grande risco de inundação no período de concentração das chuvas. Há também os casos de encharcamento superficial temporário, como ocorre na classe dos Planossolos; e de baixa profundidade efetiva, a exemplo dos Neossolos Litólicos e alguns Luvissolos Crômicos. Assim, Latossolos, Argissolos e Cambissolos apresentam maior potencial para o cultivo do algodoeiro, tendo como principal limitação a baixa fertilidade natural e o risco de erosão, quando ocorrem em relevo mais movimentado. Portanto, para o cultivo do algodão devem ser escolhidos solos profundos com boa fertilidade natural e bem estruturados, que permitam tanto a retenção adequada de água às plantas, quanto boas condições de aeração na zona radicular (EMBRAPA, 2012). De acordo com Jacomine et al. (1975) o algodoeiro não tolera solos ácidos devendo-se proceder a calagem em solos com pH abaixo de 5,3. Tolera, entretanto alcalinidade até pH 8. A faixa mais indicada para seu cultivo esta entre 5,5 e 7,0. O elemento mais exigido pela cultura é o fósforo, seguindo-se em menor escala o nitrogênio e o potássio. Vale ressaltar que solos muito ricos em matéria orgânica provocam um grande desenvolvimento vegetativo da planta, com prejuízo para a produção de fibra. Ainda de acordo com os autores, o algodoeiro herbáceo é planta relativamente exigente, preferindo solos de fertilidade média a alta, profundos ou de profundidade mediana, suficiente para o perfeito desenvolvimento da sua raiz pivotante. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 32 Pode ser cultivado em solos de textura variada, desde arenosos até argilosos, levando-se sempre em consideração que a planta desenvolve-se melhor em solos com média a alta capacidade de retenção de água disponível as plantas. Os solos muito arenosos apresentam baixa capacidade de retenção de água e os argilosos, em regiões de alta pluviosidade, podem prejudicar a cultura por encharcamento. Solos com drenagem má ou imperfeita por camada impermeável ou lençol freático alto são impróprias para o algodoeiro. A topografia acidentada é um dos fatores limitantes para a lavoura algodoeira, que pelo seu sistema de cultivo, exigindo tratos culturais frequentes para a eliminação de ervas daninhas, favorece grandemente à erosão. As áreas de relevo movimentado e muito susceptíveis à erosão são, portanto, impróprias. Além do mais, a topografia fortemente ondulada não permite a mecanização da quais depende o sucesso econômico da cultura. Foram consideradas próprias para o cultivo do algodoeiro herbáceo áreas com relevo de piano a ondulado, admitindo declividades máximas de 10% para solos arenosos e 20% para solos argilosos de boas condições físicas (JACOMINE et al., 1975). Para a elaboração das categorias que constam nas legendas foram adotas as mesmas do Relatório onde constam de maneira geral os grupos de terras que apresentam as seguintes aptidões: - Categoria 1: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias A e B do potencial das Terras. Da categoria A: II2 a II7, III1 a III15. Da categoria B: II8, III16 e III18. - Categoria 1a: áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes de Capacidade de Uso das categorias C e C1 do potencial das Terras. Da categoria C1: II9, III19, III20, III22, III25 a III28. Da categoria C: III30, III32 a III42. - Categoria 1b: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso representada por solos aluvionais, apropriados para as culturas com problemas moderados e/ou complexos de drenagem. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias E do potencial das Terras. Da categoria E: II1, III10, III21, III31, e III105. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 35 - Categoria 1a: áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes de Capacidade de Uso das categorias C e C1 do potencial das Terras. Da categoria C1: II9, III19, III20, III22, III25 a III28. Da categoria C: III30, III32 a III42. - Categoria 1b: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso representada por solos aluvionais, apropriados para as culturas com problemas moderados e/ou complexos de drenagem. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias E do potencial das Terras. Da categoria E: II1, III10, III21, III31, e III105. - Categoria 2: áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. Da categoria D1: IV1 a IV5, IV9 e IV10. - Categoria 2a: áreas com associações de classes de capacidade de uso da Categoria 2. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. Da categoria D1: IV6, IV7, IV11 a IV21. - Categoria 2b: áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura devido as características de drenagem e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do potencial das Terras. Da categoria D2: IV85, IV86, IV89 a IV104. - Categoria 2c: áreas com classes de capacidade de uso com limitações severas para utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria F do potencial das Terras. Da categoria F: III17, III24, III29, IV22 a IV80. - Categoria 3: áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2, F e G1 do potencial das Terras. Da categoria D2: IV81 a IV84. Da categoria F: IV8. Da categoria G1: VI9. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 36 - Categoria I: áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização, correspondendo as demais categorias do Potencial das Terras. Para viabilizar a elaboração do potencial pedoclimático e também visando a padronização cartográfica os mapas foram categorizados nas seguintes classes: muito alto, alto, média, baixa e muito baixa. Feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp) e Feijão comum (Phaseolus vulgaris) O feijão macassar, feijão-de-corda ou feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.), é um dos principais componentes da dieta alimentar das populações da região Nordeste. É uma excelente fonte de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, além de possuir grande quantidade de fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura e não conter colesterol. Esse feijão também é utilizado como planta forrageira, adubação verde e proteção do solo (FREIRE FILHO et al., 2005; MARQUES et al., 2010; EMBRAPA, 2012). O feijão caupi apresenta ciclo fenológico curto, baixa exigência hídrica e rusticidade. Desenvolve-se em solos de relativa baixa fertilidade e salinidade, (FREIRE FILHO et al., 2005). Em função do sistema radicular do feijão caupi não explorar grande volume de solo, pode ser cultivado praticamente em todos os tipos de solos, com teor regular de matéria orgânica, soltos, leves e profundos, dotados de média a alta fertilidade e baixos teores de alumínio. Entretanto, outros solos com baixa fertilidade natural, podem ser utilizados, mediante aplicações de corretivos de acidez e aplicação de fertilizantes (MELO et al., 2005). De acordo com EMBRAPA (2012), em função do sistema radicular do feijão caupi não explorar grande volume de solo, pode ser cultivado praticamente em todos os tipos de solos, merecendo destaque os Latossolos Vermelhos, Amarelos e Vermelho Amarelos; os Argissolos Vermelhos, Amarelos e Vermelho-Amarelos; e os Neossolos Flúvicos. De um modo geral, desenvolve-se bem em solos com teor Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 37 regular de matéria orgânica (20 g kg-1), soltos, leves e profundos, dotados de média a alta fertilidade e baixos teores de Al3+. Entretanto, outros solos com baixa fertilidade natural, como Latossolos e Argissolos distróficos e Neossolos Quartzarênicos podem ser utilizados, mediante aplicações de corretivos de acidez e aplicação de fertilizantes, ambos dependentes de análise química do solo (MELO et al., 2005). O fósforo, apesar de ser extraído pelo feijão caupi em menor quantidade quando comparado a outros macros nutrientes, é comumente o principal elemento limitante da produção desta cultura no Nordeste (CARDOSO & MELO, 1998). Micronutrientes, como molibdênio e zinco, exercem grande influência sobre a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio pelas leguminosas, contudo não existem informações detalhadas sobre as necessidades de micronutrientes para o feijão caupi em solos da região Nordeste (MELO et al., 2005). No Brasil, a cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) constitui-se numa das mais representativas explorações agrícolas, não só pela área de cultivo, como também pelo valor da produção. Trata-se de um componente importante na alimentação básica da população nacional, por ser rico em proteínas e ferro (MONTANARI et al., 2010). Conforme Freire Filho et al. (2005), sabe-se que o feijão é uma das principais culturas de subsistência da região Nordeste do Brasil, integrando a dieta das populações de baixa renda que residem na zona rural. Marques et al. (2010) observa que o feijão por ser uma excelente fonte de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, além de possuir grande quantidade de fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura (2% de óleo em média) e não conter colesterol; é uma opção importante nos programas públicos centrados na melhoria da qualidade de vidas das populações. Para a elaboração das categorias que constam nas legendas foram adotas as mesmas do Relatório onde constam de maneira geral os grupos de terras que apresentam as seguintes aptidões: - Categoria 1: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias A e B do potencial das Terras. Da categoria A: II2 a II7, III1 a III15. Da categoria B: II8, III16 e III18. - Categoria 1a: áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 40 Entre as espécies cultivadas economicamente no Brasil, a mamoneira é uma das menos exigentes em termos de clima, solo e manejo cultural (AMORIM NETO et al., 2001). De acordo com o MAPA (2014) a planta apresenta tolerância à seca sendo uma boa alternativa de cultivo em diversas regiões do país. Atualmente apresenta-se como cultura de importância estratégica para a economia do Nordeste, sobretudo nos ambientes de clima semiárido (EMBRAPA, 2012). Araújo et al. (2000), estudando os municípios aptos para o cultivo da mamona na Paraíba, relativos às safras 1990 a 1997, observou o potencial produtivo em nível superior à média nacional. De acordo com EMBRAPA (2012) a mamona adapta-se bem a maioria dos solos, com exceção daqueles com problemas de encharcamento prolongado e de textura muito argilosa (>60% de argila). Solos muito férteis favorecem o crescimento vegetativo excessivo, prolongando o período de maturidade e floração (SILVA et al., 2000). Os solos mais indicados para seu cultivo são os de textura franca e franco-argilosa, profundos, bem drenados, porosos, não compactados (HEMERLY, 1981), com fertilidade média, pH na faixa de 6,0 a 6,8 e sem problemas de salinidade e sodicidade (AZEVEDO et al.,1997). Para a avaliação da cultura da mamona foi eleita categorias de terras que apresentem aptidão, restrição ou inaptidão edáfica em nível compatível com a aptidão climática. Para a elaboração das categorias que constam nas legendas foram adotas as mesmas do Relatório onde constam de maneira geral os grupos de terras que apresentam as seguintes aptidões: - Categoria 1: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias A e B do potencial das Terras. - Categoria 1a: áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes de Capacidade de Uso das categorias C e C1 do potencial das Terras. - Categoria 2: áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 41 - Categoria 2a: áreas com associações de classes de capacidade de uso da Categoria 2. agrupadas com terras próprias para pastagens. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. - Categoria 2b: áreas com associações de classes de capacidade com fortes limitações para a utilização com a cultura devido as características de drenagem e associação de classes de terras inaptas a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do potencial das Terras. - Categoria 2c: áreas com classes de capacidade com limitações severas para a utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associação de classes de terras inaptas a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria F do potencial das Terras. - Categoria 3: áreas com classes de capacidade de uso com limitações fortes para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou drenagem excessiva. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do potencial das Terras. - Categoria I: áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização, correspondendo as demais categorias do Potencial das Terras. Para viabilizar a elaboração do potencial pedoclimático e também visando a padronização cartográfica os mapas foram categorizados nas seguintes classes: muito alto, alto, média, baixa e muito baixa. Mandioca (Manioth esculenta Crantz) De acordo com Souza e Souza (2000) a mandioca é oriunda de região tropical, encontrando condições favoráveis para o seu desenvolvimento em todos os climas tropicais e subtropicais, sendo cultivada na faixa compreendida entre 30o de latitudes norte e sul, Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 42 embora a concentração de plantio esteja entre as latitudes 15oN e 15oS. Altitudes que variam desde o nível do mar até 800 m são as mais favoráveis. EMBRAPA (2012) salienta que, em muitos casos, a colheita da mandioca é geralmente realizada 14 a 16 meses após o plantio, e dependendo da época, pode incorrer em problemas de colheita devido ao excesso hídrico. Na região Nordeste do Brasil uma das principais justificativas para a baixa produtividade da mandioca é a deficiência hídrica, podendo a produção de raízes sofrer redução de até 62 % se o estresse ocorrer entre 30 e 150 dias após o plantio (FUKUDA & IGLESIAS, 1995). El-Sharkawy et al. (1989), em seus resultados cita a grande resistência da mandioca à deficiência hídrica. Conforme IBGE (2005), na distribuição da produção pelas diferentes regiões fisiográficas brasileiras, para a safra 2005, a região Nordeste destacou-se com uma participação de 35,9% da produção, com rendimento médio de 10,9 t/ha (CARDOSO et al., 2005) . De acordo com dados do IBGE (2013) da Produção Agrícola Municipal de 2013 e a Embrapa- Mandioca e Fruticultura (EMBRAPA, 2016), a produção de mandioca em 2013 na Paraíba foi de 14.796 ha de área colhida com uma produção de 135.052 toneladas com rendimento de 9,13 t/ha. Conforme Arruda et al. (2014), o Brasil é um dos grandes produtores de mandioca, representando mais de 15% da produção mundial, e que a produção brasileira nos últimos anos vem apresentando crescimento constante, totalizando, no ano de 2006, mais de 27 milhões de toneladas (IBGE, 2006). Melo et al. (2005) afirmam que a baixa qualidade da farinha de mandioca produzida na região semiárida e a dificuldade de acesso desse produto aos mercados mais exigentes têm desestimulado a produção do mesmo. Entretanto, para os produtores familiares, além de ser um importante produto utilizado no fornecimento de carboidratos, os resíduos do processamento da farinha, ou mesmo as raízes e a parte aérea podem ser utilizadas na alimentação dos pequenos animais, os quais desempenham importante papel na complementação da renda e nas estratégias de segurança alimentar. De acordo com EMBRAPA (2012) a planta da mandioca adapta-se facilmente a solos com baixa fertilidade natural. Tal característica permite seu cultivo em áreas consideradas impróprias para a grande maioria das culturas alimentares. Por acumular amido em suas raízes tuberosas, a mandioca resiste a condições de seca, o que aumenta sua capacidade de adaptação às condições ambientais de relativo Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 45 as demais regiões paraibanas, já que é cultivado em todo o Estado, principalmente, em pequenas propriedades e adapta-se sem dificuldades aos variados tipos de solo e clima (CUENCA et al., 2005). O milho é uma cultura de crescimento geopositivo, sua produtividade é significativamente afetada por condições de solo que limitam o aprofundamento de suas raízes sendo seu cultivo também comprometido em áreas com relevo declivoso. As maiores produtividades são obtidas em solos que apresentam textura média, bem estruturados e com boas condições de drenagem. Solos encharcados, tais como os Gleissolos, a maioria dos Organossolos e alguns outros com caráter gleissólico, prejudicam consideravelmente a cultura em qualquer fase do seu desenvolvimento (SOUZA & SOUZA, 2000; CAVALCANTE et al., 2005). De acordo com EMBRAPA (2012), em relação aos aspectos pedológicos, consideram-se favoráveis ao cultivo do milho, os solos profundos, com textura variando de média a argilosa, bem drenados, destacando-se àqueles da classe dos Latossolos, Argissolos e Nitossolos. Na utilização dos solos para a produção de milho ou qualquer outra cultura deve-se primar pelo manejo conservacionista, adotando-se um conjunto de práticas de controle de erosão, como terraceamento, renques de vegetação e também o uso de plantas de cobertura e manutenção dos resíduos vegetais na superfície ou semi-incorporados, visando proteger o solo da ação dos agentes erosivos e elevar os teores de matéria orgânica, preferencialmente, usando o sistema de rotação de culturas (PORTELA et al., 2011; VEZZANI et al., 2008; RAMALHO FILHO & BEEK, 1995; BERTONI & LOMBARDI NETO, 1995). Para a elaboração das categorias que constam nas legendas foram adotas as mesmas do Relatório onde constam de maneira geral os grupos de terras que apresentam as seguintes aptidões: - Categoria 1: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias A e B do potencial das Terras. Da categoria A: II2 a II7, III1 a III15. Da categoria B: II8, III16 e III18. - Categoria 1a: áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Correspondem a todas as classes Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 46 de Capacidade de Uso das categorias C e C1 do potencial das Terras. Da categoria C1: II9, III19, III20, III22, III25 a III28. Da categoria C: III30, III32 a III42. - Categoria 1b: áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso representada por solos aluvionais, apropriados para as culturas com problemas moderados e/ou complexos de drenagem. Correspondem as classes de Capacidade de Uso das categorias E do potencial das Terras. Da categoria E: II1, III10, III21, III31, e III105. - Categoria 2: áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. Da categoria D1: IV1 a IV5, IV9 e IV10. - Categoria 2a: áreas com associações de classes de capacidade de uso da Categoria 2. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D1 do potencial das Terras. Da categoria D1: IV6, IV7, IV11 a IV21. - Categoria 2b: áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura devido as características de drenagem e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2 do potencial das Terras. Da categoria D2: IV85, IV86, IV89 a IV104. - Categoria 2c: áreas com classes de capacidade de uso com limitações severas para utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria F do potencial das Terras. Da categoria F: III17, III24, III29, IV22 a IV80. - Categoria 3: áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Correspondem as classes de Capacidade de Uso da categoria D2, F e G1 do potencial das Terras. Da categoria D2: IV81 a IV84. Da categoria F: IV8. Da categoria G1: VI9. - Categoria I: áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização, correspondendo as demais categorias do Potencial das Terras. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 47 Para viabilizar a elaboração do potencial pedoclimático e também visando a padronização cartográfica os mapas foram categorizados nas seguintes classes: muito alto, alto, média, baixa e muito baixa. Sorgo (Sorghum bicolor) O sorgo é uma planta anual pertencente à família Gramineae, de origem tropical, de crescimento ereto e com elevada capacidade de produção de massa e grãos, sendo sua constituição semelhante do milho, servindo para o pastoreio, feno e silagem, visando a alimentação animal (SAWAZAKI, 1998). Os cultivares de colmo, sucoso e doce, também conhecidos como sacarinos, são muito utilizados para silagem, podendo ser usados como substitutos da cana-de-açúcar para a produção de álcool ou de açúcar (SOUSA et al., 2003). O sorgo é uma planta de origem tropical, de dias curtos e com altas taxas fotossintéticas, exigindo, por isso, um clima quente para poder expressar seu potencial de produção (MAPA, 2014). A cultura, com características xerófilas, é considerada tolerante a períodos secos, notadamente em regiões do Nordeste do Brasil (TABOSA et al., 2002). A planta de sorgo tolera mais o déficit de água do que a maioria dos outros cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condições de solo (MAGALHÃES et al., 2010). O Nordeste oferece condições favoráveis a sua cultura, uma vez que o sorgo é resistente às baixas e irregulares precipitações pluviométricas que ocorrem na região, requerendo temperatura entre 27-32oC para seu desenvolvimento. É uma cultura tolerante a diversas condições de solo, devendo ser cultivado principalmente naqueles locais em que as chuvas se revelam insuficientes para a cultura do milho. Pode ser cultivado satisfatoriamente em solos que variam de argilosos a ligeiramente arenosos. Entretanto, exige solos bem preparados, com acidez corrigida, bom teor de matéria orgânica, pH entre 5,5 e 6,5, topografia plana e não muito úmidos. Os solos mal drenados são os únicos que não se recomendam para esta cultura. Os solos aluviais prestam-se muito bem ao cultivo do sorgo, desde que adequadamente preparados (EMBRAPA, 2008). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 50 Resultados Fatores restritivos Pelos resultados obtidos, observa-se na Tabela 2, a distribuição das classes de capacidade de uso dos solos. Do Grupo A, que abrange quatro classes de capacidade, representadas por algarismos romanos de I a IV, observa-se que totaliza 47,24% da área total do Estado, são terras próprias para culturas anuais e/ou perenes. Do Grupo B, que comporta as classes V, VI e VII, observa-se que corresponde a 49,72% do total, são terras impróprias para culturas, mas ainda adaptáveis para pastagens, silvicultura e refúgio da vida silvestre. Do Grupo C, com apenas a classe VIII, observa-se que compreende 3,03% do total da área do Estado, são terras impróprias para qualquer exploração agrícola econômica, podendo servir apenas para recreação, abrigo da vida silvestre e outros usos não agrícolas. Tabela 2. Distribuição das classes de capacidade de uso dos solos Grupos Classe de capacidade de uso Área (km2) % A II 817,08 III 5.586,26 47,24 IV 20.229,31 B VI 11.379,12 49,72 VII 16.650,65 C VIII 1.709,58 3,03 Total 56.372,00 100,00 Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 51 Observam-se os resultados em área e percentagem na Tabela 2 e nos mapas e espacialização dos fatores restritivos dos solos (Figuras 9 a 16), salinidade, profundidade efetiva, fertilidade, drenabilidade, declividade, textura, erosão e pedregosidade, respectivamente. No mapa do Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba - salinidade (Figura 9) observa-se que as áreas com fator moderado, forte e muito forte, representando 8,01% (Tabela 3). Conforme PARAÍBA (1978), estas são áreas que se encontram solos que apresentam sais solúveis e sódio trocável com valores elevados. Tabela 3. Distribuição das classes dos fatores restritivos Classe Declividade Drenagem Erosão Fertilidade Pedregosidade Profundidade Salinidade Textura km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % N 12175,2 21,60 36912,1 65,48 1722,4 3,06 7566,3 13,42 21649,1 38,40 233,6 0,41 51855,1 91,99 2385,1 4,23 L 19380,2 34,38 4652,9 8,25 12297,1 21,81 19233,5 34,12 0 0,00 10618,3 18,84 2,4 0,00 26160,1 46,41 M 12075,4 21,42 7418,5 13,16 31744,5 56,31 21009,5 37,27 3884,6 6,89 14904,3 26,44 517,8 0,92 0 0,00 F 3138,7 5,57 6998,6 12,42 10448,1 18,53 3461,6 6,14 27905,2 49,50 18708,5 33,19 2651,6 4,70 27755,5 49,24 MF 9602,5 17,03 389,9 0,69 159,9 0,28 5101,1 9,05 2933,1 5,20 11907,3 21,12 1345,1 2,39 71,3 0,13 Total 56372 100,00 56372 100,00 56372 100,00 56372 100,00 56372 100 56372 100 56372 100 56372 100 No Nordeste brasileiro, os solos afetados por sais naturalmente ocorrem em condições topográficas que favorecem a drenagem deficiente. A salinização do solo tem como consequência a redução do rendimento dos cultivos, tornando necessário realizar uma lavagem de recuperação e adição de condicionadores químicos, como o gesso agrícola (AGUIAR NETO et al., 2007). Conforme Tavares Filho et al. (2012) em condições naturais a acumulação de sais no solo é resultado das altas taxas de evaporação, baixa precipitação pluviométrica, de características do material de origem e das condições geomorfológica e hidrogeológica locais (RICHARDS, 1954; BARROS et al., 2004). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 52 Figura 9. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – salinidade/sodicidade. Fonte: Adaptado de PARAÍBA (1978; 2006); Francisco et al. (2013). No mapa do Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba - profundidade efetiva (Figura 10) observa-se que a maioria da área apresenta 33,18% no fator de restrição de classe forte representando 18.718,7 km2 (Tabela 3). Observa-se ainda que 45,65% da área estão nas classes nula, ligeira e moderada. Conforme PARAÍBA (1978), a profundidade efetiva diz respeito à profundidade que as raízes das plantas podem penetrar livremente no solo a procura de umidade e nutrientes, portanto está configurado na classe Raso entre 0,25 a 0,50 cm de profundidade. A profundidade efetiva refere-se à profundidade máxima que a maioria das raízes penetra livremente no corpo do solo, sem impedimentos, proporcionando às plantas suporte físico e condições para absorção de água e nutrientes (LEPSCH et al., 1996). Este é um Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 55 Figura 12. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – drenabilidade. Fonte: Adaptado de PARAÍBA (1978; 2006); Francisco et al. (2013). O solo é considerado um reservatório natural de água para as plantas (LOYOLA & PREVEDELLO, 2003). Conforme Francisco (2010) a drenagem é uma propriedade relacionada às condições hidrodinâmicas dos solos, determinante para o desenvolvimento das plantas. A drenagem pode ser entendida como a retirada do excesso de água do perfil do solo. Esta propriedade está relacionada à porosidade, que por sua vez depende da textura, da estrutura, da natureza e do teor da matéria orgânica e da argila do solo. É também influenciada por condicionantes, como: permeabilidade da rocha subjacente, presença de camada adensada no perfil, posição do solo na paisagem, e pela presença do sódio como agente dispersante. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 56 No mapa do Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba - declividade (Figura 13) observa-se que apresenta 19.400,6 km2 no fator de restrição de classe ligeira, representando 34,39% da área, e somando-se com a classe nula apresenta um total de 56,01% da área. Observa-se que 43,99% da área estão distribuídas entre as classes mais altas de restrição. Conforme PARAÍBA (1978) é um parâmetro de maior poder de determinação de utilização a ser dado às terras, pois está relacionado à mecanização. De acordo com Francisco (2010) a declividade do terreno é um parâmetro importante para a avaliação das terras tendo em vista a mecanização agrícola, uma vez que guarda uma relação direta com a estabilidade da máquina no terreno; além de que, é um atributo da terra, facilmente identificado e determinado. Figura 13. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – declividade. Fonte: Adaptado de PARAÍBA (1978; 2006); Francisco et al. (2013). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 57 Observa-se no mapa do Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba - textura (Figura 14), que apresenta 27.785,7 km2 no fator de restrição de classe forte, representando 49,25% da área; seguida pela classe ligeira com 46,39%. Conforme PARAÍBA (1978) é um parâmetro de grande importância na avaliação. A textura do solo refere-se à proporção relativa das frações granulométricas que compõem a massa do solo. É considerada uma característica básica do solo porque não está sujeita a mudança, podendo servir como critério para sua classificação. O uso e o manejo do solo afetam muito pouco a textura, implicando dizer que na propriedade rural, em áreas com a mesma classe textural, as variações da qualidade física estão associadas a outros atributos do solo (REINERT & REICHERT, 2006). Figura 14. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba – textura. Fonte: Adaptado de PARAÍBA (1978; 2006); Francisco et al. (2013). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 60 Cultura do Algodão herbáceo Conforme o mapa de Potencial pedológico para a cultura do algodão herbáceo (Figura 17), não se identificou de terras com Potencial Muito Alto. Resultado similar foi obtido por EMBRAPA (2012) realizando o zoneamento do potencial pedológico do algodão herbáceo para o Estado de Alagoas. Figura 17. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do algodão herbáceo. De acordo com o mapa de Potencial pedológico para a cultura do algodão herbáceo (Figura 17), identificou-se 5.661,87 km2 de terras com Potencial Alto, representando 10,04% (Tabela 4) da área total do estado distribuídas no Agreste Acatingado, Brejo, Mata e Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 61 Litoral, Alto Sertão Alto e Baixo Sertão do Piranhas e Cariris de Princesa. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Estas áreas são de ocorrência do Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico, onde os graus de limitações podem ser considerados ligeiros, onde as condições encontradas para exploração destas terras podem ser consideradas satisfatórias. Tabela 4. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do algodão herbáceo Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 5.661,87 10,04 19.448,72 34,50 523,04 0,93 30.740,37 54,52 56.372,00 100,00 EMBRAPA (2012) observou em seus resultados uma proporção de 2,06% na área do Estado de Alagoas distribuídas no Agreste e na região do Sertão. Neste caso observam-se os resultados encontrados neste trabalho com as mesmas localizações em áreas fisiográficas similares, pois se encontra na região Nordeste, localizados no Bioma Caatinga e na faixa litorânea de Mata Atlântica. De acordo com Jacomine et al. (1975) o algodoeiro herbáceo é cultivado nas zonas subúmidas do Agreste e da zona da Mata do Estado da Paraíba. Os solos mais frequentemente utilizados nesta cultura são: Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico texturas argilosa e média, Cambisol Eutrófico latossólico texturas média e argilosa, Vertisol, Bruno Não Cálcico Planossólicos, Bruno Não Cálcico, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico com A proeminente textura argilosa, Planosol Solódico, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico abrupto plíntico e Regosol Eutrófico. Poucas áreas apresentam boa aptidão para a cultura do algodoeiro herbáceo, se limitando a trechos de relevo plano e boa profundidade das seguintes classes de solos: Cambisol Eutrófico latossólico texturas média e argilosa, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Latosol Vermelho Amarelo Eutrófico e Solos Aluviais Eutróficos. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 62 As áreas com Potencial Médio, observada neste trabalho, perfaz um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia. São áreas que ocorrem em solos em sua maioria do tipo Luvissolo Crômico Órtico típico e Luvissolo Hipocrômico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú e no Sertão, e os solos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico ocorrem na região do Agreste e Litoral. Sousa et al. (2003b), estudando a aptidão do Assentamento Margarida Maria Alves II, localizado no município de Alagoa Grande, região do Agreste, observaram que 35,95% da área de terras aptas com restrições para a cultura do algodão herbáceo, e que os aspectos edáficos mostraram áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização devido às características de fertilidade dos solos e/ou topografia, e os solos encontrados na área foram o Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico típico, Nitossolo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico Vermelho Eutrófico típico e Neossolo Flúvico Eutrófico. As áreas com Potencial Baixo, observada por este trabalho, perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área total do Estado, localizadas na região no Cariri, Agreste e Brejo. Nessas áreas ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para algodão. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso, com limitações fortes para utilização de culturas anuais, devido às características de baixa fertilidade dos solos e/ou drenagem excessiva. Estas ocorrem em áreas de Neossolo Quartzarênico Órtico típico na região do Agreste; e no Litoral na região dos Tabuleiros em Argissolo Acinzentado Distrófico fragipânico. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 30.740,37 km2 de terras, correspondendo a 54,53% da área total distribuídas por todo o Estado. Estas áreas apresentam restrições edáficas que as indicam como áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização. Estas áreas ocorrem principalmente em Neossolos Litólicos Eutrófico típico na região do Sertão e Borborema, o Neossolo Quartzarênico Órtico solódico e Espodossolo Ferrocárbico Órtico típico ocorrem na região do Litoral. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 65 De acordo com EMBRAPA (2012), isto se deve à baixa fertilidade natural dos solos na zona úmida, que são, de modo geral, ácidos e distróficos possuindo, alguns deles, o caráter alumínico, que prejudica o crescimento da planta. Por outro lado, nos ambientes mais secos, neste caso o Sertão, há problemas relacionados à pequena profundidade efetiva, pedregosidade, rochosidade, salinidade, sodicidade, entre outros. De acordo com o mapa de Potencial pedológico para a cultura da cultura da cana de açúcar (Figura 19), identificou-se 5.661,87 km2 de terras com Potencial Alto, representando 10,04% (Tabela 5) da área total do Estado distribuídas no Agreste Acatingado, Brejo, Mata e Litoral, Alto Sertão Alto e Baixo Sertão do Piranhas e Cariris de Princesa. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso representada por solos aluvionais, apropriados para as culturas. Estas áreas são de ocorrência do Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico, onde os graus de limitações podem ser considerados ligeiros, onde as condições encontradas para exploração destas terras podem ser consideradas satisfatórias. Tabela 5. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da cana de açúcar Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 5.661,87 10,04 19.448,72 34,50 523,04 0,93 30.736,00 54,52 56372 100,00 Conforme Jacomine et al. (1975), a cultura da cana de açúcar, em termos de grande lavoura, acha-se concentrada na faixa úmida costeira do Nordeste, do vale do Ceará Mirim, no Rio Grande do Norte, ao Recôncavo Baiano, e ainda na região úmida do Brejo Paraibano. Com pequena lavoura a cana de açúcar encontra-se cultivada em serras úmidas e pequenos vales com terrenos de aluvião. No litoral dos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, a cultura acha-se instalada nos vales dos baixos cursos dos rios que cortam a região como o Ceará Mirim, Trairi, Jacu, Mamanguape, Paraíba e outros de menor porte. As microrregiões homogêneas abrangidas pela cultura da cana de açúcar em termos de grande lavoura são o Litoral Paraibano e Brejo Paraibano. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 66 EMBRAPA (2012) observou em seus resultados uma proporção de 39% na área do Estado de Alagoas distribuídas em Argissolos e, ou Latossolos, com fertilidade natural variando de média a baixa e, de modo geral, relevo plano e suave ondulado. Resultados similares aos encontrados neste trabalho. As áreas com Potencial Médio, observada neste trabalho, perfaz um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia; e/ou áreas com classes de capacidade de uso com limitações severas para utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Em sua maioria são áreas que ocorrem em solos em sua maioria do tipo Luvissolo Crômico Órtico típico e Luvissolo Hipocrômico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e os solos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico ocorrem na região do Agreste e no Litoral Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. As áreas com Potencial Baixo, observada por este trabalho, perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área total do Estado, localizadas na região no Cariri, Agreste e Brejo. Nessas áreas ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para da cultura da cana de açúcar. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Estas ocorrem em áreas de Plintossolo Argilúvico Eutrófico espessarênico na região do Agreste e Caatinga Litorânea, na região do Brejo em Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico abrúptico; na região do sertão em Neossolo Quartzarênico Órtico fragipânico, Cambissolo Háplico Tb Eutrófico latossólico e em Luvissolo Crômico Órtico típico. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 30.740,37 km2 de terras, correspondendo a 54,53% da área total distribuídas por todo o Estado. Estas áreas são impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização. Estas áreas ocorrem no Litoral em Espodossolo Ferrocárbico Órtico típico, em Argissolo Amarelo Distrófico abrúptico fragipânico e em Neossolo Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 67 Quartzarênico Órtico solódico; na região do Sertão e da Borborema em Neossolo Regolítico Eutrófico léptico e em sua maioria em Neossolos Litólicos Eutrófico típico. EMBRAPA (2012) observou que cerca de 59% do Estado de Alagoas apresentou potencial baixo e muito baixo para a cana de açúcar e ocorrem na região do litoral, de modo geral em Argissolos e/ou Latossolos com relevo variando de ondulado a forte ondulado e montanhoso, muito suscetíveis à erosão e fertilidade baixa; em Neossolos Quartzarênicos com relevo plano, fertilidade muito baixa, baixa capacidade de retenção de água; e nas baixadas em Gleissolos, Cambissolos Flúvicos, Neossolos Flúvicos e Organossolos com problemas de drenagem e riscos de inundação, além dos Solos Indiscriminados de Mangue; no Agreste Alagoano com predomínio em Argissolos e/ou Latossolos apresentando relevo movimentado, suscetibilidade à erosão e fertilidade baixa. De acordo com PARAÍBA (1978) a cultura da cana de açúcar apesar de ocupar uma área bastante reduzida, tem uma difusão superior as áreas classificadas como potencialmente apta. Considerando-se as áreas pedologicamente aptas e com restrições, existe teoricamente margem para uma ampliação da área cultivada. Todavia, esta cultura não tem grande possibilidade de expansão quando se considera a necessidade de elevada produtividade principalmente através da mecanização agrícola, para se conseguir rentabilidade econômica, o que evidentemente reduziria as áreas aproveitáveis. Francisco (2010) trabalhando com a classificação e mapeamento das terras para a mecanização agrícola da Paraíba observou resultados similares em relação a probabilidade de expansão da mecanização no Estado e encontrou que os maiores impedimentos são os solos rasos (profundidade efetiva) e a pedregosidade e que são os maiores fatores de restrição. Por este trabalho observa-se que os Argissolos apresentam os menores impedimentos por estarem classificados no Potencial Alto em sua maioria e no potencial Médio em proporção menor. Os Argissolos formam a 2ª ordem mais extensa dos solos brasileiros, abrangendo solos eutróficos, distróficos, álicos até alumínicos, rasos a muito profundos, abruptos ou não, com cascalhos, cascalhentos ou não, com fragipã e até com caráter solódico, o que dificulta uma apreciação generalizada para os solos dessa ordem como um todo (OLIVEIRA, 2005). Práticas agrícolas racionais como adubações, medidas conservacionistas e irrigação, aumentam consideravelmente a produtividade das áreas destes. A utilização de máquinas agrícolas é fortemente limitada nas áreas de relevo forte ondulado (CAVALCANTE et al., 2005). Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 70 Cultura do Feijão Caupi e do Feijão Comum Conforme o mapa de Potencial pedológico para a cultura do feijão comum e caupi (Figura 19), não se identificou de terras com Potencial Muito Alto. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Esta situação é devido à baixa a média fertilidade natural dos solos da área de estudo. Figura 19. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura do feijão caupi e feijão comum. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 71 Jacomine et al. (1976) afirmam que o feijoeiro é bastante sensível às condições de fertilidade dos solos e que os solos propícios para sua cultura devem ter boas condições físicas, fertilidade média a alta e teor razoável de matéria orgânica. De acordo com o mapa de Potencial pedológico para as culturas do feijão comum e do feijão caupi (Figura 19), identificou-se 5.661,87 km2 de terras com Potencial Alto, representando 10,04% (Tabela 6) da área total do Estado distribuídas no Agreste Acatingado, Brejo, Mata e Litoral, Alto Sertão Alto e Baixo Sertão do Piranhas e Cariris de Princesa. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso representada por solos aluvionais, apropriados para as culturas. Estas áreas são de ocorrência do Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico, onde os graus de limitações podem ser considerados ligeiros, onde as condições encontradas para exploração destas terras podem ser consideradas satisfatórias. Jacomine et al. (1976) afirmam que algumas microrregiões se destacam como possuindo maior concentração da produção, as microrregiões da Depressão do Alto Piranhas, Sertão de Cajazeiras, Cariris Velhos e Agreste da Borborema. Na Depressão do Alto Piranhas e Cariris Velhos a cultura localiza-se quase exclusivamente nas estreitas faixas de Solos Aluviais. Tabela 6. Distribuição das classes do potencial pedológico das culturas do feijão comum e caupi Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 5.661,87 10,04 19.448,72 34,50 523,04 0,93 30.736,00 54,52 56372 100,00 De acordo com Cavalcante et al. (2005) são solos que, de um modo geral, apresentam fertilidade natural alta, porém, os teores de matéria orgânica e os valores de fósforo são predominantemente baixos. A principal limitação ao uso agrícola destes solos é a sua muito baixa fertilidade natural, possivelmente com deficiência de micronutrientes. Necessitam, portanto, de correção de acidez e adubação para Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 72 a utilização agrícola intensiva. A utilização de máquinas agrícolas é fortemente limitada nas áreas de relevo forte ondulado. O controle da erosão deve ser intenso. Sugerem-se os cultivos de subsistência (milho, feijão e fava) procurando selecionar variedades de ciclo mais curto. As classes de solo com melhor aptidão para a cultura do feijoeiro são o Cambisol Eutrófico, Brunizem Avermelhado, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Latosol Vermelho Amarelo Eutrófico e Solos Aluviais Eutróficos, desde que apresentem relevo plano ou suavemente ondulado (JACOMINE et al., 1976). As áreas com Potencial Médio, observada neste trabalho, perfaz um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido as características de fertilidade e/ou topografia e/ou áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura devido as características de drenagem e associações de classes de terras inaptas para a cultura. Em sua maioria são áreas que ocorrem em solos em sua maioria do tipo Luvissolo Crômico Órtico típico e Luvissolo Hipocrômico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e os solos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico ocorrem na região do Agreste e no Litoral Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. De acordo com Cavalcante et al. (2005) o Luvissolo Crômico Órtico típico e o Luvissolo Hipocrômico Órtico, no caso de utilização agrícola, faz-se necessária, principalmente, a escolha de áreas de menor declividade, tomando algumas medidas como: controle da erosão. A mecanização agrícola é severamente limitada não só pelo relevo como também pela pequena espessura destes solos e grande susceptibilidade à erosão. No caso do Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, são solos de fertilidade alta, porém apresentam problemas com relação às propriedades físicas que decorrem principalmente da atividade muito alta da argila (alto teor de argila do tipo 2:1). Os fatores responsáveis pelas limitações muito fortes ao uso desta unidade são a exígua profundidade e rochosidade de alguns trechos. O emprego de máquinas agrícolas não é viável, somente sendo possível a utilização de implementos manuais ou a tração animal. As áreas com Potencial Baixo, observada por este trabalho, perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área total do Estado, localizadas na região no Cariri, Agreste e Brejo. Nessas áreas ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 75 Cultura da Mamona Pelos resultados obtidos, observa-se no mapa de Potencial pedológico para a cultura da mamona que não se identificou terras com Potencial Muito Alto (Figura 20). As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes e/ou associações de classes de capacidade de uso, que são próprias para a cultura com limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. EMBRAPA (2012) também observou resultado similar analisando a cultura da mamona para o Estado de Alagoas. Figura 20. Potencial pedológico das terras do Estado da Paraíba para a cultura da mamona. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 76 De acordo com o mapa de Potencial pedológico para a cultura da cultura da mamona, identificou-se 2.805,45 km2 de terras com Potencial Alto, representando 4,98% (Tabela 7) da área total do Estado distribuídas no Litoral e Agreste ao sul do Estado divisa com Pernambuco, na área norte do Curimataú próximo à divisa com o Rio Grande do Norte, e no Alto Sertão e na região oeste do Sertão na divisa com o Ceará. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia. Estas áreas são de ocorrência do Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico, onde os graus de limitações podem ser considerados ligeiros, e as condições encontradas para exploração destas terras podem ser consideradas satisfatórias. Conforme Cavalcante et al. (2005) são solos que possuem fertilidade alta, mas o controle da erosão deve ser intenso. Tabela 7. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da cana de açúcar Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 2.805,45 4,98 19.675,69 34,90 328,09 0,58 33.562,77 59,54 56372,00 100,00 De acordo com Jacomine et al. (1975) no estudo da aptidão dos solos para a cultura da mamona, foram consideradas boas as áreas de relevo plano e suave ondulado das seguintes classes de solos: Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Regosol Eutrófico, Solos Litólicos Eutróficos, Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico, Terra Rocha Estruturada, Bruno Não Cálcico, Cambisol Eutrófico e Aluvionais . De acordo com Azevedo et al. (1997), a mamoneira se desenvolve e produz bem em qualquer tipo de solo, exceto naqueles de textura argilosa e drenagem precária, sendo fundamental o uso de práticas de conservação do solo, a exemplo de semeadura em curvas de nível, muretas de pedra e o uso reduzido de implementos agrícolas. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 77 Araújo et al. (2000), estudando os municípios aptos para o cultivo da mamona na Paraíba, relativos às safras 1990 a 1997, observou o potencial produtivo em nível superior à média nacional. Estes municípios localizam-se em condições de altitude e com precipitação dentro dos limites estabelecidos e que são suficientes para a cultura desenvolver o seu potencial genético de produtividade. Os autores afirmam que as principais classes de solos existentes que atendem as exigências são: Luvissolos (Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico e Bruno Não Cálcico), Neossolo Regolítico Eutrófico, Neossolo Litólico Eutrófico, Neossolo Flúvico (Aluviais), Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico e Cambissolo Eutrófico. Amorim Neto et al. (2001a), estudando a mamona na região nordeste afirma que a mamoneira não tolera solos demasiadamente compactados, áreas sombreadas nem sujeitas à inundação ou saturação no período das chuvas e que altitudes superiores a 1.500 m influenciam, negativamente no rendimento de sementes. Amorin Neto et al. (2001) observa que os principais solos potencialmente produtores de mamona no Estado da Paraíba são o Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Regosol Eutrófico e Solos Litólicos Eutróficos, Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico. Observa-se neste trabalho que as áreas com Potencial Médio perfaz um total de 19.675,69 km2, representando 34,9% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia. Estas são áreas em sua maioria que ocorrem em solos do tipo Luvissolo Crômico Órtico típico e Luvissolo Hipocrômico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e os solos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico ocorrem na região do Agreste e no Litoral Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. As áreas com Potencial Baixo, observada por este trabalho, perfazem um total de 328,09 km2, representando 0,58% da área total do Estado, localizadas na região do Agreste ao Norte. Nessas áreas ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para da cultura da mamona. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade com limitações severas para a utilização com a cultura devido as características de drenagem imperfeita e associação de classes de terras inaptas a cultura. Estas ocorrem em áreas de Neossolos Litólicos Eutróficos e Planossolo Solódico Eutrófico Ta em relevo suave ondulado e ondulado. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 80 Luz et al. (2011) elaborando a aptidão pedoclimática para a cultura da mandioca no Estado de Alagoas constatou que não houve resultados mapeados desta mesma classe de potencial pedológico para a cultura. Jacomine et al. (1975) no estudo da aptidão dos solos do Nordeste para a cultura, afirma que os solos para a cultura de mandioca, observam-se poucas áreas de aptidão boa, em virtude da maioria dos solos de fertilidade alta apresentar limitações pela profundidade ou outras condições físicas adversas. Os autores firmam que a mandioca adapta-se a uma grande variedade de solos e níveis de fertilidade e que pode ser produzida em solos pobres, embora sua produtividade seja baixa, como acontece na maioria das áreas cultivadas no Nordeste. De acordo com o mapa de potencial pedológico para a cultura da cultura da mandioca, identificou-se 6.331,06 km2 de terras com Potencial Alto, representando 11,23% (Tabela 8) da área total do Estado distribuídas na região do Litoral e do Agreste ao sul do Estado, sob o Planalto da Borborema, e na região do Alto Sertão e no Sertão. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso próprias para culturas. Estas terras estão representadas principalmente pelos Solos Aluviais Eutróficos Ta, Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico Tb, Podzólico Vermelho Amarelo Distrófico Tb, Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico e Cambissolo Eutrófico latossólico. Tabela 8. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura da mandioca Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 6.331,06 11,23 5.136,85 9,11 10.597,28 18,80 34.306,81 60,86 56.372,00 100,00 De acordo com Cavalcante et al. (2005) os Solos Aluviais Eutróficos Ta são solos de grande importância, no que diz respeito à exploração agrícola e pecuária da região semiárida, porém apresentam limitações muito fortes pela falta d'água. Com auxílio da irrigação podem ser utilizados para o cultivo intensivo de forrageiras e diversas outras culturas. Para o Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico os Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 81 autores relatam que são solos de fertilidade natural baixa, e que devido à textura arenosa da parte superficial devem-se usar, de preferência, plantas de sistema radicular profundo, neste caso indicado para a cultura da mandioca. O Cambissolo Eutrófico latossólico são solos profundos, acentuadamente ou fortemente drenados, geralmente atua em relevo ondulado, muitas das vezes são severamente erodidos e de acordo cm BRASIL (1972) a utilização destas áreas com agricultura é limitada em função do relevo movimentado. Mesmo assim, são cultivados, destacando-se o sisal e em menor escala algodão herbáceo, milho, feijão e mandioca. Nas áreas úmidas, cana de açúcar, banana e pomares de mangueira e cajueiros. Luz et al. (2011) observou que 2% das terras do Estado de Alagoas foram definidas como áreas com aptidão alta para o cultivo da mandioca. Jacomine et al. (1975) afirma que os maiores rendimentos são alcançados em solos de boa fertilidade (média a alta), desde que não sejam sujeitos a encharcamento (solos de baixada mal drenados) e nem sejam dotados de propriedades físicas contraindicadas para a cultura, como seja, a de tornar-se compacta ou apresentar fendilhamentos no período seco em virtude de altos teores de argila, principalmente do tipo 2:1. Os solos propícios ao desenvolvimento da mandioca são os profundos, de boa fertilidade, de textura arenosa ou média ou ainda argilosa com boas condições físicas. Jacomine et al. (1975) relata que no Estado da Paraíba a produção esta distribuída pelas microrregiões do Piemonte da Borborema, Brejo Paraibano, Agreste da Borborema, Agropastoril do Baixo Paraíba e Litoral Paraibano. Os solos mais frequentemente encontrados sob cultivo de mandioca são: Latosol Vermelho Amarelo Distrófico ou Eutrófico texturas média e argilosa, Podzólico Vermelho Amarelo texturas média e argilosa, Podzólico Vermelho Amarelo abrupto plíntico textura média, Podzólico Vermelho Amarelo com fragipan texturas média e argilosa, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico abrúptico plíntico, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico com A proeminente, Podzólico Vermelho Amarelo latossólico, Regosol Eutrófico ou Distrófico, Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico orto. Observa-se por este trabalho que as áreas com Potencial Médio perfaz um total de 5.136,85 km2, representando 9,11% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia e/ou áreas com Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 82 associações de classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de baixa fertilidade e/ou drenagem excessiva. São áreas que, em sua maioria, ocorrem solos do tipo Neossolo Regolítico Psamítico solódico e Neossolo Quartzarênico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e o Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico que ocorrem na região do Agreste e no Litoral o Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. Jacomine et al. (1975) observa que as áreas com aptidão regular foi considerada a maioria dos Latosols, Podzólicos, Regosols ou outros solos, com relevo plano e suave ondulado, que necessitam de fertilização ou que estão associados a solos mais rasos. As áreas com Potencial Baixo perfazem um total de 10.597,28 km2, representando 18,80% da área do Estado. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações severas para utilização com a cultura, devido às características de textura argilosa do solo e drenagem deficiente. Estas ocorrem em áreas de Neossolos Litólicos Eutróficos e Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico na região do Agreste, os Luvissolo Crômico Órtico típico no Cariri/Curimataú e na região do Sertão. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 34.306,81 km2 de terras, correspondendo a 60,86% da área total distribuídas por todo o Estado. São áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização. Nessa classe potencial enquadram-se principalmente os Neossolos Litólicos Eutrófico típico e Luvissolo Crômico Órtico típico ocorrendo na região do Sertão e sob o Planalto da Borborema no Cariri/Curimataú; na região do Litoral em Neossolo Quartzarênico Órtico e em solos de Mangue. Jacomine et al. (1975) relata como inaptos ou restritos que foram considerados os solos rasos, pedregosos ou argilosos da zona semiárida (Bruno Não Cálcico, Planosols, Vertisols, Solonetz Solodizado, Solos Litólicos e Cambisols), e as Areias Quartzosas. Na classe restrita com deficiência de fertilidade natural foram enquadrados os Latosols, Podzólicos e outros solos com vegetação de cerrado e campo cerrado. EMBRAPA (2012) comenta que este potencial baixo ocorre em função de fatores restritivos como solos rasos – menos de 50 cm de profundidade efetiva – afloramentos de rochas, relevo declivoso (ondulado à forte ondulado ou montanhoso), presença de ambientes Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 85 divisa com Pernambuco, na região ao norte do Curimataú, próximo à divisa com o Rio Grande do Norte, e na região do Alto Sertão e a oeste do Estado no Sertão. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com associações de classes de capacidade de uso com dominância de terras próprias para culturas, que apresentam limitações ligeiras de utilização, impostas pelas características dos solos, topografia e erosão. Tabela 9. Distribuição das classes do potencial pedológico da cultura do milho Classes do Potencial Pedológico Muito Alta Alto Média Baixo Muito Baixo Total km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % 0,00 0,00 5.661,87 10,05 19.448,72 34,50 523,04 0,93 30.736,00 54,52 56.372,00 100,00 Conforme Francisco (2010) o Litoral é a região geográfica formada pelas Várzeas e Tabuleiros. Nas áreas de várzeas e baixadas litorâneas, com exceção das Dunas e dos Mangues, a terra é intensivamente ocupada pela cana de açúcar, coqueiros, fruteiras diversas, e culturas de subsistência. Nas áreas de Tabuleiros, os solos são originados de sedimentos argilosos da era Terciária – formação Grupo Barreiras ao sul (Latossolos e Argissolos), e ao norte, por sedimentos arenosos desta mesma formação (Neossolos Quartzarênicos). Nos tabuleiros costeiros os solos são comumente pobres e ácidos. Apesar da baixa fertilidade dos solos, pela correção e adubação química, estas áreas são hoje, amplamente ocupadas pela cultura da cana de açúcar, além de abacaxi, inhame e mandioca. O Agreste - contíguo ao Brejo, de acordo com Francisco (2010), é uma área de transição para regiões mais secas do interior do Planalto. Os solos predominantes na área mais úmida são os Neossolos Regolíticos Distróficos, polarizada pela cidade de Esperança, onde até pouco tempo era conhecida pelo cultivo da batatinha, hoje feijão e erva doce; na área mais seca, ao norte, ocorrem os Neossolos Regolíticos Eutróficos e os Luvissolos Crômico Litólico, área polarizada pela cidade de Arara, grande produtora de feijão, milho e fava. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 86 Curimataú de acordo com Francisco (2010), onde a vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila, os solos são rasos e pedregosos com predominância de Neossolos Litólicos Eutróficos e Afloramento de Rochas em relevo suave ondulado e ondulado, e o Luvissolo Crômico Vértico em relevo ondulado, áreas, que pela fertilidade deste solo, já foram grande produtora de algodão e agave, e hoje, produzem palma forrageira, milho para forragem e culturas alimentares. Jacomine et al. (1975) observa que no Estado da Paraíba a produção concentra-se nas microrregiões do Sertão de Cajazeiras, Agreste da Borborema e Cariris Velhos. Nesta última, a cultura mais se relaciona com pequenas áreas de inclusões de Solos Aluviais Eutróficos. Na primeira delas localiza-se sobre Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico textura argilosa e argilosa cascalhenta e em áreas melhores de Bruno Não Cálcico. No Agreste da Borborema a cultura parece ocupar áreas com Regosol e Solos Litólicos Eutróficos textura média. Observa-se por este trabalho que as áreas com Potencial Médio perfaz um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia. São áreas que, em sua maioria, ocorrem solos do tipo Luvissolo Crômico Órtico típicos e o Luvissolo Hipocrômico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e o Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico que ocorrem na região do Agreste e no Litoral o Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. EMBRAPA (2012) observou que em predominância do potencial Médio para o cultivo do milho, os solos do Estado de Alagoas predominantes são os Argissolos e Latossolos dos tabuleiros, de modo geral com relevo plano e suave ondulado, e fertilidade natural de media a baixa. De acordo com Jacomine et al. (1975), esta classe com limitação por fertilidade natural, é constituída por áreas representativas de Latosol Vermelho Amarelo Distrófico textura argilosa e Regosols Eutrófico e Distrófico com fragipan. Este último apresenta, em algumas áreas, além de baixa fertilidade, alguns afloramentos de rocha. Áreas importantes de Planosol Solódico textura média/argilosa e Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico textura média/argilosa cascalhenta também se incluem nesta classe regular. Os primeiros Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 87 apresentam limitação ao uso de implementos agrícolas determinada pela pequena profundidade e afloramentos de rocha, enquanto os Podzólicos apresentam problemas de relevo e afloramentos de rocha. As áreas com Potencial Baixo perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área do Estado, localizadas na região ao norte do Agreste. Nessas áreas ocorrem solos com fortes fatores restritivos ao uso agrícola para da cultura do milho. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido às características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Estas ocorrem em áreas de Neossolos Litólicos Eutróficos e Planossolo Solódico Eutrófico Ta em relevo suave ondulado e ondulado. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 30.736,00 km2 de terras, correspondendo a 54,52% da área total distribuídas por todo o Estado. São áreas impróprias para a exploração com a cultura, sendo representada por classes de capacidade de uso ou associações de classes cujas características dos solos e/ou topografia apresentam restrições severas para utilização. Nessa classe potencial enquadram-se principalmente os Neossolo Quartzarênico Órtico solódico em Neossolo Regolítico Eutrófico léptico e em sua maioria em Neossolos Litólicos Eutrófico típico, que são de modo geral, solos rasos e pouco profundos, às vezes associados com afloramentos de rochas e presença de pedregosidade, muito suscetíveis à erosão. Resultado similar encontrado pela EMBRAPA (2012) no Estado de Alagoas. Cavalcante et al. (2005), afirma que estes solos apresentam baixas condições para um aproveitamento agrícola racional, tendo em vista as limitações fortes existentes, provocadas pelo relevo forte ondulado, pedregosidade, rochosidade e reduzida profundidade dos solos, além da deficiência de água que só permite a presença de culturas resistentes à estiagem. Só é possível a exploração destes solos pelos sistemas primitivos de agricultura já existentes. EMBRAPA (2012) afirma que em geral, os principais fatores restritivos das áreas para o cultivo de milho, no Estado de Alagoas, estão relacionados com a baixa fertilidade natural dos solos, baixa profundidade efetiva, relevo ondulado à forte ondulado (riscos de erosão hídrica), textura arenosa (drenagem excessiva e baixa retenção de água), pedregosidade, rochosidade e, em áreas de baixada: problemas Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 90 De acordo com BRASIL (1972) o Cambissolo Eutrófico latossólico são solos profundos, acentuadamente ou fortemente drenados, geralmente atua em relevo ondulado, muitas das vezes são severamente erodidos e a utilização destas áreas com agricultura é limitada em função do relevo movimentado. Mesmo assim, são cultivados, destacando-se o sisal e em menor escala algodão herbáceo, milho, feijão e mandioca. Observa-se por este trabalho que as áreas com Potencial Médio perfaz um total de 19.448,72 km2, representando 34,5% da área total e estão distribuídas por todo o Estado. As características edáficas informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com limitações moderadas para utilização com a cultura, devido às características de fertilidade e/ou topografia, e/ou áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura devido as características de drenagem e associações de classes de terras inaptas para a cultura. São áreas que, em sua maioria, ocorrem solos do tipo Neossolo Regolítico Psamítico solódico e Neossolo Quartzarênico Órtico típico nas regiões do Cariri/Curimataú, no Sertão Cambissolo Háplico Tb Eutrófico típico, e o Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico que ocorrem na região do Agreste e no Litoral o Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico. Conforme a EMBRAPA (2012) no Estado de Alagoas que as áreas com potencial pedológico Médio são de grande ocorrência e distribuem-se por todo o Estado, desde o Litoral até o Sertão. Resultados similares encontrados neste trabalho devido as áreas estarem localizadas em região semiárida. As áreas com Potencial Baixo perfazem um total de 523,04 km2, representando 0,93% da área do Estado. As características informam que estas terras constituem áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido às características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Estas ocorrem em áreas de Neossolos Litólicos Eutróficos e Argissolo Amarelo Distrófico arênico fragipânico na região do Agreste, os Luvissolo Crômico Órtico típico no Cariri/Curimataú e na região do Sertão. As áreas com Potencial Muito Baixo perfazem um total de 30.736,00 km2 de terras, correspondendo a 54,52% da área total distribuídas por todo o Estado. São áreas com classes de capacidade de uso com fortes limitações para utilização com a cultura, devido as características de baixa fertilidade do solo e/ou da drenagem excessiva. Nessa classe potencial enquadram-se principalmente os Neossolos Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 91 Litólicos Eutrófico típico e Luvissolo Crômico Órtico típico ocorrendo na região do Sertão e sob o Planalto da Borborema no Cariri/Curimataú; na região do Litoral em Neossolo Quartzarênico Órtico e em solos de Mangue. EMBRAPA (2012) observou no Estado de Alagoas áreas com esses potenciais e que estão relacionadas à ocorrência de solos com, pelo menos, três situações distintas. Na baixada litorânea, essas áreas estão associadas aos Gleissolos e outros solos com má drenagem como Solos Indiscriminados de Mangue e Organossolos, enquanto que na faixa norte dos modelados cristalinos que antecedem a Borborema estas áreas estão associadas a solos sob relevo declivoso. E no ambiente Semiárido elas estão relacionadas à grande ocorrência de solos rasos como os Neossolos Litólicos, pouco profundos como os Neossolos Regolíticos, Planossolos Háplicos, Luvissolos Crômicos, e outros com caráter sódico/solódico ou sálico/salino como os Planossolos e Vertissolos, todos associados ou não, com relevo declivoso. Na Paraíba estas características são semelhantes por estarem próximos e por se encontrarem na região semiárida. De acordo com Cavalcante et al. (2005) os Neossolos Litólicos Eutrófico típico apresentam baixas condições para um aproveitamento agrícola racional, tendo em vista as limitações fortes existentes, provocadas pelo relevo forte ondulado, pedregosidade, rochosidade e reduzida profundidade dos solos, além da deficiência de água que só permite a presença de culturas resistentes à estiagem. Os autores relatam que só é possível a exploração destes solos pelos sistemas primitivos de agricultura já existentes. Os autores observam ainda que para Luvissolo Crômico Órtico típico no caso de utilização agrícola, faz-se necessária, principalmente, a escolha de áreas de menor declividade, tomando algumas medidas como: controle da erosão, considerando-se também que a limitação pela falta d'água ser forte. Para o Neossolo Quartzarênico Órtico observam que as principais limitações à sua utilização agrícola, são a muito baixa fertilidade natural, baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, determinada pela sua textura arenosa, que inclusive dificulta as práticas de adubação que visam a ser feitas. PARAÍBA (1978) observou que a cultura do sorgo ser pouco difundida na agricultura paraibana, existe zonas aptas com potencial e a introdução e maior difusão parece recomendável podendo ser interessante nas áreas do interior do Estado, representando uma alternativa viável da cultura do milho, onde as condições de aridez se mostram mais severas, e também podendo ser uma melhoria alimentar na exploração da pecuária, sejam em formas de plantas verdes, seja em forma de grãos. Potencial Pedológico das Terras do Estado da Paraíba para as Principais Culturas Agrícolas Francisco et al. (2017) 92 Referências bibliográficas AGUIAR NETTO, A. DE O.; GOMES, C. C. S.; LINS, C. C. V.; BARROS, A. 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