Baixe Fundamentos Da Termodinâmica e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Mecânica, somente na Docsity! VAN WYLEN SONNTAG BORGNAKK E
N.Cham. 541.369 S699f 2003
Auti onntag, Richard Edwin
Título: Fundamentos da termodinâmica .
Ex.3 UCDB BC
pI
RICHARD E. SONNTAG
CLAUS BORGNAKKE
Universidade de Michigan
GORDON J. VAN WYLEN
Hope College (emeritus)
FUNDAMENTOS
DA
TERMODINÂMICA
Tradução da 6º Edição Americana
Tradução:
Engº EURYALE DE JESUS ZERBINI
Professor Doutor do Depto. de Engenharia Mecânica da EPUSP
Integral Engenharia, Estudos e Projetos
MN, Biblioteca
UCDB Pe. Félix Zavattaro
Campo Grande - MS
Cb
EDITORA EDGARD BLÚCHER LTDA.
E
ser
uU
ve
NNNS
Lista de Símbolos xi
geração de entropia
taxa de geração de entropia (entropia gerada por unidade de tempo)
tempo
temperatura
energia interna específica e energia interna total
volume específico e volume total
volume específico relativo (utilizado nas tabelas de gás)
velocidade
trabalho por unidade de massa e trabalho total
potência (trabalho por unidade de tempo)
trabalho reversível entre dois estados
título
fração molar na fase vapor
cota
fator de compressibilidade
carga elétrica
Letras Manuscritas
a “a So
área
potencial elétrico
tensão superficial
tensão
Letras Gregas
Q
8
SEXsseGVN<EESPRRRB
volume residual
expansividade volumétrica
coeficiente de desempenho de um refrigerador
coeficiente de desempenho de uma bomba de calor
compressibilidade adiabática
compressibilidade isotérmica
eficiência ou rendimento
potencial químico
coeficiente de Joule - Thomson
coeficiente estequiométrico
massa específica
relação de equivalência
umidade relativa
disponibilidade de um sistema ou exergia
disponibilidade associada a um processo em regime permanente
fator acêntrico
umidade específica ou absoluta
xii
Fundamentos da Termodinâmica
Índices Inferiores
propriedade no ponto crítico
estado de uma substância que entra no volume de controle
formação
propriedade do sólido saturado
diferença de propriedades, entre a de líquido saturado e a de sólido saturado
diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de sólido saturado
propriedade do líquido saturado
diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de líquido saturado
propriedade reduzida
processo isoentrópico
propriedade de uma substância que sai do volume de controle
propriedade do meio
propriedade de estagnação
propriedade do vapor saturado
volume de controle
Índices Superiores
a barra sobre o símbolo indica uma propriedade em base molar (a barra indica propriedade
molar parcial quando aplicada sobre V, H,S, U,A e G)
propriedade na condição do estado padrão
gás perfeito
propriedade na seção mínima de um bocal
reversível
Alguns Comentários
Preliminares
Uma parte significativa dos exemplos e problemas apresentados ao longo do nosso estudo da
termodinâmica envolve a análise de processos que ocorrem em equipamentos importantes como as
centrais termoelétricas, células combustível, refrigeradores por compressão de vapor, resfriadores
termoelétricos, turbinas, motores de foguete e equipamentos de decomposição do ar. Nós
apresentaremos, neste capítulo introdutório, uma breve descrição desses equipamentos. Há pelo
menos duas razões para a inclusão deste capítulo no livro. A primeira é que muitos estudantes
tiveram pouco contato com tais equipamentos e a solução dos problemas será mais significativa, e
proveitosa, se eles já tiverem alguma familiaridade com os equipamentos e com os processos que
neles ocorrem. A segunda razão é que este capítulo fornece uma introdução à termodinâmica,
incluindo a utilização correta de certos termos (que serão rigorosamente definidos nos capítulos
posteriores), mostra a importância da termodinâmica na análise de certos problemas e alguns
aperfeiçoamentos obtidos, pelo menos em parte, como resultado de uma análise termodinâmica.
Devemos ressaltar que a termodinâmica é importante para muitos outros processos que não
são abordados neste capítulo. Ela é básica, por exemplo, para o estudo de materiais, das reações
químicas e dos plasmas. Os estudantes devem ter em mente que este capítulo é somente uma
introdução breve e, portanto, incompleta ao estudo da termodinâmica.
1.1 Instalação Simples de uma Central Termoelétrica
A Fig. 1.1 mostra o esquema de uma central termoelétrica instalada recentemente. Observe
que vapor superaquecido e a alta pressão deixa o tambor da caldeira, que também é chamada de
gerador de vapor, e entra na turbina. O vapor expande na turbina e, em o fazendo, realiza trabalho,
o que possibilita à turbina acionar o gerador elétrico. O vapor a baixa pressão deixa a turbina e
entra no trocador de calor, onde ocorre a transferência de calor do vapor (condensando-o) para a
água de refrigeração. Como é necessária uma grande disponibilidade de água de refrigeração, as
centrais termoelétricas são freqiientemente instaladas perto de rios ou lagos. Um dos efeitos
nocivos dessa transferência de calor é a poluição térmica do meio ambiente, A água de
resfriamento também pode ser resfriada em grandes torres de resfriamento onde o rebaixamento da
temperatura da água de resfriamento é alcançado a custa da evaporação de uma parte desta água. A
água de resfriamento do condensador presente na central indicada na Fig. 1.1 é utilizada para
aquecer ambientes localizados na região vizinha à central termoelétrica.
A pressão do condensado, na seção de descarga do condensador, é aumentada na bomba,
permitindo que o condensado escoe para o gerador de vapor. Os economizadores, ou pré-
aquecedores de água, são muito utilizados nos ciclos de potência a vapor. O ar utilizado na
combustão também é pré-aquecido em muitas centrais termoelétricas. Esse pré-aquecimento é
obtido através da transferência de calor dos gases de combustão para o ar. Os produtos de
combustão também precisam ser limpos antes de serem descarregados na atmosfera. E importante
observar que existem vários equipamentos e processos bastante complicados na central de potência
apesar de seu ciclo térmico ser simples.
A Fig. 1.2 é uma fotografia da central esboçada na Fig. 1.1. O prédio alto, mostrado na parte
esquerda da figura, é a casa das caldeiras. Perto dela estão posicionados os prédios que abrigam a
turbina e outros componentes da central. A figura também mostra a chaminé acoplada a caldeira,
que é bastante alta, e o navio que transporta o carvão que é consumido na caldeira. Esta central de
potência está localizada na Dinamarca, apresenta potência térmica de 850 MW (baseada no consumo
e na energia disponível no carvão combustível) e atingiu o rendimento térmico recorde de quarenta
e cinco por cento na sua posta em marcha, ou seja, a operação da central proporcionou que quarenta
e cinco por cento da energia disponível no carvão fosse convertida em trabalho. O aquecimento dos
ambientes localizados ao redor da usina consome quarenta e sete por cento da potência térmica da
central, É importante frisar que o calor transferido nos condensadores da maioria das centrais de
potência é simplesmente rejeitado no ambiente e que este processo não nos traz nenhum benefício.
4 Fundamentos da Termodinâmica
Pressurizador Gerador | indagem do Válvula de controle
de vapor sistema nuclear
Redutor
Motor elétrico
de propulsão
Embreagem
Entrada de água do mar
Figura 1.3 — Sistema nuclear de propulsão naval. (cortesia da Babcock and Wilcox Co.)
A célula combustível é um dispositivo no qual esse objetivo é alcançado. A Fig. 1.5 mostra o
esquema de uma célula combustível do tipo membrana de troca de íons. Nessa célula, o hidrogênio
e o oxigênio reagem para formar água. Consideremos, então, os aspectos gerais da operação deste
tipo de célula.
O fluxo de elétrons no circuito externo é do anodo para o catodo. O hidrogênio entra pelo
lado do anodo e o oxigênio entra pelo lado do catodo. O hidrogênio é ionizado na superfície da
membrana de troca dê íons do modo indicado na Fig. 1.5. Os elétrons fluem através do circuito
externo e os íons de hidrogênio fluem através da membrana para o catodo, onde ocorre a formação
de água.
Há uma diferença de potencial entre o anodo e o catodo, resultando daí um fluxo elétrico que,
em termos termodinâmicos, é considerado como trabalho. É possível que também ocorra uma
transferências de calor da célula combustível para o meio.
Produtos de combustão
Central
termoelétrica
Combustivel
Energia elétrica
Ar (trabalho )
——s
Transferência de calor
para a água de resfriamento
Figura 1.4 — Diagrama esquemático de uma central termoelétrica.
Alguns Comentários Preliminares 5
p caca
de” v4e”
Anodo — + Catodo
Eletrodos
catalíticos
Membrana de
troca de lons
DIE Câmaras de gás
Hidrogénio —>
46] A
=<— Oxigênio
Figura 1.5 — Esquema de
uma célula combustível do
ol tipo membrana de troca de
íons.
Atualmente, o combustível mais utilizado em células combustível é o hidrogênio, ou uma
mistura gasosa de hidrocarbonetos e hidrogênio, e o oxidante normalmente é o oxigênio.
Entretanto, as pesquisas atuais estão dirigidas para o desenvolvimento de células combustível que
utilizam hidrocarbonetos e ar. Embora as instalações a vapor convencionais ou nucleares ainda
sejam largamente empregadas em centrais termoelétricas, e motores convencionais de combustão
interna e turbinas a gás como sistemas propulsores de meios de transporte, a célula combustível
poderá se tornar uma séria competidora. Ela já esta sendo utilizada como fonte de energia em
satélites artificiais.
A termodinâmica tem um papel vital na análise, desenvolvimento e projeto de todos os
sistemas geradores de potência, incluindo-se nesta classificação os motores alternativos de
combustão intema e as turbinas a gás. Considerações como: aumento de eficiência,
aperfeiçoamento de projetos, condições ótimas de operação e métodos diversos de geração de
potência envolvem, entre outros fatores, a cuidadosa aplicação dos princípios da termodinâmica.
1.3 Ciclo de Refrigeração por Compressão de Vapor
Transferência de calor para o ar
ambiente ou água de refrigeração.
t
T Vapor a alta pressão
Condensador
Líquido a &
alta pressão a Ranger
na = risano
Mistura de líquido é Vapor a baixa
vapor a baixa pressão” pano
Evaporador E
1
Transferência de calor Figura 1.6 — Esquema de um
des rspeço Pot. ciclo simples de refrigeração.
Fundamentos da Termodinâmica
6
(09 SuuonIpuoo JF Ito Pp BISOjOO) “opeuorotpuoo I? ap eusjsIs WN ap opóroBLgal ap opepiuç) —L'T vangig
enbe ep Jopeisei o eied na
ouy opinby ejuesefujes e
op oxnij ep ejonuoo
enfe ep
enfe op queueuysa: ep ojueureuysos
sogm sop Jope: oe eJodene ep soqni
ouy opinby eurssBujos O
orsseld exieqe
eiodeno Jopeziuouose
op sjueioBujar
Jopesuspuoo op
Jopesuspuos op enbe ep enbe ep soqny
sogny Sop Jopai oe esuspuoo
opauudiioo ejueieBuyots
Josseudusoo op oesstupy '
Jossaidujoo op
queweuope
ep 1ojoW
equtsoBiyos op oBngiquso Josserduoo
Alguns Comentários Preliminares 9
e
vindo
Figura 1.10 — Turbina a gás de 150 MW. (cortesia da Westinghouse Electric Co.)
A Fig. 1.9 mostra que o ar seco e a alta pressão entra num trocador de calor. A temperatura
do ar diminui à medida que este escoa através do trocador de calor. Num ponto intermediário do
trocador de calor, uma parte do escoamento de ar é desviada ao expansor. O restante do ar
continua a escoar pelo trocador de calor e depois passa pela válvula de estrangulamento. As duas
correntes se misturam, numa pressão que varia de 0,5 a 1 MPa, e entram na parte inferior da
coluna de destilação que também é conhecida por coluna de alta pressão. A função desta coluna é
separar o ar em seus vários componentes (principalmente oxigênio e nitrogênio). Duas correntes
de composições diferentes escoam da coluna de alta pressão para a coluna superior (também
conhecida por coluna de baixa pressão) através de válvulas de estrangulamento. Uma delas é um
líquido rico em oxigênio que escoa da parte inferior da coluna mais baixa e a outra é uma corrente
rica em nitrogênio que escoa através do sub-resfriador.
A separação é finalizada na coluna superior, com o oxigênio líquido saindo pelo fundo da
coluna superior e o nitrogênio gasoso pelo topo da mesma. O nitrogênio gasoso escoa através do
sub-resfriador e do trocador de calor principal. A transferência de calor ao nitrogênio gasoso frio
provoca o resfriamento do ar que entra no trocador de calor a alta pressão.
A análise termodinâmica é essencial tanto para o projeto global de um sistema como para o
projeto de cada componente de tal sistema, incluindo-se os compressores, o expansor, os purifica-
dores, os secadores e a coluna de destilação. Note que nós devemos lidar com os princípios que
descrevem o comportamento das misturas e também com a avaliação das propriedades termodi-
nâmicas das misturas na análise desse processo de separação. Esse tipo de problema também é
encontrado na refinação do petróleo e em muitos outros processos químicos. É importante ressaltar
que a criogenia é fundamental para muitos aspectos do programa espacial e que é essencial um
conhecimento amplo da termodinâmica para realizar um trabalho criativo e efetivo nesta área.
1.6 Turbina a Gás
A operação básica de uma turbina a gás é similar a do ciclo de potência a vapor, mas o fluido
de trabalho utilizado é o ar. Ar atmosférico é aspirado, comprimido no compressor e encaminhado,
a alta pressão, para uma câmara de combustão. Neste componente o ar é misturado com o
combustível pulverizado e é provocada a ignição. Deste modo obtém-se um gás a alta pressão e
temperatura que é enviado a uma turbina onde ocorre a expansão dos gases até a pressão de
exaustão. O resultado destas operações é a obtenção de potência no eixo da turbina. Parte desta
potência é utilizada no compressor, nos equipamentos auxiliares e o resto, a potência líquida, pode
ser utilizada no acionamento de um gerador elétrico. A energia que não foi utilizada na geração de
trabalho ainda permanece nos gases de combustão. Assim estes gases podem apresentar alta
temperatura ou alta velocidade. A condição de saída dos gases da turbina é fixada em projeto e
varia de acordo com a aplicação deste ciclo. A Fig. 1.10 mostra uma turbina a gás estacionária, de
grande porte e que é utilizada na geração de potência. A unidade apresenta 16 estágios de
compressão, 4 estágios de expansão e potência igual a 150 MW. Note que não ocorre a circulação
10 | Fundamentos da Termodinâmica
Escoamento
principal
Escoamento
secundário
(Bypass)
! Figura 1.11 — Motor a jato "turbofan".
(cortesia da General Electric Aircraft Engines)
de fluido de trabalho na turbina a gás como no caso da água no ciclo de potência a vapor (o
oxigênio do ar é utilizado na combustão e os gases produzidos na câmara apresentam composição
química diferente da do ar).
A turbina a gás é usualmente preferida, como gerador de potência, nos casos onde existe
problema de disponibilidade de espaço físico e se deseja gerar grandes potências. Os exemplos de
aplicação das turbinas a gás são: motores aeronáuticos, centrais de potência para plataformas de
petróleo, motores para navios e helicópteros, pequenas centrais de potência para distribuição local
e centrais de potência para atendimento de picos de consumo.
A temperatura dos gases de combustão na seção de saída da turbina, nas instalações estacio-
nárias, apresenta valores relativamente altos. Assim, este ciclo pode ser combinado com um outro
que utiliza água como fluido de trabalho. Os gases de combustão, já expandidos na turbina,
transferem calor para a água, do ciclo de potência a vapor, antes de serem transferidos para a
atmosfera.
Os gases de combustão apresentam velocidade altas na seção de saída do motor a jato. Isto é
feito para gerar a força que movimenta os aviões. O projeto das turbinas a gás dedicadas a este fim
é realizado de modo diferente daquele das turbinas estacionárias para a geração de potência, onde
o objetivo é maximizar a potência a ser retirada no eixo do equipamento. A Fig. 1.11 mostra o
corte de um motor a jato, do tipo "turbofan", utilizado em aviões comerciais. Note que o primeiro
estágio de compressão, localizado na região próxima à seção de entrada do ar na turbina, também
força o ar a escoar sobre a superfície externa do motor, proporcionando o resfriamento deste e
também um empuxo adicional.
1.7 Motor Químico de Foguete
O advento dos mísseis e satélites pôs em evidência o uso do motor de foguete como
instalação propulsora. Os motores químicos de foguetes podem ser classificados de acordo com o
tipo de combustível utilizado, ou seja, sólido ou líquido.
A Fig. 1.12 mostra o diagrama simplificado de um foguete movido a combustível líquido.
O oxidante e o combustível são bombeados, através da placa injetora, para a câmara de combustão,
Alguns Comentários Preliminares 11
Tanque de Tanque de
oxidante “combustível
Instalação auxiliar
para acionamento
das bombas
Bomba
Placa do injetor
Câmara de
combustão
a alta velocidade
Figura 1.12 — Esquema simplificado de um foguete com combustível líquido.
onde este processo ocorre a alta pressão. Os produtos de combustão, a alta temperatura e alta
pressão, expandem ao escoarem através do bocal. O resultado desta expansão é uma alta
velocidade de descarga dos produtos. A variação da quantidade de movimento, associada ao
aumento da velocidade do escoamento, fornece o empuxo sobre o veículo.
O oxidante e o combustível devem ser bombeados para a câmara de combustão. Para que isto
ocorra é necessária alguma instalação auxiliar para acionar as bombas. Essa instalação, nos
grandes foguetes, deve apresentar alta confiabilidade e potência relativamente alta; todavia, deve
ser leve. Os tanques do oxidante e do combustível ocupam a maior parte do volume de um foguete
real e o alcance deste é determinado principalmente pela quantidade de oxidante e de combustível
que pode ser transportada. Diversos combustíveis e oxidantes foram considerados e testados.
Observe que um dos objetivos destas pesquisas é o desenvolvimento de combustíveis e oxidantes
que forneçam o maior empuxo por unidade de fluxo dos reagentes. O oxigênio líquido é
frequentemente utilizado como oxidante nos foguetes movidos a combustível líquido.
Muitas pesquisas também foram realizadas para desenvolver os foguetes movidos a
combustível sólido. Estes foguetes apresentaram bons resultados no auxílio da decolagem de
aviões e na propulsão de mísseis militares e de veículos espaciais. Eles são mais simples tanto no
equipamento básico requerido para a operação quanto nos problemas de logística envolvidos no
seu uso.
1.8 Outras Aplicações e Aspectos Ambientais
A termodinâmica é relevante na análise de muitos outros processos e equipamentos. O calor
produzido pela decomposição do lixo urbano, que contém muito material orgânico, está sendo
utilizado para a produção de energia elétrica em várias centrais de potência que operam em
conjunto com aterros municipais de lixo. Além disso, o gás produzido na decomposição do lixo
urbano, que apresenta metano em sua composição, tem sido coletado em vários aterros municipais
14 Fundamentos da Termodinâmica
f Calor
Admissão de ar | 4 E Descarga de ar
a baixa pressão | T a alta pressão
de dg bi de 5
I | Trabalho
I I
Superfície
| c de
de controle ">| — Compressor de ar << Motor Figura 2.2 — Exemplo de um
! volume de controle.
Assim, um sistema é definido quando se trata de uma quantidade fixa de massa e um volume
de controle é especificado quando a análise envolve fluxos de massa. A diferença entre essas duas
maneiras de abordar o problema será tratada detalhadamente no Cap. 6. Deve-se observar que os
termos sistema fechado e sistema aberto são usados de forma equivalente aos termos sistema
(massa fixa) e volume de controle (envolvendo fluxos de massa). O procedimento que será
adotado nas apresentações da primeira e da segunda leis da termodinâmica é o de primeiro
formular as leis para sistemas e depois efetuar as transformações necessárias para torná-las
adequadas a volumes de controle.
2.2 Pontos de Vista Macroscópico e Microscópico
Uma investigação sobre o comportamento de um sistema pode ser feita sob os pontos de vista
macroscópico ou microscópico. Consideremos brevemente o problema que teríamos se descrevês-
semos um sistema sob o ponto de vista microscópico. Suponhamos que o sistema seja constituído
por um gás monoatômico, a pressão e temperatura atmosféricas, contido num cubo com aresta
igual a 25 mm. Esse sistema contém cerca de 102º átomos. Três coordenadas devem ser
especificadas para descrever a posição de cada átomo e para descrever a velocidade de cada átomo
são necessárias as três componentes do vetor velocidade.
Assim, para descrever completamente o comportamento desse sistema, sob o ponto de vista
microscópico, é necessário lidar com, pelo menos, 6 x 10% equações. Esta tarefa seria árdua
mesmo se tivéssemos um computador digital de grande capacidade. Entretanto, dispomos de duas
abordagens diversas que reduzem significativamente o número de variáveis necessárias para
especificar o problema e, deste modo, facilitando sua solução. Uma dessas abordagens é a
estatística que, baseada na teoria da probabilidade e em considerações estatísticas, opera com os
valores "médios" das partículas que estamos considerando. Isso é feito, usualmente, em conjunto
com um modelo de molécula. Essa forma é a utilizada nas disciplinas conhecidas como teoria
cinética e mecânica estatística.
A outra forma de abordar o problema é a que utiliza a termodinâmica clássica macroscópica.
Conforme o próprio nome macroscópico sugere, nos preocupamos apenas com os efeitos totais ou
médios de muitas moléculas. Além disso, esses efeitos podem ser percebidos por nossos sentidos e
medidos por instrumentos (na realidade, o que percebemos e medimos é a influência média
temporal de muitas moléculas). Por exemplo, consideremos a pressão que um gás exerce sobre as
paredes de um recipiente. Essa pressão resulta da mudança na quantidade de movimento das
moléculas quando estas colidem com as paredes. Entretanto, sob o ponto de vista macroscópico,
não estamos interessados na ação isolada de uma molécula mas na força média, em relação ao
tempo, que atua sobre uma certa área e que pode ser medida com um manômetro. De fato, essas
observações macroscópicas são completamente independentes de nossas premissas a respeito da
natureza da matéria.
Ainda que a teoria e o desenvolvimento adotado neste livro sejam apresentados sob o ponto
de vista macroscópico, algumas observações suplementares sobre o significado da perspectiva
microscópica serão incluídas como um auxílio ao entendimento dos processos físicos envolvidos.
O livro Introduction to Thermodynamics: Classical and Statistical, de R. E. Sonntag e G. J. Van
Wylen, apresenta um tratamento, sob o ponto de vista microscópico e estatístico, da termodiná-
mica.
Alguns Conceitos e Definições 15
Algumas observações devem ser feitas em relação ao meio contínuo. Sob o ponto de vista
macroscópico, nós sempre consideraremos volumes que são muito maiores que os moleculares e,
desta forma, trataremos com sistemas que contém uma enormidade de moléculas. Uma vez que
não estamos interessados nos comportamentos individuais das moléculas, desconsideraremos a
ação de cada molécula e trataremos a substância como contínua. Este conceito de meio contínuo é,
naturalmente, apenas uma hipótese conveniente que não é válida quando o livre caminho médio
das moléculas se aproxima da ordem de grandeza das dimensões do sistema que está sendo
analisado. Por exemplo, a hipótese de meio contínuo normalmente não é adequada nas situações
encontradas na tecnologia do alto-vácuo. Apesar disso, a premissa de um meio contínuo é válida e
conveniente em vários trabalhos de engenharia,
2.3 Estado e Propriedades de uma Substância
Se considerarmos uma dada massa de água, reconhecemos que ela pode existir sob várias
formas (fases). Se ela é inicialmente líquida pode-se tornar vapor, após aquecida, ou sólida quando
resfriada. Uma fase é definida como uma quantidade de matéria totalmente homogênea. Quando
mais de uma fase coexistem, estas se separam, entre si, por meio das fronteiras das fases. Em cada
fase a substância pode existir a várias pressões e temperaturas ou, usando a terminologia da
termodinâmica, em vários estados. O estado pode ser identificado ou descrito por certas
propriedades macroscópicas observáveis; algumas das mais familiares são: temperatura, pressão e
massa específica. Outras propriedades serão apresentadas nos capítulos posteriores deste livro.
Cada uma das propriedades de uma substância, num dado estado, apresenta somente um
determinado valor e essas propriedades tem sempre o mesmo valor para um dado estado,
independente da forma pela qual a substância chegou a ele. De fato, uma propriedade pode ser
definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e é independente do caminho
(i. e. a história) pelo qual o sistema chegou ao estado considerado. Do mesmo modo, o estado é
especificado ou descrito pelas propriedades. Mais tarde consideraremos o número de propriedades
independentes que uma substância pode ter, ou seja, o número mínimo de propriedades que
devemos especificar para determinar o estado de uma substância.
As propriedades termodinâmicas podem ser divididas em duas classes gerais, as intensivas e
as extensivas. Uma propriedade intensiva é independente da massa e o valor de uma propriedade
extensiva varia diretamente com a massa. Assim se uma quantidade de matéria, num dado estado,
é dividida em duas partes iguais, cada parte apresentará o mesmo valor das propriedades intensivas
e a metade do valor das propriedades extensivas da massa original. Como exemplos de
propriedades intensivas podemos citar a temperatura, a pressão e a massa específica. A massa e o
volume total são exemplos de propriedades extensivas. As propriedades extensivas por unidade de
massa, tal como o volume específico, são propriedades intensivas.
Frequentemente nos referimos não apenas às propriedades de uma substância, mas também
às propriedades de um sistema. Isso implica, necessariamente, que o valor da propriedade tem
significância para todo o sistema, o que por sua vez implica no que é chamado equilíbrio. Por
exemplo, se o gás que constitui o sistema mostrado na Fig. 2.1 estiver em equilíbrio térmico, a
temperatura será a mesma em todo o gás e podemos falar que a temperatura é uma propriedade do
sistema. Podemos, também, considerar o equilíbrio mecânico, que está relacionado com a pressão.
Se um sistema estiver em equilíbrio mecânico, não haverá a tendência da pressão, em qualquer
ponto, variar com o tempo, desde que o sistema permaneça isolado do meio exterior. Observe que
Pesos
Conjunto
cilindro - pistão
Fronteira
do sistema
Figura 2.3 — Exemplo de um processo
de quase-equilibrio num sistema
16 Fundamentos da Termodinâmica
existe uma variação de pressão no gás com a altura devido à influência do campo gravitacional,
embora, sob as condições de equilíbrio, não haja tendência de que a pressão varie em qualquer
ponto. Por outro lado, na maioria dos problemas termodinâmicos, essa variação de pressão com a
altura é tão pequena que pode ser desprezada. O equilíbrio químico também é importante e será
considerado no Cap. 15.
Quando um sistema está em equilíbrio, em relação a todas as possíveis mudanças de estado,
dizemos que o sistema está em equilíbrio termodinâmico.
2.4 Processos e Ciclos
Quando o valor de pelo menos uma propriedade de um sistema é alterado, dizemos que
ocorreu uma mudança de estado. Por exemplo, quando um dos pesos posicionados sobre o pistão
mostrado na Fig. 2.3 é removido, este se eleva e uma mudança de estado ocorre, pois a pressão
decresce e o volume específico aumenta. O caminho definido pela sucessão de estados através dos
quais o sistema percorre é chamado de processo.
Consideremos o equilíbrio do sistema mostrado na Fig. 2.3 quando ocorre uma mudança de
estado. No instante em que o peso é removido, o equilíbrio mecânico deixa de existir, resultando
no movimento do pistão para cima, até que o equilíbrio mecânico seja restabelecido. A pergunta
que se impõe é a seguinte: uma vez que as propriedades descrevem o estado de um sistema apenas
quando ele está em equilíbrio, como poderemos descrever os estados de um sistema durante um
processo, se o processo real só ocorre quando não existe equilíbrio?
Um passo para respondermos a essa pergunta consiste na definição de um processo ideal,
chamado de processo de quase-equilíbrio. Um processo de quase-equilíbrio é aquele em que o
desvio do equilíbrio termodinâmico é infinitesimal e todos os estados pelos quais o sistema passa
durante o processo podem ser considerados como estados de equilíbrio. Muitos dos processos reais
podem ser modelados, com boa precisão, como processos de quase-equilíbrio. Se os pesos sobre o
pistão da Fig. 2.3 são pequenos, e forem retirados um a um, o processo pode ser considerado como
de quase-equilíbrio. Por outro lado, se todos os pesos fossem removidos simultaneamente, o
êmbolo se elevaria rapidamente até atingir os limitadores. Este seria um processo de não-equilíbrio
e o sistema não estaria em equilíbrio, em momento algum, durante essa mudança de estado.
Para os processos de não-equilíbrio, estaremos limitados a uma descrição do sistema antes de
ocorrer o processo, e após a ocorrência do mesmo, quando o equilíbrio é restabelecido. Não
estaremos habilitados a especificar cada estado através do qual o sistema passa, tampouco a
velocidade com que o processo ocorre, Entretanto, como veremos mais tarde, poderemos descrever
certos efeitos globais que ocorrem durante o processo.
Alguns processos apresentam denominação própria pelo fato de que uma propriedade se
mantém constante. O prefixo iso é usado para tal. Um processo isotérmico é um processo a
temperatura constante; um processo isobárico é um processo a pressão constante e um processo
isocórico é um processo a volume constante.
Quando um sistema, num dado estado inicial, passa por um certo número de mudanças de
estado, ou processos, e finalmente retorna ao estado inicial, dizemos que o sistema executa um
ciclo. Dessa forma, no final de um ciclo, todas as propriedades apresentam os mesmos valores
iniciais. A água que circula numa instalação termoelétrica a vapor executa um ciclo,
Deve ser feita uma distinção entre um ciclo termodinâmico, acima descrito, e um ciclo
mecânico. Um motor de combustão interna de quatro tempos executa um ciclo mecânico a cada
duas rotações. Entretanto, o fluido de trabalho não percorre um ciclo termodinâmico no motor,
uma vez que o ar e o combustível reagem e, transformados em produtos de combustão, são
descarregados na atmosfera. Neste livro, o termo ciclo se referirá a um ciclo térmico
(termodinâmico) a menos que se designe o contrário.
2.5 Unidades de Massa, Comprimento, Tempo e Força
Uma vez que estamos considerando as propriedades termodinâmicas sob o ponto de vista
macroscópico nós só vamos lidar com quantidades que podem ser medidas e contadas direta ou
Alguns Conceitos e Definições 19
Exemplo 2.1
Qual é o peso de um corpo que peresenta massa igual a um quilograma num local onde a
aceleração local da gravidade vale 9,75 m/s? ?
Solução: O peso é a força que atua sobre o corpo. Aplicando a segunda lei de Newton,
F=mg=1x9,75=9,75N
2.6 Energia
Um dos conceitos muito importantes na termodinâmica é o de energia. Este é um conceito
fundamental, como o da massa e da força, e também apresenta dificuldade para ser definido com
precisão. Energia tem sido definida como a capacidade de produzir um efeito. Felizmente, a
palavra “energia” e o seu significado básico nos é familiar, devido ao seu uso corriqueiro, e sua
definição precisa não é essencial neste momento.
É importante notar que energia pode ser acumulada num sistema e que também pode ser
transferida de um sistema para outro (por exemplo, na forma de calor). No estudo da
termodinâmica estatística nós analisamos, do ponto de vista microscópico, os modos em que a
energia pode ser acumulada. Como esta análise é útil no estudo da termodinâmica clássica, nós
apresentaremos uma pequena introdução ao assunto.
Considere como sistema um gás, a uma dada pressão e temperatura, contido num tanque ou
vaso de pressão. Do ponto de vista molecular, nós identificamos três formas de energi:
1. Energia potencial intermolecular, que é associada às forças entre moléculas.
2. Energia cinética molecular, que é associada à velocidade de translação das moléculas.
3. Energia intramolecular (relativa a cada molécula), que é associada com a estrutura
molecular e atômica.
A primeira forma de energia, a potencial intermolecular, depende das forças intermoleculares
e das posições relativas das moléculas a cada instante. É impossível determinar, com precisão, o
valor desta energia porque não conhecemos a configuração e a orientação das moléculas a cada
momento e também o valor exato do potencial intermolecular. Entretanto, existem duas situações
em que podemos realizar boas aproximações. A primeira, relativa a baixos e médios valores de
massa específica, é aquela onde as moléculas apresentam distribuição espaçada e, assim, só as
colisões entre duas ou três moléculas contribuem para a energia potencial. Existem técnicas para a
determinação, com precisão razoável, da energia potencial de sistemas compostos por substâncias
que apresentam moléculas relativamente simples nestas condições. A segunda situação é relativa
aos casos onde a massa específica apresenta valores muito baixos. Nesta situação, a distância entre
as moléculas é tão grande que a energia potencial pode ser admitida como inexistente. Assim,
temos um sistema composto por partículas independentes (um gás perfeito) e, do ponto de vista
microscópico, devemos nos preocupar apenas na determinação da energia cinética molecular e da
intramolecular.
A energia cinética molecular depende apenas das massas e das velocidades das partículas e
pode ser determinada pelas equações da mecânica clássica ou quântica.
Z
Figura 2.4 — Sistema de coordenadas
x para uma molécula diatômica.
20 Fundamentos da Termodinâmica
Vapor dágua
Figura 2.5 — Transferência de calor para a água.
A energia intramolecular é mais difícil de ser avaliada pois, normalmente, é o resultado de
um número bastante grande de interações complexas. Considere um gás monoatômico simples
como o hélio (onde cada molécula é constituída por um átomo de hélio). Cada átomo de hélio
possui energia eletrônica, resultado do momento angular orbital dos elétrons e do momento
angular dos elétrons que rotacionam sobre seus próprios eixos (spin). A energia eletrônica é,
normalmente, muito pequena quando comparada com a energia cinética molecular. Os átomos
também possuem energia nuclear que, exetuando-se os casos onde ocorre reação nuclear, é
constante. Nesta análise não estamos nos preocupando com este tipo de reação. Quando
consideramos moléculas complexas, como as constituídas por dois ou três átomos, outros fatores
devem ser considerados. Adicionalmente a energia eletrônica, as moléculas podem rotacionar em
relação ao eixo que passa sobre o seu centro de massa e deste modo apresentar energia rotacional.
Além disso, os átomos podem vibrar e assim apresentar energia vibracional. Em algumas situações
pode ocorrer o acoplamento entre os modos de vibrar e rotacionar.
Considere a molécula diatômica, como a do oxigênio, esboçada na Fig. 2.4. Além do
movimento de translação da molécula como um corpo rígido, a molécula pode rotacionar em torno
do seu centro de massa em duas direções normais (em torno do eixos x e z pois os efeitos da
rotação em torno do eixo y são desprezíveis) e os dois átomos também podem vibrar, ou seja,
deformar a ligação entre os átomos alinhada com o eixo y. Uma rotação mais alta aumenta a
energia de rotação e uma vibração mais forte resulta num aumento da energia vibracional da
molécula.
As moléculas mais complexas, como as poliatômicas, normalmente apresentam estrutura
tridimensional e apresentam modos de vibração múltiplos. Note que cada um desses modos
contribui para a energia da molécula. Quanto mais complicada é a molécula maior é o número de
graus de liberdade para o armazenamento de energia. O Apen. C, escrito para aqueles que desejam
conhecer mais sobre o comportamento molecular das substâncias, apresenta informações
adicionais sobre os modos de armazenamento de energia nas moléculas e também como esta
energia pode ser estimada.
A Fig. 2.5 mostra um vaso que contém água e que está sendo "aquecido" (a transferência de
calor é para a água). A temperatura do líquido e do vapor aumentará durante este processo e,
eventualmente, todo o líquido se transformará em vapor. Do ponto de vista macroscópico, nós
estamos preocupados somente com a quantidade de calor que está sendo transferida e na mudança
das propriedades (por exemplo: temperatura , pressão e a quantidade de energia que a água contém
em relação a algum referencial) detectadas a cada instante.
Assim, questões como a molécula de água acumula energia não nos interessa. Do ponto de
vista microscópico, nós estamos preocupados em descrever como a energia é acumulada nas
moléculas. Nós poderíamos até estar interessados em desenvolver um modelo de molécula que
pudesse prever a quantidade de energia necessária para alterar a temperatura de um certo valor. A
abordagem utilizada neste livro é a clássica macroscópica e não nos preocuparemos com questões
microscópicas. Mas sempre é bom lembrar que a perspectiva microscópica pode ser útil no
entendimento de alguns conceitos básicos, como o foi no caso da energia.
Alguns Conceitos e Definições 21
2.7 Volume Específico e Massa Específica
O volume específico de uma substância é definido como o volume ocupado pela unidade de
massa e é designado pelo símbolo v. A massa específica de uma substância é definida como a
massa associada à unidade de volume. Desta forma, a massa específica é igual ao inverso do
volume específico. A massa específica é designada pelo símbolo p . Observe que estas dus
propriedades são intensivas.
O volume específico de um sistema num campo gravitacional pode variar de ponto para
ponto. Por exemplo, considerando-se a atmosfera como um sistema, o volume específico aumenta
com a elevação. Dessa forma, a definição de volume específico deve envolver o valor da
propriedade da substância, num ponto, de um sistema.
Consideremos um pequeno volume ôV de um sistema e designemos a massa contida neste ôV
por ôm. O volume específico é definido pela relação
gato
avoov ôm
onde ôV' é o menor volume no qual o sistema pode ser considerado como um meio contínuo. A
Fig. 2.6 enfatiza o significado da definição anterior. Quando o volume escolhido se torna pequeno
(da ordem de ôV'), o número de moléculas presentes fica reduzido. Assim, o significado da média
perde sentido pois as flutuações moleculares levam a bruscas variações do valor médio. A hipótese
básica do meio contínuo é a de associar um ponto a este volume ô V' e deste modo ignorando a
estrutura da matéria e suas flutuações.
Assim, em um dado sistema, podemos falar de volume específico ou massa específica em um
ponto do sistema e reconhecemos que estas propriedades podem variar com a elevação. Entretanto,
a maioria dos sistemas que consideraremos são relativamente pequenos e a mudança no volume
específico com a elevação não é significativa. Nesse caso, podemos falar de um valor do volume
específico ou da massa específica para todo o sistema.
Neste livro, o volume específico e a massa específica serão dados em base mássica ou molar.
Um traço sobre o símbolo (letra minúscula) será usado para designar a propriedade na base molar.
Assim V designará o volume específico molar e p a massa específica molar.
Figura 2.6 — Limite do contínuo
sv” ov para o volume específico.
24 Fundamentos da Termodinâmica
externa seja constante. Esse processo tenderia a aumentar a pressão no gás se o volume do sistema
fosse constante. Entretanto, o pistão se moverá de tal modo que a pressão permanecerá constante e
igual a pressão imposta pela força externa que atua no pistão.
Exemplo 2.3
A Fig. 2.10 mostra um conjunto cilindro — pistão utilizado num sistema hidráulico. O diâmetro do
cilindro (D) é igual a 0,1 m e a massa do conjunto pistão — haste é 25 kg. O diâmetro da haste é
0,01 m e a pressão atmosférica ( po) é 101 kPa. Sabendo que o conjunto cilindro — pistão está em
equilíbrio e que a pressão no fluido hidráulico é 250 kPa, determine o módulo da força que é
exercida, na direção vertical e no sentido descendente, sobre a haste.
ud
haste
» Q
[o
“Figura 2.10 — Esboço para o Exemplo 2.3
Solução: Considerando que o conjunto cilindro — pistão está em equilíbrio estático e que as forças
atuam na direção vertical,
LF,
vert
=ma=0
= Pala P(A rue) Fm, 8
Assim, a força aplicada na haste é
F=Pa ta Poa Arase)= M, 8
As áreas são iguais a:
g=rr=2D op = 785410? m?
q
2
Am=nr="P 2 o0r"=7854x105 mº
Rad 7
e o módulo da força que atua na haste é
r= [(250x10º)7,854x10º —(101x10º) (7,854x105 —7,854x105)]-25x9,81
= 19635-785,3-245,3
= 9329N
p
q na
Manômetro comum
Ap = Pabs1 — Patm
Fam
Manômetro de vácuo
AP = Pam Pabs2
Fans
Barómetro ló a
pressão atmosférica
Figura 2.11 — Ilustração dos termos utilizados
0
em medidas de pressão .
Alguns Conceitos e Definições 25
Fluido
Pp
Figura 2.12 — Exemplo de medição da
pressão com uma coluna de líquido .
A pressão absoluta é utilizada na maioria das análises termodinâmicas. Entretanto, a maioria
dos manômetros de pressão e de vácuo indicam a diferença entre a pressão absoluta e a atmosférica,
diferença esta chamada de pressão manométrica ou efetiva. Isto está mostrado, graficamente, na
Fig. 2.11 e os exemplos a seguir ilustram os princípios envolvidos. As pressões, abaixo da
atmosférica e ligeiramente acima, e as diferenças de pressão (por exemplo, através de um orifício
em um tubo) são medidas frequentemente com um manômetro que utiliza água, mercúrio, álcool
ou óleo como fluido manométrico .
Considere a coluna de fluido com altura L, medida acima do ponto B, mostrada na Fig. 2.12.
A força que atua na base desta coluna é
Pam ltmg= Pam “+ podLg
onde m é a massa de fluido contido na coluna, .d é a área da seção transversal da coluna e pé a
massa específica do fluido na coluna. Esta força deve ser balanceada por outra força vertical e com
sentido para cima que é dada por pp.:/. Deste modo,
Pb” Paim = PLg
Os pontos A e B estão localizados em seções que apresentam mesma elevação. Assim, as pressões
nos pontos À e B são iguais. Se a massa específica do fluido contido no reservatório for pequena
em relação a massa específica do fluido manométrico, temos que a pressão no reservatório é muito
próxima de pa. Nesta condição, a pressão manométrica do fluido contido no reservatório é dada por
Ap=P-Pam=PLg (2.2)
Neste livro, para distinguir a pressão absoluta da pressão efetiva, o termo pascal referir-se-á
sempre à pressão absoluta. A pressão efetiva será indicada apropriadamente.
Exemplo 2.4
Um manômetro de mercúrio é utilizado para medir a pressão no recipiente mostrado na Fig. 2.12.
O mercúrio apresenta massa específica igual a 13590 kg/m? e a diferença entre as alturas das
colunas foi medida e é igual a 0,24 m. Determine a pressão no recipiente.
Solução: O manômetro mede a pressão relativa, ou seja, a diferença entre a pressão no recipiente e
a pressão atmosférica. Deste modo,
AP = Prmnomérico = PL
=13590x0,24x9,81
=31996 Pa = 31,996 kPa
=0,316atm
A pressão absoluta no recipiente é dada por
Pa = Preipiemo = Po = ÁP+ Pim
26 Fundamentos da Termodinâmica
Assim, nós precisamos conhecer o valor da pressão atmosférica, que é medida com um barômetro,
para determinar o valor da pressão absoluta no recipiente. Se admitirmos que a pressão atmosférica
é igual a 750 mm de Hg, a pressão absoluta no recipiente é
= Ap+ Pam =31996+13590x0,750x9,81
=31996+99988 = 131984 Pa = 1,303 atm
Precipiene
Exemplo 2.5
O tanque esférico mostrado na Fig. 2.13 apresenta diâmetro igual a 7,5 m e é utilizado para
armazenar fluidos. Determine a pressão no fundo do tanque considerando que: a) o tanque contém
gasolina líquida a 25 “C e a pressão na superfície livre do líquido é 101 kPa. b) o fluido
armazenado no tanque é o refrigerante R — 134a e a pressão na superfície livre do líquido é 1 MPa.
Figura 2.13 — Tanque do Exemplo 2.5.
Solução: A Tab. A4 do Apêndice fornece os valores das massa específicas dos líquidos.
=750kgim” Pra = 1206kgim”
P gasolina
A diferença de pressão, devida a ação da gravidade, pode ser calculada com a Eg. 2.2. Assim,
' Ap=pgL
A pressão no fundo do tanque é
P=Popt AP
Quando o tanque contém gasolina,
p=101x10*+750x9.81x7,5 = 156181 Pa = 156,2 kPa
Quando o tanque contém o fluido refrigerante R — 134a,
p=1,0x10º +1206x9.81x7,5 = 1,0887x10º Pa = 1089 kPa
Exemplo 2.6
Um conjunto cilindro — pistão, com área de seção transversal igual a 0,01 m?, está conectado, atra-
vés de uma linha hidráulica, a outro conjunto cilindro — pistão que apresenta área da seção trans-
|&
l 11]
Ro
f
F H
par Ray
Figura 2.14 — Esboço para o Exemplo 2.6.
Alguns Conceitos e Definições 29
pontos fixos). Nós não apresentaremos mais detalhes da ITS — 90 neste texto mas é importante
ressaltar que essa escala fornece um modo prático de efetuar medidas que fornecem resultados
coerentes com a escala termodinâmica de temperatura.
Resumo
Neste capítulo nós definimos o sistema e o volume de controle. A diferença entre os sistemas
e os volumes de controle é que pode existir transferência de massa nos volumes de controle. Os
sistemas isolados não interagem com o meio (não ocorrem transferências de massa, quantidade de
movimento e energia). O estado termodinâmico é alterado quando ocorre uma variação de
qualquer propriedade da substância que está sendo analisada. Um processo é detectado quando
ocorre uma variação de estado termodinâmico. Quando um sistema, num dado estado inicial, passa
por um certo número de mudanças de estado, ou processos, e finalmente retorna ao estado inicial,
dizemos que o sistema executa um ciclo.
Nós analisamos as unidades básicas de algumas propriedades termodinâmicas e utilizamos as
tabelas do Apen. A para obter seus valores. As propriedades termodinâmicas apresentadas mais
detalhadamente foram a massa específica p, o volume específico v, a pressão p e a temperatura T.
As propriedades foram classificadas com intensivas e extensivas. As propriedades intensivas
independem da massa (como o volume específico v) e as extensivas são proporcionais a massa
(como o volume total V). Os estudantes devem estar familiarizados com outros conceitos básicos
da física, como por exemplo: o de força, F, de velocidade, V, e de aceleração a. O cálculo da
variação de pressão nas colunas de fluido foi realizado com a aplicação da segunda lei de Newton.
Esta avaliação é fundamental para compreender a medição de pressões absolutas e relativas com
barômetros e manômetros. Nós também apresentamos, neste capítulo, as escalas de temperatura
normais e absolutas.
Após estudar o material deste capítulo você deve ser capaz de:
e Fazer um esquema para iniciar o análise do processo que você deseja estudar, identificar se
existem fluxos de massa na fronteira escolhida e definir se a situação deve ser analisada
com um sistema ou um volume de controle.
e Conhecer o significado físico das propriedades p, T, v e p e suas unidades básicas.
e Saber utilizar a tabela de conversão de unidades que está disponível no Apen. A.
e Saber que a energia é acumulada, a nível molecular, em diversos modos.
e Saber que a energia pode ser transferida.
* Reconhecer a diferença entre as propriedades intensivas (v e p) e as extensivas (V e m).
e Aplicar um balanço de forças num sistema e relaciona-lo a pressão.
e Identificar a diferença entre os significados das pressões relativas e das absolutas.
e Entender o funcionamento dos manômetros e barômetros e calcular as variações de pressão,
Ap, e as pressões absolutas, p.
e Conhecer a diferença entre as escalas de temperatura (normal e absoluta).
* Conhecer as ordens de grandeza das propriedades abordadas (v, p, pe T).
Nós realizaremos, ao longo do texto, um aprofundamento dos conceitos abordados neste
capítulo. Por exemplo, as propriedades termodinâmicas serão reanalisadas no Cap. 3, a
transferência de energia, nas formas de trabalho e calor, será discutida no Cap. 4 e a energia
interna será novamente abordada Cap. 5.
Conceitos e Equações Principais
Sistema É definido como uma quantidade de matéria, com massa e
identidade fixas, sobre a qual nossa atenção é dirigida.
Volume de Controle Região sobre a qual nossa atenção é dirigida.
30 Fundamentos da Termodinâmica
Definição da pressão
Volume específico
Massa específica
v=Vim
p=miV
p=F/d (limite matemático para 4 infinitesimal)
(Tabs. A.3, A4,e A.5)
Variação de pressão estática
Ap=pg L(Lé a altura da coluna de fluido, g é uma aceleração
e p éamassa específica do fluido)
Temperatura absoluta
Unidades
Conceitos da Física
Segunda lei de Newton
Aceleração
Velocidade
PROBLEMAS
PROBLEMAS CONCEITUAIS E
DE ESTUDO DIRIGIDO
2.1 Englobe a turbina da central termoelétrica
mostrada na Fig. 1.1 com um volume de controle e
faça uma lista com os fluxos de massa e energia
detectados na fronteira do seu volume de controle.
2.2 Englobe a central de potência mostrada na
Fig. 1.2 com um volume de controle e faça uma
lista com os fluxos de massa e energia detectados
na fronteira do volume de controle escolhido. A
utilização da Fig. 1.1 facilita a identificação destes
fluxos, Existe acumulação de energia no volume de
controle? Tenha cuidado ao identificar o que está
dentro e o que está fora do volume de controle.
23 Englobe o circuito de vapor principal da
intalação de propulsão nuclear mostrada na Fig. 1.3
com um volume de controle. Identifique os
escoamentos e os fluxos de energia que cruzam a
fronteira do volume de controle.
2.4 Faça um esboço da sua geladeira e indique
onde estão localizados os componentes mostrados
na Fig. 1.6. Englobe a geladeira com um volume de
controle e identifique os fluxos de massa e energia
que cruzam a fronteira do volume de controle.
2.5 Um aquecedor elétrico de imersão é colocado
num copo d'água e a aquece de 20 *C a 80 C.
Identifique os fluxos de energia e a acumulação de
energia detectados no processo.
2.6 Considere a lista formada por: p, F, V, v, Pp, T,
a, m, L, te V. Separe os componentes da lista em
E
K=ºC+273,15
Tab. A.1 do Apêndice
ma
ndix
da” dt
dx
dt
três grupos. O primeiro deve ser formado pelas
propriedades intensivas, o segundo pelas proprieda-
des extensivas e o terceiro grupo formado pelos
componentes que não são propriedades.
2.7 Um elevador transporta quatro pessoas, massa
total igual a 300 kg, numa ascensão de 25 m.
Explique qual é a transferência e a acumulação de
energia no processo.
2.8 A água pode ser encontrada em fases diferentes
= sólida, líquida e vapor — na natureza. Indique a
ordem de grandeza da massa específica e do volume
específico da água nas três fases.
2.9 A massa específica é o única medida de como a
massa é distribuída num volume?. O valor da
massa específica pode variar de um ponto para
outro do volume considerado? Se a variação pode
ocorrer, indique a escala (distância) que descreve a
importância da variação.
2.10 A massa específica das fibras, dos isolamentos
térmicos, das espumas isolantes e do algodão é
pequena, Porque isto ocorre?
2.11 Um recipiente apresenta volume interno igual
a um litro. Qual é a massa de mercúrio que o reci-
piente pode conter? Qual é à massa de ar, nas
condições atmosféricas, que este recipiente pode
conter?
2.12 Você consegue carregar 1 m” de água líquida?
2.13 Um manômetro indica que a diferença de
pressão num escoamento é igual a 1 m de coluna de
mercúrio. Determine o valor de Ap em kPa.
2.14 Qual é 0 valor da pressão absoluta num plano
localizado a 5 m da superfície livre do oceano?
2.15 Qual é a diferença entre as pressões nos
planos inferior e superior de uma coluna de ar, na
condição atmosférica, com 10 m de altura?
2.16 A pressão no fundo de uma piscina é bem
distribuída. Suponha que uma placa de ferro fundi-
do, com massa de 7272 kg e área igual a 100 mº,
está apoiada no chão. Qual é a pressão média
exercida pela placa no chão. A distribuição de
pressão no solo é bem distribuída?
2.17 A depressão na sala de um laboratório é igual
a 0,1 kPa. Determine o módulo da força líquida que
atua na porta desta sala. Admita que a altura e a lar-
gura da porta são, respectivamente, iguaisa 2e | m.
2.18 Um tornado arrancou o teto horizontal de um
galpão. A área e o peso do teto são, respectiva-
mente, iguais a 100 m? e 1000 kg. Qual é a pressão
mínima necessária (vácuo) para que isto ocorra?
Admita que o teto estava simplesmente apoiado.
2.19 Qual é o valor da temperatura absoluta (em
Kelvin) equivalente a -5 ºC?
2.20 Qual é a temperatura mínima que você pode
detectar em sua casa? Forneça seu resultado em
graus Celsius e em Kelvin.
2.21 A massa específica da água líquida pode ser
aproximada por p = 1008 — 7/2 [kg/m | onde T é
a temperatura em “C. Determine o crescimento de
uma lâmina d'água, que originalmente apresenta
espessura igual a 1 m, se a temperatura da água
aumentar 10 ºC.
2.22 Converta à equação para a massa específica da
água apresentada no Prob. 2.21 para que ela opere
com a temperatura expressa em Kelvin.
PROBLEMAS
Propriedades e Unidades
2.23 Um cilindro de aço, com massa igual a 2 kg,
contém 4 litros de água líquida a 25 “C e 200 kPa.
Determine a massa total e o volume do sistema.
Faça uma lista que apresente duas propriedades
extensivas e três propriedades intensivas da água
no estado fornecido.
2.24 Uma maça apresenta massa e volume iguais a
80 ge 100 cm! quando está num refrigerador a 8 “C.
Qual é a massa específica da maça? Faça uma lista
que apresente duas propriedades extensivas e três
propriedades intensivas da maça no estado
fornecido.
225 Um kef é o peso de um kg no campo
gravitacional padrão. Qual é o equivalente de 1 kgf
emN?
Alguns Conceitos e Definições 31
2.26 Um cilindro de aço, que inicialmente está
evacuado, é carregado com 5 kg de oxigênio e 7 kg
de nitrogênio. Determine, nesta condição, o número
de kmoles contidos no cilindro.
Força e Energia
2.27 A aceleração "normal" da gravidade (ao nível
do mar e a 45º de latitude) é 9,80665 m/s”. Qual é a
força necessária para manter imobilizada uma
massa de 2 kg neste campo gravitacional? Calcule
a massa de outro corpo, localizado neste local,
sabendo que é necessária uma força de 1 N para
que o corpo permaneça em equilíbrio.
2.28 Um corpo com massa de 12 kg está sujeito ao
campo gravitacional padrão e a uma força de 125 N.
Determine a aceleração do corpo sabendo que a
força atua na direção vertical e que apresenta
sentido contrário ao da força gravitacional.
2.29 Um modelo de automóvel é solto num plano
inclinado. A força na direção do movimento
apresenta módulo igual a um terço daquele da força
gravitacional padrão (veja o Prob. 2.27). Determine
a aceleração no modelo sabendo que sua massa é
igual a 0,45 kg.
2.30 A variação da aceleração da gravidade, g, com
a altura, z, pode ser aproximada por g = 9,807 —
3,32 x 10º z, onde a altura está em metros e à
aceleração em m/s. Determine a variação
percentual do valor da aceleração da gravidade que
ocorre entre a altura nula e a altura de 11 000 m.
2.31 Um automóvel se desloca a 60 km/h. Suponha
que ele seja imobilizado em 5 s através de uma
desaceleração constante. Sabendo que a massa do
conjunto automóvel — motorista é 1075 kg, determi-
ne o módulo da força necessária para imobilizar o
conjunto.
2.32 Um automóvel com massa igual a 1775 kg se
move com velocidade de 100 km/h. Determine,
nesta condição, a energia cinética do automóvel.
Qual é a altura que o automóvel deve ser levantado
para que sua energia potencial se torne igual a
cinética determinada na primeira parte do problema?
Admita que o valor da aceleração da gravidade é
constante e igual ao padrão.
2.33 Um automóvel com massa de 1200 kg se des-
loca a 20 km/h. Sabendo que ele é acelerado até
75 km/h, através com uma aceleração constante e
igual a 4 m/s), determine a força e o tempo
necessário para a ocorrência deste movimento.
2.34 Uma placa de aço, com massa de 950 kg,
inicialmente está imóvel. Sabendo que a placa é
acelerada com 3,0 m/s” durante 10 s, determine à
velocidade final da placa e a força necessária para à
ocorrência de tal movimento?
34 Fundamentos da Termodinâmica
2.64 A pressão interna num submarino é 101 kPa e
este navega a 240 m abaixo da superfície livre do
oceano. Admitindo que a massa específica média da
água do mar é igual a 1030 kg/m”, determine a
diferença entre as pressões que atuam nas
superfícies externa e interna do casco do submarino.
2.65 A altura da coluna de mercário num barômetro
é 725 mm. A temperatura é tal que a massa
específica do mercúrio vale 13550 kg/m". Calcule a
pressão no ambiente.
2.66 O medidor de pressão absoluta acoplado a um
tanque indica que a pressão no gás contido no
tanque é 135 kPa. Nós gostaríamos de utilizar um
manômeiro em U e água líquida como fluido
manométrico para medir a pressão relativa no gás.
Considerando que a pressão atmosférica seja igual a
101 kPa, determine a diferença entre as alturas das
colunas de água no manômetro.
2.67 Um manômetro contém um fluido com massa
específica de 900 kg/m”. Qual será a diferença de
pressão indicada se a diferença entre as alturas das
duas colunas for 200 mm? Qual será a diferença
entre as alturas das colunas se a mesma diferença de
pressão for medida com um manômetro que contém
mercúrio (p = 13600 kg/m”)?
2.68 Um submarino de pesquisa deve submergir até
a profundidade de 4000, m. Admitindo que a massa
específica da água do mar é constante e igual a
1020 kg/m”, determine a pressão que atua na
superfície externa do casco do submarino na profun-
didade máxima de mergulho.
2.69 Um barômetro que apresenta imprecisão de
medida igual a 1 mbar (0,001 bar) foi utilizado para
medir a pressão atmosférica no nível do chão e na
cobertura de um edifício alto. Determine a incerteza
no valor da altura do prédio calculada a partir dos
valores das pressões atmosféricas medidas.
2.70 A diferença de altura das colunas de água (p =
1000 kg/m?) num manômetro em U é igual a 0,25 m.
Qual é a pressão relativa? Se o ramo direito do
manômetro for inclinado do modo indicado na Fig.
P 2.70 (o ângulo entre o ramo direito e a horizontal
é 30º) e supondo a mesma diferença de pressão, qual
será o novo comprimento da coluna?
Figura P2.70
2.71 A altura da coluna de mercúrio num barômetro
é 760 mm quando está posicionado junto ao chão e
735 mm quando o equipamento está instalado na
cobertura de um edifício. Determine a altura do
edifício admitindo que a massa específica do ar é
constante e igual a 1,15 kg/m”.
2.72 Um dispositivo experimental (Fig. P2.72) está
localizado num local onde a temperatura vale 5ºC e
g = 9,5 m/s. O fluxo de ar neste dispositivo é
medido, determinando-se a perda de pressão no
escoamento através de um orifício, por meio de um
manômetro de mercúrio (veja o Problema 2.77).
Determine o valor da queda de pressão em kPa
quando a diferença de nível no manômetro for igual
a 200 mm.
Figura P2.72
2.73 A Fig. P2.73 mostra dois conjuntos cilindro —
pistão conectados por uma tubulação. Os conjuntos
A e B contém um gás e as áreas das seções trans-
versais são respectivamente iguais a 75 e 25 cm?. A
massa do pistão do conjunto A é igual a 25 kg, a
pressão ambiente é 100kPa e o valor da aceleração
da gravidade é o normal. Calcule, nestas condições,
a massa do pistão do conjunto B de modo que
nenhum dos pistões fique apoiado nas superfícies
inferiores dos cilindros.
Figura P2.73
2.74 Reconsidere o arranjo analisado no Prob. 2.73.
Admita que as massas dos pistões são desprezíveis e
que uma força pontual de 250 N empurra o pistão A
para baixo. Nestas condições, determine o valor da
força que deve atuar no pistão B para que não se
detecte qualquer movimento no arranjo.
2.75 Um manômetro está instalado numa tubulação
de transporte de óleo leve do modo indicado na Fig.
P2.75. Considerando os valores indicados na figura,
determine a pressão absoluta no escoamento de óleo.
Figura P2.75
2.76 O conjunto formado pelos cilindros e tubulação
com válvula mostrado na Fig. P2.76 contém água
(p = 1000 kg/m?). As áreas das seções transversais
dos cilindros A e B são respectivamente iguais a 0,1
e 0,25 mê. A massa d'água no cilindro A é 100 kg
enquanto a de B é 500 kg. Admitindo que h seja
igual a Im, calcule a pressão no fluido em cada
seção da válvula. Se abrirmos a válvula e esperar-
mos o equilíbrio, qual será a pressão na válvula?
Figura P2.76
Temperatura
2.77 Uma coluna de mercúrio é usada para medir
uma diferença de pressão de 100 kPa num aparelho
colocado ao ar livre, Nesse local, a temperatura
mínima no inverno é —15ºC e a máxima no verão é
35ºC, Qual será a diferença entre a altura da coluna
de mercúrio no verão e àquela referente ao inverno,
quando estiver sendo medida a diferença de pressão
indicada. Admita aceleração da gravidade “normal”
e que a massa específica do mercúrio varia com a
temperatura de acordo com
Pus= 13595 -2,5T (kg/m)
com TemºC€.
2.78 Os termômetros de mercúrio indicam a tempera-
tura pela medida da expansão volumétrica de uma
ixa de mercúrio líquido. A expansão volu-
métrica é devida a variação da massa específica do
mercúrio com a temperatura (veja o Prob. 2.77).
Determine a variação percentual do volume ocupado
pelo mercúrio quando a temperatura varia de 10 ºC
para 20 ºC.
Alguns Conceitos e Definições 35
2.79 Elabore uma equação para a conversão de
temperaturas em “F para ºC. Utilize como base as
temperaturas dos pontos de solidificação e de
vaporização da água. Faça 6 mesmo para as escalas
Rankine e Kelvin.
2.80 A temperatura do ar na atmosfera cai com o
aumento da altitude. Uma equação que fornece o
valor local médio da temperatura absoluta do ar na
atmosfera é Ty = 288 — 6,5 x 10? z, onde z é à
altitude em metros. Qual é a temperatura média do
ar num ponto localizado numa altitude de 12 000 m
Forneça seu resultado em graus Celsius e em Kelvin.
PROBLEMAS PARA REVISÃO
2.81 Repita o Prob. 2.72 supondo que o fluido que
escoa no dispositivo é água (p = 1000 kg/m).
Observe que você não pode desprezar os efeitos das
duas colunas desiguais de água.
2.82 Considere uma tubulação vertical para a
distribuição de água num prédio alto. A pressão da
água num ponto situado a 5 m abaixo do nível da
rua é 600 kPa, Determine qual deve ser o aumento
de pressão promovido pela bomba hidráulica
acoplada a tubulação para garantir que a pressão
num ponto situado a 150 m acima do nível da rua
seja igual a 200 kPa.
2.83 O diâmetro do pistão mostrado na Fig. P2.83 é
100 mm e sua massa é 5 kg. A mola é linear e não
atua sobre o pistão enquanto este estiver encostado
na superfície inferior do cilindro. No estado
mostrado na figura, o volume da câmara é 0,4L e a
pressão é 400 kPa. Quando a válvula de alimentação
de ar é aberta, o pistão sobe 20 mm. Admitindo que
a pressão atmosférica é igual a 100 kPa, calcule a
pressão no ar nesta nova situação.
Linha de ar
Figura P2.83
2.84 O reservatório d'água de uma cidade é pres-
surizado com ar à 125 kPa e está mostrado na Fig.
P2.84. A superfície livre do líquido está situada a
35 m do nível do solo. Admitindo que a massa
específica da água é igual a 1000 kg/m” e que o
valor da aceleração da gravidade é o normal, calcule
a pressão mínima necessária para o abastecimento
do reservatório.
36 Fundamentos da Termodinâmica
Figura P2.84
2.85 A Fig. P2.85 mostra um pistão especial montado
entre as câmaras A e B. A câmara B contém um gás,
enquanto que a A contém óleo hidráulico a 500 kPa.
Sabendo que a massa do pistão é 25 kg, calcule a
pressão do gás no cilindro B.
B
s
P,= 100kPa
Dy= 100mm
A
es Figura P2.85
2.86 A profundidade do lago esboçado na Fig. P2.86
é igual a 6 m e a comporta vertical apresenta altura e
largura respectivamente iguais a 6 m e 5 m. Deter-
mine os módulos das forças horizontais que atuam
nas superfícies verticais externas da comporta.
Lago
leiga: RE
/ uia CAS
Corte lateral Vista superior
Figura P2.86
PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E
APLICAÇÃO DE COMPUTADORES
2.87 Escreva um programa de computador que faça
uma tabela de correspondência entre C, “F,K CR,
na faixa de —50ºC a 100º, utilizando um intervalo
de 10ºC.
2.88 Escreva um programa de computador que
transforma o valor da pressão, tanto em kPa como
em atm ou Ibf/inê, em kPa, atm, bar e Ibffin?.
2.89 Escreva um programa de computador para à
correção da medida de pressão num barômetro de
mercúrio (Veja Problema 2.62). Os dados de entrada
são a altura da coluna e a temperatura do ambiente e
as saídas são a pressão e a leitura corrigida a 20ºC.
2.90 Faça uma relação dos métodos utilizados,
direta ou indiretamente, para medir a massa dos
corpos. Investigue as faixas de utilização e as
precisões que podem ser obtidas nas medições.
2.91 O funcionamento dos termômetros é baseado
em vários fenômenos. A expansão de um líquido
com o aumento de temperatura é utilizado em muitas
aplicações. As resistências elétricas, termistores e
termopares io usualmente utilizados como
transdutores, principalmente nas aplicações remotas
Investigue os tipos de termômetros existentes e faça
uma relação de suas faixas de utilização, precisões,
vantagens e desvantagem operacionais
2.92 Deseja-se medir temperaturas na faixa de O a
200 ºC. Escolha um termômetro de resistência, um
termistor e um termopar adequados para esta faixa.
Faça uma tabela que contenha as precisões e
respostas unitárias dos transdutores (variação do
sinal de saída por alteração unitária da medida). É
necessário realizar alguma calibração ou correção na
utilização destes transdutores?
2.93 Um termistor é utilizado como transdutor de
temperatura. Sua resistência varia, aproximada-
mente, com a temperatura do seguinte modo:
R=Rexplo(t/T 1/7)
onde R, é a resistência a 7.
Admitindo que R,= 3000 Q e T, = 298 K, determi-
ne « de modo que a resistência seja igual a 200 9
quando a temperatura for igual a 100ºC. Escreva um
programa de computador que fomeça o valor da
temperatura em função da resistência do termistor.
Obtenha a curva característica de um termistor
comercial e a compare com o comportamento do
termistor referente a este problema.
2.94 Pesquise quais são os transdutores adequados
para medir a temperatura numa chama que apresenta
temperatura próxima a 1000 K. Existe algum
transdutor disponível para medir temperaturas
próximas a 2000 K?
2.95 Existem vários tipos de dispositivos dedicados
a medir pressões absolutas e relativas. Faça uma
relação com 5 tipos destes dispositivos, aplicáveis a
situações onde a pressão diferencial é da ordem de
100 kPa, mostrando os erros intrínsecos de medida,
os tipos de resposta (linear ou não) e os custos.
2.96 Um micromanômetro utiliza um fluido com
massa específica 1000 kg/m? e é capaz de medir
uma diferença de altura com uma precisão de +0,5
mm. Sabendo que a diferença máxima de altura que
pode ser medida é 0,5 m, pesquise se existe um
outro medidor de pressão diferencial disponível que
possa substituir este micromanômetro.
2.97 Uma experiência envolve as medições de
temperatura e pressão num gás que escoa numa
tubulação a aproximadamente 300ºC e 250 kPa.
Escreva um relatório que contenha sua proposta
para os transdutores de temperatura e pressão
adequados à esta aplicação, indicando duas alter-
nativas para cada tipo de transdutor, a resolução de
cada um deles e os custos envolvidos na aquisição
dos transdutores.
Propriedades de uma Substância Pura 39
Pressão
Figura 3.2 — Curva de pressão de vapor
Temperatura para uma substância pura.
O termo temperatura de saturação designa a temperatura na qual ocorre a vaporização a uma
dada pressão, e esta pressão é chamada de pressão de saturação para a dada temperatura. Assim, a
pressão de saturação da água a 99,6 “C é 0,1 MPa e a temperatura de saturação da água a 0,1 MPa
é 99,6 ºC. Para uma substância pura há uma relação definida entre a pressão de saturação e a
temperatura de saturação. A Fig. 3.2 mostra uma curva típica e que é chamada de curva de pressão
de vapor.
Se uma substância existe como líquido a temperatura e pressão de saturação, ela é chamada
de líquido saturado. Se a temperatura do líquido é mais baixa do que a temperatura de saturação
para a pressão existente, a substância é chamada de líquido sub-resfriado (significando que a
temperatura é mais baixa do que a temperatura de saturação para a dada pressão) ou líquido
comprimido (significando que a pressão é maior do que àquela de saturação para a dada
temperatura). Ambos os termos podem ser utilizados, mas o último será adotado neste texto.
Quando uma substância é composta por uma parcela na fase líquida e outra na fase vapor, na
temperatura de saturação, seu título é definido como a razão entre a massa de vapor e a massa
total. Assim, na Fig. 3.1b, se a massa do vapor for 0,2 kg , a massa do líquido será igual a 0,8 kg e
o título será 0,2 ou 20%. O título pode ser considerado como uma propriedade intensiva e seu
símbolo é x. O título tem significado somente quando a substância está num estado saturado, isto é,
na pressão e temperatura de saturação.
Se uma substância existe como vapor na temperatura de saturação, ela é chamada de vapor
saturado (as vezes, o termo vapor saturado seco é usado para enfatizar que o título é 100%).
Quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura de saturação, é chamado de vapor
superaguecido. A pressão e temperatura do vapor superaquecido são propriedades independentes,
pois a temperatura pode aumentar enquanto a pressão permanece constante. Na verdade, as
substâncias que chamamos de gases são vapores altamente superaquecidos.
Temperatura
[*= Linha de líquido saturado
Linha de vapor saturado
Volume
Figura 3.3 — Diagrama temperatura - volume para a água mostrando as fases líquida e vapor.
40 Fundamentos da Termodinâmica
Tabela 3.1 - Alguns dados no ponto crítico
Temperatura Pressão crítica, Volume crítico,
crítica, ºC MPa m'/kg
Água 374,14 22,09 0,003155
Dióxido de carbono 31,05 7,39 0,002143
Oxigênio -118,35 5,08 0,002438
Hidrogênio -239,85 1,30 0,032192
Consideremos novamente a Fig. 3.1 e tracemos a linha de pressão constante no diagrama
temperatura - volume da Fig. 3.3. Essa linha representa os estados através dos quais a água passa
quando é aquecida a partir do estado inicial de 0,1 MPa e 20 “C. O ponto A representa o estado
inicial, B o estado de líquido saturado (99,6 ºC) e a linha AB o processo no qual o líquido é
aquecido desde a temperatura inicial até a de saturação. O ponto C é referente ao estado de vapor
saturado e a linha BC representa o processo, a temperatura constante, no qual ocorre a mudança da
fase líquida para a fase vapor. A linha CD representa o processo no qual o vapor é superaquecido a
pressão constante. À temperatura e O volume aumentam durante esse último processo.
Façamos, agora, O processo ocorrer a pressão constante de 1 MPa e com temperatura do
estado inicial igual 20 *C. O ponto E representa o estado inicial, com o volume específico
ligeiramente menor do que aquele referente ao estado definido por 0,1 MPa e 20 ºC. Neste caso, a
vaporização inicia a temperatura de 179,9 *C (ponto F). O ponto G representa o estado do vapor
saturado e a linha GH o processo, a pressão constante, no qual o vapor é superaquecido.
O mesmo processo anterior, para uma pressão constante de 10 MPa, é representado pela linha
JJKL. Neste processo, a temperatura de saturação é igual a SELIC,
Se a pressão do mesmo processo for alterada para 22,09 MPa, representado pela linha MNO,
verificamos, entretanto, que não há um processo de vaporização a temperatura constante. N é um
ponto de inflexão com inclinação nula e é chamado de ponto crítico. Neste ponto, os estados
líquido saturado e vapor saturado são idênticos. A temperatura, pressão e volume específico do
ponto crítico são chamados temperatura crítica, pressão crítica e volume crítico. A Tab. 3.1 indica
as propriedades no ponto crítico de algumas substâncias e a Tab. A.2 do Apêndice apresenta um
conjunto mais extenso de propriedades críticas.
Um processo a pressão constante, numa pressão maior do que a crítica, é representado pela
linha PQ. Se a água a 40 MPa e 20 *C for aquecida num processo a pressão constante, dentro de
um cilindro como o da Fig. 3.1, nunca haverá duas fases presentes e o estado mostrado na Fig.
3.1b nunca existirá. Haverá uma variação contínua da massa específica e haverá sempre uma só
fase presente. A questão que surge é: quando teremos líquido e quando teremos vapor? À resposta
é que essa não é uma questão válida para pressões super-críticas. Usaremos, nesse caso, simples-
mente a designação de fluido. Entretanto, convencionalmente, para temperaturas inferiores à
crítica usualmente referimo-nos ao fluido como líquido comprimido e para temperaturas acima da
Ponto crítico Vap,
Figura 3.4 — Diagrama 7-v
para a região bifásica líquido -
vapor,
Propriedades de uma Substância Pura 41
crítica como vapor superaquecido. Deve ser enfatizado, no entanto, que, para pressões acima da
crítica, nunca teremos a fase líquida coexistindo, em equilíbrio, com a fase vapor. A linha NJFB da
Fig. 3.3 representa a linha do líquido saturado e a NKGC a linha do vapor saturado.
Os índices inferiores ! e v são utilizados para designar os estados de liquido saturado e de
vapor saturado. Um estado saturado é caracterizado por uma mistura de líquido saturado e vapor
saturado em equilíbrio. A Fig. 3.1b ilustra um estado saturado que pode ser representado
graficamente do modo indicado na Fig. 3.4 (diagrama 7 — v). Neste estado, todo o líquido contido
no conjunto cilindro — pistão está no estado ! (volume específico v; ) e todo o vapor presente no
conjunto está no estado v (volume específico v, ). Considerando a água como sistema, o volume
total é igual a soma do volume de líquido saturado com o volume de vapor saturado, ou seja,
V = Vig + Voa Mia É Map Vi
O volume específico médio, ou o volume específico do sistema, é dado por
m m
ape ed (3.1)
mm m
onde foi utilizada a definição de título, ou seja, x = map /m.
Utilizando a definição
Vo = Vi
nós podemos reescrever a Eq. 3.1 da seguinte forma:
vEvi+ av (3.2)
O título pode ser interpretado como a fração (v — v;) / vy, ou seja, a distância entre o estado da
mistura e o estado de líquido saturado correspondente dividida pela distância entre os estados de
vapor saturado e o líquido saturado correspondentes (veja a Fig. 3.4).
Consideremos uma outra experiência com o conjunto cilindro - pistão. Suponhamos que o
cilindro contenha 1 kg de gelo à —20 ºC e 100 kPa. Quando calor é transferido ao gelo, a pressão
permanece constante, o volume específico aumenta ligeiramente e a temperatura cresce até atingir
0ºC, ponto no qual o gelo funde enquanto a temperatura permanece constante. Nesse estado o gelo
é denominado sólido saturado. O volume específico da maioria das substâncias cresce durante o
processo de fusão mas a água é uma exceção. O volume específico da água líquida é menor do que
o volume específico da água sólida. Quando todo o gelo tiver fundido, qualquer transferência de
calor adicional provoca um aumento na temperatura do líquido.
Se a pressão inicial do gelo a —20 ºC for 0,260 kPa, uma transferência de calor ao gelo resulta
primeiramente num aumento da temperatura até —10 ºC, Neste ponto, entretanto, o gelo passa
diretamente da fase sólida para a de vapor, num processo conhecido como sublimação. Qualquer
transferência de calor adicional implica no superaquecimento do vapor.
Tabela 3.2 - Dados de alguns pontos triplos (sólido — líquido - vapor)
Temperatura, “C Pressão, kPa
Hidrogênio (normal) =259 7,194
Oxigênio =219 0,15
Nitrogênio -210 12,53
Mercúrio 39: 0,000 000 13
Água 0,01 0,611 3
Zinco 419 5,066
Prata 961 0,01
Cobre 1083 0,000 079
44 Fundamentos da Termodinâmica
A Fig. 3.6 mostra o diagrama das três fases do dióxido de carbono. Observe que o valor da
pressão no ponto triplo apresentado na figura é maior do que aquele da pressão atmosférica normal.
Devido a esta singularidade, nós podemos observar a sublimação do dióxido de carbono em
ambientes onde a pressão é próxima de 100 kPa. Este é o motivo para que o dióxido carbono
sólido seja chamado de gelo seco pois não existe presença de fase líquida no processo de
sublimação. A observação da Fig. 3.6 também revela que a mudança de fase a 100 kPa ocorre
numa temperatura inferior a 200 K.
Devemos também frisar que uma substância pura pode existir em diferentes fases sólidas. A
mudança de uma fase sólida para outra é chamada transformação alotrópica. A Fig. 3.7 mostra um
diagrama pressão - temperatura para a água onde estão indicadas as diferentes fases sólidas. É
evidente que uma substância pura pode apresentar diversos pontos triplos, mas somente um envol-
vendo sólido, líquido e vapor em equilíbrio. Outros pontos triplos para uma substância pura podem
envolver duas fases sólidas e uma líquida, duas fases sólidas e uma vapor, ou três fases sólidas.
3.3 Propriedades Independentes de uma Substância Pura
Um motivo importante para a introdução do conceito de substância pura é que o estado de
uma substância pura simples compressível (isto é, uma substância pura na ausência de movimento,
ação da gravidade e efeitos de superfície, magnéticos ou elétricos) é definido por duas proprieda-
des independentes. Isso significa que, se por exemplo, o volume específico e a temperatura do
vapor superaquecido forem especificados, o estado do vapor estará determinado.
Para entender o significado do termo propriedade independente, considere os estados de
líquido saturado e vapor saturado de uma substância pura. Esses dois estados apresentam a mesma
pressão e mesma temperatura, mas são definitivamente diferentes. Assim, no estado de saturação,
a pressão e a temperatura não são propriedades independentes.
Duas propriedades independentes, tais como pressão e volume específico, ou pressão e título,
são requeridas para especificar um estado de saturação numa substância pura.
O motivo pelo qual foi dito anteriormente que uma mistura de gases, como o ar, apresenta as
mesmas características de uma substância pura, desde que haja apenas uma fase presente, tem sua
explicação precisamente neste ponto. O estado do ar, que é uma mistura de gases de composição
definida, é determinado pela especificação de duas propriedades, desde que permaneça na fase
vapor. Por este motivo, o ar pode ser tratado como uma substância pura.
3.4 Tabelas de Propriedades Termodinâmicas
Existem tabelas de propriedades termodinâmicas para muitas substâncias e, em geral, todas
elas são apresentadas da mesma forma. Nesta seção vamos nos referir às tabelas de vapor d'água.
Estas foram selecionadas como veículo para apresentação das tabelas termodinâmicas porque o
vapor d'água é largamente empregado em instalações geradoras e processos industriais. Uma vez
entendidas as tabelas de vapor, as outras tabelas termodinâmicas podem ser usadas imediatamente.
Várias tabelas de vapor d' água foram desenvolvidas ao longo do tempo. As tabelas
apresentadas no Apen. B (Tab. B.1) não é completa e foi construída com curvas que foram
ajustadas sobre dados experimentais da água. Os resultados desta tabela são similares aos das
“Tabelas de Vapor" de Keenan, Keyes, Hill e Moore, publicadas em 1969 e 1978 (revisão das
“Tabelas de Vapor" elaboradas por Keenan e Keyes em 1936). Nós concentraremos a atenção
sobre as três propriedades já discutidas no Cap. 2 (T, p e v), mas note que existem outras três (u, h
es) que serão apresentadas mais tarde. O conjunto de tabelas de vapor do Apen. B e a Fig. 3.8
mostram que o conjunto é formado por cinco tabelas distintas. A região de vapor superaquecido na
Fig. 3.5 é descrita na Tab. B.1.3 e a do líquido comprimido pela Tab. B.1.4. O Apêndice não
contém uma tabela referente à região de sólido comprimido. As regiões do líquido saturado e do
vapor saturado, como podem ser vistas no diagrama T — v (Fig. 3.3 e a linha de vaporização na Fig.
3.5), foram representadas de dois modos: A Tab. B.1.1 foi montada com valores crescentes de T e
a Tab. B.1.2 foi montada com valores crescentes de p. Lembre que T e p são propriedades
dependentes na regiões bifásicas. De modo análogo, a região de saturação sólido-vapor é
representada, utilizando a ordem crescente de T, pela Tab. B.1.5, mas o Apêndice não contém uma
tabela referente à região de saturação do-líquido (ver Fig. 3.5).
Propriedades de uma Substância Pura 45
Sem Tabela
Sem Tabela
Figura 3.8 — Regiões das tabelas de vapor.
Na Tabela B.1.1, a primeira coluna, após a da temperatura, fornece a pressão de saturação
correspondente em quilopascal ou megapascal. As duas colunas seguintes fornecem o volume
específico em metro cúbico por quilograma. A primeira delas indica o volume específico do
líquido saturado, v,, e a segunda coluna fornece o volume específico do vapor saturado, v, . A
diferença entre estas duas quantidades, v, — v,, representa o aumento do volume específico quando
o estado passa de líquido saturado para o de vapor saturado, e é designada por v, . Na Tabela
B.1.2, a primeira coluna, após a da pressão, fornece a temperatura de saturação para cada pressão.
As colunas seguintes fornecem o volume específico de maneira análoga a da Tab. B.1.1. Quando
necessário, v, pode ser imediatamente determinado, subtraindo-se v, de v,.
Como exemplo, calculemos o volume específico da mistura vapor e líquido, de água, a 200ºC
e que apresenta título igual a 70%. Utilizando a Eq. 3.1,
v = 0,3(0,001156) + 0,7 (0,12736)
v = 0,0895 mi/kg
A Tabela B.1.3 do Apêndice, apresenta as propriedades do vapor superaquecido. A pressão e
a temperatura são propriedades independentes na região do vapor superaquecido e, portanto, para
cada pressão é fornecido um grande número de temperaturas, e para cada temperatura são
tabeladas quatro propriedades termodinâmicas, das quais a primeira é o volume específico. Assim,
o volume específico do vapor a pressão de 0,5 MPa e 200 ºC é 0,4249 m'/kg.
A Tab. B.1.4 do Apêndice, fornece as propriedades do líquido comprimido. Para demonstrar
a sua utilização, considere um cilindro com êmbolo (veja a Fig. 3. 9) que contém 1 kg de água no
estado de líquido saturado a 100 C. As propriedades da água podem ser encontradas na
Tab. B.1.1, Assim, nós podemos determinar que a pressão e o volume específico no estado
fornecido são iguais a 0,1013 MPa e 0,001044 m?/kg. Suponhamos que a pressão seja elevada até
10 MPa enquanto a temperatura é mantida constante a 100 ºC através de uma transferência de calor
Transferência de
calor (em quantidade
que mantenha a
LE temperatura constante)
h
Figura 3.9 — Ilustração do
estado líquido comprimido.
46 Fundamentos da Termodinâmica
adequada Q. Como a água é muito pouco compressível, haverá uma diminuição muito pequena no
volume específico durante este processo. A Tab. B.1.4 fornece esse volume específico, que é de
0,001039 m?/kg. Note que praticamente não houve vari: e que o erro seria pequeno se
admitíssemos que o volume específico do líquido comprimido é igual ao do líquido saturado a
mesma temperatura. Em muitos casos, esse é o procedimento mais conveniente, particularmente
quando não se dispõe de dados sobre o líquido comprimido.
A Tab. B.1.5 fornece as propriedades do sólido e vapor saturados, em equilíbrio. A primeira
coluna fornece a temperatura e a segunda a pressão de saturação correspondente. Naturalmente,
todas essas pressões são menores do que a pressão no ponto triplo. As duas colunas seguintes
indicam, respectivamente, os volumes específicos do sólido saturado e do vapor saturado (notar
que o valor tabelado é v, x 10º).
O Apen. B também apresenta tabelas de propriedades termodinâmicas de outras substâncias
como: amônia, R — 12, R — 22, R — 134a (fluídos refrigerantes), nitrogênio e metano (fluidos
criogênicos). Nós só apresentamos duas tabelas para cada uma dessas substâncias: uma tabela para
a região de saturação líquido — vapor ordenada pela temperatura (equivalente a Tab. B.1.1 da água)
e uma tabela para a região de vapor superaquecido (equivalente a Tab. B.1.3 da água).
Nós agora vamos apresentar vários exemplos de utilização das tabelas termodinâmicas
presentes no Apen. B.
Exemplo 3.1
Considere a água como fluido de trabalho e os estados termodinâmicos definidos por: a) 120 ºC e
500 kPa ; b) 120 “C e 0,5 m//kg. Determine a fase de cada um dos estados fornecidos utilizando as
tabelas do Apen. B e indique a posição destes estados nos diagramas p — v, T-v,ep=—T.
Solução: a) A Tab. B.1.1 indica que a pressão de saturação para a temperatura de 120 ºC é
198,5 kPa. Assim, a água se encontra como líquido comprimido na condição proposta pois a
pressão fornecida é maior do que a pressão de saturação na mesma temperatura (analise a posição
dos pontos a nos diagramas da Fig. 3.10). A Tab. B.1.2 indica que a temperatura de saturação para
a pressão de 500 kPa é 151,9 C. De modo análogo, nós podemos afirmar que a água está no
estado de líquido comprimido porque a temperatura fornecida no problema é menor do que a
temperatura de saturação relativa a pressão fornecida (observe a posição do ponto a no diagrama
p-Tda Fig. 3.10).
b) A Tab. B.1.1 indica, para a temperatura de 120 ºC, que os volumes específicos do líquido
saturado e do vapor saturado são, respectivamente, iguais a 0,00106 e 0,89186 m?/kg. Esses valores
nos indicam que a água está num estado saturado (uma mistura de líguido saturado com vapor
saturado cujo estado pode ser representado pelos pontos b dos diagramas da Fig. 3.10). Os
diagramas p — ve T— y são úteis para visualizar os estados saturados líquido — vapor.
P, crit
P. crit.
p=500 kPa
500
198 T=120 p= 198kPa
b 198º
T y
Figura 3.10 — Diagramas para o Exemplo 3.1.
Propriedades de uma Substância Pura 49
m=y + Map =152,3kg
= Pap 337
m 1523
=0,221
Observe que a fase vapor do fluido refrigerante ocupa 90% do volume do recipiente mas a massa
do vapor representa 22,1% da massa total de refrigerante contido no recipiente.
Exemplo 3.5
Um vaso rígido contém vapor saturado de amônia a 20 ºC. Transfere-se calor para o sistema
até que a temperatura atinja 40 ºC. Qual é a pressão final?
Solução: Como o volume não muda durante esse processo, o volume específico também permanece
constante. Das tabelas de amônia, Tab. B.2.1,
v,=v,=0,14922 m'/kg
Como v, a 40 *C é menor do que (0,14922 mº/kg, é evidente que a amônia está na região de
vapor superaquecido no estado final. Interpolando entre os valores das colunas referentes a 800 e
1.000 kPa da Tab. B.2.2, obtemos,
p,=945 kPa
Exemplo 3.6
Considere o nitrogênio como fluido de trabalho. Determine: a) o volume específico e o título (se
aplicável) se a temperatura e a pressão são iguais a — 53,2 ºC e 600 kPa; b) a pressão e o título (se
aplicável) se a temperatura e o volume específico são iguais a 100 K e 0,008 m'/kg.
Solução: As propriedades termodinâmicas do nitrogênio podem ser encontradas na Tab. B.6.
a) A temperatura fornecida em Kelvin é T = 273,2 — 53,2 = 220 K. Observe que esta temperatura é
maior do que a temperatura crítica fornecida na Tab. B.6.1 e na Tab. A sim, O nitrogênio, na
condição especificada no problema, se encontra como vapor superaquecido. A Tab. B.6.2 indica
que, para a pressão de 600 kPa, o volume específico do vapor a 220 K é 0,10788 mkg. Observe
que a Tab. B.6.2 também mostra que a temperatura de saturação para a pressão de 600 kPa é
96,4 K. Esse fato corrobora a nossa solução porque a temperatura fornecida é superior a
temperatura de saturação para a mesma pressão. O estado termodinâmico do nitrogênio na
condição especificada está representado pelos pontos a nos diagramas da Fig. 3.15.
b) A Tab. B.6.1 mostra que, para a temperatura de 100 K,
v=0,001452m'/kg e w=0,0312mYkg
Pp ? r
a
P. crit. 220
3400
P. crit 126
3400
719 a o
s L,/V 600 5
a
600 .
1
30 T v T
Figura 3.15 — Diagramas para o Exemplo 3.6.
50 Fundamentos da Termodinâmica
P. crit.
1554
P, crit.
1554
“oo
E 200"€ Ea
200
je L Lj 1
013 1042 LOS V 0,13 0,42 108
035 035
Figura 3.16 — Diagramas para o Exemplo 3.7.
O valor do volume específico fornecido neste item é maior do que o valor do volume específico do
líquido saturado e menor do que aquele do vapor saturado. Assim, o nitrogênio, no estado especifi-
cado no item b, se encontra num estado saturado (uma mistura de líquido saturado com vapor
saturado). A pressão no estado fornecido é igual a pressão de saturação, ou seja, 779,2 kPa. O
título pode ser determinado com a Eq. 3.2,
x=(4-v)/v, = (0,008-0,001452)/0,02975 = 0,2201
Exemplo 3.7
A temperatura e o volume específico de uma amostra de água são iguais a 200 “C e 0,4 mÍ/kg.
Determine a pressão na amostra.
Solução: A Tab. B.1.1 mostra que o volume específico do vapor saturado a 200 “C é 0,1274 m'kg.
A água da amostra se encontra como vapor superaquecido porque o valor do volume específico da
água da amostra é superior ao do vapor saturado avaliado na mesma temperatura e fornecido
na tabela. Nós temos que utilizar a Tab. B.1.3 para determinar a pressão da água na região de
vapor superaquecido. Considerando T = 200 C e p = 200 kPa encontramos v = 1,08034 m'/kg.
Observe que este valor é maior do que o especificado no enunciado. Assim, a pressão na amostra
deve ser maior do que o valor admitido (veja a Fig. 3.16). Considerando a mesma temperatura e
p = 500 kPa encontramos v = 0,42492 mkg. Este valor ainda é maior do que o especificado no
enunciado. Assim, a pressão na amostra deve ser maior do que 500 kPa. Considerando T = 200 ºC
e p = 600 kPa encontramos v = 0,35202 m'/kg. Este valor é menor do que o especificado no
enunciado. Assim, a pressão na amostra deve ser menor do que 600 kPa. O valor da pressão na
amostra pode ser encontrado a partir de um interpolação linear. Deste modo,
0,4-0,42492
0,35202 —0,42492
A Fig. 3.17 ilustra o procedimento utilizado na interpolação. Note que o resultado deste
procedimento é aproximado porque a relação real entre a pressão e o volume específico ao longo
da linha de temperatura constante não é exatamente linear.
p = 500 + (600500) = 534,2 kPa
p
600
Figura 3.17 — Interpolação
linear do Exemplo 3.7.
0,35 04042 v
Propriedades de uma Substância Pura 51
Ponto
Liquido cítico
Pressão
Pressão
Sólido-iquido.
e
ars
Sáldovapor Di
Volume
Figura 3.18— Superfície pressão - volume - temperatura
para uma substância que expande na solidificação .
sf.
sólido
q Liquido ao
j ertico
à
L
Porto f A,
tio
s
v Vapor Gás
Temperatura
fimo
ed
8. Ponto
8) lake) £ ertico
GI JS,
é ES Vapor
a 5
[E] Ucuído por Gás
2 tmhatripias O E
Soap E
Valime
Figura 3.19 — Superfície pressão - volume - temperatura
para uma substância que contrai na solidificação .
54 Fundamentos da Termodinâmica
Solução: A vazão em volume é dada por
dr sv Is
dt At 185
V = 0,0405 m/s
e a vazão em massa por 1 =p V = /v. Nós vamos admitir que o CO; pode ser modelado como
um gás perfeito na condição especificada no problema. Deste modo, pV = mRT, ou v = RT/p. À
Tab. A.5 indica que o valor de R para o CO; é 0,1889 kJ/kg K. Utilizando estes dados, a vazão em
massa de CO; é
PP N05x00405 ps
RT 01889(273,15+21)
A utilização do modelo de gás perfeito é bastante conveniente nas análises termodinâmicas
devido a sua simplicidade. No entanto, duas questões podem ser levantadas. A primeira é: o que é
uma baixa massa específica ? Ou, em outras palavras, em qual faixa de massa específica a equação
dos gases perfeitos simula o comportamento do gás real com uma boa precisão? A segunda ques-
tão é: qual é o desvio entre o comportamento do gás real, a uma dada pressão e uma dada tempe-
ratura, e o comportamento previsto pelo modelo de gás perfeito na mesma temperatura e pressão?
A análise do comportamento real de uma substância pode nos ajudar a responder estas
questões. Por exemplo, a Fig. 3.21 mostra o diagrama temperatura — volume específico para a
água, Observe que a figura também apresenta o erro percentual que resulta da adoção do modelo
de gás perfeito para descrever o comportamento do vapor ao longo da curva de vapor saturado e
em várias áreas da região do vapor superaquecido. Como era esperado, o erro associado ao modelo
de gás perfeito é pequeno quando o volume específico da água é grande (pressões baixas e
temperaturas altas) mas o erro torna-se bastante alto com a diminuição do volume específico. Se
analisarmos o comportamento de outras substâncias nós sempre detectamos que os resultados do
modelo de gás perfeito se aproximam dos dados experimentais quando os estados considerados são
distantes da região de saturação (temperaturas altas e pressões baixas).
Uma análise quantitativa mais abrangente da adequabilidade do modelo de gás perfeito pode
ser realizada com a ajuda do fator de compressibilidade, Z, definido pela relação
: v
Z-£
500 7 7 T
100% 1
a 0.41%
400 70% 17,6% a 4
E Erro < 1%
10 MPa S Y
300 |- ii Y 0.2% +
o A
e
Eu 1MPa 75% 1
od 100 kPa 1
10 kPa
0 L uu 4 4
10º 102 101 10º 10! 102
Volume específico v [m/kg]
Figura 3.21 — Diagrama temperatura — volume específico para a água.
Propriedades de uma Substância Pura 55
Liquido saturado Figura 3.22 — Compressibilidade
01 10 2 4 10 20º 40 do nitrogênio .
Pressão, MPa
ou
pv=ZRT e pv=ZRT (3.7)
Observe que, para um gás perfeito, Z = 1 e que o afastamento de Z em relação à unidade é
uma medida do desvio de comportamento do gás real em relação ao previsto pela equação de
estado dos gases perfeitos.
A Fig. 3.22 mostra um diagrama de compressibilidade para o nitrogênio. Analisando o com-
portamento das curvas isotérmicas podemos efetuar algumas observações. A primeira é que para
todas as temperaturas Z — 1 quando p > 0, isto é, quando a pressão tende a zero a relação entre p,
ve Tse aproxima bastante daquela dada pela equação de estado dos gases perfeitos. Observe,
também, que a temperatura de 300 K e superiores (isto é, temperatura ambiente e superiores), o
fator de compressibilidade é próximo da unidade até pressões da ordem de 10 MPa. Isso significa
que a equação de estado dos gases perfeitos pode ser usada para o nitrogênio (e, diga-se de passa-
gem, também para o ar), nessa faixa, com boa precisão.
Agora, suponha que reduzimos a temperatura a partir de 300 K mantendo a pressão constante
e igual a 4 MPa, A massa específica crescerá e notaremos um acentuado declínio no valor do fator
de compressibilidade ( Z < 1). Isto significa que a massa específica real é maior do que aquela que
seria obtida pela aplicação da equação de estado dos gases perfeitos. A explicação física para isso
é: a medida que a temperatura é reduzida a partir de 300 K, com a pressão mantida constante a
4 MPa, as moléculas são aproximadas. Nesta faixa de distâncias intermoleculares, e nessa pressão
e temperatura, há uma força de atração entre as moléculas. Quanto menor a temperatura maior será
a força de atração intermolecular. Essa força entre as moléculas significa que a massa específica é
maior que àquela que seria prevista pelo comportamento de gás perfeito (neste modelo as forças
intermoleculares não são consideradas). E interessante observar, no diagrama de
compressibilidade, que o fator de compressibilidade é sempre maior do que 1 quando o valor da
massa específica é muito elevado e quando a pressão é superior a 30 MPa. As distância
intermoleculares, nesta faixa, são muito pequenas e existe uma força de repulsão entre as
moléculas. Isto tende a fazer com que a massa específica seja menor do que o esperado.
A análise do comportamento preciso das forças intermoleculares é bastante complexa. Essas
forças são funções tanto da temperatura quanto da massa específica. A discussão precedente deve
ser considerada como uma análise qualitativa e visa auxiliar o entendimento da equação de estado
dos gases perfeitos e como a relação entre p, v e T dos gases reais se desvia dessa equação.
Se analisarmos os diagramas de compressibilidade de várias outras substâncias nós encontra-
remos que todos eles são semelhantes, pelo menos no sentido qualitativo, ao do nitrogênio. Os
diagramas de compressibilidade das substâncias são quantitativamente diferentes porque as
temperaturas e pressões críticas variam muito (veja estas variações na Tab. A.2). Será que existe
um modo de construir um diagrama de compressibilidade que descreva adequadamente o
comportamento de todas estas substâncias? Para este fim, nós vamos definir as propriedades
reduzidas, ou seja,
56 Fundamentos da Termodinâmica
Pressão reduzida = p, = 2
= Pressão crítica
Temperatura reduzida = 7, T. = Temperatura crítica (3.8)
Se construirmos linhas de T, constante num diagrama Z versus Pp, nós obtemos um gráfico
como o mostrado na Fig. D.1. Um fato interessante é: se prepararmos vários diagramas Z versus p, ,
um para cada substância, nós perceberemos que todos eles serão muito parecidos e quase
coincidentes se as duas substâncias forem compostas por moléculas essencialmente esféricas. A
correlação para substâncias com moléculas mais complicadas são razoáveis (exceto na região
próxima à saturação ou quando a massa específica é alta). Assim, nós podemos considerar que a
Fig. D.1 é um diagrama generalizado para substâncias compostas por moléculas simples (porque
ele pode representar o comportamento médio de diversas substâncias simples). É importante
ressaltar que os resultados fornecidos pelo diagrama generalizado geralmente incluem um certo
erro. De outro lado, se a descrição experimental do comportamento p — v —T de uma substância não
estiver disponível, o diagrama de compressibilidade generalizado pode fornecer resultados que
apresentam uma precisão razoável. Observe que nós só precisamos conhecer a pressão e a
temperatura críticas para utilizar esse diagrama.
Nós utilizaremos fregientemente o diagrama generalizado de compressibilidade para
verificar se é razoável modelar a substância analisada como um gás perfeito. Por exemplo,
observamos no diagrama que o modelo de gás perfeito pode ser adotado com boa precisão, para
qualquer temperatura, se a pressão é muito baixa (isto é, << P.). Além disso, para temperaturas
elevadas (isto é, maiores do que cerca de duas vezes a temperatura crítica), o modelo de gás
perfeito pode ser adotado, com boa precisão, até pressões iguais a quatro ou cinco vezes a pressão
crítica. Quando a temperatura for menor do que cerca de duas vezes a temperatura crítica e a
pressão não for extremamente baixa, então estaremos numa região normalmente chamada de vapor
superaquecido, na qual o desvio, relativamente ao comportamento do gás perfeito, pode ser
apreciável. Nessa região é preferível usar as tabelas ou diagramas de propriedades termodinâmi-
cas para a substância que está sendo analisada.
Exemplo 3.11
Considere: a) Nitrogênio a 20 C e 1,0 MPa; b) Dióxido de Carbono a 20 “C e 1,0 MPa e c)
Amônia a 20 ºC e 1,0 MPa. O modelo de gás perfeito é adequado para descrever o comportamento
destas substâncias nos estados indicados?
Solução: Para verificar se o modelo de gás perfeito é adequado para descrever o comportamento
da substância no estado indicado é necessário verificar os valores das propriedades de saturação e
do ponto crítico.
a) A temperatura e a pressão crítica do nitrogênio são iguais a 126,2 K e 3,39 MPa (Tab. A.2). A
temperatura fornecida no problema, 293,2 K, é superior ao dobro da temperatura crítica e a pressão
reduzida é inferior a 0,3. Nesta condição, o modelo de gás perfeito é adequado para descrever o
comportamento do nitrogênio no estado fornecido.
b) A temperatura e a pressão crítica do dióxido de carbono são iguais a 304,1 K e 7,38 MPa. A
temperatura reduzida e a pressão reduzida do estado fornecido no problema são, respectivamente,
iguais a 0,96 e 0,136. O diagrama de compressibilidade generalizado, Fig. D.1, indica que o CO;
está na fase vapor e que Z é aproximadamente igual a 0,95. Nesta condição, o erro introduzido
com a adoção do modelo de gás perfeito é próximo a 5%.
e) As tabelas de propriedades da amônia, Apen. B, fornecem informações precisas sobre o
comportamento da substância. A Tab. B.2.1 indica que a pressão de saturação para a temperatura
de 20 *C é 858 kPa. A pressão fornecida no problema, 1,0 MPa, é superior a pressão de saturação
Para a mesma temperatura. Deste modo, a amônia se encontra como líquido comprimido no estado
fornecido e o modelo de gás perfeito não é adequado para descrever seu comportamento.
Propriedades de uma Substância Pura 59
internal Speci
Temp Pressure Volume Energy Enthaloy
m
Figura 3.24 — Resultados do CATT para os dados do Exemplo 3.1.
Exemplo 3.14
Determine os estados pedidos nos Exemplos 3.1 e 3.2 com o programa CATT.
Solução: Os estados da água do Exemplo 3.1 podem ser determinados com o procedimento:
Escolha a água como fluido de trabalho (escolha o item tabelas e clique na linha água), clique no
ícone da calculadora e selecione o Caso 1 (entradas T e p). Digite a temperatura (T = 120 ºC) e a
pressão (p = 0,5 MPa). O resultado será o indicado na Fig. 3.24, ou seja,
estado: líquido comprimido
v=0,0106 m'/kg (valor igual aquele apresentado na Tab. B.1.4)
60 Fundamentos da Termodinâmica
Clique novamente no ícone calculadora, escolha o Caso 2 (entradas T e v). Digite a temperatura
(T= 120ºC) e o volume específico (v = 0,5 m'/kg). O resultado será
estado: mistura saturada líquido - vapor
x=0,5601 e p= 198,5 kPa
O estado da amônia do Exemplo 3.2 pode ser determinado com um procedimento próximo ao já
utilizado: Selecione a amônia como fluido de trabalho (escolha o item tabelas, clique na linha
criogênicos e escolha a amônia), clique no ícone da calculadora e selecione o Caso 1 (entradas T e
p). Digite a temperatura (T = 30 ºC) e a pressão (p = 1,0 MPa). O resultado fornecido pelo pro-
grama será:
estado: vapor superaquecido
v=0,1321 m'/kg (valor igual aquele apresentado na Tab. B.2.2)
Agora escolha o R — 22 como fluido de trabalho (escolha o item tabelas, clique na linha fluidos
refrigerantes e escolha o R - 22), clique no ícone da calculadora e selecione o Caso 5 (entradas p e
v). Digite a pressão (p = 0,2 MPa) e o volume específico (v = 0,15 m'/kg). O resultado fornecido
pelo programa será:
estado — vapor superaquecido
T=46,26º€
Resumo
Neste capítulo nós discutimos sobre as propriedades das substâncias puras, as fronteiras entre as
fases sólida, líquida e vapor. Os processos de mudança de fase (vaporização, condensação, fusão,
solidificação e sublimação) foram identificados e mostramos que as propriedades termodinâmicas
apresentadas no Apen. B estão associadas às superfícies tridimensionais p — v — T e suas
representações planas (os diagramas p — 7, T- ve p - v). Isto também é verdade para as linhas de
vaporização, sublimação e fusão. Nós apresentamos as tabelas impressas de várias substâncias e o
modo de operação do programa CATT. As misturas bifásicas líquido - vapor foram analisadas e o
título do vapor (fração em massa de vapor) foi definido. O modelo de gás perfeito, adequado para
descrever o comportamento dos gases quando a massa específica é baixa, foi discutido e definimos
o fator de compressibilidade, Z. Além disso, nós discutimos a adequabilidade do modelo de gás
perfeito e apresentamos outra equação de estado mais complexa e de aplicação mais abrangente.
Após estudar o material deste capítulo você deve ser capaz de:
* Conhecer as diferentes fases e a nomenclatura utilizada para descrever as fases e as superfí-
cies de mudança de fase.
e Identificar a fase de um dado estado definido por uma pressão e por uma temperatura.
* Posicionar um estado em relação ao ponto crítico e saber utilizar a Tab. A.2.
* Localizar um estado nas tabelas do Apen. B a partir de um conjunto (T, p), (T, v) ou (p, v).
* Reconhecer como as tabelas representam as regiões dos diagramas (T, p), (T, v) e (p, v).
e Determinar as propriedades dos estados bifásicos utilizando o título.
* Localizar os estados utilizando qualquer combinação de propriedades e um procedimento
de interpolação linear.
* Saber quando o estado é solido ou líquido e saber utilizar as tabelas A.3 e A.4,
* Saber quando um vapor se comporta como gás perfeito (e como determinar se o modelo de
gás perfeito é adequado para representar o comportamento do vapor).
* Conhecer o modelo de gás perfeito e saber como utilizar a Tab. A.5.
* Conhecer o fator de compressibilidade Z e o diagrama de compressibilidade generalizado.
(Fig. D.1).
* Saber que existem equações de estado mais gerais.
e Saber utilizar o programa CATT.
Conceitos e Equações Principais
Fases
Equilíbrio de fases
Fronteira de mudança
de fase
Propriedades de uma Substância Pura 61
Sólida, líquida e vapor (gás)
Trata Posto Vis Voa Vi
Linhas de vaporização, sublimação e fusão:
Figs. 3.5 (geral), 3.6 (CO») e 3.7 (água)
Ponto crítico: Tab. 3.1 e Tab. A.2
Ponto triplo: Tab. 3.2
Estado de equilíbrio
Título
Duas propriedades independentes
x=Myap/m (fração em massa de vapor)
1I-=x=mmug/m (fração em massa de líquido)
Volume específico médio
Superfície de equilíbrio
Gás perfeito Pp
Constante universal dos gases
Constante do gás
Fator de compressibilidade
v=(|-x)v+xv, (para misturas líquido — vapor)
p-v-T (tabelas ou equação de estado)
RT PV=mRT=nRT
R =8,3145 kJ/kmol K
R= R/M kJ/kgK, Tab.. A.5 e M da Tab. A.2
pv=ZRT (Z obtido no diagrama D.1)
T,=T/T. (entradas para o diagrama de
cúbica com a pressão explícita, Apen. D, Tab. D.1
B-W-R,Eqg.3.7e Tab. D.2
Lee Kesler: Apen. D, Tab. D.3 e Fig. D.1
Propriedades reduzidas pr=P!pe
compressibilidade)
Equações de estado
PROBLEMAS
PROBLEMAS CONCEITUAIS E
DE ESTUDO DIRIGIDO
3.1 Determine a temperatura mais baixa em que
ainda é possível encontrar a água na fase líquida.
3.2 Qual a variação percentual no volume específico
da água durante o processo de solidificação? Esta
variação é importante em que fenômenos?
3.3 Um filme de água líquida é formado sob as
lâminas dos patins de gelo quando você patina. Por
que isto ocorre?
3,4 Considere uma torneira de jardim utilizada em
países com clima frio. Normalmente, o mecanismo
de fechamento deste tipo de torneira é bascado numa
agulha e um assento. O assento do mecanismo sem-
pre fica posicionado longe da superfície externa da
parede (na região central da parede). Por que o me-
canismo de fechamento foi projetado deste modo?
3.5 Algumas ferramentas devem ser limpas com
água líquida a 150 ºC. Qual é a pressão mínima da
água para que este processo seja possível?
3.6 As pressões utilizadas nas tabelas de proprieda-
des termodinâmicas são absolutas ou relativas?
3.7 Determine a massa de amônia contida num
reservatório com capacidade de 1 L quando a tempe-
ratura e a pressão forem iguais a 20 ºC e 100 kPa?
3.8 Determine a variação do volume específico da
água no processo que ocorre do ponto í ao ponto j
da Fig. 3.18. Admita que a temperatura no processo
é constante, e igual a 20 ºC, e que a pressão no
ponto j é 15 MPa.
3.9 Um vaso contém água a 100 kPa e com título
igual a 10%. Determine a fração em volume do vaso
que é ocupada por vapor d'água.
3.10 Construa um diagrama T — v pará a água que
apresente as curvas de pressão constante referentes
as pressões de 500 kPa e 30 MPa. Utilize as tabelas
do Apen. B para posicionar os pontos das curvas.
3.11 Determine a fase em que se encontra a amônia
quando à temperatura e a pressão são iguais a— 10º€
e 200 kPa. Utilize a tabela de propriedades da
amônia para posicionar este estado nos diagramas
T-vep-y.
64 Fundamentos da Termodinâmica
3.52 Um conjunto cilindro — pistão contém, inicial-
mente, vapor d'água saturado a 200 kPa. Neste
estado, a distância entre o pistão e o fundo do
cilindro é 0,1 m. O sistema é aquecido até que o
volume interno se tome igual ao dobro do volume
interno inicial, Determine a distância entre o pistão
e o fundo do cilindro no estado final do processo.
Calcule, também, a temperatura da água no estado
final desse processo. Admita que o processo ocorre
a pressão constante.
3.53 Uma bomba utilizada na alimentação de uma
caldeira fornece 0,05 m'/s de água a 240 C e 20
MPa. Qual é a vazão em massa (kg/s)? Qual será o
erro percentual se no cálculo forem utilizadas as
propriedades da água no estado de líquido saturado
a 240ºC? Qual será o erro percentual se forem
utilizadas as propriedades da água no estado de
líquido saturado a 20 MPa?
3.54 Considere o fluido refrigerante R — 134a como
fluido de trabalho. Inicialmente, o refrigerante se
encontra como vapor saturado a 50 “C. O
refrigerante sofre um processo isotérmico até que
seu volume específico atinja o dobro do valor
inicial. Determine, no estado final, a pressão e o
título se o refrigerante estiver num estado saturado.
Refaça o problema considerando que o volume
específico final do processo é igual a metade do
volume inicial.
3.55 Um tanque armazéna metano saturado a 120 K
e com título igual a 25%. A temperatura do metano
contido no tanque aumentará a uma taxa de 5 *C por
hora se o sistema de refrigeração acoplado ao tanque
falhar. Calcule o tempo decorrido entre a falha do
sistema de refrigeração e o momento em que o
tanque contém metano monofásico. Qual é a pressão
no tanque neste instante?
3.56 Um recipiente rígido contém água a 500 kPa e
título igual a 0,25.Qual será a fração em massa de
sólido encontrada no recipiente se este for resfriado
até —10 ºC?
3.57 Um reservatório rígido de aço contém amônia
(líquido + vapor) a 60 “C. Determine a percentagem
de líquido, em massa, nesse estado, de modo que o
fluido passe pelo ponto crítico quando esse sistema
for aquecido.
3.588 Um tanque de aço, com volume interno de
0,015 mº, contém 6 kg de propano (líquido + vapor)
a 20 “€. O tanque é então aquecido lentamente.
Determine se o nível do líquido (altura da interface
líquido - vapor) irá subir até o topo do tanque ou
descer até o fundo do mesmo. O que aconteceria
com o nível do líquido se a massa contida no tanque
fosse alterada para 1 kg?
3.59 Um tanque, com volume de 400 mº, está sendo
construído para armazenar gás natural liquefeito
(GNL). Admita, neste problema, que o GNL seja
constituído por metano puro. Se o tanque deve
conter 90 % de líquido é 10 % de vapor, em volume,
a 100 kPa, qual será a massa, em kg, de GNL
contida no tanque? Qual será o título nesse estado?
3.60 Um reservatório rígido e estanque, com
capacidade de 2 mº, contém R-134a saturado a
IOC. O refrigerante é, então, aquecido e notou-se
que a fase líquida desaparece quando a temperatura
atinge 50 ºC, Nestas condições, determine a pressão
no estado final do processo de aquecimento e a
massa inicial de líquido no reservatório.
3.61 Uma panela de pressão (recipiente fechado)
contém água a 100 C e o volume ocupado pela fase
líquida é 1/10 do ocupado pela fase vapor. A água é,
então, aquecida até que à pressão atinja 2,0 MPa.
Calcule à temperatura final do processo e a nova
relação entre os volumes das fases.
3.62 A Fig. P3.62 mostra o esboço de uma panela de
pressão. A união da tampa com o corpo da panela é
roscada e o controle da pressão interna é realizado
pelo peso instalado na tampa. A área da seção
transversal do tubo onde está apoiado o peso é igual
a 5 mm, Determine a massa do peso para que a
água ferva a 120 ºC nesta panela. Admita que a
pressão atmosférica é igual a 101,3 kPa.
Vapor
Figura P3.62
3.63 Um conjunto cilindro — pistão contém 10 kg de
amônia. Inicialmente, o fluido ocupa um volume de
1 mí e apresenta temperatura igual a 10 “C, Neste
estado, o pistão está apoiado nos esbarros do
conjunto. A pressão interna necessária para mover o
pistão é 900 kPa. A amônia é aquecida até que a
temperatura atinja 50 ºC. Determine a pressão e a
temperatura no estado final desse processo.
Gás Perfeito
3.64 Um conjunto cilindro-pistão contém butano a
25 ºC e 500 kPa. O modelo de gás perfeito é
adequado para simular o comportamento do butano
contido no conjunto cilindro-pistão?
3.65 Um balão esférico com diâmetro de 10 m
contém hélio a pressão e temperatura atmosféricas
(100 kPa e 15 ºC). Qual é a massa de hélio contida
no balão? Determine a massa total (inclui a massa
do material utilizado para construir o balão) que
pode ser transportada neste balão.
3.66 O modelo de gás perfeito é adequado para
representar o comportamento destas substâncias nos
estados indicados?
a) Oxigênio a 30 ºC, 3 MPa.
b) Metano a 30 ºC, 3 MPa.
c) Água a 30 ºC, 3 MPa.
d) R-134a a 30 ºC, 3 MPa.
e) R-134a a 30 ºC, 100 kPa.
3.67 Um tanque com volume interno de 1 mé con-
tém um gás a 20 ºC e 100 kPa. Qual é a massa con-
tida no tanque se o gás é a) ar, b) Ne ou c) propano?
3.68 Inicialmente, um tanque rígido, com volume de
1'mº, contém No a 0,6 MPa e 400 K. Suponha que
ocorra o vazamento de 0,5 kg de No para a
atmosfera. Sabendo que a temperatura do N; no
tanque após o vazamento é 375 K, determine a
pressão no tanque no estado final desse processo.
3.69 Um cilindro para armazenamento de gás
apresenta diâmetro e comprimento iguais a 0,2 e
1 m. O cilindro é evacuado e depois carregado,
isotérmicamente a 25 ºC, com CO,. Determine a
pressão final do processo de enchimento sabendo
que se deseja armazenar 1,2 kg de gás no cilindro.
3.70 Um copo é lavado com água a 45 C e é
colocado de boca para baixo numa mesa. O ar da
sala onde está localizada a mesa está a 20 “C e 0 ar
aprisionado no copo é aquecido até 40 “C. No
processo de aquecimento do ar aprisionado ocorrem
diversos vazamentos de modo que a pressão relativa
do ar preso no copo é 2 kPa quando a temperatura
do atinge o valor fornecido. Após algum tempo a
temperatura do ar aprisionado no copo volta a ser
igual à do ambiente. Determine a pressão do ar
preso no copo no final desse processo sabendo que a
pressão atmosférica é 101 kPa.
3.71 Uma esfera oca de metal, com diâmetro interno
igual a 150 mm, é "pesada" numa balança de braço
precisa quando está evacuada e é novamente
"pesada" quando carregada com um gás
desconhecido a 875 kPa. A diferença entre as
leituras é 0,0025 kg. Admitindo que o gás é uma
substância pura presente na Tab. A.5 e que a
temperatura é uniforme e igual a 25 ºC, determine o
gás que está armazenado na esfera.
3.72 Uma bomba de vácuo é utilizada para evacuar
uma câmara utilizada na secagem de um material
que está a 50ºC. Se a vazão em volume da bomba é
0,5 mi/s, a temperatura e a pressão na seção de
alimentação da bomba são iguais a 50ºC e 0,1 kPa,
determine a quantidade de vapor d'água removida da
câmara num período de 30 minutos.
3.73 Um tanque rígido com volume de 1 m? contém
propano à 100 kPa e 300 K e está conectado, através
de uma tubulação com válvula, a outro tanque com
volume de 0,5 m” que contém propano a 250 kPa
e400K.A válvula é aberta e espera-se até que a
Propriedades de uma Substância Pura 65
Figura P3,73
pressão se torne uniforme, Sabendo que a tempera-
tura final de equilíbrio é 325 K, determine a pressão
no final desse processo.
3.74 Verifique a precisão do modelo de gás perfeito
quando este é utilizado para calcular o volume
específico do vapor d'água saturado a 10 kPa e a
1 MPa (veja a Fig. 3.21).
3.75 Considere o refrigerante R — 134a como fluido
de trabalho e os seguintes estados: vapor saturado a
+40 ºC, vapor saturado a O “C e vapor saturado a
—40 ºC. Determine o volume específico do R — 1344
nestes estados com o modelo de gás perfeito
utilizando as pressões de saturação fornecidas no
Apen. B. Determine, também, o erro percentual
relativo provocado pela utilização do modelo de gás
perfeito. Utilize como referência os valores de
volume específico fornecidos no Apen. B.
3.76 Refaça o Prob. 3.75 mas considere que o fluido
de trabalho é o refrigerante R — 12.
3.77 Refaça o Prob. 3.75 mas considere que o fluido
de trabalho é a amônia.
3.78 O ar confinado num pneu está inicialmente a
—10 ºC e 190 kPa, Após percorrer um percurso, a
temperatura do ar foi novamente medida e revelou
um valor de 10 “C. Calcule a pressão do ar nesta
condição. Detalhe claramente as hipóteses neces-
sárias para a solução do problema.
3.79 Um balão murcho está conectado, através de
uma válvula, a um tanque que contém o gás hélio a
2 MPa e 20 ºC. O volume interno do tanque é igual
a 12 mi. A temperatura do ambiente também é
20º€. A válvula é então aberta e o balão é inflado a
pressão constante de 100 kPa (pressão ambiente) até
que ele se torna esférico com D, =Im. Acima desse
tamanho, a elasticidade do material do balão é tal
que a pressão interna passa a ser dada por:
BA
ppa sap
9 DJD
Esse balão é inflado vagarosamente até que o
diâmetro atinja 4 m. Nesta condição a pressão
interna no balão é igual a 400 kPa. Admitindo que o
processo seja isotérmico, determine a pressão
interna máxima no balão durante o processo de
enchimento. Qual é a pressão no tanque quando a
pressão interna no balão atinge o valor máximo?
66 Fundamentos da Termodinâmica
Fator de Compressibilidade
3.80 Um tanque rígido com volume de 5 mº armaze-
na argônio a -30 ºC e 3 MPa. Determine a massa de
argônio contida no tanque utilizando o diagrama de
compressibilidade generalizado. Qual é o erro per-
centual na determinação dessa massa se admitirmos
que o argônio se comporta como um gás perfeito?
3.81 Qual é o erro percentual na pressão se for
adotado o modelo de gás perfeito para representar o
comportamento do vapor superaquecido de amônia
a 40 ºC e 500 kPa? Qual será o erro percentual se
for usado o diagrama generalizado de compressibili-
dade, Fig. D.1?
3.82 Um recipiente contém 1,5 kg do novo fluido
refrigerante R — 125. Sabendo que o refrigerante se
encontra como líquido saturado a —20 ºC, determine
o volume e a pressão interna no recipiente.
3.83 Um vaso de pressão contém 125 kg de etileno a
7,5 MPa e 296,5 K. Determine o volume interno do
vaso.
3.84 Nós devemos bombear dióxido de carbono até
o estado onde a pressão é a temperatura são iguais a
10 MPa e 330 K. Qual é a massa específica do
dióxido de carbono nesse estado?
3.85 Nós precisamos conhecer a diferença entre o
volume específico do vapor saturado de R — 123 a
=30 ºC e o do liquido satutado, nesta temperatura,
para o projeto de uma instalação de refrigeração.
Qual é a sua estimativa?
3.86 Uma garrafa rígida, com volume de 0,1 m,
contém butano saturado a 300 K. Sabendo que o
título do butano na garrafa é igual a 75%, determine
a massa de butano contida no tanque utilizando o
diagrama de compressibilidade generalizado.
3.87 Um recipiente rígido contém fluido refrigerante
R-324-10ºCex=0,15, Determine a pressão e o
volume específico do refrigerante nesse estado.
3.88 Um tanque rígido, com volume interno de
0,045 mº, contém 2 kg de acetileno a 4,3 MPa.
Estime a temperatura no acetileno utilizando o
diagrama de compressibilidade generalizado. Obser-
ve que é necessário um procedimento de tentativa e
erro para resolver esse problema.
3.89 Um tanque rígido, com volume de 0,25 mº,
contém uma substância a 2 MPa e 17 ºC. Estime,
utilizando o diagrama de compressibilidade genera-
lizado, a massa contida no tanque se a substância for
a) ar, b) butano e c) propano
PROBLEMAS PARA REVISÃO
3.90 Determinar o título (se saturado) ou a tempe-
ratura (se superaquecido) das seguintes substâncias,
nos estados mencionados:
a) Água: 120 Ce | m'/kg; 10 MPa e 0,01 mi/kg.
b) Nitrogênio: IMPa e 0,03m'/kg; 100K e 0,03m'/kg.
3.91 Considere a amônia como fluido de trabalho.
Construa uma tabela que apresente os valores da
pressão, temperatura, volume específico e título (se
aplicável) para os seguintes estados: a. 400 kPa e
—10ºCeb. 0,15 m'/kg, x= 1,0.
3.92 Determine a fase, o título (se aplicável) e a
propriedade que falta (p ou T) para os seguintes
casos:
a) Água T=120º€ v=0,5 m'/kg
b)Água | p=100kPa v=1,8m/kg
c) Água T=263K v=200 mYykg
3.93 Determine a fase, o título (se aplicável) e à
propriedade que falta (p ou T) para os seguintes
casos:
a) Amônia p=800kPa — v=02mYkg
b) Amônia =20º€ v=0,1 mykg
3.94 Determine a fase e as propriedades que faltam
(p, T, v, é x) para os seguintes casos:
dB TD v=0,01 mi/kg
b) Água =350º€ v=0,2m'/kg
oR-12 =s€ p= 200 kPa
dR-I34a p=294kPa v=0,05mikg
3.95 Determine a fase e as propriedades que faltam
(p, T, v, e x) para os seguintes casos:
aR22 T=10% v=0,036 m/kg
b) Água v=02m/kg x=0,5
c) Água T=60ºC v=0,001016 mi/kg
d) Amônia 7=30º€ p=60kPa
eJR-134a v=0,005m/kg x=0,5
3.96 Um tubo apresenta 5 metros de comprimento e
área da seção transversal útil igual a 200 cm? O
tubo está montado na vertical e a extremidade
inferior está fechada. O tubo é, então, preenchido
com água a 15 C num dia onde a pressão
atmosférica é 100 kPa. Determine a massa de água
contido no tubo. Qual é o valor da pressão no fundo
do tubo?
3.97 Considere os dois tanques, A e B, conectados
com uma tubulação com válvula (veja a Fig. P3.97).
A capacidade de cada tanque é 200 litros. O tanque
A contém R-12 a 25 ºC, sendo 10% de líquido e
90% de vapor, em volume, enquanto o tanque B está
evacuado. A válvula que liga os tanques é então
aberta e vapor saturado sai de A até que a pressão
em B se torne igual a pressão em A. Neste instante, à
válvula é fechada. Esse processo ocorre lentamente,
de modo que todas as temperaturas permanecem
constantes e iguais a 25 C durante o processo.
Determine a variação de título que ocorre no tanque
A durante este processo?
Linha de ar
comprimido.
Figura P3.113
3.113 A Fig. P3.113 mostra um conjunto cilindro-
pistão com diâmetro igual a de 0,Im. A mola tem
comportamento linear com constante de propor-
cionalidade igual a 80 kN/m. Inicialmente, o pistão
está encostado nos esbarros e o volume confinado
no cilindro é igual a 1 L. A válvula é então aberta e
o pistão começa a se mover quando a pressão do ar
atinge 150 kPa. Quando o volume interno atinge
15 L a válvula é fechada e, nesta condição, a
temperatura do ar no cilindro é 80 ºC. Determine, no
estado final, a massa de ar contida no conjunto.
3.114 Um tanque com volume de 500 L armazena
100 kg de nitrogênio a 150 K. Para dimensionar
mecanicamente o tanque é necessário conhecer o
valor da pressão no nitrogênio e por este motivo a
pressão foi estimada pelos três métodos descritos a
seguir. Qual deles é o mais preciso e qual a diferen-
ça percentual dos outros dois resultados em relação
aeste?
a) Tabelas de nitrogênio, Tab. B.6
b) Gás perfeito
c) Diagrama generalizádo de compressibilidade,
Fig. Dil
3.115 Qual é o erro percentual na pressão se for
adotado o modelo de gás perfeito para representar
o comportamento do vapor superaquecido de R-22 a
50 ºC e v = 0,0308 m'/kg? Qual será o erro percen-
tual se for usado o diagrama de compressibilidade
generalizado (Fig. D.I)? Observe que será
necessário um procedimento iterativo para
responder essa parte do problema.
Interpolação Linear
3.116 Considere o refrigerante R — 12 como fluido
de trabalho. Determine a pressão e a temperatura de
saturação para o estado onde o volume específico do
vapor saturado é igual a 0,1 m'/kg.
3.117 Considere a amônia como fluido de trabalho.
Construa uma tabela que apresente os valores da
pressão, temperatura, volume específico e título (se
aplicável) para os seguintes estados: a. 550 kPa e
x=0,75; b. 80 kPa e 20 ºC; c. 10ºC e 0,15 mí/kg.
3,118 Estime a temperatura de saturação a 900 kPa
para o nitrogênio utilizando uma interpolação linear.
Construa uma curva da pressão de saturação em
Propriedades de uma Substância Pura 69
função da temperatura de saturação para valores de
pressão próximos a 900 kPa utilizando os poucos
dados existentes na Tab. B.6.1. O resultado obtido
na interpolação linear é superior, ou inferior, ao
valor que pode ser obtido no gráfico construído?
3.119 Determine a pressão do fluido refrigerante R
— 134a no estado onde a temperatura e o volume
específico são iguais a 13ºC e 0,3 m'/kg.
3.120 Determine o volume específico da amônia no
estado onde a pressão e a temperatura são iguais a
140 kPa e 0 ºC.
3.121 Determine a pressão da água no estado onde
a temperatura e o volume específico são iguais a
200 Ce 1,5 mi/kg.
Tabelas Computadorizadas
3.122 Utilize o programa CATT para determinar as
propriedades da água nos quatro estados definidos
no Prob. 3.33.
3.123 Utilize o programa CATT para determinar as
propriedades da amônia nos quatro estados definidos
no Prob. 3.37.
3.124 Utilize o programa CATT para determinar as
propriedades da amônia nos três estados definidos
no Prob. 3.117.
3.125 Estime a temperatura de saturação a 900 kPa
para o nitrogênio utilizando uma interpolação linear
realizada com os dados existentes na Tab. B.6.1.
Compare o valor calculado com o fornecido pelo
programa CATT.
3.126 Desenvolva um programa de computador que
monte a tabela dos estados p-T-v referentes aos
processos descritos no Prob. 3.111.
3.127 Utilize o programa de computador que
acompanha este livro para construir um gráfico da
pressão em função da temperatura no processo
descrito no Prob. 3.41. Faça uma pequena extensão
da curva pressão — temperatura na região mono-
fásica.
PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E
APLICAÇÃO DE COMPUTADORES
3.128 Desenvolva uma planilha que represente à
linha de saturação líquido - vapor da amônia (tabela
p- T). Considere — 40 ºC como temperatura inicial
do intervalo, a crítica como a final e utilize um
intervalo de 10 C para construir a planilha.
Construa o gráfico da curva p — T com os dados de
sua planilha.
3.129 Desenvolva uma planilha que represente um
processo a volume constante para a água (tabela
p-T). Considere que a pressão e o título do estado
inicial são iguais a 100 kPa e 0,5. A pressão no
70 Fundamentos da Termodinâmica
estado final é 800 kPa. Construa um gráfico da curva
p= T com os dados de sua planilha.
3.130 Utilize o programa de computador que
acompanha este livro para determinar alguns estados
intermediários do processo descrito no Prob. 3.102.
Utilize estes estados para construir um gráfico da
pressão em função da temperatura.
3,131 Utilize o programa de computador que
acompanha este livro para reproduzir, estado: por
estado, o processo descrito no Prob. 3.106.
3,132 Considere uma isotérmica qualquer, na região
de vapor superaquecido, de uma substância que
esteja descrita nas Tabs. B.1 a B.7 do Apêndice.
Ajuste um polinômio de grau n sobre os valores
correspondentes de pressão e massa específica nesta
isotérmica.
3.133 O fluido de trabalho (refrigerante) num refri-
gerador doméstico muda da fase líquida para a
vapor, a baixa temperatura, no evaporador (que é
interno ao refrigerador). O fluido também muda da
fase vapor para a líquida no condensador (que é
extemo ao refrigerador). O condensador é um
trocador de calor onde o refrigerante apresenta
temperaturas maiores do que a atmosférica. Deste
modo, torna-se possível a transferência de calor do
refrigerante para o meio no condensador. Meça, ou
estime, estas temperaturas de mudança de fase.
Utilize estas temperaturas para construir uma tabela
que apresente as pressões no condensador e no
evaporador para cada um dos refrigerantes presen-
tes no Apen. B. Discuta os resultados e mostre quais
são as características necessárias para que uma
substância possa ser considerada como um
refrigerante em potencial.
3.134 Repita o problema anterior mas utilize o
diagrama generalizado de compressibilidade (Fig.
D.1) para avaliar as pressões.
3.135 A pressão de saturação, em função da tempe-
ratura, pode ser aproximada pela equação de
Wagner, ou seja:
3 5
Cem tam Ja.
Inp, = E T+wT
onde a pressão reduzida, p,, é dada por p/p,, a
temperatura reduzida, T, , é dada por 7/7. e à
variável 7 é definida por 1 — T,. Os parâmetros w;
para os refrigerantes R-12 e R-134a são:
w, A w, w,
R-I2 —6,91826 1,49560 -2,65015 —0,63170
R-134a -7,59884 1,48886 -3,79873 1,81379
Compare os resultados da equação de Wagner com
os fornecidos pelas tabelas de propriedades
termodinâmicas destes refrigerantes.
3.136 Determine os parâmetros w, da equação de
Wagner para a água e para o metano (veja o Prob,
3.135). Procure outras correlações na literatura e
compare os resultados fornecidos por todas as
equações com os fornecidos pelas tabelas. Procure,
também, o maior desvio e onde este ocorre.
3.137 O volume específico do líquido saturado pode
ser aproximado pela equação de Rackett, ou seja:
RE,
WEZ
Mp.
onde
ns E o
T, é à temperatura reduzida (T/T. ) e O fator de
compressibilidade Z. é dado por:
v,
z, = Eme
Rr
Calcule o volume específico do líquido saturado das
substâncias presentes no Apen. B em vários estados
e os compare com os fornecidos pelas tabelas,
Utilize as constantes críticas indicadas na Tab, A.2
Trabalho e
Calor
Neste capítulo nós consideraremos o trabalho e o calor. É essencial, para o estudante de
termodinâmica, entender claramente as definições de trabalho e calor porque a análise correta de
muitos problemas que envolvem a termodinâmica depende da distinção entre estas interações.
Trabalho e calor formas de transferência de energia de um sistema para outro e por isso
são importantes na análise de processos e sistemas termodinâmicos. Nós precisamos reconhecer e
modelar tanto o calor quanto o trabalho se nós queremos analisar estes sistemas e, também,
relacioná-los as variações das propriedades e parâmetros característicos dos sistemas. Uma análise
física dos fenômenos nos permite construir um modelo para o calor, outro para o trabalho e utilizar
o resultado nas nossas analises das transferências de energia e mudanças detectadas nos sistemas.
Este é um dos objetivos do Cap. 5 onde apresentaremos a primeira lei da termodinâmica.
Nós vamos apresentar vários processos onde o trabalho realizado pode ser expresso através
das mudanças detectadas no sistema. Isto é feito para facilitar o entendimento dos conceitos
básicos envolvidos. Nós também examinaremos algumas situações onde o trabalho é realizado
num dado processo mas não vamos entrar nos detalhes de como o processo pode ocorrer fisica-
mente. Tal postura foi adotada porque tal descrição será muito complexa e envolve conceitos que
ainda não foram apresentados. Nesta condição, nós só podemos analisar os efeitos do processo.
Normalmente, a transferência de calor é estudada em outra disciplina do currículo. Nós
acreditamos que a apresentação de uma introdução simples ao tópico é muito importante para o
desenvolvimento da nossa apresentação da termodinâmica. Um dos objetivos da inclusão desta
introdução básica é tornar a transferência de calor menos abstrata de modo que seja fácil relaciona-
la aos processos que estamos examinando. Nós vamos apresentar apenas os fundamentos dos
diferentes modos de transferência de calor (condução, convecção e radiação) e enfatizaremos que a
transferência de calor é sempre provocada por uma diferença de temperatura.
4.1 Definição de Trabalho
O trabalho é usualmente definido como uma força F agindo através de um deslocamento x,
sendo este deslocamento na direção da força. Isto é,
w=[ Fa (4.1)
Essa relação é muito útil porque nos permite determinar o trabalho necessário para levantar
um peso, esticar um fio, ou mover uma partícula carregada através de um campo magnético.
Entretanto, em vista do fato de estarmos tratando a termodinâmica do ponto de vista macros-
cópico, é vantajoso relacionar nossa definição de trabalho com os conceitos de sistemas, proprie-
dades e processos. Definimos, portanto, o trabalho do seguinte modo: um sistema realiza trabalho
se o único efeito sobre o meio (tudo externo ao sistema) puder ser o levantamento de um peso.
Note que o levantamento de um peso é, realmente, uma força que age através de uma distância.
Observe, também, que a nossa definição não afirma que um peso foi realmente levantado ou de
que uma força agiu realmente através de uma distância dada, mas que o único efeito externo ao
sistema poderia ser o levantamento de um peso. O trabalho realizado por um sistema é considerado
positivo e o trabalho realizado sobre um sistema é considerado negativo. O símbolo W designa o
trabalho realizado por um sistema.
Em geral, nós consideraremos o trabalho como uma forma de transferência de energia. Nós
não tentaremos apresentar uma definição rigorosa de energia neste livro. Ao contrário, como o
conceito de energia é familiar, o termo será utilizado quando apropriado e serão identificadas as
várias formas de energia.
74 Fundamentos da Termodinâmica
Figura 4.4 — Exemplo de trabalho efetuado
pelo movimento da fronteira de um sistema
num processo quase - estático.
Considere o gás contido num cilindro com êmbolo, como o mostrado na Fig. 4.4, como
sistema. Nós vamos retirar um dos pequenos pesos localizados sobre o êmbolo e, assim,
provocaremos um movimento do embolo para cima (a distância percorrida pelo êmbolo é dL). Este
processo pode ser considerado quase-estático e nós vamos calcular o trabalho W, realizado pelo
sistema, durante este processo. A força total sobre o êmbolo é p. , onde p é a pressão no gás ei
é a área do êmbolo. Assim, o trabalho ôW é:
ôW=pd dL
Entretanto, «) dL = dV é a variação de volume do gás. Assim,
ôW=pdV (4.3)
O trabalho realizado pelo sistema, devido ao movimento da fronteira, durante um processo
quase-estático, pode ser determinado pela integração da Eg. 4.3. Observe que essa integração
somente pode ser efetuada se conhecermos a relação entre p e V durante esse processo. Essa
relação pode ser expressa na forma de uma equação ou na forma de um gráfico.
Primeiramente nós vamos considerar a solução gráfica. Utilizaremos, como exemplo, o
processo de compressão do ar que ocorre num cilindro (Fig. 4.5). No início do processo, o êmbolo
está na posição 1 e a pressão é relativamente baixa. Esse estado é representado pelo ponto 1 no
diagrama pressão-vólume (usualmente referido como diagrama p-V ). No fim do processo, o
êmbolo está na posição 2 e o estado correspondente do gás é representado pelo ponto 2 no
diagrama p-V. Vamos admitir que essa compressão seja um processo quase-estático e que, durante
o processo, o sistema passe através dos estados mostrados pela linha que liga os pontos 1 e 2 do
diagrama p-V. A hipótese do processo ser quase-estático é essencial, porque cada ponto da linha 1-
2 representa um estado definido e estes estados corresponderão aos estados reais do sistema
somente se o desvio do equilíbrio for infinitesimal. O trabalho realizado sobre o ar durante esse
processo de compressão pode ser determinado pela integração da Eq. 4.3.
M=]/8W=]) pav (44)
O símbolo | W, deve ser interpretado como o trabalho realizado durante o processo (do estado
1 ao estado 2). Pelo exame do diagrama p-V, é evidente que o trabalho realizado durante esse
processo
par
nr
1
I
I
I
I
I
I
I
5 a v
2
Figura 4.5 — Uso do diagrama pressão-volume para mostrar o trabalho realizado por
um sistema num processo quase-estático (trabalho devido ao movimento da fronteira).
Trabalho e Calor 75
Figura 4.6 — Vários processos quase-
estáticos entre dois estados dados.
é representado pela área sob a curva 1-2, ou seja, a área a-1-2-b-a. Nesse exemplo, o volume
diminuiu, e a área a-1-2-b-a representa o trabalho realizado sobre o sistema. Se o processo tivesse
ocorrido do estado 2 ao estado 1, pelo mesmo caminho, a mesma área representaria o trabalho
realizado pelo sistema.
Uma nova consideração do diagrama p-V, Fig. 4.6, conduz a uma outra conclusão importan-
te. É possível ir do estado 1 ao estado 2 por caminhos quase-estáticos muito diferentes, tais como
A, Bou C. Como a área debaixo de cada curva representa o trabalho para cada processo, é evidente
que o trabalho envolvido em cada caso não é uma função somente dos estados inicial e final do
processo, mas também depende do caminho que se percorre ao se ir de um estado a outro. Por essa
razão, o trabalho é chamado de função de linha, ou em linguagem matemática, ôW é uma
diferencial inexata.
Estes conceitos nos levam a uma breve consideração sobre as funções de ponto e as de linha
ou, usando outros termos, sobre as diferenciais exatas e as inexatas. As propriedades
termodinâmicas são funções de ponto — denominação que surge pelo seguinte fato: para um dado
ponto de um diagrama (tal como a Fig. 4.6) ou de uma superfície (tal como a Fig. 3.18), o estado
está fixado e, assim, só existe um valor definido para cada propriedade correspondente a este
ponto. As diferenciais de funções de ponto são diferenciais exatas e a integração é simplesmente
fpav=v,-v
Assim, podemos falar de volume no estado 2 e de volume no estado 1, e a variação de
volume depende somente dos estados inicial e final.
O trabalho, por outro lado, é uma função de linha, pois, como já foi mostrado, o trabalho
realizado num processo quase-estático entre dois estados depende do caminho percorrido. As
diferenciais de funções de linha são diferenciais inexatas. Neste texto será usado o símbolo ô para
designar as diferenciais inexatas (em contraste a d para diferenciais exatas). Assim, para O
trabalho, escrevemos
Jow =
Seria mais preciso usar a notação ,W>, a para indicar o trabalho realizado durante a mudança
do estado 1 ao 2 pelo caminho 4. Entretanto, subentende-se na notação ;W> o processo
especificado entre os estados 1 e 2. Deve-se notar que nunca mencionamos o trabalho do sistema
no estado 1 ou no estado 2 e assim nunca escreveremos W>— Wi.
Na determinação da integral da Eq. 4.4, devemos sempre lembrar que estamos interessados
na determinação da área situada sob a curva da Fig. 4.6. Relativamente a esse aspecto, identifica-
mos duas classes de problemas:
1. A relação entre p e V é dada em termos de dados experimentais ou em forma gráfica (como,
por exemplo, o traço num osciloscópio). Nesse caso, podemos determinar o trabalho,
Eq. 4.4, através de uma integração gráfica ou numérica.
2. A relação entre p é V é tal que torna possível o seu ajuste por uma relação analítica. Assim
podemos realizar a integração diretamente.
76 Fundamentos da Termodinâmica
Um exemplo comum desse segundo tipo de relação funcional é o caso de um processo
chamado politrópico, no qual
pV"= constante
é válido em todo o processo. O expoente n pode tomar qualquer valor entre —ss e +oo e é função do
processo em questão. Nestas condições podemos integrar a Eq. 4.4 do seguinte modo
pV" =constante= p,V” = p,V/
há constante pV” pVy
a v” Ve
2
vt
J p dV = constante di Rr = constante
i o =n+1)|,
nyt=n ayt-n
constante E E poY, PVE V,
gi (ya EA ota E
L=n n
Vo piv
[ip av = a Pitt (4.5)
y led
Note que o resultado apresentado na Eg. 4.5 é válido para qualquer valor do expoente n, exceto
para n = 1. Para o caso onde n = 1, temos
2 2 dv V,
Pu SPIRADIR TPM a Va sn EE ADO Dna dia CO
Observe que nós não'afirmamos que o trabalho é igual as expressões indicadas pelas Egs. 4.5 e
4.6. Estas expressões fornecem apenas o valor de uma certa integral, ou seja, um resultado
matemático. Considerar, ou não, que aquela integral corresponda ao trabalho num dado processo,
depende do resultado de uma análise termodinâmica do processo. É importante manter separado o
resultado matemático da análise termodinâmica, pois há muitos casos em que o trabalho não é
dado pela Eg. 4.4.
O processo politrópico, conforme já descrito, apresenta uma relação funcional especial entre
pe V durante um processo, Há muitas outras relações possíveis, algumas das quais serão
examinadas nos problemas apresentados no fim deste capítulo.
Exemplo 4.1
Consideremos como sistema o gás contido no conjunto cilindro — êmbolo mostrad: Fig. 4.7.
Observe que vários pesos pequenos estão colocados sobre o êmbolo. A pressão inicial é igual a
200 kPa e o volume inicial do gás é 0,04 mº.
a. Coloquemos um bico de Bunsen embaixo do cilindro e deixemos que o volume do gás
aumente para 0,1 m?, enquanto a pressão permanece constante. Calcular o trabalho realizado pelo
sistema durante esse processo.
Figura 4.7 — Esboço para o Exemplo 4.1
Trabalho e Calor 79
MW, = E pdV = ÁREA soba curva do processo
mi =>pi+ po) Vi)
Se o processo for de pressurização, em vez de expansão, o processo ocorreria no sentido
inverso ao indicado na Fig. 4.10 e partiria do mesmo estado inicial (indicado por 1 no gráfico).
Exemplo 4.3
O conjunto cilindro — pistão descrito no Exemplo 4.2 contém 0,5 kg de amônia a — 20 *C e título
igual a 0,25. A amônia é aquecida até que a temperatura atinja 20 “C. Neste estado, o volume
ocupado pela amônia é 41% maior do que o volume inicial. Determine a pressão no estado final e
o trabalho realizado pela amônia.
Solução: Observe que, nas condições impostas, a relação entre p e v é linear (veja o Exemplo 4.2).
As propriedades no estado inicial (1) podem ser determinadas na Tab. B.2.1, Deste modo,
Estado 1 Pi =Psa = 190,2 kPa
vi=Vi+x1 Vy = 0,001504 + 0,25 x 0,62184 = 0,15696 m'/kg
As propriedades no estado final (2) podem ser determinadas com o valor da temperatura (T, =
20 *€) e com o valor do volume específico (v, = 1,41 x v; = 0,2213 m/kg). A Tab. B.2.2 indica
que a pressão no estado 2 é muito próxima de 600 kPa.
A Fig. 4.11 mostra os diagramas p — v e T— v do processo que estamos analisando, Observe que o
trabalho realizado pela amônia pode ser calculado porque conhecemos a relação entre p e v no
processo. A área escurecida mostrada no diagrama p — v da Fig. 4.11 representa o trabalho
realizado no processo. Aplicando a definição de trabalho,
1
mM, =]" pav=[? pd =m>(p.+ po, vi)
E > (190,2 +600)(0,2213-0,15696)= 12,71 kJ
Figura 4.11 — Diagramas para o Exemplo 4.3.
Exemplo 4.4
O conjunto cilindro - pistão mostrado na Fig. 4.12 contém 0,1 kg de água a 1000 kPa e 500 C e o
módulo da força que atua sobre o pistão é constante. A água é então resfriada até que o volume
interno do conjunto seja igual a metade do volume inicial. Nesta condição, o pistão fica encostado
no esbarro. Após este processo, a água é resfriada até 25 “C. Determine a pressão da água no
estado final, o trabalho total realizado nos processos e construa os diagramas p - vep-T
referentes aos processos descritos.
Solução: Observe que o processo global pode ser desmembrado num processo que ocorre a pressão
constante e noutro que ocorre a volume constante. A Tab. B.1.3 indica que, no estado inicial (1), a
80 Fundamentos da Termodinâmica
Figura 4.12 — Esboço para o Exemplo 4.4.
água se encontra como vapor superaquecido com volume específico v; = 0,35411 mílkg. o
processo a pressão constante ocorre do estado 1 ao estado la. O volume específico do vapor no
estado la é igual a metade do valor daquele no estado inicial, ou seja, via = v1/2 = 0,17706 mÍfkg.
O processo a volume constante ocorre do estado la ao 2. Assim, os volumes específicos nos dois
estado são iguais (vz = via ). A Tab. B.1.1 indica que v; é menor do que v, a 25 “C e maior do que
V; na mesma temperatura. Isto indica que a água se encontra num estado saturado a 25 “C e que a
pressão no estado 2 é 3,169 kPa.
O trabalho realizado no processo global é
W=]) pdV=m]) pdv=mp, (v,—v,)+O
=0,1x1000 (0.17706-0.35411)= 17,7 kJ
A Fig. 4.13 mostra um esboço dos diagramas p — v e T— y dos processos que ocorrem no Exemplo.
Note que o trabalho realizado sobre a água no segundo processo é nulo.
Figura 4.13 — Diagramas para o Exemplo 4.4.
Nós discutimos, nesta seção, o trabalho associado ao movimento da fronteira de um sistema
num processo quase-estático.
Devemos compreender que pode existir trabalho associado ao movimento da fronteira num
processo de não-equilíbrio. Neste caso, a força total exercida sobre o êmbolo pelo gás interno ao
cilindro, p./, não é igual a força externa, Fa» € O trabalho não é dado pela Eq. 4.3. O trabalho
pode, entretanto, ser determinado em função de F.. ou, dividindo esta força pela área, em função
de uma pressão externa equivalente, p,, - Neste caso, o trabalho associado ao movimento da
fronteira é
ôW = Fu dL= po dV (4.7)
Para a utilização da Eq. 4.7, em um caso particular, é necessário conhecer como a força ou a
pressão externa varia durante o processo.
Exemplo 4.5
Considere o conjunto cilindro — pistão mostrado na Fig. 4.14. A massa no pistão é m, e,
inicialmente, o pistão está travado com um pino. Nesta condição, o gás armazenado no conjunto
apresenta pressão p; e volume V) . Num certo instante, o pino é removido e a força externa por
unidade de área que atua sobre o gás na superfície interna do pistão passa a ser dada por
Pea=FexlA=po+mg/A
Trabalho e Calor 81
Figura 4.14 — Esboço para o Exemplo 4.5
Determine o trabalho realizado pelo gás quando o pistão atinge a nova posição de equilíbrio.
Solução: Considere o gás contido no conjunto como sistema. Após a liberação do pistão, a pressão
no sistema passa a ser ditada pela pressão na fronteira móvel (veja a Sec. 2.8 em conjunto com a
Fig.2.9). Observe que a pressão imposta pela fronteira móvel não varia ao longo do processo. Se a
pressão inicial p; é maior do que a pressão imposta pela fronteira móvel, o pistão se deslocará para
cima numa velocidade finita, ou seja, nós teremos um processo onde a condição de equilíbrio não
é satisfeita (um processo de não - equilíbrio). No instante em que o movimento do pistão cessar, ou
seja, o sistema entrar em equilíbrio mecânico, a pressão no sistema será igual a imposta pela
fronteira móvel. A Fig. 4.15 mostra um gráfico típico da variação da pressão média no sistema ao
longo do tempo. Entretanto, o trabalho realizado pelo sistema durante este processo ainda é
representado pela Eg. 4.7 porque a pressão na fronteira móvel do sistema é constante. Assim, o
trabalho é dado por
W= [5 pdV= pao)
onde V> é maior do que V; (o trabalho realizado pelo sistema é positivo). Se a pressão inicial for
menor do que a pressão imposta pela fronteira móvel, o pistão se moverá para baixo, comprimindo
o gás, e o equilíbrio mecânico do sistema ocorrerá quando a pressão no sistema for igual a pressão
imposta pela fronteira móvel. Neste caso, o trabalho será negativo, ou seja, o trabalho é realizado
sobre o sistema pelo meio.
4.4 Outras Formas de Realização de Trabalho em Sistemas
Na seção precedente nós consideramos o trabalho associado ao movimento de fronteira num
sistema compressível simples. Observe que nós analisamos tanto processos quase-estáticos como
processos de não-equilíbrio. Há outros tipos de sistemas que também podem apresentar trabalho
devido ao movimento de fronteira. Nesta seção consideraremos, brevemente, três desses sistemas:
um fio esticado, uma película superficial e o trabalho elétrico.
Considere como sistema um fio esticado sujeito a uma dada força 7. Quando o compri-
mento do fio varia dL, o trabalho realizado pelo sistema é
ôWw=-I dL (4.8)
Ph Peak A-
Figura 4.15 — Pressão no sistema em função do tempo.
tempo
84 Fundamentos da Termodinâmica
E
1
1
t
!
1
í
!
1
1
1
1
I
!
4
Figura 4.18 — Exemplo que mostra como a definição da fronteira do sistema
(linha tracejada) determina se um processo realiza trabalho.
Também devemos observar que podemos identificar muitas outras formas de trabalho em
processos que não sejam quase-estáticos. Um exemplo disso é o trabalho realizado pelas forças de
cisalhamento num escoamento de fluido viscoso ou o trabalho realizado por um eixo rotativo que
atravessa a fronteira do sistema.
A identificação do trabalho é um aspecto importante em muitos problemas termodinâmicos.
Já mencionamos que o trabalho pode ser identificado somente nas fronteiras do sistema. Por
exemplo, considere a situação indicada na Fig. 4.17. Observe que um gás está separado do espaço
evacuado por uma membrana. Fazendo com que a membrana se rompa, o gás encherá todo o
volume. Desprezando qualquer trabalho associado com a ruptura da membrana, podemos indagar
se há trabalho envolvido no processo. Se tomarmos como sistema o gás e o espaço evacuado,
concluímos prontamente que não há trabalho envolvido, pois nenhum trabalho pode ser
identificado na fronteira do sistema. Se tomarmos o gás como sistema, teremos uma variação de
volume e poderemos ser induzidos a calcular o trabalho pela integral
[var
Entretanto esse não é um processo quase-estático e, portanto, o trabalho não pode ser
calculado com esta relação. Ao contrário, como não há resistência na fronteira do sistema quando
o volume aumenta, concluímos que, para este sistema, não há trabalho envolvido.
Um outro exemplo pode ser citado com a ajuda da Fig. 4.18. Na Fig. 4.184, o sistema
consiste no recipiente mais o gás. O trabalho atravessa a fronteira do sistema no ponto onde a |
fronteira do sistema intercepta o eixo e pode ser associado com as forças de cisalhamento no eixo |
rotativo. Na Fig. 4.18h, o sistema inclui o eixo e o peso, bem como o gás e o recipiente. Nesse caso
não há trabalho atravessando a fronteira do sistema, quando o peso se move para baixo. Como
veremos no próximo capítulo, podemos identificar uma variação de energia potencial dentro do
sistema, porém, isto não deve ser confundido com trabalho atravessando a fronteira do sistema.
4.6 Definição de Calor
A definição termodinâmica de calor é um tanto diferente da interpretação comum da palavra.
Portanto, é importante compreender claramente a definição de calor dada aqui, porque ela é
aplicável a muitos problemas da termodinâmica.
Se um bloco de cobre quente for colocado num béguer com água fria, sabemos, pela
experiência, que o bloco de cobre esfria c a água aquece até que o cobre e a água atinjam a mesma
temperatura. O que provoca essa diminuição de temperatura do cobre e o aumento de temperatura
da água? Dizemos que isso é um resultado da transferência de energia do bloco de cobre à água, É
dessa transferência de energia que chegamos a uma definição de calor.
O calor é definido como sendo a forma de transferência de energia através da fronteira de um
sistema, numa dada temperatura, a um outro sistema (ou o meio), que apresenta uma temperatura
inferior, em virtude da diferença entre as temperaturas dos dois sistemas. Isto é, o calor é
transferido do sistema com temperatura superior ao sistema que apresenta temperatura inferior e a
Trabalho e Calor 85
transferência de calor ocorre unicamente devido à diferença entre as temperaturas dos dois
sistemas. Um outro aspecto dessa definição de calor é que um corpo nunca contém calor. Ou
melhor, o calor pode somente ser identificado quando atravessa a fronteira. Assim, o calor é um
fenômeno transitório. Se considerarmos o bloco quente de cobre como um sistema e a água fria do
béguer como um outro sistema, reconhecemos que originalmente nenhum sistema contém calor
(eles contém energia). Quando o bloco de cobre é colocado na água, os dois sistema entram em
contato térmico e calor é transferido do cobre à água até que seja estabelecido o equilíbrio de
temperatura. Nesse ponto, já não há mais transferência de calor, pois não há diferença de
temperatura. Nenhum sistema contém calor no fim do processo. Conclui-se, também, que o calor é
identificado na fronteira do sistema, pois o calor é definido como sendo a energia transferida
através da fronteira do sistema.
De acordo com o apresentado nesta seção e nas anteriores, o calor e o trabalho são formas de
transferência de energia para ou de um sistema. Portanto, as unidades de calor, ou de qualquer
forma de energia, são as mesmas das de trabalho. Assim, no, Sistema Internacional, SI, a unidade
de calor (e de qualquer outra forma de energia) é o joule.
Considera-se positivo o calor transferido para um sistema e o calor transferido de um sistema
é considerado negativo. Assim, uma transferência de calor positiva representa um aumento de
energia no sistema e uma transferência negativa representa uma diminuição de energia no sistema.
O calor é representado pelo simbolo O. Os processos que não apresentam transferência de calor
(OQ = 0) são denominados adiabáticos.
Do ponto de vista matemático, o calor (como o trabalho), é uma função de linha e por isto
apresenta diferencial inexata. Isto é, a quantidade de calor transferida para um sistema que sofre
uma mudança do estado 1 para o estado 2 depende do caminho que o sistema percorre durante o
processo. Como o calor tem uma diferencial inexata, a diferencial é escrita ó Q. Na integração
escrevemos
fi 60 =,9.
Em palavras, |O, é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 eo estado 2.
O calor transferido para um sistema na unidade de tempo é designado pelo símbolo o é
Também é conveniente exprimir a transferência de calor por unidade de massa do sistema, q, por
q=2
m
4.7 Modos de Transferência de Calor
A transferência de calor é o transporte de energia que ocorre quando quantidades de matéria
que apresentam temperaturas diferentes são colocadas em contato térmico. Nós sabemos que um
cubo de gelo tirado de um congelador derreterá se for colocado num local mais quente, como por
exemplo, num copo de água líquida ou sobre um prato exposto ao ar ambiente. Na Sec. 2.6 nós
discutimos que as moléculas da matéria apresentam energia translacional (cinética), rotacional e
vibracional. A energia, em todos estes modos, pode ser transferida as moléculas vizinhas através
de interações (colisões) ou por intercâmbio de moléculas. Deste modo, é possível que as moléculas
mais energéticas em média (temperatura mais alta) transfiram energia para as moléculas que , em
média, são menos energéticas (temperatura mais baixa). Esta transferência de energia entre
moléculas é denominada transferência de calor por condução. A taxa de transferência de calor por
condução é função da diferença de temperatura e também da habilidade da substância realizar a
transferência de energia. Isto é expresso pela lei de Fourier da condução
à gd
0=- (4.18)
86 Fundamentos da Termodinâmica
Note que a taxa de transferência de calor por condução é proporcional a condutibilidade térmica, k,
a área total, Jd, e ao gradiente de temperatura. O sinal negativo indica que o sentido da
transferência de calor é da região que apresenta temperatura mais alta para a que apresenta
temperatura mais baixa. Muitas vezes, quando uma solução analítica ou numérica do problema que
estamos analisando não for disponível, o gradiente de temperatura é avaliado como a diferença de
temperatura dividida por uma distância.
Os valores típicos das condutibilidades térmicas dos materiais, em W/mkK, são:
sólidos metálicos da ordem de 100
sólidos não metálicos (como o vidro, o gelo e as rochas) dela 10
líquidos de 0,1a 10
gases de 0,012 0,1
A transferência de calor por convecção é um modo diferente de transferência de calor e
ocorre quando o meio está escoando. Neste modo de transferência, o movimento da substância
como um todo — o escoamento — desloca matéria, que apresenta um certo nível energético, sobre
uma superfície que apresenta uma temperatura diferente da do meio que escoa. Neste caso, a
transferência de calor por condução é influenciada pela natureza do escoamento, ou seja, a taxa de
transferência de calor por convecção depende de como é realizado o contato térmico entre a
superfície e o meio que escoa. Exemplos de situações onde a transferência de calor por convecção
é importante são: o vento soprando sobre um edifício e o escoamento de fluidos em trocadores de
calor tubulares (tanto o escoamento dentro dos tubos quanto o escoamento sobre os tubos).
Normalmente, o coeficiente de transferência de calor por convecção é correlacionado pela lei do
resfriamento de Newton.
O=haAT (4.19)
onde as propriedades de transferência estão agrupadas no coeficiente de transferência de calor por
convecção, h. Este coeficiente é função das propriedades físicas do meio que escoa, do escoamento
e da geometria. Deste modo, para que seja possível avaliar o coeficiente de transferência de calor
por convecção numa dada situação, é necessário analisar detalhadamente o escoamento (mecânica
dos fluidos) e o processo global de transferência de calor da situação que está sendo analisada.
Os valores típicos do coeficiente de transferência de calor por convecção, em W/m?K, são:
Convecção natural gás h=5-25 líquido A = 50 — 1000
Convecção forçada gás h=25-250 líquido A = 50 — 20000
Ebulição (mudança de fase) h = 2500 — 100000
O último modo de transferência de calor é a radiação. Neste modo, a energia é transmitida na
forma de ondas eletromagnéticas, A transferência de calor por radiação pode ocorrer no vácuo mas
é necessário um meio material para que ocorra tanto a emissão (geração) quanto a absorção de
energia. Normalmente, a taxa de emissão superficial de energia é escrita como uma fração,
emissividade, da taxa de emissão de um corpo negro perfeito, ou seja,
O=eodT! (4.20)
onde T, é a temperatura da superfície e o é a constante de Stefan — Bolztmann. As superfícies não
metálicas apresentam emissividades próximas de 0,92 e as superfícies metálicas não polidas apre-
sentam emissividades na faixa delimitada por 0,6 e 0,9. A radiação térmica não é monocromática e
substâncias diferentes emitem e absorvem radiação de modos diferentes. Um tratamento mais
completo dos mecanismos de transferência de calor pode ser encontrado num livro texto sobre
transferência de calor.
Exemplo 4.7
Considere a transferência de calor, em regime permanente, de uma sala a 20 “C para o ambiente
externo, que se encontra a -10 “C, através da janela simples esboçada na Fig. 4.19.
A variação de temperatura com a distância, medida a partir da superfície externa do vidro, também
Trabalho e Calor 89
O calor é a transferência de energia entre sistemas e só ocorre se existir uma diferença entre
as temperaturas dos sistemas. A condução, convecção e a radiação são os modos de transferência
de calor.
Após estudar o material deste capítulo você deve ser capaz de:
e Identificar forças e deslocamentos na fronteira de sistemas.
e Saber que a potência é a taxa de realização de trabalho (força x velocidade, momento
angular x velocidade angular).
e Reconhecer que o trabalho é função dos estados inicial e final do processo e, também, do
processo.
e Calcular o trabalho a partir das relações p - Ve F — x.
e Calcular o trabalho associado aos processos politrópicos.
* Reconhecer que o trabalho nos processos quase — estáticos é igual a área sobre a curva do
processo no diagrama p — V.
« Distinguir um processo quase- estático de um processo de não — equilíbrio.
« Distinguir os três modos básicos da transferência de calor: condução, convecção e radiação.
e Estimar a taxa de transferência de calor por condução com a lei de Fourier em casos
simples.
* Reconhecer os fenômenos que ocorrem nos modos de transferência de calor por convecção
e radiação.
e Reconhecer a diferença entre potência e trabalho e, também a diferença entre taxa de
transferência de calor e transferencia de calor.
Conceitos e Equações Principais
Trabalho Transferência de energia (trabalho mecânico, elétrico e ...)
Calor Transferência de energia (provocado unicamente por diferença
de temperatura)
Trabalho por deslocamento W=[/ Fdx=[ pdV= fi Sdd= fp Tdo
Trabalho específico w=W/m (trabalho por unidade de massa)
Potência, W=FV=pV/=To (V taxa de deformação volumétrica)
Processo politrópico pV"=constante ou pv"= constante
Trabalho no processo ti
palitrópico LA To (api) (se nz1)
V,
M=phInZ (sen=1)
h
Transferência de calor O=-kudl ar
por condução FER
Condutibilidade térmica K(WimkK)
Transferência de calor A
por convecção PRA
Coeficiente de transferência A(Wim/K)
de calor por convecção
90 Fundamentos da Termodinâmica
Transferência de calor e a 4
por radiação d=e0d
Integração da potência
Integração da taxa de
transferência de calor
PROBLEMAS
PROBLEMAS CONCEITUAIS E
DE ESTUDO DIRIGIDO
4.1 O valor cobrado pelas companhias - de
distribuição de energia elétrica é bascado no
consumo em kW-hora. Qual é a unidade deste
consumo no SI?
4.2 A potência máxima do motor de um automóvel
é 100 Hp. Qual é a potência máxima desse motor
na unidade do SI?
4.3 O motor de um carro de corrida apresenta
potência de 1200 Hp a 2000 rpm. Determine, nesta
condição, o torque no eixo do motor.
4.4 Um carro de corrida se desloca a 100 km/h.
Sabendo que a potência desenvolvida pelo motor
neste movimento é 1200 Hp, determine o módulo
da força que atua sobre os pneus do carro.
4.5 Dois conjuntos cilindro — pistão estão conecta-
dos através de uma tubulação de modo que as
pressões nos conjuntos podem ser consideradas
iguais. O cilindro do conjunto 1 apresenta diâmetro
Do e aquele do conjunto 2 apresenta diâmetro D, .
Sabendo que D, = 2D;, determine a relação entre os
módulos das forças que atuam nos dois conjuntos
(FeFs).
4.6 As cabeças dos pistões dos motores Diesel não
são planas e isto é feito para melhorar as condições
de combustão na câmara do motor. A forma da
cabeça do pistão influencia o trabalho realizado
pelos gases de combustão no motor?
4.7 Faça uma comparação entre as ordens de gran-
deza dos trabalhos realizados nos processos 1 — 2c
e1-2a mostrados na Fig, 4.8.
4.8 Um cilindro hidráulico, com área da seção trans-
versal igual a 0,01 m?, deve levantar uma massa de
1000 kg. Sabendo que o curso do movimento deve
ser igual a 5 m, determine a pressão intema neces-
sária e o trabalho realizado no processo.
4.9 O ar contido num conjunto cilindro — pistão
deve realizar um trabalho de 2,5 kJ. A pressão no ar
está limitada a 500 kPa e o deslocamento desejado
para o pistão é 0,5 m. Nestas condições, determine
o diâmetro interno do cilindro.
e) 0=5,67x108 Wink!
Mo = [td =Wcgo Mt
B=7Ód=
médio
Onésio AM
4.10 Uma amostra de gás Hélio expande, num pro-
cesso politrópico com » = 1,667, do estado 1 (p, =
125 kPa e T; = 350 K) até o estado 2 (p, = 100 kPa
ev=0,25 m'/kg). O trabalho realizado no processo
é positivo, negativo, ou nulo?
4.11 Considere duas amostras de gás perfeito no
mesmo estado termodinâmico. A amostra 1 sofre
um processo de expansão isotérmica até que o
volume da amostra dobre. A amostra 2 sofre um
processo de expansão politrópico, com n = 1,25, até
que seu volume dobre. Qual processo produzirá o
maior trabalho?
4.12 Mostre como o expoente politrópico n pode
ser avaliado a partir das propriedades iniciais (p;,
Vi ) e finais do processo (p», V5 ).
4.13 A força de arrasto que atua num objeto que se
desloca num fluido é dada por Fy= 0,225 .4 pV?.
Qual é a unidade desta força se ud, p e V estão
expressos em unidades do SI?
4.14 Um reboque de trator, que se move a 60 km/h,
é movido por uma força com módulo igual a 1,2
kN. Qual é a potência associada a este movimento?
4.15 Uma bateria de automóvel opera a 12 V e é
carregada durante 3 horas com uma corrente de
6. Qual é a energia acumulada na bateria durante
esta operação?
4.16 As unidades do momento angular, da energia e
do trabalho são as mesmas. Mostre quais são as
diferenças entre estes conceitos.
4.17 Uma placa de compensado (k = 0,16 WimkK)
apresenta espessura igual a 15 mm. Sabendo que a
diferença entre as temperaturas das superfícies
expostas da placa é 20 ºC, determine a taxa de
transferência de calor por condução na placa.
4.18 O vidro de uma janela, com área de 2 mº,
apresenta temperatura superficial extema igual à
15ºC. O ambiente externo está a 2 ºC e proporciona
um coeficiente de transferência de calor por con-
vecção de 125 Wim?K. Qual é a taxa de transferên-
cia de calor do vidro para o meio externo?
4.19 Um aquecedor de ambientes opera por
radiação térmica. A superfície aquecedora apre-
senta temperatura igual a 1000 K e £ = 08.
Determine a área da superfície aquecedora sabendo
que a taxa de transferência de calor do aquecedor
para o ambiente é igual a 250 W.
PROBLEMAS
Trabalho Associado a Uma Força
4.20 Um pistão, que apresenta massa igual a 2 kg, é
baixado 0,5 m no campo gravitacional padrão.
Determine a força necessária para tal movimento e
o trabalho envolvido no processo.
4.21 Um elevador levanta uma carga de 100 kg
durante 1 minuto com uma velocidade constante.
Sabendo que a distância percorrida pela carga é
10 m, determine o trabalho total e a potência
envolvida nesse processo.
4.22 Uma máquina de terraplanagem arrasta 500 kg
de cascalho por 100 m. O módulo da força
necessária para realizar tal operação é 1500 N.
Completado este evento, a máquina levanta o
cascalho a 3 m de altura e o joga num caminhão.
Determine o trabalho associado a cada uma dessas
operações.
423 Um conjunto cilindro — pistão, com área da
seção transversal igual a 25 cm”, contém óleo a 2
MPa. Sabendo que o pistão se desloca 0,25 m,
determine o trabalho realizado no processo.
4.24 Considere dois conjuntos cilindro — pistão
hidráulicos que operam com pressão de óleo igual a
1200 kPa. As áreas das seções transversais dos
cilindros são iguais a 0,01 e 0,03 mº. Determine o
deslocamento e a variação volumétrica nos
conjuntos sabendo que cada um dos conjuntos deve
fornecer um trabalho igual de 1 kJ. Desconsidere a
ação da pressão atmosférica sobre os conjuntos na
solução do problema.
4.25 Uma mola linear que apresenta relação consti-
tutiva F=k, (x — x9) + com k, = 500 Nim, é
distendida até que a deformação se tome igual a
100 mm. Determine a força necessária para tal
deformação e o trabalho envolvido no processo.
4.26 Uma mola não linear apresenta relação consti-
tutiva F=k, (x — x, )". Determine o trabalho necessá-
rio para deformar a mola de x, metros a partir da
condição em que a mola está relaxada.
4.27 A resistência ao rolamento de um automóvel,
F, depende de seu peso e é dada por F = 0,006 mg,
onde m é a massa do automóvel. Qual é a distância
percorrida pelo automóvel (massa igual a 1400 kg)
quando lhe é fornecido um trabalho de 25 k3?
4.28 Um automóvel percorre 40 km durante meia
Trabalho e Calor 91
hora e consome 30 MJ de trabalho neste
movimento. Determine, nestas condições, a força de
tração no solo e a velocidade do veículo.
429 A força de arrasto acrodinâmico num
automóvel é dada por 0,225 xp V?. Admita que o ar
se encontra a 290 K e 100 kPa e que a área frontal
do automóvel é 4 m?. Se a velocidade do automóvel
é 90 km/h, determine a quantidade de energia
utilizada para vencer a resistência aerodinâmica
numa viagem com duração de 30 minutos.
430 Dois conjuntos cilindro — pistão estão
conectados através de uma tubulação. O cilindro
mestre apresenta área da seção transversal igual a 5
cm? e opera numa pressão de 1000 kPa. O cilindro
acionado apresenta área da seção transversal igual a
3 cm. Se realizarmos um trabalho de 25 J no
cilindro mestre, qual é a força e o deslocamento em
cada pistão e o trabalho produzido no conjunto
acionado?
Trabalho Associado a Movimento de Fronteira
4.31 Um conjunto cilindro — pistão opera a pressão
constante e, inicialmente, contém 0,2 kg de vapor
saturado de água a 400 kPa. O conjunto é resfriado
até que o volume da água se torne igual a metade do
inicial. Determine o trabalho realizado nesse
processo.
4.32 Um aquecedor de ambientes a vapor, loca-
lizado numa sala a 25 ºC, é alimentado com vapor
saturado a 110 kPa. As válvulas de alimentação e
descarga são fechadas e espera-se para que a tem-
peratura da água atinja a da sala. Qual será a pressão
e o título da água no estado final? Qual é trabalho
realizado no processo?
ERR
- “argônio,
Figura P4.33
4.33 O tanque A da Fig. P4.33 tem capacidade de
400 litros e contém gás argônio a 250 kPa e 30 ºC.
O cilindro B contém um pistão que se movimenta
sem atrito. A massa do pistão é tal que torna-se
necessária uma pressão interna de 150 kPa para
faze-lo subir. Inicialmente, o pistão B está encostado