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Inventário e manejo florestal, Notas de estudo de Engenharia Florestal

Este material bibliográfico representa um resgate e atualização de dois cursos ministrados pelo Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais NPFT na década de 1990, o curso de ?CARACTERIZAÇÃO DE ESTÁDIOS SUCESSIONAIS NA VEGETAÇÃO CATARINENSE? e o curso de ?MANEJO DO PALMITEIRO (Euterpe edulis) EM REGIME DE RENDIMENTO SUSTENTÁVEL?. Estes cursos são o resultado de pesquisas com espécies nativas que vêm sendo realizadas desde 1980 dentro da Universidade Fe

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 04/02/2010

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lino-vieira-4 🇧🇷

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Baixe Inventário e manejo florestal e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! NÚCLEO DE PESQUISAS EM FLORESTAS TROPICAIS INVENTÁRIO E MANEJO FLORESTAL AMOSTRAGEM, CARACTERIZAÇÃO DE ESTÁDIOS SUCESSIONAIS NA VEGETAÇÃO CATARINENSE E MANEJO DO PALMITEIRO (Euterpe edulis) EM REGIME DE RENDIMENTO SUSTENTÁVEL Textos elaborados por: Adelar Mantovani Ademir Reis Adilson dos Anjos Alexandre Siminski Alfredo Celso Fantini Ângelo Puchalski Maike Hering de Queiroz Mauricio Sedrez dos Reis Rudimar Conte FLORIANÓPOLIS JUNHO DE 2005 Sumário APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ ...3 1.MÓDULO INVENTÁRIO FLORESTAL......................................................................................... .........5 1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................5 1.2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AMOSTRAGEM .....................................................................................6 1.2.1 População ...............................................................................................................................................6 1.2.2 Censo e amostragem ...............................................................................................................................6 1.2.3 Amostra ...................................................................................................................................................6 1.2.4 Unidade amostral ....................................................................................................................................6 1.2.5 Precisão e acuracidade ...........................................................................................................................6 1.3 MÉTODOS DE AMOSTRAGEM .................................................................................................................7 1.3.1 Método de Área Fixa com emprego de parcelas .....................................................................................8 1.3.1.1 Estimadores para o número de árvores, área basal e volume ................................................................... ..........9 1.3.1.2 Amostragem aleatória simples ...................................................................................................................... ...10 1.3.1.3 Exemplo de amostragem aleatória simples .............................................................................................. ........11 1.3.1.4 Amostragem aleatória estratificada ........................................................................................... ......................14 1.3.1.5 Amostragem sistemática ............................................................................................................................... ...15 1.3.1.6 Obtenção de estimativas com emprego de parcelas ................................................................................ .........17 1.3.1.7 Exemplo com amostragem sistematizada ............................................................................................. ...........18 1.3.2 Método dos Quadrantes ........................................................................................................................28 1.3.2.1 Obtenção de estimativas pelo método dos quadrantes .......................................................................... ...........29 1.3.2.2 Exemplo utilizando o Método dos Quadrantes ...................................................................................... ..........29 1.4 BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................................................37 2.MÓDULO CARACTERIZAÇÃO DE ESTÁDIOS SUCESSIONAIS NA VEGETAÇÃO CATARINENSE..38 AS TIPOLOGIAS FLORESTAIS CATARINENSES.................................................................................................................38 DINÂMICA DA SUCESSÃO SECUNDÁRIA ASSOCIADA AOS SISTEMAS AGRÍCOLAS...................................................................40 CLASSIFICAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA EM ESTÁDIOS SUCESSIONAIS................................................................................42 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................................45 3.MODULO MANEJO DO PALMITEIRO (EUTERPE EDULIS) EM REGIME DE RENDIMENTO SUSTENTÁVEL.................................................................................................................. ..................49 3.1 ASPECTOS DA ECOLOGIA DE FLORESTAS TROPICAIS...................................................................49 3.1.1 Grupos ecológicos de espécies florestais..............................................................................................50 3.2 MANEJO DE RENDIMENTO SUSTENTADO: UMA PROPOSTA BASEADA NA AUTOECOLOGIA DAS ESPÉCIES..................................................................................................................................................54 3.2.1 Introdução.............................................................................................................................................54 3.2.2 Estoque disponível................................................................................................................................55 3.2.3 Taxas de incremento..............................................................................................................................56 3.2.4 Regeneração natural.............................................................................................................................57 3.2.5 Outras considerações............................................................................................................................58 3.3 A PALMEIRA EUTERPE EDULIS MARTIUS....................................................................................................59 3.3.1 ASPECTOS ECOLÓGICOS DA ESPÉCIE...........................................................................................59 3.3.2 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E FITOSSOCIOLÓGICOS................................................................61 3.4 INVENTÁRIO PARA O MANEJO DO PALMITEIRO.............................................................................63 3.5 ESTIMAÇÃO DE EQUAÇÕES DE INCREMENTO CORRENTE ANUAL...........................................65 3.6 SISTEMAS DE IMPLANTAÇÃO DE EUTERPE EDULIS................................................................................66 3.7 PRODUTIVIDADE SUSTENTÁVEL DE PALMITO ATRAVÉS DO MANEJO DE EUTERPE EDULIS.......67 3.8 EXEMPLO DE PLANO DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL..................................................71 1. INFORMAÇÕES GERAIS.........................................................................................................................71 2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS DO PMFS............................................................................................72 3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NA PROPRIEDADE..............................................................................72 4. MANEJO FLORESTAL..............................................................................................................................73 v. AVALIAÇÃO E PROPOSTA DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS..................................80 vi. PROGNOSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL PELA IMPLANTAÇÃO DO PMFS..........................80 vii. ANÁLISE ECONÔMICA DO PROJETO.................................................................................................80 8 BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................................83 9 DOCUMENTOS EXIGIDOS......................................................................................................................83 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E RECOMENDADA................................................................................83 4. DIVERSIDADE GENÉTICA EM PLANTAS.................................................................................. .......88 2 1. MÓDULO INVENTÁRIO FLORESTAL 1.1 INTRODUÇÃO Até poucos anos atrás, o inventário de florestas nativas no Brasil era realizado por meio de simples levantamento do estoque de indivíduos de grande porte, susceptíveis de serem explorados, resultando numa visão incompleta e por vezes distorcida da verdadeira condição de desenvolvimento da floresta (REIS et al., 1994). Com a evolução da tecnologia e a constante pressão dos órgãos ambientais, os inventários tornaram-se muito mais complexos e informativos. Neste novo enfoque, os inventários que na maioria dos casos eram utilizados para determinação do volume de madeira existente na floresta, passaram a ser utilizados para determinação de outros aspectos como volume total, volume comercial, estádio sucessional da floresta, a avaliação da regeneração natural das espécies, e outras peculiaridades inerentes ao objetivo do inventário florestal. Segundo PÉLLICO NETTO & BRENA (1997), “Inventário Florestal é uma atividade que visa obter informações qualitativas e quantitativas dos recursos florestais existentes em uma área pré-especificada”. Há diferentes tipos de inventário, como os inventários de reconhecimento, os inventários regionais e os inventários a nível nacional, além de outros. Os inventários podem atender a interesses específicos de uma empresa florestal ou de uma instituição de pesquisa, visando a uma determinada fazenda, à parte de uma propriedade ou a um conjunto de propriedades (VEIGA, 1984) Os inventários contínuos para planos de manejo florestal exigem que as amostras na área sejam permanentes para efeitos de fiscalização e, também, para determinação das variações periódicas dos parâmetros médios da população. Para que as amostras sejam permanentes é preciso criar uma estrutura capaz de assegurar a demarcação tanto das unidades amostrais quanto das espécies em estudo. Esta estrutura requer tempo e demanda custos para quem realiza o inventário florestal, o que implica na necessidade de avaliação da economicidade do sistema de amostragem. Portanto, é muito importante que se concilie a aplicação do melhor método de amostragem para cada tipo de situação, pois esta etapa tem sido considerada como um ponto de estrangulamento dentro de um sistema de manejo sustentável, conforme trabalho realizado com o manejo do palmiteiro em Santa Catarina (CONTE, 1997). Quando o objetivo do produtor é conduzir um sistema de manejo florestal visando o rendimento sustentado dos seus produtos, o inventário é a ferramenta capaz de garantir o sucesso do seu empreendimento. Para que isso ocorra, o sistema de amostragem a ser empregado em um inventário florestal deve permitir que os dados coletados nas unidades de amostragem possibilitem, através de cálculos estatísticos, estimativas adequadas da população em estudo (VEIGA, 1984). Além disso, há necessidade de estruturação de boas equipes de inventário florestal, pois são responsáveis pela coleta sistemática dos dados das variáveis de interesse. O acompanhamento da produtividade e qualidade do trabalho é de suma importância para abastecer com precisão e presteza o planejamento do projeto de exploração (FRANÇA et al., 1988). A visão global do levantamento a ser realizado permitirá o delineamento das estratégias a serem utilizadas para a alocação dos recursos necessários ao inventário. 5 1.2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AMOSTRAGEM 1.2.1 População Para fins de inventário florestal, segundo PÉLLICO NETTO e BRENA, (1997), uma população pode ser definida como um conjunto de seres da mesma natureza que ocupam um determinado espaço em um determinado tempo. Do ponto de vista estatístico, uma população apresenta duas características essenciais (LOETSCH e HALLER, 1973): (i) os indivíduos da população são da mesma natureza e (ii) os indivíduos da população diferem com respeito a uma característica típica, ou atributo chamado variável. A figura 1.1 representa uma população teórica, com forma quadrada, composta por (N) unidades amostrais quadradas, da qual foi extraída uma amostra de (n) unidades. 1.2.2 Censo e amostragem Censo ou enumeração completa é a abordagem exaustiva ou de 100% dos indivíduos de uma população e a amostragem consiste na observação de uma porção da população, a partir da qual serão obtidas estimativas representativas do todo (PÉLLICO NETTO e BRENA, 1997). 1.2.3 Amostra A amostra pode ser definida como uma parte da população, constituída de indivíduos que apresentam características comuns que identificam a população a que pertencem. Uma amostra selecionada deve ser representativa, ou seja, deve possuir as mesmas características básicas da população e duas condições principais devem ser observadas na sua seleção: (i) a seleção deve ser um processo inconsciente (independente de influências subjetivas, desejos e preferências) e (ii) indivíduos inconvenientes não podem ser substituídos (PÉLLICO NETTO e BRENA, 1997). 1.2.4 Unidade amostral Unidade amostral é o espaço físico sobre o qual são observadas e medidas as características quantitativas e qualitativas (variáveis) da população. Considerando um inventário florestal, uma unidade amostral pode ser uma parcela com área fixa; ou então, pontos amostrais ou mesmo árvores. O conjunto das unidades amostrais consistem uma amostra da população. 1.2.5 Precisão e acuracidade A precisão é indicada pelo erro padrão da estimativa, desconsiderando a magnitude dos erros não amostrais, ou seja, refere-se ao tamanho dos desvios da amostra em relação a média estimada ( x ), obtido pela repetição do procedimento de amostragem. Já a acuracidade expressa o tamanho dos desvios da estimativa amostral em relação à média paramétrica da população (μ), incluindo os erros não amostrais. De maneira geral, em qualquer procedimento de amostragem, a maior preocupação esta na acuracidade, a qual pode ser obtida dentro de uma precisão desejável, eliminado ou reduzindo os erros não amostrais. 6 Figura 1.1 Organização estrutural de uma população, amostra e unidade amostral (Adaptado de PÉLLICO NETTO e BRENA, 1997). 1.3 MÉTODOS DE AMOSTRAGEM Método de amostragem, segundo PÉLLICO NETTO e BRENA (1997), significa a abordagem da população referente a uma única unidade amostral. Esta abordagem da população pode ser feita através dos métodos de: Área Fixa, de Bitterlich, de Strand, de Prodan, de 3-P, entre outros. Este curso não pretende explorar as peculiaridades de cada método, então se optou pela abordagem de alguns diferentes sistemas (procedimentos) de amostragem para o Método de Área Fixa e Método dos Quadrantes. Nos levantamentos feitos por amostragem, as estimativas dos vários parâmetros de uma população, são obtidas pela medição de uma fração da população inventariada. O verdadeiro valor de uma característica é um valor que existe na natureza. Entretanto, pela avaliação de um número adequado de unidades de amostras, pode-se estimar sua estatística correspondente (HOSOKAWA & SOUZA, 1987). O objetivo da amostragem é fazer inferências corretas sobre a população, as quais são evidenciadas se à parte selecionada, que é a população amostral, constitui-se de uma representação verdadeira da população objeto (LOETSCH & HALLER, 1973). As populações florestais são geralmente extensas e uma abordagem exaustiva - censo - de seus indivíduos demanda muito tempo e alto custo para sua realização. Uma forma de contornar essa situação é extrair uma amostra que seja representativa da população, sem onerar economicamente o processo de amostragem. Sendo assim, as inferências obtidas para a população são fidedignas se a amostra for uma verdadeira representação da população investigada. Todas as estimativas feitas por amostragem estão sujeitas a erros que são normalmente medidos pelo erro padrão da média ou erro de amostragem. Uma estimativa será tão precisa quanto menor for o erro de amostragem a ela associado. Entretanto, não se deve esquecer da validade e dos aspectos práticos do inventário. Deve-se sempre lembrar que o objetivo principal de um levantamento é obter a melhor estimativa para uma 7 A seguir são apresentados os principais sistemas de amostragens em que podem ser utilizadas parcelas fixas ou permanentes para obtenção das estimativas da população. 1.3.1.2 Amostragem aleatória simples A amostragem aleatória simples é o processo fundamental de seleção a partir do qual derivam todos os demais procedimentos de amostragem, visando aumentar a precisão das estimativas e reduzir os custos do levantamento (PÉLLICO NETTO & BRENA, 1997). A amostragem aleatória simples se constitui no melhor método para apresentação da teoria da amostragem, pois permite estimar o erro de amostragem. A seleção de cada unidade amostral deve ser livre de qualquer escolha e totalmente independente da seleção das demais unidades de amostra. Este processo de amostragem é aplicado nos inventários de pequenas áreas florestadas, de fácil acesso e homogêneas na característica de interesse. Apesar de sua simplicidade, segundo HOSOKAWA & SOUZA (1987), o método apresenta algumas desvantagens como a distribuição aleatória das unidades de amostra amplamente dispersas sobre a área, o maior tempo de caminhamento entre as unidades e a possibilidade de ocorrência de uma distribuição desigual das unidades de amostra sobre a população. A seguir são definidos os símbolos para identificar as variáveis da população: n = número de unidades pré-amostradas xi = variável de interesse na i-ésima unidade de amostra µ = média paramétrica (populacional) s2 = Variância da variável de interesse σ2 = Variância paramétrica s = Desvio Padrão σ = Desvio padrão paramétrico x = Estimativa total da variável de interesse na área inventariada Os principais parâmetros da população e suas estimativas, obtidas através de amostragem aleatória simples, são as seguintes: a) Média aritmética b) Variância A variância determina o grau de dispersão da variável de interesse em relação a sua média. c) Desvio Padrão O desvio padrão expressa a quantidade de variação dos dados na mesma unidade de medida. d) Erro padrão da média Expressa, em percentagem, a precisão da média amostral na mesma unidade de medida. sendo f = (N - n)/N, como fator de correção decorrente de população finita. e) Coeficiente de variação 1 )( 2 2 − = ∑ − n i xxs n xx i ∑= ss 2= f n s sx *   = x = média estimada xs = Erro padrão da média 10 Expressa, em percentagem, uma medida de variabilidade dos dados em relação à média. f) Estimativa do total da população g) Intervalo de confiança O intervalo de confiança determina o limite superior e inferior, na qual espera-se que os parâmetros da população ocorram, sendo o intervalo baseado na distribuição (t) de Student. A avaliação da suficiência amostral pode ser feita supondo que as variáveis extraídas da população apresentam um distribuição que tende a uma normal. Neste caso, pode-se empregar a distribuição de probabilidades t associada ao erro padrão da média. Tal pressuposto nem sempre reflete o comportamento da variável em análise, contudo o mesmo tem sido usualmente empregado. Assim, onde: tα(GL) = valor de t, com “n-1” graus de liberdade (GL), ao nível de significância α e µ = média populacional (paramétrica) considerando (m - µ) = Em = D e a necessidade de agregar uma correção decorrente da população amostrada ser finita onde E = erro admissível (10%, 20%) D = diferença admissível N = número total de amostras possíveis na área n = número de unidades de amostras a serem levantadas tem-se que: isolando n sendo, 1.3.1.3 Exemplo de amostragem aleatória simples A Tabela 1.1 apresenta o resumo da amostragem realizada na FLONA de Ibirama em uma área de 38 hectares. 100*    = m s CV ( )st xGLxIC *)05,.(±= s x t x GL − − = )( )( µ α N nN )( − ( )              −         = N nN n D s t GL * 2 )(α ( )ts ts DN N n 222 22 ** ** + = xáreax *= 2)*( ExD = 11 Tabela 1.1 - Resumo do inventário florestal para o palmiteiro, realizado na FLONA de Ibirama-SC, numa área de 38 ha. Parcela Adultas/ha Matrizes/ha Regeneração natural/ha.classes 40 x 40 m I II III 1 681 213 18.397 2.308 513 2 319 88 16.026 1.154 321 3 581 175 21.603 1.282 513 4 569 156 8.333 1.410 1.026 5 738 150 6.410 962 641 6 594 50 3.846 1.410 962 7 744 181 27.692 2.382 513 8 475 150 11.282 3.205 833 9 356 13 2.051 2.692 641 10 463 106 24.423 321 192 11 569 38 23.013 2.821 256 12 569 144 21.730 3.269 321 13 888 181 18.846 1.987 577 14 706 194 16.987 833 385 15 950 113 9.872 1.218 705 16 694 150 15.449 1.474 321 17 456 131 32.692 3.910 513 18 613 144 31.282 1.154 1.410 19 581 100 29.230 2.436 449 20 469 12 128 128 256 21 825 200 14.487 1.346 769 22 456 94 36.859 2.179 557 23 488 69 11.859 1.603 449 24 725 119 32.371 2.051 705 25 706 206 17.948 1.410 577 Média/ha 609 131 18.113 1.798 577 Variância 24.445 Total regeneração = 20.488 AB (m 2 ) 4,33 2,19 * Adultas - plantas com altura de estipe exposta superior a 1,30 m; Matrizes - plantas adultas produtoras de frutos; I - plantas com até 10 cm de altura de inserção da folha mais jovem; II - plantas entre 10 e 50 cm de altura de inserção da folha mais jovem; III - plantas maiores que 50 cm e com estipe exposta inferior a 1,30 m Análises estatísticas A estimativa dos parâmetros a seguir foi baseada no número de plantas adultas de palmiteiro: * Notação: n = número de unidades pré-amostradas xi = variável de interesse na i-ésima unidade de amostra µ = média paramétrica (populacional) s2 = Variância da variável de interesse σ2 = Variância paramétrica x = média estimada 12 c) Erro padrão total d) Intervalo de confiança • Para a média da população • Para o total da população Para a estimativa da suficiência amostral, informações preliminares sobre a variabilidade dos estratos na população são obtidas através de uma pré-amostragem. Nesta etapa, também deve ser escolhido o erro admissível, a um dado nível de probabilidade. A fórmula para determinação da suficiência amostral, no caso de amostragem aleatória estratificada é mostrada a seguir: onde: e o número de unidades por estrato, • proporcional ao tamanho do estrato • proporcional à variação por estrato sendo: ni = número de unidades amostrais no j-ésimo estrato Pj = proporção do j-ésimo estrato Sj2 = variância do j-ésimo estrato 1.3.1.5 Amostragem sistemática Segundo PÉLLICO NETTO & BRENA (1997), a amostragem sistemática situa-se entre os processos probabilísticos não aleatórios, e que o critério de probabilidade se estabelece através da aleatorização da primeira unidade amostral. As justificativas da adoção de tal método de seleção, fundamenta-se nos custos reduzidos, na simplicidade de escolha das unidades amostrais e dos trabalhos de campo, na alta precisão das estimativas médias, tendo em vista que as unidades são distribuídas uniformemente sobre a área, abrangendo a maioria das peculiaridades da população. Uma outra vantagem, talvez a maior delas, é que com a adoção do método pode-se mapear a população sem que seja necessário coletar informações adicionais (HOSOKAWA & SOUZA, 1987). Este sistema de amostragem pode ser aplicado em parcelas de área fixa, ou faixas e também parcelas de área variável, no caso de amostragem por pontos. Além disso, este sistema é aplicado em amostragem aleatória simples e estratificada, melhorando ainda mais as estimativas dos parâmetros da população. A amostragem sistemática pode ser feita de duas maneiras, em estágio único ou em dois estágios. O estágio único é caracterizado pela seleção da amostra, mediante uma única sNs xx 22 *= [ ]stx xGLIC *),05(.±= [ ]stx xGLIC *),05(.±= tsDN tsN p pn 222 22 ** ** + = ( )∑= sPs jjp 22 * nPn ji *= ( ) n sP sP n jj jj i ∑ = 2 2 * * 15 etapa ou fase de amostragem, enquanto a amostragem em dois estágios é feita em duas etapas de amostragem (entre linhas e entre unidades na linha). Para a amostragem sistemática em estágio único com o uso faixas amostrais, a área é dividida em (N) faixas de igual largura, na qual sorteia-se uma e a partir daí toma-se uma amostra de (n) faixas, com intervalos iguais (K), constituindo desta forma a pré-amostragem (Figura 1.2). Se a amostragem for feita com parcelas ou pontos amostrais como unidade amostral, as unidades são dispostas em duas direções obedecendo ao intervalo de amostragem (K). Neste caso, a área é dividida em linhas e colunas, sorteando-se uma coordenada ou escolhendo-se o canto inferior esquerdo da área para obter, do quadrado de 4 linhas e quatro colunas, uma unidade aleatoriamente. As demais unidades serão selecionadas, a cada 4 unidades, em ambas as direções (Figura 1.3). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 1.2 - Área dividida em 10 faixas, das quais 3 foram amostradas, para amostragem em um estágio. Figura 1.3. - Esquema do uso de parcelas para amostragem sistemática em estágio único. A amostragem sistemática em dois estágios tem sido a mais utilizada para florestas nativas, onde a variabilidade de ambientes internos determina sentidos definidos de variação. Neste caso, a área também é dividida em linhas e colunas, só que a locação das parcelas não obedece ao critério da eqüidistância. A orientação das linhas e a distância entre as unidades da linha é definida durante a fase de reconhecimento da área, no sentido de otimizar a localização das parcelas com as peculiaridades de ambientes. O número de linhas e o intervalo entre elas são determinados após a pré-amostragem, com base no número médio de unidades amostrais que cabem numa linha. Independente da forma de amostragem sistemática, o componente aleatório deve ser o espaçamento entre as parcelas, dentro das linhas, e a locação da primeira parcela. As médias devem ser estimadas de forma ponderada, por linha e a variância deve ser estimada utilizando-se: 16 onde: k = número de linhas O valor obtido pode ser empregado diretamente nas fórmulas para o cálculo da suficiência amostral, seja uma amostragem sistematizada simples ou uma amostragem sistematizada estratificada. 1.3.1.6 Obtenção de estimativas com emprego de parcelas DAP Médio onde: ni = número de indivíduos na parcela i n = número total de parcelas dapij = DAP do indivíduo j na parcela i DAPi = DAP médio da parcela i s2DAP = variância do DAP médio sDAP = Desvio Padrão Caso o dado obtido a campo for à circunferência a altura do peito (CAP), então o DAP de cada indivíduo pode ser obtido: Altura média onde: hij = altura do indivíduo j na parcela i Hi = altura média da parcela i s2H = variância da altura média sH = Desvio Padrão Área Basal Média onde: abij = área basal do indivíduo j na parcela i ABi = área basal da parcela i S2AB = variância da área basal SAB = Desvio Padrão n = número total de parcelas ( ) 2 ... 2 * 1 ∑ −= xxs ik x = média gerali x = média de cada linha n DAP DAP i X ∑= ni dap DAP iji ∑= 1 )( 2 2 − − = ∑ n DAPDAP s xiDAP 2 DAPDAP ss = xDAP = DAP médio π CAP DAP = n H H ix ∑= i ij i n h H ∑= 1 )( 2 2 − − = ∑ n HH s xiH 2HH ss = xH = altura média n AB AB ix ∑= ∑= iji abAB 1 )( 2 2 − − = ∑ n ABAB s xiAB 2 ABAB ss = xAB = área basal média 17 O cálculo do fator de forma para os talhões foi realizado medindo-se o DAP e o diâmetro a cada intervalo de um metro, dentro de cinco metros da altura comercial destas trinta plantas. Então, foi calculado um volume aparente (utilizando-se o DAP), e um volume real através do somatório dos cinco volumes parciais obtidos utilizando os diâmetros mensurados a cada metro. Para cada planta, foi calculado um fator de forma através do quociente entre o seu volume real e volume aparente, conforme a equação a seguir. Posteriormente foi estimado um fator de forma médio entre estas plantas. ff = (Vreal / Vaparente) , como: Vreal = Vp1 + Vp2 + Vp3 + Vp4 + Vp5 então: ff = (Vp1 + Vp2 + Vp3 + Vp4 + Vp5)/ Vaparente Para o cálculo do fator de casca, foram mensurados o DAP aparente (com casca) e a espessura da casca destas 30 plantas. Então, foi calculado o DAP real destas plantas, subtraindo-se duas vezes a espessura da casca, dos seus respectivos DAP aparentes. Cada planta obteve um fator de casca através do quociente entre o seu DAP real e DAP aparente, conforme a equação abaixo. Posteriormente foi estimado um fator de casca médio entre estas plantas. fc = (DAPreal / DAPaparente) , como: DAPreal = (DAPaparente – 2 x Ecasca) então: fc = ((DAPaparente – 2 x Ecasca) / DAPaparente)) Processamento dos dados e análise dos resultados Após a etapa de campo, os dados obtidos foram tabulados e processados para a obtenção das estimativas de volume. Localização das áreas e parcelas A partir da análise de fotointerpretação da área da FLONA, foi desenhado um croqui de localização das áreas inventariadas (Figura 1.6). No primeiro levantamento de cada talhão, foram obtidos dados de distâncias, declividade e deflexões entre pontos (perímetro), com os quais foram desenhados seus respectivos croquis e calculadas as suas áreas. Também foram desenhados croquis de localização das parcelas dentro de cada talhão (Figura 1.7). O cálculo da área de cada talhão foi realizado através do método das quadrículas. As coordenadas (distâncias corrigidas e deflexões) obtidas durante o levantamento do perímetro de cada talhão, foram plotadas em escala, numa folha de papel milimetrado. Então foi realizada uma contagem do número das quadrículas, existentes dentro de cada área desenhada, e posteriormente, multiplicado este número pela área que cada quadrícula representa. Considerando a área delimitada através do levantamento do perímetro de cada talhão, o talhão “A” (implantado em 1962) e “B” (implantado em 1963) apresentaram áreas de 3,1 e 4,0 ha respectivamente. Para as variáveis analisadas (DAP e Altura), foram calculados a suficiência amostral e o erro de amostragem e também as estimativas de rendimento (Volume/ha) para cada talhão. 20 Figura 1.6 Croqui de localização dos talhões de Araucária inventariados na FLONA de Ibirama – SC. Linha de transmissão 21 Figura 1.7 Croqui dos talhões “A” e “B” inventariados na FLONA de Ibirama – SC. Erro de amostragem Como já foi mencionada anteriormente, a precisão das estimativas geradas por um inventário florestal depende da suficiência amostral, ou seja, o número de amostras deve ser suficiente para representar a população inventariada de maneira que o erro de amostragem encontrado esteja dentro de certos limites aceitos que conferem uma precisão mínima para o inventário realizado. O número de parcelas em uma amostra finita pode ser obtido pela equação (NETTO e BRENA, 1997): ( ) 222 22 StxEN StN n ∗+∗∗ ∗∗= , onde: n = número de parcelas a serem levantadas, N = número total de amostras possíveis na área, t = valor de distribuição de probabilidade (t0,05, com n-1 GL), S² = variância do parâmetro avaliado, E = erro admissível, x = média do parâmetro avaliado. Conhecendo o número de parcelas demarcadas, é possível isolar o erro de amostragem na expressão acima, obtendo-se a seguinte equação: 22 Estimativas de volume Através dos dados de DAP e altura comercial, foi estimado um valor para o volume comercial de cada talhão. O volume foi calculado utilizando o DAP de cada planta, corrigido com o fator de casca. O valor encontrado foi ainda corrigido com o fator de forma. A fórmula utilizada para o cálculo do volume foi: Volume = AB x altura comercial, sendo AB = π(DAP2/4) O valor encontrado foi ainda corrigido com o fator de forma. Os valores utilizados foram de 0,90 para o fator de casca e 0,87 para o fator de forma, sendo que as suas planilhas de cálculo estão apresentadas a seguir. Planilha de cálculo utilizada na obtenção do fator de casca para Araucária na FLONA de IBIRAMA-SC (Fevereiro/2001). Planta Espessura Casca* DAP* aparente DAP* real Fator casca 1 0,8 10,2 8,6 0,843137 2 1,6 30,8 27,6 0,896104 3 0,9 12,3 10,5 0,853659 4 2,3 39,5 34,9 0,883544 5 0,4 10,8 10 0,925926 6 0,5 11,7 10,7 0,91453 7 0,7 12,5 11,1 0,888 8 0,3 14,5 13,9 0,958621 9 0,7 26,7 25,3 0,947566 10 0,3 12,8 12,2 0,953125 11 1,8 26 22,4 0,861538 12 0,3 7,5 6,9 0,92 13 0,3 22 21,4 0,972727 14 1,2 36,1 33,7 0,933518 15 0,4 14,1 13,3 0,943262 16 0,6 19,2 18 0,9375 17 0,7 13,7 12,3 0,89781 18 0,7 24,2 22,8 0,942149 19 2 35,4 31,4 0,887006 20 0,9 17,4 15,6 0,896552 21 1,8 36,4 32,8 0,901099 22 1 27,4 25,4 0,927007 23 1,3 31,1 28,5 0,916399 24 0,5 7,2 6,2 0,861111 25 0,3 18,5 17,9 0,967568 26 0,9 18,8 17 0,904255 27 0,7 9,1 7,7 0,846154 28 0,5 12,9 11,9 0,922481 29 0,3 17,8 17,2 0,966292 30 0,3 1,6 1 0,625 Média 0,903121 (* DAP e espessura da casca em cm) 25 Planilha de cálculo utilizada na obtenção do fator de forma para Araucária na FLONA de IBIRAMA- SC (Fevereiro/2001). Planta DAP* Vparcial* D1 V1 D2 V2 D3 V3 D4 V4 D5 V5 Vreal* Fat.Forma 1 35,5 0,49 35,7 0,10 35,0 0,10 33,5 0,09 31,6 0,08 30,4 0,07 0,44 0,880 2 30,5 0,37 30,7 0,07 30,1 0,07 29,3 0,07 27,9 0,06 27,2 0,06 0,33 0,908 3 31,8 0,40 32,0 0,08 20,0 0,03 20,5 0,03 19,6 0,03 18,3 0,03 0,20 0,507 4 24 0,23 24,2 0,05 22,6 0,04 21,5 0,04 20,7 0,03 21,1 0,03 0,19 0,845 5 31,1 0,38 31,3 0,08 30,2 0,07 30,0 0,07 29,0 0,07 28,0 0,06 0,35 0,913 6 26,4 0,27 26,6 0,06 24,8 0,05 24,0 0,05 23,5 0,04 23,2 0,04 0,23 0,858 7 19,6 0,15 19,8 0,03 19,2 0,03 17,8 0,02 17,4 0,02 16,7 0,02 0,13 0,864 8 14,5 0,08 14,7 0,02 14,5 0,02 13,9 0,02 12,7 0,01 11,7 0,01 0,07 0,873 9 31,1 0,38 31,3 0,08 29,0 0,07 28,1 0,06 27,9 0,06 29,0 0,07 0,33 0,875 10 38,5 0,58 38,7 0,12 37,0 0,11 37,8 0,11 37,2 0,11 34,9 0,10 0,54 0,931 11 16,2 0,10 16,4 0,02 15,4 0,02 15,2 0,02 15,1 0,02 14,6 0,02 0,09 0,898 12 18 0,13 18,2 0,03 17,3 0,02 16,4 0,02 16,0 0,02 15,7 0,02 0,11 0,865 13 13,5 0,07 13,7 0,01 13,5 0,01 13,0 0,01 12,3 0,01 11,7 0,01 0,06 0,908 14 19,4 0,15 19,6 0,03 18,7 0,03 19,0 0,03 18,0 0,03 18,3 0,03 0,14 0,932 15 12,1 0,06 12,3 0,01 12,0 0,01 11,8 0,01 11,3 0,01 10,8 0,01 0,05 0,927 16 20 0,16 20,2 0,03 20,7 0,03 20,3 0,03 19,6 0,03 18,2 0,03 0,15 0,982 17 31,3 0,38 31,5 0,08 30,0 0,07 20,3 0,03 28,4 0,06 28,0 0,06 0,31 0,795 18 10,5 0,04 10,7 0,01 10,2 0,01 9,8 0,01 9,5 0,01 9,2 0,01 0,04 0,888 19 18,6 0,14 18,8 0,03 17,1 0,02 16,4 0,02 15,5 0,02 15,4 0,02 0,11 0,805 20 25,2 0,25 25,4 0,05 24,8 0,05 25,3 0,05 24,0 0,05 22,5 0,04 0,23 0,939 21 15,5 0,09 15,7 0,02 15,2 0,02 14,9 0,02 14,6 0,02 14,2 0,02 0,09 0,928 22 39,2 0,60 39,4 0,12 37,7 0,11 37,8 0,11 36,0 0,10 35,0 0,10 0,54 0,901 23 24,3 0,23 24,5 0,05 22,8 0,04 22,4 0,04 22,3 0,04 22,8 0,04 0,21 0,894 24 30,2 0,36 30,4 0,07 29,5 0,07 28,6 0,06 28,0 0,06 27,0 0,06 0,32 0,905 25 20,1 0,16 20,3 0,03 19,5 0,03 18,9 0,03 17,8 0,02 17,2 0,02 0,14 0,872 26 30,4 0,36 30,6 0,07 26,4 0,05 25,2 0,05 24,7 0,05 24,4 0,05 0,27 0,752 27 31,1 0,38 31,3 0,08 29,1 0,07 28,0 0,06 27,3 0,06 26,5 0,06 0,32 0,839 28 30,5 0,37 30,7 0,07 29,5 0,07 27,8 0,06 27,6 0,06 26,9 0,06 0,32 0,875 29 21,8 0,19 22,0 0,04 21,6 0,04 21,0 0,03 21,3 0,04 19,7 0,03 0,18 0,940 30 25,9 0,26 26,1 0,05 24,9 0,05 24,4 0,05 24,0 0,05 23,3 0,04 0,24 0,899 Fator Médio 0,873 (* DAP e D em cm e volume em m³) As Tabelas 1.4 e 1.5 apresentam os valores encontrados para o volume/ha (corrigidos), distribuído em classes de DAP e altura comercial para os talhões A e B respectivamente. Para melhor visualizar a distribuição do volume/ha nas classes de DAP, foram construídos os gráficos de distribuição de volume (Figura 1.9). Considerando estas estimativas de volume/ha , e a área de cada talhão apresentada anteriormente no item 5.1, foi estimado um volume de 604,7m³ para o talhão “A” e um volume de 457,5m³ para o talhão “B”, totalizando um volume para estes dois talhões, na ordem dos 1062,2m³ de madeira em toras. É importante ressaltar que 47,7% e 61,8% deste volume, nos talhões A e B respectivamente, é composto por plantas com diâmetro inferior a 25 cm (Tabelas 1.4 e 1.5). Este volume total estimado corresponde apenas ao volume de toras com altura comercial, restando ainda um volume não calculado para as copas e outras plantas com tronco sem altura comercial, que podem ser utilizadas como lenha. Tabela 1.4 Volume/ha (m³) corrigido, distribuído em classes de DAP (cm) e altura comercial (m) no Talhão A (Fevereiro/2001). 26 Altura comercial(m) DAP(cm) 0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 14-16 16-18 18-20 Total 0-5 0,03 0,03 0,06 5-10 0,04 2,43 3,77 0,36 0,13 0,15 0,06 6,93 10-15 0,72 5,06 5,40 5,55 1,77 0,57 0,40 19,48 15-20 0,19 1,09 4,43 8,65 10,14 3,49 1,72 29,70 20-25 0,77 5,69 13,73 5,80 10,88 36,87 25-30 3,37 8,96 3,64 18,66 8,34 42,97 30-35 5,50 8,45 10,60 15,12 39,67 35-40 4,68 8,17 3,21 16,06 40-45 3,32 3,32 Total 0,07 3,36 9,92 10,97 23,39 40,11 26,78 53,35 23,93 3,21 195,08* * Intervalo Confiança = ± 8,00 m³ Tabela 1.5 Volume/ha (m³) corrigido, distribuído em classes de DAP (cm) e altura comercial(m) no Talhão B (Fevereiro/2001). Altura comercial(m) DAP(cm) 0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 14-16 16-18 18-20 Total 0-5 0,03 0,03 0,01 0,02 0,08 5-10 1,77 1,79 0,27 0,24 4,07 10-15 0,28 6,19 5,96 1,96 0,66 15,06 15-20 2,27 8,22 9,07 4,61 0,45 24,62 20-25 0,62 5,33 6,21 9,71 3,70 1,27 26,83 25-30 2,59 3,96 5,37 4,85 3,08 19,86 30-35 5,44 6,71 4,30 1,96 18,41 35-40 2,46 2,99 5,45 Total 0,03 2,08 10,88 22,38 21,20 25,79 15,97 9,84 3,23 2,99 114,38* * Intervalo Confiança = ± 4,40 m³ 27 QUADRANTE ESPÉCIE ALTURA DAP AB DISTÂNCIA (m) (cm) (m2) (m) 2,1-928 Tibouchina sellowiana 2,20 0,7 0,0000385 0,80 0,6 0,0000283 1,2 0,0001131 2,2-929 Mollinedia sp2 5,50 4,9 0,0018857 0,50 4,5 0,0015904 2,3-930 Piptocarpha tomentosa 7,32 10,9 0,0093313 1,53 2,4-931 Mollinedia sp2 6,04 5,5 0,0023758 0,35 ∑ 0,0153632 3,1-932 Bacharis sp 1,60 0,3 0,0000071 1,30 3,2-933 Jacaranda micrantha 3,42 2,5 0,0004909 0,40 3,3-934 Tibouchina sellowiana 3,45 2,4 0,0004524 0,35 3,4-935 Tibouchina sellowiana 2,00 0,6 0,0000283 2,80 ∑ 0,0009786 4,1-936 Matayba guianensis 5,84 5,5 0,0023758 2,12 4,2-937 Matayba guianensis 2,64 2,4 0,0004524 0,92 4,3-938 Tibouchina sellowiana 2,04 1,5 0,0001767 0,57 4,4-939 Jacaranda micrantha 5,06 4 0,0012566 2,25 4,7 0,0017349 M linha 1,07 ∑ 0,0059965 14,1-941 Tibouchina sellowiana 5,20 5,8 0,0026421 1,30 6,6 0,0034212 3 0,0007069 14,2-942 Psidium cattleyanum 1,94 1,4 0,0001539 1,20 14,3-943 Jacaranda micrantha 2,50 2 0,0003142 0,75 14,4-944 Campomanesia sp 2,00 1,2 0,0001131 1,05 1,1 0,000095 ∑ 0,0074464 13,1-904 Tibouchina sellowiana 4,71 4,9 0,0018857 0,70 13,2-905 Jacaranda micrantha 4,46 5,8 0,0026421 1,00 13,3-906 Rapanea ferruginea 2,03 1 0,0000785 0,61 13,4-907 Jacaranda micrantha 5,33 4,7 0,0017349 2,40 ∑ 0,0063413 12,1-945 Jacaranda micrantha 5,00 4,4 0,0015205 2,00 6,9 0,0037393 12,2-946 Jacaranda micrantha 4,00 2,7 0,0005726 0,55 12,3-947 Jacaranda micrantha 3,54 2,4 0,0004524 1,80 12,4-948 Desconhecida 6,90 6,7 0,0035257 0,40 ∑ 0,0098104 11,1-900 Rapanea ferruginea 8,28 8,1 0,005153 2,68 11,2-901 Tibouchina sellowiana 5,68 6,1 0,0029225 1,93 11,3-902 Rapanea ferruginea 9,93 11,1 0,0096769 1,60 11,4-903 Jacaranda micrantha 5,34 6,6 0,0034212 1,75 ∑ 0,0211735 30 QUADRANTE ESPÉCIE ALTURA DAP AB DISTÂNCIA (m) (cm) (m2) (m) 10,1-949 Tibouchina sellowiana 4,92 4,5 0,0015904 1,50 10,2-950 Tibouchina sellowiana 3,39 2,1 0,0003464 0,90 10,3-951 Tibouchina sellowiana 4,06 3,9 0,0011946 1,50 10,4-952 Piptocarpha tomentosa 4,90 3,9 0,0011946 1,50 ∑ 0,004326 M linha 1,36 19,1-953 Rapanea ferruginea 7,00 6,1 0,0029225 1,20 19,2-954 Miconia cabucu 1,76 1,2 0,0001131 1,60 19,3-955 Bacharis sp 3,05 1,2 0,0001131 1,85 19,4-956 Jacaranda micrantha 3,36 2,5 0,0004909 0,80 2,6 0,0005309 ∑ 0,0041705 21,1-957 Jacaranda micrantha 5,06 4 0,0012566 2,30 5,7 0,0025518 5,5 0,0023758 21,2-958 Rapanea ferruginea 3,74 2,9 0,0006605 1,32 21,3-959 Rapanea ferruginea 2,38 1 0,0000785 0,95 21,4-960 Rapanea ferruginea 1,50 0,5 0,0000196 1,50 ∑ 0,0069429 22,1-961 Jacaranda micrantha 3,28 2,5 0,0004909 0,60 22,2-962 Jacaranda micrantha 5,24 5 0,0019635 0,8 4,5 0,0015904 4,1 0,0013203 22,3-963 Jacaranda micrantha 2,74 1,7 0,000227 2,28 1,3 0,0001327 22,4-964 Rapanea ferruginea 1,4 0,5 0,0000196 1,25 ∑ 0,0057444 M linha 1,37 32,1-965 Matayba guianensis 4,52 3,2 0,0008042 0,47 3,6 0,0010179 3,1 0,0007548 3,8 0,0011341 3 0,0007069 5,8 0,0026421 32,2-966 Tibouchina sellowiana 3,92 3,2 0,0008042 1,8 32,3-967 Myirsia rostrata gracilis 2,92 3,7 0,0010752 1,6 2 0,0003142 32,4-968 Posoqueria latifoliada 2,78 2,2 0,0003801 2,15 ∑ 0,0096337 31,1-916 Psidium cattleyanum 1,7 0,5 0,0000196 2,56 31,2-917 Tibouchina sellowiana 2,8 2 0,0003142 0,74 31,3-918 Psychotria sp 3,04 2,8 0,0006158 1,02 31,4-919 Jacaranda micrantha 2,85 2 0,0003142 0,5 ∑ 0,0012637 31 QUADRANTE ESPÉCIE ALTURA DAP AB DISTÂNCIA (m) (cm) (m2) (m) 30,1-969 Rapanea ferruginea 1,83 1 0,0000785 2 30,2-970 Rapanea ferruginea 6,82 5,7 0,0025518 2,9 30,3-971 Rapanea ferruginea 9,7 13,8 0,0149571 0,2 30,4-972 Bacharis sp 4,11 2,5 0,0004909 0,2 2,8 0,0006158 6,7 0,0035257 ∑ 0,0222197 29,1-920 Jacaranda micrantha 2 1 0,0000785 1,9 29,2-921 Rapanea ferruginea 4,45 4,1 0,0013203 0,64 29,3-922 Desconhecida 5,15 3,5 0,0009621 0,37 29,4-923 Desconhecida 3,71 3,7 0,0010752 2,22 ∑ 0,0034361 28,1-973 Piptocarpha tomentosa 1,35 0,4 0,0000126 1,80 28,2-974 Piptocarpha angustifolia 8,93 13,2 0,0136848 0,30 28,3-975 Rapanea ferruginea 7,26 7,1 0,0039592 2,15 28,4-976 Rapanea ferruginea 7,16 6,4 0,003217 3,15 ∑ 0,0208735 M linha 1,43 37,1-977 Tibouchina sellowiana 4,16 4,2 0,0013854 3,70 37,2-978 Piptocarpha tomentosa 1,80 1 0,0000785 1,24 37,3-979 Tibouchina sellowiana 4,90 6,1 0,0029225 2,50 37,4-980 Tibouchina sellowiana 5,09 6,8 0,0036317 0,80 7 0,0038485 ∑ 0,0118666 38,1-981 Rapanea ferruginea 5,22 6 0,0028274 1,43 38,2-982 Posoqueria latifolia 4,22 3,4 0,0009079 2,50 2,8 0,0006158 38,3-983 Posoqueria latifolia 2,86 2,3 0,0004155 0,98 38,4-984 Piptocarpha tomentosa 1,60 0,6 0,0000283 1,57 ∑ 0,0047949 39,1-985 Piptocarpha tomentosa 1,50 0,6 0,0000283 1,29 39,2-986 Maytenus alanternoides 3,92 3,5 0,0009621 4,17 39,3-987 Tibouchina sellowiana 5,44 7,7 0,0046566 1,20 1,4 0,0001539 3 0,0007069 39,4-988 Miconia rigidiuscula 2,08 0,9 0,0000636 0,74 1 0,0000785 0,7 0,0000385 ∑ 0,0066885 32 QUADRANTE ESPÉCIE ALTURA DAP AB DISTÂNCIA (m) (cm) (m2) (m) 35,1-912 Mirtácea sp2 1,45 0,5 0,0000196 0,98 35,2-913 Desconhecida 2,51 1,7 0,000227 0,89 35,3-914 Miconia cabucu 9,36 7 0,0038485 3,00 35,4-915 Desconhecida 10,20 15,7 0,0193593 0,17 ∑ 0,0234543 34,1-13 Matayba guianensis 2,78 2,2 0,0003801 0,66 34,2-14 Psychotria sp 10,60 9,3 0,0067929 1,30 34,3-15 Psychotria sp 5,60 6,1 0,0029225 0,45 34,4-16 Rapanea umbellata 2,80 1,1 0,000095 0,20 ∑ 0,0101905 M linha 1,33 43,1-997 Ficus sp 9,16 8,1 0,005153 0,75 43,2-998 Casearia silvestris 4,79 4 0,0012566 0,93 43,3-999 Prunus sellowii 4,14 1,7 0,000227 1,33 43,4-1000 Mirtácea sp2 1,92 0,6 0,0000283 1,60 0,7 0,0000385 ∑ 0,0067034 44,1-1 Miconia rigidiuscula 1,69 0,5 0,0000196 1,08 0,3 0,0000071 44,2-2 Guarea macrophylla 2,00 1,3 0,0001327 1,16 44,3-3 Psidium cattleyanum 7,96 4,8 0,0018096 0,80 44,4-4 Mollinedia sp1 2,15 1,6 0,0002011 2,10 1,3 0,0001327 2 0,0003142 2,4 0,0004524 ∑ 0,0030693 45,1-5 Piptocarpha tomentosa 9,36 10 0,007854 0,80 10,9 0,0093313 45,2-6 Psychotria sp 11,00 10,2 0,0081713 1,23 45,3-7 Miconia cabucu 7,72 5,2 0,0021237 2,22 45,4-8 Posoqueria latifolia 3,63 2,3 0,0004155 1,00 Média 5.18 4,36 0,0014928 M linha 1,25 ∑ 0,0294 Média G 1,29 VAR 0,02212 n (sist) = 1,5218549 AB / há = 25.32 m2 Amédia = 1.66 m2 Exemplo de Cálculo: suficiência amostral (Método dos Quadrantes), para o segundo estrato, com uma pré amostragem de 15 pontos. Variância ∑ = 701793,252ijg 41404,23)( 2 =∑ ijg 35 Cálculo da média geométrica onde: lnG = logaritmo natural da média geométrica n = número de distâncias medidas xi = valores das distâncias individuais A média geométrica (G) é calculada como o antilogaritmo do resultado obtido da fórmula acima. então, G = 1,00345032 D = 20% x 1,00345032 = 0,20069 assim, n = número de indivíduos da amostra que seria necessário para fornecer uma média representativa. np = número de pontos amostrais = n/4 n = 48,77 np = 12,19 ~ 13 pontos 429,0 160 15*4 41404,23 701793,25 2 = − − =Gs )ln...ln(ln* 1 ln 21 nG xxxn +++= 00345032,0)7975072,0...405465,0(* 60 1 ln =++=G 2 22 * D ts n G= 0402765,0 5796,4*429,0=n 36 1.4 BIBLIOGRAFIA • CONTE, R. Manejo do palmiteiro em Santa Catarina. Relatório de Conclusão do Curso de Agronomia, Florianópolis, novembro de 1997. • FRANÇA, F.W.S.; PIRES, E.P.S. & TOTTI, J.A. Avaliação da produtividade efetiva dos levantamentos dendrométricos para inventário florestal na Riocell S.A. Anais do 6º Congresso Florestal Estadual, V 2, p. 721-733, Nova Prata, RS,1988. • HOSOKAWA, R.T. & SOUZA, A.L. Amostragem para fins de manejo. Curso de Manejo Florestal. Brasília - DF, 1987, v. 5, 25p. • LOETSCH, F.; ZÖHRER, F. & HALLER, K.E. Forest inventory. 2. ed., v. 2, Munich, 1973. 469 p. • NODARI, R.O.; GUERRA, M.P.; REIS, A.; REIS, M.S. & MERIZIO, D. Análise preliminar do inventário do palmiteiro em Floresta Ombrófila Densa Montana. Anais do I Encontro Nacional de Pesquisadores em Palmito, p. 159-163, Curitiba, PR, 1987. • MARTINS, F.R. Estrutura de uma Floresta Mesófila. 2.ed, Campinas, SP, 1993. 246 p. • PÉLLICO NETTO, S. & BRENA, D.A. Inventário Florestal.V.1,Curitiba, PR, 1997. 316p. • REIS, A.; REIS, M.S. & FANTINI, A.C. Manejo do Palmiteiro (Euterpe edulis) em Regime de Rendimento Sustentável. Florianópolis, UFSC, 1994. • VEIGA, R.A.A. Dendrometria e Inventário Florestal. Botucatu, SP: Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais, 1984. Boletim didático n. 1., 108p. 37 Os índices térmicos da região determinam dois períodos bem distintos: um período de quatro a cinco meses, centrados no verão, com médias compensadas iguais ou superiores a 200C e outro com duração de dois a três meses, centrados no inverno, com médias iguais ou inferiores de 150C (Julho 13,50C). O clima, apesar de quente-úmido durante boa parte do ano, conserva, por apreciável período, caráter frio, capaz de imprimir restrições à proliferação e o desenvolvimento de um grande número de espécies tipicamente tropicais (IBGE, 1990). Conforme KLEIN (1972), a estrutura da FED pode ser distinguida com relativa facilidade em três estratos, além dos estratos arbustivo e herbáceo: 1) Estrato das árvores altas ou emergentes, sendo uma formação descontínua das árvores altas (maiores de 30 metros de altura) e deciduais a semideciduais (estrato também denominado Megafanerófita). 2) Estrato das árvores com altura entre 20-25 metros, formado por um número relativamente pequeno de árvores, dentre as quais sobressaem as Lauráceas. Este estrato, denominado de Macrofanerófita, é caracterizado por árvores perenifoliadas que desempenham papel preponderante. 3) Estrato das arvoretas com altura variando entre 6- 15 metros, formado por um número relativamente pequeno de espécies que por muitas vezes formam pequenos adensamentos que dão a característica própria desse estrato. Este estrato também denominado Mesofanerófitas é, em geral, bastante uniforme. O estrato arbustivo é pouco representativo para a fisionomia, que inclui as densas touceiras de taquaruçu (Bambusa trinii) e esparsamente, de taquara-lisa (Merostachys multiramea), já o estrato herbáceo é denominado também de Nanofanerófitas onde predominam as epífitas, terrícolas hemicriptófitas rizomatosas, gramíneas dos gêneros Pharus e Olyra. 2.2 Dinâmica da sucessão secundária associada aos sistemas agrícolas A regeneração natural da vegetação que se instala após eventos naturais ou de origem antrópica constitui um mecanismo dinâmico progressivo e contínuo de restauração da vegetação, tendendo a recompor a cobertura original da área (KLEIN, 1980; SALDARRIAGA et. al., 1988; TABARELLI & MANTOVANI, 1999; WHITMORE, 1998). Este processo contínuo de germinação, instalação, crescimento, reprodução, substituição e morte de vegetais é denominado de dinâmica da vegetação e pode ser observado tanto no processo sucessional (dinâmica linear) como em formações em clímax, através das clareiras e a substituição de indivíduos mortos (QUEIROZ, 1995). A sucessão natural que ocorre após a abertura de uma clareira na floresta, é caracterizada por mudanças nas características ambientais, como luz, umidade e temperatura, constituindo-se no mecanismo pelo qual as florestas tropicais se renovam (GOMEZ-POMPA, 1971; WHITMORE, 1998). Nos locais anteriormente ocupados por uma comunidade florestal, e que sofreram grandes perturbações antrópicas, o processo de sucessão é denominado sucessão secundária (KLEIN, 1980; GURIGUATA & OSTERTAG, 2001). Este processo de regeneração diferencia-se da sucessão natural por apresentar estádios sucessionais bem definidos, compostos por um número reduzido de espécies dominantes (KLEIN, 1980), constituindo-se em perturbações semelhantes a clareiras de tamanho grande (KAGEYAMA et al. 1992, TOREZAN, 1995). As espécies adaptadas às condições edáficas mais extremas como picos de morros, banhados, margens de rios e afloramento de rochas reúnem um conjunto de características ou síndromes muito próximas daquelas classificadas como pioneiras dentro das clareiras (REIS et al., 1995). As características estruturais das formações secundárias, resultantes de perturbações antrópicas, dependem de diversos fatores, principalmente da fertilidade do solo, do clima regional, e da proximidade com matas originais (KLEIN, 1980; WHITMORE, 40 1998; GUARIGUATA & OSTERTAG, 2001). A intensidade da degradação das condições químicas e físicas do solo, conseqüência do uso intensivo da área, pode determinar um aumento no número de estádios sucessionais ou a estabilização do processo de regeneração (WHITMORE, 1998). Áreas cobertas por diferentes estádios sucessionais encontram-se mesclados na paisagem formando mosaicos, uma vez que a atividade antrópica ocupa as encostas de forma irregular. Isto pode ser facilmente observado em pequenas propriedades que utilizam o sistema de pousio, ou seja, o uso temporário e abandono de pequenas áreas de terra (QUEIROZ, 1995). O sistema de cultivo utilizado por pequenos agricultores, chamado de roça-de-toco, pousio ou coivara, constitui uma tradição milenar da maioria das populações indígenas, e foi assimilada pelas populações remanescentes dos processos de colonização (ADAMS, 2000; OLIVEIRA, 2002). Esse modelo é descrito por diversos autores e ocorre de modo semelhante em diferentes partes do mundo, sendo particularmente comum na zona das florestas tropicais e subtropicais (UHL, 1987; SALDARRIAGA et al., 1988; ADAMS, 2000; COOMES et al. 2000; OLIVEIRA 2002). O sistema é baseado na derrubada e queima da vegetação, seguindo-se um período de cultivo e, após o declínio da fertilidade do solo, um período de abandono ou pousio para restauração da fertilidade (UHL, 1987; SALDARRIAGA et al., 1988; ADAMS, 2000; COOMES et al. 2000; OLIVEIRA 2002). Em “A Ferro e Fogo”, Warren Dean (1996), aponta que todos os regimes agrícolas representam transtorno a um ecossistema natural e que na verdade, procuram controlar a sucessão natural em seu estádio inicial, introduzindo plantas cultivadas que, em seu estado selvagem tinham sido espécies precursoras. Segundo o autor, a lavoura do tipo itinerante é menos invasiva, porque imita a escala natural de perturbação e, em vez de congelar permanentemente o processo de sucessão, apenas o explora de forma temporária. Os estádios de sucessão secundária Os estádios sucessionais se caracterizam pela predominância de tipos biológicos que determinam a fisionomia da vegetação. Embora o processo seja contínuo, podem ser observadas etapas nas quais determinada espécie de planta ou conjunto de plantas atingem seu máximo desenvolvimento, cuja forma, cor ou conjunto é muito característico, podendo ser facilmente reconhecido (QUEIROZ, 1995). Klein (1979-1980) caracterizou a ecologia da flora do Vale do rio Itajaí-açú preocupando-se em descrever as comunidades e associá-las às variações temporais ou espaciais do ambiente, e suas constatações têm sido generalizadas para a Floresta Ombrófila Densa. Já para as outras tipologias florestais, tem sido constatado que o processo dinâmico é composto de etapas semelhantes quanto à função e o dinamismo, mas com espécies dominantes de cada estádio sucessional típicas da região (REIS, 1995), podendo- se distinguir: 1) Estádio pioneiro - caracterizando-se pela presença de plantas herbáceas como Pteridium aquilinum, Melinis minutiflora e Andropogon bicornis, principalmente quando o solo é abandonado após longos anos de cultivo consecutivo (KLEIN, 1980). Esta vegetação perene inicial ainda não consegue manter níveis de interação capazes de atrair animais transportadores de propágulos, sendo o vento o principal vetor capaz de garantir a chegada de novas plantas colonizadoras (REIS, 1993). 2) Estádio Arbustivo - verifica-se o aparecimento dos primeiros arbustos, sobretudo de representantes da família das compostas (Asteraceae) como: Baccharis elaeagnoides, B. calvescens, B. dracunculifolia e por Dodonaea viscosa (Sapindaceae). Este estágio, 41 também denominado Baccharisietum, surge após cinco ou mais anos de abandono dos terrenos, podendo permanecer por até 10 anos (KLEIN, 1980). Queiroz (1994), cita, além das associações de Baccharis dracunculifolia, as associações Noticastro-Dodonaetum viscosae e Tibouchino-Dodonaeetum viscosae como características deste estádio. 3) Estádio de Arvoretas - este estádio é caracterizado pela substituição dos vassourais por arvoretas, na Floresta Ombrófila Densa principalmente pela Myrcine coriaceae (Myrsinietum), que se instala de maneira muito agressiva, ou surgem espécies do gênero Tibouchina (KLEIN, 1980; QUEIROZ, 1994). Na Floresta Ombrófila Mista e na Floresta Estacional Decidual destaca-se o Solanum erianthum, formando associações muito densas e características, devido a cor esbranquiçada de suas folhas (REIS, 1993). Estas espécies se caracterizam por serem árvores de pequeno porte e em geral de copas esparsas, permitindo um sombreamento desuniforme do sub-bosque, destacando-se a capacidade do gênero Myrsine em atrair pássaros (REIS, 1995). 4) Estádio Arbóreo Pioneiro - Nesta fase observa-se a dominância de mesofanerófitos com alturas maiores do que 15 metros. As comunidades são bastante uniformes quanto à altura das árvores dominantes (IBGE, 1992). Segundo Klein (1980), esta fase na Floresta Ombrófila Densa é caracterizada pela instalação da Miconia cinnamomifolia, o Miconietum. As árvores têm copas amplas e alturas de 10 a 15 metros ocorrendo em alta densidade, o que promove o aparecimento de um microclima muito sombreado e úmido no interior da comunidade, permitindo a instalação de outras espécies arbustivas e arbóreas tolerantes à sombra. Dentro da Floresta Ombrófila Mista, a espécie arbórea pioneira que mais se destaca é a Mimosa scabrella, que também pode ocorrer em algumas regiões da Floresta Estacional Decidual juntamente com Parapiptadenia rigida, que por vezes, cobre regiões maiores e de forma quase homogênea (REIS, 1993). Neste estádio, surgem as árvores pioneiras do estádio Arbóreo Avançado como a Miconia cabucu, Didymopanax angustissimum, Hieronyma alchorneoides, com Euterpe edulis aparecendo freqüentemente no extrato médio. A transição entre o estádio de Miconietum e Arbóreo Avançado é constituída de diversas fases intermediárias, que de forma geral são difíceis de serem diferenciadas (KLEIN, 1980). 5) Estádio Arbóreo Avançado - É também denominado Mata Secundária (KLEIN, 1980) ou Floresta Secundária (QUEIROZ, 1994). Neste estádio, que ocorre cerca de 30 a 50 anos após o abandono da área agrícola, tem-se um ambiente florestal, sob todos os aspectos fisionômicos, muito semelhantes à floresta original. Segundo Roderjan & Kuniyoshi (1988), esta fase é caracterizada por uma vegetação heterogênea, dois estratos arbóreos bem definidos e um terceiro em formação. As árvores dominantes atingem na média, alturas entre 10 a 20 metros, podendo chegar até 25 metros, em função das condições edafoclimáticas. Encontra-se, ainda, um estrato herbáceo-arbustivo bem desenvolvido e bem distribuído, com a presença acentuada de lianas (cipós), epífitas e constritoras, além dos xaxins, caetês, e um grande número de epífitas das famílias Bromeliaceae, Orquidaceae, Araceae (RODERJAN & KUNIYOHSI, 1988). 2.3 Classificação da Mata Atlântica em estádios sucessionais O aparato legal brasileiro esteve constantemente atento à questão da conservação dos recursos florestais, embora nem sempre tenham sido aplicados os dispositivos legais. A grande destruição das florestas no início do século XX motivou a criação, em 1965, da Lei 42 TABELA 2.2: Valores de DAP médio (cm), altura média (m), área basal (m2/ha) e número de indivíduos por hectare em quatro estádios sucessionais, considerando-se diferentes diâmetros mínimos para a amostragem dos indivíduos. Florianópolis, UFSC, 2004. Baccharisietum DAP mínimo (cm) DAP médio (cm) Altura média (m) Área Basal (m2/ha) Número de indivíduos/ha 0 2,3a (0,5) 3,2a (0,3) 5,5a (2,6) 9.714a (3.402) 3 4,7b (0,7) 4,1b (0,3) 3,7a (2,8) 1.686b (693) 5 6,6c (0,8) 4,5b (0,7) 2,5a (2,8) 536b (468) 10 11,8d (1,2) 5,9c (1,4) 0,7b (3,0) 43b (106) C.V. (%) 18,3 16,0 103,9 63,0 Myrcinetum DAP mínimo (cm) DAP médio (cm) Altura média (m) Área Basal (m2/ha) Número de indivíduos/ha 0 3,9a (0,8) 4,3a (0,7) 13,6a (6,6) 8.067a (5.013) 3 5,6a (1,0) 5,3ab (0,8) 12,8a (6,6) 3.928b (1.745) 5 7,5b (1,1) 6,1bc (0,9) 10,1a (6,2) 1.817bc (831) 10 12,0c (3,5) 6,9c (2,1) 4,0b (5,1) 250c (245) C.V. (%) 50,5 76,9 16,0 3,71 Miconietum DAP mínimo (cm) DAP médio (cm) Altura média (m) Área Basal (m2/ha) Número de indivíduos/ha 0 5,1a (1,1) 5,0a (1,2) 30,1a (8,2) 8.311a (3.017) 3 7,7b (0,8) 6,6b (1,2) 29,3a (8,1) 4.517b (1.361) 5 10,0c (1,1) 7,8b (1,5) 27,3ab (8,8) 2.767c (689) 10 14,5d (2,0) 9,7c (1,9) 20,2b (9,0) 1.011d (481) C.V. (%) 14,9 20,8 31,2 59,1 Arbóreo Avançado DAP mínimo (cm) DAP médio (cm) Altura média (m) Área Basal (m2/ha) Número de indivíduos/ha 0 6,2a (1,5) 5,6a (1,1) 41,7a (9,8) 6.238a (2.358) 3 9,5b (1,1) 7,7b (1,2) 40,9a (9,9) 3.300a (1.043) 5 12,8c (1,3) 9,5c (1,2) 39,9a (9,9) 2.154ab (846) 10 18,5d (2,6) 12,0d (1,5) 35,1a (9,4) 1.038b (473) C.V. (%) 16,0 14,4 25,8 53,5 DAP – Diâmetro à altura do Peito. Na vertical, dentro de um mesmo estádio, valores com a mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste SNK. Os valores entre parêntesis representam o desvio padrão considerando as diferentes repetições. O valor do C.V. refere-se a variação entre as diferentes amostargens. Fonte: Siminski, 2004. 2.4 BIBLIOGRAFIA • ADAMS, C. Caiçaras na Mata Atlântica: pesquisa científica versus planejamento e gestão ambiental. São Paulo: Amablume/FAPESP, 2000. 337p. • CAPOBIANCO, J.P.R. Mata Atlântica: conceito abrangência e área original. In: SCHÄFFER, W.B. & PROCHNOW, M. (org.). A Mata Atlântica e você: como preservar, recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: APREMAVI, 45 2002. 156 p. • COOMER, O.T.; GRIMARD, F.; BURT, G.J.Tropical forests and shifting cultivation: secondary forest fallow dynamics among traditional farmers of the Peruvian Amazon. Ecological Economics, v.32, 109-124, 2000. • DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Tradução Cid Knipel Motreira. São Paulo: Compania das Letras, 1996. 484 p. • GOMEZ-POMPA, A. Possible papel de la vegetación secundária en la evolución de la flora tropical. 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A regeneração de uma floresta tropical montana após 47 como os chamados "keystones", pivotal, mutualistas chaves ou elos móveis (HOWE, 1977; GILBERT, 1980). Estes processos biológicos, básicos para a sobrevivência das plantas e dos animais, exige uma grande participação mútua, fazendo supor que as florestas tropicais sofreram processos evolutivos distintos das florestas temperadas, e, conseqüentemente, necessitam de técnicas de conservação e de manejo distintas. Na polinização, preferentemente produzida pelos animais, as plantas oferecem uma grande variedade floral atraindo uma grande diversidade de animais. Na Tabela 3.1, a freqüência de diferentes classes de agentes polinizadores dentro de um ecossistema florestal tropical denota a multiplicidade de agentes polinizadores, o que faz supor a necessidade de técnicas de conservação para estes agentes dentro do sistema de manejo. Tabela 3.1. Freqüência de classes de polinizadores em uma amostra de 143 espécies arbóreas de Porto Rico (BAWA et al., 1985). Classes de polinizadores Percentagem de espécies arbóreas morcegos 3,0 beija-flores 4,3 abelhas pequenas 14,0 abelhas médias e grandes 27,5 besouro 7,3 borboletas 4,9 mariposas 15,9 outros insetos 20,7 vento 2,5 O mutualismo da dispersão é muito consistente em florestas tropicais, onde cerca de 90% das espécies arbóreas e arbustivas têm suas sementes dispersadas por animais (FRANKIE et al., 1974). As relações entre a dispersão de sementes e a demografia das plântulas tem profundas implicações na conservação e manejo das florestas tropicais (HOWE, 1984). O conhecimento destas relações evita causas de extinção dentro da flora e da fauna (HOWE, 1990). TERBOGH (1990), conduz um raciocínio muito objetivo sobre o papel dos dispersores e as técnicas de manejo em florestas tropicais: As espécies maduras normalmente produzem grandes sementes, e estas são geralmente dispersas por grandes pássaros e mamíferos. Estes vertebrados requerem uma diversidade de frutos e sementes para a sua manutenção. Neste sentido, uma floresta composta por somente poucas espécies, cria um ambiente deficiente e não permite a sobrevivência destes animais. Somente através da conservação da biodiversidade será possível obter suprimento alimentar contínuo mantendo o crescimento normal das suas populações. Disto se conclui que o manejo ou a conservação não pode ser direcionado para uma ou para poucas espécies de interesse especial, sendo necessário manter adequadamente a diversidade das plantas e a comunidade animal, manejando várias espécies. Segundo AUGSPURGER (1990), mesmo a atividade dos patógenos tem implicações nas florestas tropicais, uma vez que estes são responsáveis pela manutenção do equilíbrio populacional de muitas espécies vegetais. 3.1.1Grupos ecológicos de espécies florestais 50 A estrutura e a composição das populações vegetais naturais são oriundas de uma série de eventos edafoclimáticos e ecológicos variáveis no tempo e no espaço. Para manter a estrutura e composição característica de cada população, dentro das espécies, houve evolução de características genéticas, que facilitam a sobrevivência e/ou reprodução dentro de uma sucessão de ambientes (PIÑA-RODRIGUES et al., 1990). No manejo de florestas tropicais é necessário o conhecimento dos padrões sucessionais, onde os diferentes grupos ecológicos de espécies estão inseridos. A existência de características diferenciais para as espécies que se estabelecem nos diferentes estádios sucessionais da floresta secundária e nas florestas primárias, exigem que o manejador possa prever o aparecimento de diferentes grupos de árvores no futuro. A distribuição de clareiras no tempo e no espaço produz uma regeneração diferenciada, uma vez que segundo DENSLOW (1980), as espécies apresentam adaptações direcionadas à ocupação e colonização destas clareiras. A caracterização de distintos padrões de adaptações das estratégias de reprodução tem levado os autores a detectar um grande número de grupos ecológicos, admitindo-se mesmo que cada espécie tenha suas características próprias para garantir sua sobrevivência dentro da gama de variações internas das florestas tropicais. Apresentamos a seguir uma revisão bibliográfica onde são caracterizadas terminologias distintas para diferentes estratégias de reprodução das espécies (Tabelas 3.2, 3.3). Tabela 3.2 Terminologias utilizadas para caracterizar grupos ecológicos de espécies tropicais. Terminologia Definição Autores Pioneiras Intolerantes à sombra Germinam somente em claros e necessitam de luminosidade, pelo menos parte do dia. Plântulas e arboretos não sobrevivem fora dos claros. BUDOWSKI (1965) SWAINE & WHITMORE (1988) WHITMORE (1989) VIANA (1989) KAGEYAMA & VIANA (1989) Pioneiras grandes Necessitam de claros para germinar e sobrevivem debaixo do dossel SWAINE & HALL (1983) Intolerantes à sombra Indivíduos jovens são incapazes de sobreviver na sombra HARTSHORN (1980) BROKAW (1985) Secundárias precoces Intolerantes à sombra BUDOWSKI (1965) VÁSQUEZ-YANES & SADA (1985) Especialistas em claros grandes Germinam em claros grandes, são intolerantes à sombra. DENSLOW (1980) Emergentes Rápido crescimento, procurando ocupar os claros. VÁSQUEZ-YANES & SADA (1985) Secundárias Alta capacidade de regeneração vegetativa após distúrbio VÁSQUEZ-YANES & SADA (1985) Secundárias tardias Tolerantes à sombra em estágios juvenis BUDOWSKI (1965) 51 Tabela 3.2. Continuação... Especialistas em claros pequenos Germinam na sombra, mas necessitam de claros para alcançar o dossel. DENSLOW (1980) Espécies persistentes Tolerantes à sombra, crescendo quando queda de árvores. COLEY (1980) FORSTER & BROKAW (1982) Parcialmente tolerantes à sombra Sobrevivem abaixo do dossel, mas crescem vigorosamente quando da retirada da cobertura. SCHULZ (1960) Oportunísticas Conseguem sobreviver em condições de sombra, mas dependem dos claros para crescer. VIANA (1989) KAGEYAMA & VIANA (1989) Tolerantes à sombra Não necessitam de claros para germinar e crescer HARTSHORN (1980) Tolerantes à sombra Crescem em florestas maduras WHITMORE (1982) Espécies primárias Germinam e sobrevivem abaixo do dossel, crescendo após a abertura BROKAW (1985) Espécies clímax Tolerantes à sombra nas estapas juvenis WHITMORE (1982) Clímax Germinam na sombra e as plântulas e indivíduos juvenis vivem por alguns anos debaixo do dossel SWAINE & WHITMORE (1988) WHITMORE (1989) Especialista em sub-bosque Não necessitam de claros para germinar e crescer DENSLOW (1980) Reprodutoras à sombra Completam todo o seu ciclo de vida em condições de sub-bosque VIANA (1989) Adaptado de CLARK & CLARK (1987). Para facilitar a compreensão, apresentaremos resumidamente as síndromes ou estratégias em três grandes grupos. Vale lembrar que os grupos são artificiais, uma vez que cada espécie apresenta suas peculiaridades. Tabela 3.3. Síndromes associadas aos grupos ecológicos: pioneiras, oportunistas e clímax em suas principais fases de seu ciclo de reprodução e estabelecimento. PIONEIRAS OPORTUNISTAS CLÍMAX S E M E N T E S Produção contínua de sementes ou chuva de sementes Produção contínua de sementes ou chuva de sementes Apresenta anos de baixa ou nenhuma produção, é comum a "mast-years" Apresentam dormência Não apresentam dormência Dormência curta ou ausente Longevidade média e longa Curta longevidade Longevidade curta, muitas são reclcitrantes Reservas nutricionais pequenas Reservas nutricionais pequenas reservas nutricionais grandes Produzidas em grande quantidade Produzidas em grande quantidade Produzida em menor quantidade Tabela 3.3. Continuação... 52 Por outro lado, admite-se que conservação e exploração não são incompatíveis. Para que esta premissa seja verdadeira faz-se necessário explorar a floresta em todo o seu potencial. Vale dizer, portanto, que a viabilidade de um sistema de manejo para rendimento sustentado deve prever o uso múltiplo da floresta. Este é um pré-requisito fundamental para atender o caráter econômico da atividade. Caberá ao manejador estudar as potencialidades do ecossistema a explorar procurando diversificar, ao máximo possível, os produtos a serem obtidos. Um aspecto extremamente vantajoso desta proposta é que o manejador poderá aumentar progressivamente o número de produtos a serem explorados, a medida em que estes venham a ser descobertos ou que assumam valor econômico. Este aspecto é possível neste sistema uma vez que a biodiversidade da comunidade é mantida e a exploração de cada produto é realizada individual e independentemente. Respeitada esta condição, o manejo para rendimento sustentado aqui proposto deverá ser baseado em dois alicerces: 1. o caráter cíclico da exploração e, 2. o equacionamento da exploração de cada espécie individualmente. As duas condições devem ser respeitadas simultaneamente, sem o que se espera não haver sucesso no empreendimento. Para garantir a exploração de forma cíclica, no mínimo deverão ser observados os aspectos de avaliação do estoque disponível, taxas de incremento e regeneração natural de cada espécie a ser explorada (Figura 3.1). Figura 3.1 Fluxograma do Manejo para Rendimento Sustentado de Florestas Tropicais. 3.2.2Estoque disponível A avaliação do estoque disponível realizada através de inventário florestal é, portanto, o ponto de partida para a elaboração de uma proposta para a exploração racional FLORESTA INVENTÁRIO ESPÉCIE DE INTERESSE BIOLOGIA REPRODUTIVADEMOGRAFIA DINÂMICA DE REPOSIÇÃO DINÂMICA DE CRESCIMENTO INTERAÇÃO COM A FAUNA DIVERSIDADE GENÉTICA ESTRUTURA GENÉTICA DAS POPULAÇÕES EXPLORAÇÃO/MANEJO Reavaliação 55 da floresta tropical. Embora esta afirmação pareça óbvia, não são raros os planos de exploração de florestas naturais que se utilizam deste parâmetro como informação exclusiva para a elaboração da estratégia de ação, particularmente no Brasil. Assim, sobre os números obtidos é estabelecido arbitrariamente um volume de madeira a ser retirado por unidade de área. O resultado de uma só avaliação do estoque disponível fornece pouca informação para a elaboração de um plano de exploração racional. Entretanto, avaliações periódicas do estoque constituem-se em uma ferramenta imprescindível para o manejo correto da floresta. Avaliações subseqüentes informam, além do volume de material disponível em cada época, o incremento observado no período. 3.2.3Taxas de incremento Este parâmetro assume importância substancial no manejo para rendimento sustentado, na medida em que sendo ele tomado como base, permite estimar o ciclo de exploração em cada unidade da área e o volume passível de exploração no período considerado. Desta forma, a exploração pode ser realizada por tempo indeterminado na mesma área, uma vez que só será admissível retirar o volume capaz de ser reposto pela floresta no mesmo período. Neste sentido, esta proposta de manejo se opõe àqueles planos de manejo que realizam uma redução da área basal da floresta em determinados níveis arbitrariamente, e observam o comportamento da comunidade durante o processo de regeneração, mesmo quando realizados ao nível de pesquisa, como apresentados por HIGUCHI & VIEIRA (1990) e SILVA (1990), em trabalhos realizados na Floresta Amazônica. Estas propostas de manejo seguem uma concepção oposta àquela defendida neste trabalho, pois desconsideram o comportamento da comunidade florestal e as implicações ecológicas decorrentes da redução da sua área basal. A abertura demasiada de clareiras implica no desenvolvimento de espécies mais exigentes quanto às condições de luz, mudando qualitativamente a estrutura da comunidade (GOMEZ-POMPA & VASQUEZ-YANES, 1985), com alteração expressiva na composição florística local. Há que se salientar, neste ponto, que o inventário florestal deverá ser minucioso, procurando detalhar as estruturas populacionais das espécies, através do estudo da sua demografia. Desta forma, pode-se avaliar o estoque e o incremento de cada espécie individualmente. O objetivo deste procedimento é o estabelecimento de estratégias de manejo particulares a cada espécie cuja exploração seja desejável. A concepção de manejo por espécie aqui preconizada é entendida como fundamental para sua sustentabilidade. Esta concepção tem pressupostos tanto ecológicos como econômicos. Do ponto de vista ecológico, a exploração por espécie assume importância como condição vital para a perpetuação da comunidade florestal. É, também, a forma mais simples de se manter a biodiversidade do ecossistema. Sendo as interações entre os seus organismos, muito complexas, notadamente aquelas que envolvem a polinização e a dispersão de sementes, a floresta tropical não pode prescindir de parte de suas espécies. Este fato, caracterizado pela elitização dos indivíduos arbóreos de interesse comercial em vários sistemas de manejo hoje em desenvolvimento, levará a extinção em cascata de uma série de espécies, como discutido por KAGEYAMA (1987), com repercussões evidentes na comunidade remanescente. Da mesma forma, diferentes espécies agrupadas como de "interesse comercial" apresentam comportamento diverso com relação a vários parâmetros ecológicos. Seria 56 lógico, portanto, basear o plano de exploração de cada espécie na sua autoecologia, sob condição de floresta natural. Outra consideração importante a respeito da exploração florestal por espécie tem ressonância não só biológica mas, também econômica. A determinação dos incrementos corrente anual (ICA) e médio anual (IMA) de uma espécie permitem estimar os pontos de máximo incremento biológico e de máximo retorno econômico da mesma (Figura 3.2). Desta maneira, a produtividade de cada espécie é maximizada independente do comportamento relativo às outras. Alia-se a este fato as vantagens do caráter prático da determinação do ponto de corte de cada árvore pelo seu diâmetro mínimo. Esta estratégia de manejo pode, ainda, ser otimizada pela determinação do intervalo entre os ciclos de corte (IC) de cada espécie, que consiste na diferença entre os pontos de máximo IMA e de máximo ICA. Baseado neste parâmetro, a área a ser explorada pode ser dividida em talhões para a exploração progressiva, com vantagens evidentes. O manejo da floresta dentro desta perspectiva permite uma previsão objetiva da produtividade de cada produto florestal a ser obtido, independentemente de serem eles madeireiros ou não. Esta é uma vantagem indiscutível deste sistema em relação àqueles que baseiam em parâmetros como área basal ou volume por unidade de área. Estes sistemas podem prever somente a massa de produto a ser obtido, mas nunca a sua qualidade. Figura 3.2 – Determinação do Diâmetro Limite de Corte (DLC) e do Intervalo de Corte (IC), através do Incremento Corrente Anual (ICA) e do Incremento Médio Anual (IMA). 3.2.4Regeneração natural O terceiro ponto a ser considerado no sistema de manejo em regime de rendimento sustentado diz respeito à regeneração das espécies da comunidade que estejam ou não sob exploração. A reposição do estoque deve ser permanentemente monitorada através dos IC DLC DAP IMA ICA INCREMENTO 57 implicando em garantia de fecundação cruzada, exceto para os casos em que se desenvolvem duas ou mais inflorescências por planta, evento de freqüência reduzida dentro da Floresta (6,4% das plantas, REIS et al.,1993), e há coincidência das floradas masculina e feminina entre as inflorescências, conforme discutem os autores. A espécie é preferencialmente alógama, com uma taxa de cruzamento média de 0,99 (variando entre 0,94 e 1,04 nas populações estudadas por REIS, 1996). A inexistência de equilíbrio de endogamia nas progênies indica a ocorrência de eventos adicionais envolvidos no sistema reprodutivo. Os resultados obtidos por REIS (1996) evidenciam a ocorrência de cruzamentos não aleatórios, associados à amplitude do período de florescimento e a protandria acentuada existente na espécie. A fenologia da espécie é caracterizada por um período bastante amplo de floração: 5 meses em uma população de Euterpe edulis em Floresta Semidecídua (Piracicaba, SP), estudada por REIS et al. (1993), 5 meses na população estudada por A. REIS (comunicação pessoal) em 1994 no município de Blumenau (SC) e 4 a 5 meses na população estudada por MANTOVANI (1998) em São Pedro de Alcântara (SC). Entretanto, a floração não é sincronizada entre todos os indivíduos, ocorrendo uma tendência a um período inicial com poucas plantas floridas, um aumento gradativo até um máximo e, finalmente, uma redução, como descrito por REIS et al. (1993) e MANTOVANI (1998). Além disso, os resultados obtidos por REIS (1995) indicam variação entre anos em relação à quantidade de indivíduos que se reproduzem anualmente (Tabela 3.5). Tabela 3.5 Características reprodutivas de uma população de Euterpe edulis, no município de Blumenau (SC) em dois anos de acompanhamento, conforme REIS, A. (1995) Indivíduos / órgãos por hectare 1992 1993 média Plantas Adultas 117 136 127 Plantas com Inflorescências 115 111 113 Número de Inflorescências 189 211 200 Plantas com Infrutescências 56 96 76 Número de Infrutescências 69 160 115 Número de Frutos 228.594 531.235 379.914 Tomando por referência o número de indivíduos que produziram inflorescência (113), a tendência a uma distribuição normal na população para o período de florescimento como um todo, distribuído em 5 meses, e considerando a acentuada protandria da espécie, com tempo de antese e receptividade das flores femininas em uma inflorescência entre 12 e 15 dias não coincidentes (REIS et al., 1993), o número máximo de indivíduos coincidentemente floridos seria de aproximadamente 26 por hectare; ficando entre 10 e 15 indivíduos por hectare na maior parte do tempo; e chegando a 4 indivíduos por hectare na primeira e última quinzenas. Estes aspectos, aliados às características de microambiente (relevo, vegetação, etc.), favorecem a possibilidade de ocorrência de cruzamentos não aleatórios entre os indivíduos, pois nem todos estarão na mesma fase fenológica ou terão possibilidade de serem visitados pelos polinizadores ao mesmo tempo. Além disso, os resultados obtidos por REIS et al. (1988, 1994a, 1996) e REIS, (1995) indicam ser o palmiteiro uma espécie com estratégia de formação de banco de plântulas (Figuras 3.3), apresentando em média 12.000 plântulas (altura da inserção inferior a 10 cm.) por hectare (REIS et al., 1996). 60 A regeneração natural da espécie é abundante, contudo o crescimento nesta fase inicial é lento, refletindo valores reduzidos de recrutamento (menores que 1%), mas compatíveis com a estrutura populacional da espécie, em cinco anos de acompanhamento tanto em formações primárias como em formações secundárias (dados não publicados). Figura 3.3. Pirâmide demográfica de Euterpe edulis (adaptada de REIS, 1995) A abundante produção de frutos e o amplo período de fornecimento destes apresentam especial relevância na manutenção da fauna, pois grande diversidade de animais, como aves e mamíferos de médio e grande porte, utilizam estes frutos na sua dieta básica (REIS, 1995). Por sua vez, a fauna é responsável pela dispersão dos frutos, implicando numa contribuição imprescindível para a manutenção da dinâmica demográfica e do fluxo gênico da espécie (REIS, et al. 1994b). Tal aspecto apresenta especial relevância na retomada da dinâmica de formações secundárias, pois a atração de vetores de dispersão de sementes (fauna) implicará na vinda de novas sementes, aumentando a diversidade nestas áreas e dando continuidade ao processo de sucessão (REIS, et al., 1992a; REIS, 1993). Além disso, o pólen produzido em abundância, os exsudados e as próprias partes da inflorescência são recursos alimentares procurados por grande diversidade de insetos, que visitam intensamente as inflorescências de Euterpe edulis durante o seu amplo período de florescimento (REIS et al.,1993). Desta forma a espécie apresenta, além de valor econômico e importância social, um grande valor ecológico, se aproximando do conceito de "keystone" de TERBORGH (1986). A adequação ao conceito de 'keystone' foi recentemente questionada por GALLETI e ALEIXO, 1998). Os estudos destes autores indicam que uma ampla oferta de outros recursos na floresta durante o período de frutificação do palmiteiro. No entanto a importância da espécie como recursos alimentar e sua forte interação com a fauna são confirmados. 3.3.2ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E FITOSSOCIOLÓGICOS A grande abundância do palmiteiro na floresta foi inicialmente caracterizada nos trabalhos de VELOSO e KLEIN (1957, 1959), e decorre de ser esta a espécie de maior ocorrência no extrato médio da Floresta Ombrófila Densa. Em seus levantamentos, estes autores observaram até 1000 indivíduos por hectare com altura superior a 1,5 m., sendo sempre a espécie com maior freqüência e abundância no estrato médio (sub-bosque). Tais dados têm sido confirmados em estudos mais recentes que apresentam dados relativos a demografia da espécie (NEGREIROS, 1982; NODARI et al., 1987; REIS et al., 1991,1994a; Produção de Frutos 377.101/ha (80,10%) Adultos Imaturos Jovens 2 Jovens 1 Plântulas Sementes Vivas no Solo Sementes no Solo 61/ha (0,013 %) 560/ha (0,12 %) 1.447/ha (0,31 %) 2.565/ha (0,54 %) 12.565/ha (2,67 %) 23.364/ha (4,96 %) 53.100/ha (11,28 %) 61 FANTINI et al., 1993; REIS,A., 1995), mesmo em formações secundárias ou pequenos relictos (SILVA, 1991; ALVES, 1994; REIS et al., 1996). KLEIN (1974) caracteriza o palmiteiro como uma espécie esciófila, ou seja, de sombra, ocorrendo, contudo dentro de diferentes associações vegetais que lhe proporcionam sombreamento. Sua maior abundância encontra-se quando associado a florestas que atingiram o seu clímax. Sua ocorrência natural em áreas onde já houve a exploração da madeira ou mesmo em áreas abandonadas pela agricultura, inicia quando se estabelecem as primeiras árvores como o jacatirão (Miconia cinnamomifolia) ou a caxeta (Psychotria longipes) ou a quaresmeira (Tibouchina pulchra) ou mesmo as capororocas (Rapanea ferruginea) e o araçá (Psidium cattleyanum). Atualmente, após drástica redução das populações naturais de palmiteiro, esta espécie volta a representar um papel de grande importância para a preservação da floresta. Isto porque o palmiteiro representa um dos principais suportes para a transformação de áreas até então consideradas improdutivas, em florestas altamente produtivas, uma vez que o palmiteiro é uma das essências florestais de ciclo relativamente curto (8-10 anos) e capaz de produzir após um manejo adequado, uma produção de cunho anual sem implicar em muitos gastos com insumos (REIS et al., 1987; BOVI et al., 1987). Com relação à distribuição demográfica, REIS et al. (sub.) verificaram uma maior concentração de plantas nas classes iniciais, com exceção da classe 2-3 cm que reflete mais a regeneração natural, diminuindo gradativamente quando se aproxima das classes superiores. Os indivíduos reprodutivos são encontrados com baixa freqüência nas classes entre 6 a 10 cm e sua maior concentração se dá entre as classes diamétricas de 11 a 13 cm, participando com a maior parcela da freqüência geral de indivíduos encontrados nestas classes (Figura 3.4). Desta forma, percebe-se que as plantas reprodutivas já ultrapassaram o ponto de máximo crescimento da espécie, tendo em vista que elas participam significativamente com as taxas de incremento das classes superiores. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Plantas/ha Reprod/ha Classes diamétricas (cm) Figura 3.4 - Distribuição de freqüência de plantas de Euterpe edulis, distribuição geral e distribuição dos indivíduos reprodutivos, nas diferentes classes de DAP para uma área de formação secundária na Floresta Tropical Atlântica, São Pedro de Alcântara, SC. 62 Como pode ser observado, a variância dos dados a serem levantados é um dos parâmetros básicos para a definição da intensidade de amostragem. Os outros parâmetros a serem considerados são: 1. o número total de unidades de amostras possíveis da área; 2. a probabilidade estatística desejada para as estimativas; 3. o erro admissível para a média. Considerando estes parâmetros, a intensidade de amostragem poderá ser calculada pelas equações presentes no Módulo 1 desta apostila. 3.5 ESTIMAÇÃO DE EQUAÇÕES DE INCREMENTO CORRENTE ANUAL Um dos pontos fundamentais do sistema de manejo em regime de rendimento sustentado para o palmiteiro é a determinação da relação funcional entre o DAP (diâmetro à altura do peito) e o ICA (incremento corrente anual) das plantas individualmente. Esta relação funcional expressa matematicamente o ICA de cada planta em função do seu diâmetro. Uma vez obtida esta equação matemática pode-se estimar o ponto de máximo ICA, correspondente ao máximo incremento biológico da espécie no local estudado. Este ponto definirá, pois, o diâmetro para abate das plantas. Os dados de DAP e ICA devem ser obtidos apartir de unidades de amostra do inventário permanente. De posse dos dados, passa-se a ajustar equações de regressão tendo como variável independente o DAP e como variável dependente o ICA. Ajustam-se várias equações e posteriormente seleciona-se a que mais se ajusta aos dados. Para realizar esta tarefa pode-se fazer uso de pacotes estatísticos comuns. Por exemplo, seja o objetivo estimar os parâmetros da equação : ICA = b0 + b1 DAP + b2 DAP 2 , a partir dos dados abaixo, tomados do inventário sobre parcelas permanentes: DAP ICA DAP ICA 4 0.32 5 0.35 4 0.30 5 0.31 5 0.35 5 0.36 6 0.40 6 0.37 7 0.45 7 0.50 8 0.47 8 0.46 9 0.50 9 0.54 9 0.53 9 0.57 10 0.58 10 0.60 10 0.60 10 0.63 11 0.60 11 0.61 12 0.52 12 0.53 13 0.48 14 0.45 14 0.43 15 0.40 15 0.42 16 0.40 16 0.38 17 0.37 17 0.36 18 0.35 Com os dados do exemplo foram ajustados os seguintes modelos : 65 Modelos Coeficientes Significância a 5% R 2 (%) ICA=b0+b1DAP 0.432735 0.002239 * ns 0.89 ICA=b1DAP 0.038783 * 83.78 ICA=b0+b1DAP+b2DAP 2 -0.108421 0.120864 0.00554 * * * 82.64 ICA=b1DAP+b2DAP 2 0.09943 -0.00461 * * 99.13 ICA=b0+b1DAP+b2DAP 2 +b3DAP 3 -0.344106 0.203354 -0.014047 -0.000265 * * * * 84.84 ICA=b1DAP+b2DAP 2 +b3DAP 3 0.090509 -0.002997 -0.000066 * * ns 99.17 Uma vez escolhida a equação, pode-se calcular o ponto de máximo ICA achando-se a derivada primeira da equação. Supondo-se que a equação escolhida fosse: ICA = 0.09943DAP - 0.004607DAP 2 Então o máximo ICA seria o ponto correspondente ao diâmetro de 10.79 cm. 3.6SISTEMAS DE IMPLANTAÇÃO DE Euterpe edulis A distribuição de frutos na superfície do solo é o sistema recomendado para a implantação do palmiteiro em florestas secundárias ou em florestas deturpadas, em função da sua eficiência e baixo custo (Tabela 3.7). Em locais onde suas populações tenham sido totalmente destruídas, caracteriza-se a necessidade da recomposição do banco de plântulas do palmiteiro. Para tanto, sugere-se que esta ação seja implementada em várias etapas, ao longo de vários anos. Assim, podaria-se distribuir uma determinada quantidade de frutos anualmente, o que favoreceria a formação de populações inequiâneas, além de evitar um prejuízo total do trabalho caso ocorra um ano com condições climáticas adversas para a germinação das sementes. Tabela 3.7 Sobrevivência (%) de plântulas de palmiteiro em seis sistemas de implantação sob condição de formação secundária da Floresta Tropical Atlântica, avaliada aos 9, 40 e 52 meses, no município de Biguaçu-SC. BOT/FIT/UFSC, Florianópolis/SC, 1991. Idade de avaliação (meses) Sistemas de implantação 9 * 40 52 64 Frutos na superfície 31,5a ** 34,2a 27,7 b 27,6ab Frutos enterrados 30,8a 42,8 b 37,8 b 37,8 b Sementes na superfície 27,1a 30,2a 22,9a 20,1a Sementes enterradas 42,7 b 41,0 b 36,4 b 32,6 b Plântulas de raiz nua 86,7 c 60,2 c 62,4 c 62,3 c Mudas de raiz nua 83,5 c 57,4 c 57,8 c 53,1 c Médias 50,3 44,4 40,8 38,9 * Adaptado de NODARI et al., 1987 ** Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste SNK (5%), comparação na coluna. 66 Dados levantados por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina apontam para uma sobrevivência de 30 % para frutos jogados na superfície do solo. O número médio de frutos por kilograma é de 1000. Se fosse o objetivo colocar na floresta cerca de 3000 plântulas por hectare por ano, seriam necessários 10 kg de fruto por hectare nesse período. Esta semeadura seria repetida mais duas vezes, com intervalos de dois anos. Seria esperado que após o sexto ano do início da implantação do palmital houvesse uma população inequiânea de palmiteiro da ordem de 9000 plântulas por hectare. Estas quantidades poderão, eventualmente, ser redefinidas a partir da avaliação da sobrevivência das plântulas ao longo dos anos de implantação. Na Tabela 3.8 são apresentados os resultados da avaliação aos 52 meses, do experimento citado acima. Tabela 3.8 Número de folhas, altura da inserção da última folha e diâmetro do colo de plântulas de palmiteiro (Euterpe edulis), avaliados aos 52 meses, em seis sistemas de implantação sob condição de formação secundária da Floresta Tropical Atlântica, no município de Biguaçú-SC.BOT/ FIT/UFSC, Florianópolis/SC, 1992. Sistemas de implantação Nº de folhas Altura da inserção Diâmetro do colo Frutos na superfície 3,16 10,46abc * 7,38ab Frutos enterrados 3,13 9,53a 6,79a Sementes na superfície 2,98 11,94 c 8,18 b Sementes enterradas 3,00 10,14abc 7,06ab Plântulas de raiz nua 3,29 11,64 bc 7,54ab Mudas de raiz nua 3,09 9,91ab 6,59a Médias 3,11 10,60 7,26 * Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste SNK (5%), comparação na coluna. Outra questão que deve receber adequada atenção diz respeito à qualidade do material genético utilizado na recomposição do palmital. Sendo o palmiteiro uma planta de fecundação cruzada, é recomendada a não utilização de frutos obtidos a partir de plantas isoladas. Também as plantas que se localizem fora do ambiente natural da espécie, como aquelas plantadas em parques e jardins, devem ser descartadas para a doação de sementes. Este fato se justifica pela alta probabilidade destas plantas apresentarem parentesco e, conseqüentemente, elevado grau de endogamia. 3.7PRODUTIVIDADE SUSTENTÁVEL DE PALMITO ATRAVÉS DO MANEJO DE Euterpe edulis Tomando por base os dados do inventário piloto para a E.E. de São Pedro de Alcântara obtidos em 1991 e 1992 (Tabela 3.9), pode-se observar que grande parte dos indivíduos está nas classes de menor diâmetro. Na classe de DAP entre 2 e 3 cm a redução no número de indivíduos reflete que nesta classe estão presentes grande número de indivíduos com altura inferior a 1,3 m. (regeneração natural, não incluída na Tabela). Os dados de incremento em DAP e incremento em área basal por classe de diâmetro refletem a tendência de crescimento dos indivíduos na população. Como, biologicamente o 67 Classes Passíveis Disponíveis Diamétricas de para Individual Por classe (cm) exploração exploração 2 - 3 5 3 - 4 76 4 - 5 128 5 - 6 79 6 - 7 42 1 7 - 8 55 4 8 - 9 35 17 1 16 0.30 4.8 9 - 10 29 29 3 26 0.38 9.8 10 - 11 28 28 9 19 0.46 8.8 11 - 12 34 34 10 24 0.56 13.3 12 - 13 23 23 8 15 0.66 9.8 13 - 14 14 14 8 6 0.76 4.6 14 - 15 6 6 6 - 0.88 - Total 151 50 106 - 51.2 Rendimento (Kg) N Matrizes Classes Diamétricas (cm) D.E. Rendimento D.E. Rendimento D.E. Rendimento (Kg/ha) (Kg/ha) (Kg/ha) 4 - 5 152 5 - 6 101 6 - 7 67 1 7 - 8 46 4 8 - 9 35 1 17 5.2 17 5.2 17 5.2 9 - 10 32 3 29 11.0 19 11.0 29 11.0 10 - 11 32 9 21 9.7 21 9.7 21 9.7 11 - 12 31 10 15 8.3 - 21 11.7 12 - 13 29 8 - - - 13 - 14 20 8 - - - 14 - 15 1 6 - - - Total 546 50 82 34.2 67 25.8 88 37.5 5 anos 4 anos 6 anos Rendimento por ciclo de corte N Matrizes Tabela 3.11. Estimativa de rendimento em Euterpe edulis sob condição de Manejo de Rendimento Sustentado em Floresta Ombrófila Densa (formação secundária) na região de São Pedro de Alcântara/SC. NPFT, 1994. 1 P.E.= Passíveis de Exploração - DAP limite corte = 8,5 cm; 2 D.E. = Disponíveis para Exploração; 3 Rendimento (g) = 5,34 AB = 4,194 DAP 2 Faz-se necessária a definição do ciclo de corte para exploração. Tal definição é uma decisão que deve utilizar não apenas critérios biológicos, mas também critérios econômicos, pois a idéia básica é estabelecer o tempo necessário para explorar novamente a mesma área. Assim, o pressuposto é que os indivíduos remanescentes ocuparão os espaços deixados por aqueles explorados, restabelecendo um equilíbrio entre as classes diamétricas (distribuição diamétrica regulada). Desta forma, conforme o tempo para retomada da exploração (ciclo de corte), ter-se-á um número maior ou menor de indivíduos a explorar. Tomando por referência o ciclo definido pelo IMA estimado através de simulações que consideram diferentes idades para o DAP inicial (Tabela 3.10), o ciclo de corte seria de 5 anos. Em 5 anos o estoque restabelecido, regulado pela primeira intervenção, chegaria até a classe 13 cm (Tabela 3.12), com um número de indivíduos por classe descrito a partir da relação estimada entre o número de indivíduos original e as classes diamétricas (estoque regulado). Caso fossem utilizados outros critérios (ou até como simulação para análise) poder-se-ia definir um ciclo de corte distinto, com 4 ou 6 anos, por exemplo, obtendo-se os resultados da Tabela 3.12. Tabela 3.12. Estimativa de rendimento em Euterpe edulis sob condição de Manejo de Rendimento Sustentado para segundo ciclo (estoque regulado) sob diferentes ciclos de corte em Floresta Ombrófila Densa (formação secundária) na região de São Pedro de Alcântara/SC. NPFT, 1994. 1 Distribui ção diamétrica regulada N = 588,40 - 166,62 DAP + 16,56 DAP 2 - 0,55 DAP 3 (R 2 = 0.95) 70 2 D.E. = Disponíveis para Exploração Rend = 5,34 AB = 4,194 DAP 2 (kg/classe) Desta forma, conforme a opção definida para o ciclo de corte (4, 5 ou 6 anos) seriam obtidas diferentes expectativas de rendimento comercial para a área. Em termos práticos, seriam estabelecidos 4, 5 ou 6 talhões e explorado um talhão anualmente até completar o primeiro ciclo, obtendo-se os rendimentos expostos na Tabela 3.13. A partir do segundo ciclo (com o estoque regulado) as expectativas seriam diferentes. Obviamente tais expectativas estariam sujeitas às reavaliações previstas pelo modelo. Tabela 3.13 Expectativa de rendimento por ano de exploração de Euterpe edulis sob condição de Manejo de Rendimento Sustentado com diferentes ciclos de corte, na Área Experimental de São Pedro de Alcântara/SC. NPFT, 1994. Duração do Ciclo (anos) 4 5 6 Área total 100 100 100 Área por talhão 20 25 17 Rendimento no Primeiro Ciclo (Kg) ano 1 1280 1024 870,4 ano 2 1280 1024 870,4 ano 3 1280 1024 870,4 ano 4 1280 1024 870,4 ano 5 - 1024 870,4 ano 6 - - 870,4 Total 5120 5120 5222 Rendimento do Segundo Ciclo em diante (Kg) ano 1 646,1 684 637,5 ano 2 646,1 684 637,5 ano 3 646,1 684 637,5 ano 4 646,1 684 637,5 ano 5 - 684 637,5 ano 6 - - 637,5 Total 2584,4 3420 3824,9 Total Kg 2584,4 3420 3824,9 Total anos 8 10 12 3.8EXEMPLO DE PLANO DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL2 1. INFORMAÇÕES GERAIS Proprietário do imóvel/Requerente: IBAMA Endereço: Floresta Nacional de Ibirama-FLONA Ribeirão Taquaras S/N Ibirama/SC Responsabilidade Técnica (Elaborador/executor) Rudimar Conte 2 Trabalho apresentado por Rudimar Conte à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para obtenção do Grau de Engenheiro Agrônomo. 1997. 71 2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS DO PMFS Objetivo Geral Aplicar os critérios de manejo sustentado estabelecidos pela legislação florestal de Santa Catarina visando a exploração do palmiteiro na FLONA de Ibirama-SC. Objetivos específicos - Realizar um inventário florestal numa área de 38 hectares, visando o manejo do palmiteiro. - Estabelecer índices técnicos para exploração de palmito na área inventariada. - Fazer uma análise econômica visando demonstrar a viabilidade do projeto. Justificativas técnicas e econômicas A legislação do Estado de Santa Catarina define o palmiteiro como uma espécie passível de ser manejada desde que obedecidos os dispostos resolução do CONAMA No 294, de 12 de dezembro de 2001. A literatura sobre o palmiteiro é bastante consistente, principalmente no que se refere a critérios de manejo em condições de floresta nativa. A espécie Euterpe edulis Martius, além de ser uma importante fonte de renda das áreas florestadas, desempenha um papel ecológico fundamental no ecossistema, uma vez que mantém distintos níveis de interação com a fauna. O palmito de Euterpe edulis se constitui em um dos principais produtos da Floresta Tropical Atlântica. O seu potencial como opção econômica dentro de sistemas de manejo em regime de rendimento sustentado é ainda maior, na medida em que estes sistemas prevêem a sua exploração a partir de parâmetros como o ponto de máximo incremento biológico. A análise econômica do projeto (Item 6) demonstra que a exploração do palmiteiro, segundo critérios de manejo sustentado, é altamente viável, representando uma alternativa de renda a mais para o conjunto da propriedade agrícola. 3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NA PROPRIEDADE Meio físico Clima O clima da região é do tipo Cfa-mesotérmico úmido com verão quente (Ide et al. 1980), com precipitação anual entre 1.600 e 1.800 mm, bem distribuídas, apresentando entre 120 e 140 dias de chuva durante o ano e umidade relativa do ar entre 75 e 80% (Orselli, 1986). A temperatura média anual situa-se entre 16 e 18° C, sendo 21° C a média do mês mais quente e 13° C a temperatura média do mês mais frio. Solos O solo da região é um Cambissolo Álico (Moser et al. 1986), abrangendo também os 38 hectares da área de amostragem na FLONA de Ibirama-SC. Hidrografia A área da FLONA de Ibirama é cortada na sua parte mais baixa pelo Ribeirão do Coxo, um afluente da bacia do Rio Itajaí-Açu (ver Folha Planialtimétrica, Anexo 1). A área de amostragem é cortada por pequenos córregos que deságuam no Ribeirão do Coxo. Topografia A topografia do local pode ser classificada como ondulada a fortemente ondulada, tendo a área de amostragem uma variação entre 300 e 350 metros de altitude. Meio biológico Vegetação 72 As plantas adultas (com estipe exposta superior a 1,30 m) foram devidamente mapeadas e etiquetadas com número da parcela, número da subparcela e número da planta dentro da subparcela. Para cada planta foram coletados dados de DAP, através de Paquímetro Florestal, e o estádio fenológico nas categorias: reprodutivo e jovem. Considerou-se como reprodutivas as plantas que apresentavam cacho ou mesmo sinais de emissão de cachos caso essas não apresentassem infrutescências e a categoria jovem foi utilizada para as plantas que ainda não entraram na fase reprodutiva (Figura 3.6). A categoria macho foi utilizada para as plantas que não eram reprodutivas e apresentavam retenção de folhas junto a estipe. Figura 3.6 Categorias do estádio fenológico do palmiteiro (Euterpe edulis). Para avaliação da regeneração natural, foram avaliadas todas as plantas com altura de estipe exposta inferior a 1,30 metros, consideradas pertencentes ao banco de mudas da espécie, as quais foram agrupadas nas seguintes classes: Classe I - plântulas com até 10 cm; Classe II - plantas de 11 a 50 cm; Classe III - plantas maiores de 50 cm de altura de inserção da folha mais jovem e com estipe exposta inferior a 1,30 metros (Figura 3.7). 75 Figura 3.7 Classes da regeneração natural do palmiteiro (Euterpe edulis). Definição da suficiência amostral Conforme exemplo do Modulo 1. Caracterização da área e Sistema de exploração Características da população de palmito na área inventariada: A área inventariada na FLONA de Ibirama se encontra em estádio secundário avançado de sucessão florestal, apresentando características similares de áreas com cobertura florestal primária. Segundo informações dos administradores da unidade, houve exploração seletiva de madeiras por indústrias madeireiras, por volta da década de 50, antes da área ser reconhecida como Floresta Nacional, sendo que as árvores remanescentes do processo exploratório apresentam-se hoje com DAPs semelhantes aos encontrados em formações primárias. O levantamento demonstrou que a população de palmito da área inventariada apresenta um maior número de indivíduos em relação a populações já estudadas anteriormente. Nesta situação, foram encontradas 609 plantas adultas por hectare, enquanto que para Blumenau-SC (REIS, 1995), Sete Barras-SP (FANTINI et al., 1993) e São Pedro de Alcântara-SC (CONTE, 1997), foram encontradas, respectivamente, 372, 517 e 480 plantas adultas por hectare, sendo que as duas primeiras correspondem a formações primárias e a última a uma formação secundária. Na categoria dos indivíduos adultos foram consideradas todas as plantas com altura de estipe exposta superior a 1,30 metros, incluindo as seguintes fases: 1) Plantas jovens que ainda não emitiram inflorescência; 2) Plantas “machos”; e 3) Plantas reprodutivas. Foram consideradas plantas "machos" aquelas plantas com retenção de bainhas e que neste estado não emitem inflorescência. A Figura 3.8 apresenta a distribuição de freqüência por classe diamétrica das plantas de palmiteiro com altura de estipe exposta superior a 1,30 metros. Dentro desta categoria os jovens participam com 388 plantas por hectare (63,8%) e são encontrados em maior número entre as classes diamétricas de 2,0 a 13,0 cm, com destaque para a classe 4,0 cm. As plantas consideradas “machos” apresentaram uma freqüência de 90 plantas por hectare 76 (14,7%), sendo encontrados, em sua maioria, entre as classes diamétricas de 2,0 a 6,0 cm. Já os indivíduos reprodutivos apresentaram uma freqüência de 131 plantas por hectare (21,5%), sendo que sua ocorrência se dá a partir da classe 6, porém, é a partir da classe 10 que se observa sua maior abundância, representando a maioria dos indivíduos nessas classes superiores. Para as plantas consideradas “machos”, as observações de campo demonstram que na medida em que as plantas atingem classes de DAP intermediárias, na sua grande maioria perdem essa característica podendo inclusive chegar a produzir inflorescência, porém algumas permanecem nesse estado indefinidamente. A distribuição de freqüência geral apresenta um comportamento em forma de “J” invertido. De acordo com FANTINI et al. (1992), no caso do palmiteiro existe uma grande concentração de plantas nas classes iniciais, diminuindo gradativamente com a aproximação das classes adultas, proporcionando esse tipo de comportamento. Porém, nas amostragens de populações de palmito em Blumenau-SC, Sete Barras-SP e São Pedro de Alcântara-SC, foram encontrados indivíduos com até 16 cm e, além disso, com baixíssima freqüência. Já, nesse levantamento, foram encontradas plantas em maior freqüência até 21 cm de DAP e, um caso excepcional, porém fora da amostragem, encontrou-se um indivíduo com 25 cm de DAP. 0 20 40 60 80 100 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Jovens Machos Reprod. Total Classes diamétricas (cm) N ú m e ro d e p la n ta s Jovens = 388/ha Machos = 90/ha Reprod. = 131/ha Total = 609/ha Figura 3.8 - Distribuição de freqüência das plantas de palmiteiro com estipe exposta superior a 1,30 m, na FLONA de Ibirama-SC. Neste sentido parece haver um desvio no comportamento normal de distribuição de freqüência desta espécie para a população de Ibirama, em virtude da uniformidade no número de plantas da classe 8 até a classe diamétrica 16, quando se esperaria uma redução no número de plantas da primeira para a segunda classe em questão, respectivamente. Duas hipóteses foram levantadas para explicar o comportamento observado. Na primeira hipótese, segundo informações dos agricultores da região de Ibirama, houve uma forte geada na região num passado recente, causando grande mortalidade de palmiteiros jovens, criando com isso uma grande lacuna entre as plantas remanescentes e as que germinaram após o episódio. Supõe-se desta forma que as plantas que hoje se encontram nas classes diamétricas intermediárias são os filhos daquelas plantas que sobreviveram após a geada e ainda não atingiram o equilíbrio quanto à estrutura demográfica. A outra hipótese diz respeito à retirada clandestina de palmito da área por cortadores da região. Com o envelhecimento da planta, o corte da estipe é dificultado por causa da lignificação da madeira e, portanto, as classes intermediárias são o alvo principal dos 77 transporte; facão para o corte das árvores e a extração das cabeças de palmito; corda para amarração dos feixes de cabeças de palmito. Segundo informações de empresas ligadas à exploração de palmito no Estado de São Paulo, a mão-de-obra de uma pessoa consegue abater em torno de 70 plantas por dia, juntamente com o transporte até o pátio de estocagem (RONALDO RIBEIRO2 , comunicação pessoal). Considerando um ciclo de corte de 5 anos, a área será dividida em 5 talhões, e cada talhão terá uma área de 7,6 hectares. De acordo com a Tabela 3.13, o número de plantas disponíveis para exploração no primeiro ciclo é de 202 plantas por hectare, perfazendo um total de 1.535 plantas na área do talhão. Desta forma, a mão-de-obra necessária para exploração de um hectare será de 2,9 dH (dias Homem) e cada talhão necessitará de 22 dH. O transporte do palmito em cabeça da mata até o pátio de estocagem poderá ser feito através de carro de boi ou mesmo por veículo. Método de condução e/ou enriquecimento da regeneração natural Será feito um acompanhamento da regeneração natural através de reavaliações anuais. O acompanhamento permitirá avaliar se o estoque de plantas matrizes é suficiente para manter uma regeneração natural compatível para reposição dos indivíduos adultos extraídos da floresta. Se necessário, a área será enriquecida com sementes de palmito oriundas de outras áreas. Como a regeneração natural da área a ser manejada apresenta 20.488 plantas por hectare com um número de matrizes de 131 indivíduos por hectare, aparentemente não se faz necessário o enriquecimento da regeneração natural. v. AVALIAÇÃO E PROPOSTA DE MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Somente para áreas maiores ou iguais a 100 ha. vi. PROGNOSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL PELA IMPLANTAÇÃO DO PMFS Somente para áreas maiores ou iguais a 100 ha. vii. ANÁLISE ECONÔMICA DO PROJETO A análise econômica do Plano de Manejo foi realizada por meio de instrumentos tradicionais de análises de projetos. Os dados relativos aos custos e receitas foram distribuídos numa tabela de fluxo de caixa, com fluxo líquido anual esperado e atualizado para uma taxa de 6% ao ano. A relação benefício/custo foi elaborada através da operação Receita Total/Custo Total, com valores atualizados no final de 5 anos. Um outro método consistiu no cálculo da Taxa Interna de Retorno, considerando o projeto viável se sua TIR for igual ou maior que um custo de oportunidade de 6% ao ano. Custos do projeto Os custos inerentes ao projeto de exploração de palmito foram divididos nas seguintes etapas: 1) Elaboração do plano de manejo florestal sustentável por um profissional da área; 2) Taxa de liberação para manejo estabelecido pelo Órgão Estadual do Meio Ambiente (FATMA); 3) Taxa de fiscalização do manejo estabelecida pelo IBAMA; 4) 2 Engenheiro Agrônomo, empresário de exploração de palmito no Município de Registro/SP - Entrevista informal no mês de agosto de 1997, durante o período de realização do estágio. 80 Mão-de-obra para a extração do palmito da floresta; 5) Gastos com o transporte do palmito no interior da propriedade; 6) Gastos de transporte do palmito até a indústria: 6) Juros sobre a terra; 7) ITR; 8) Depreciação, manutenção e gastos com materiais utilizados para o processo exploratório. A tabela 3.15 apresenta os custos relativos aos honorários profissionais para elaboração do PMFS, de acordo com o sindicato dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina, e as taxas de liberação e fiscalização de áreas sob manejo estabelecidas pela FATMA e IBAMA, respectivamente. As despesas do inventário representam o investimento inicial necessário para avaliação do potencial existente, enquanto as taxas representam o investimento inicial para legalização do manejo florestal. 81 Tabela 3.15 - Custos relativos aos honorários profissionais para elaboração do Plano de Manejo Florestal e taxas de liberação e fiscalização de áreas de manejo. Descrição dos custos Custo p/38 ha R$ Custo/ha R$ Área de 25 ha: 1.849,00 UFIR*, acresce 1% por hectare sobre o valor básico para áreas maiores. 1.900,00 50,00 Taxa de liberação para exploração de palmito: 400 UFIR 364,00 9,57 Taxa de fiscalização: R$ 271,50 para áreas de até 250 ha, acresce R$ 0,50/ha sobre o valor básico para áreas maiores. 271,50 7,14 TOTAL (custo inicial) 2.535,50 66,71 * UFIR agosto de 1997: R$ 0,91 A Tabela 3.16 apresenta uma descrição dos custos de exploração de palmito por hectare para o primeiro ciclo de exploração. Tabela 3.14 - Custos para exploração de um hectare de palmito na FLONA de Ibirama. Descrição Und Quantidade Valor R$ Custo inicial Honorários para elaboração de projeto UFIR 54,9 50,00 Taxa de liberação para exploração (FATMA) UFIR 10,5 9,57 Taxa de fiscalização (IBAMA) - - 7,14 Total custo inicial - - 66,71 Custo operacional Mão-de-obra para exploração de palmito dH 2,9 43,50 Transporte interno dia 1 15,00 Transporte externo ton 1 20,00 Manutenção de máquinas e equipamentos ha 1 15,00 Total custo operacional ha 1 93,50 ITR (Imposto Territorial Rural) ha 1 10,00 Fonte: Dados do projeto De acordo com a análise econômica, a exploração de palmito na área sob manejo da FLONA é altamente viável. O retorno ao investimento, neste caso incluindo-se a depreciação, acontece no primeiro ano, com um saldo líquido atualizado de R$ 882,35. A remuneração da atividade exploratória durante o primeiro ciclo de corte proporciona um renda líquida anual de R$ 3.700,44, o que corresponde a 2,57 salários mínimos mensais. Esta remuneração é bastante significativa quando comparada com uma atividade agrícola, tendo em vista que a renda está sendo proporcionada por apenas um dos recursos potenciais que a floresta pode proporcionar. A TIR do capital investido no projeto para o primeiro ciclo de exploração é de 141%, o que viabiliza o projeto considerando um custo de oportunidade de 6%. Além disso, durante o primeiro ciclo, para cada real investido são recuperados R$ 3,06, considerando-se um custo de oportunidade de 6% ao ano. A análise econômica de projetos sempre prevê a estabilização da atividade desenvolvida. No caso da exploração de palmito, no momento da elaboração do Plano de Manejo é possível fazer uma previsão até o período considerado como ciclo de corte, tendo em vista o 82 • HARTSHORN, G. S.;SIMEONE, R. & TOSI JR, J. A. 1987. Manejo para rendimento sostenido de bosques naturales un sinopsis del projecto de desarrollo del Palcazu em la Selva Central de la Amazonia Peruana.IN: COLON,J.C. 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Conforme OYAMA (1993), a variação genética dentro de indivíduos é tão importante quanto a variação entre; e, se o tamanho das populações naturais em espécies tropicais, onde os níveis de diversidade elevados são comuns, se reduz, também ficará reduzido o potencial de ocupação de novos microambientes ou alterações naturais destes. A expressão fenotípica de uma característica é dependente do genótipo e do ambiente. Quando se conhece o genótipo, a seleção se torna mais eficiente. Quanto mais o fenótipo corresponder a um genótipo, maior será a eficiência da escolha, pois o ambiente tem pouco efeito na característica. O conhecimento da genética de uma espécie, possibilita a escolha de estratégias de seleção adequadas. Desta maneira, a caracterização da natureza da herança de uma característica bem como a magnitude da variabilidade existente na espécie é de fundamental importância no melhoramento genético. Uma das maneiras de caracterizar a variação, produzir sementes e também de conservar esta espécie, é a utilização dos testes de procedência e progênie. Essa estratégia permitiria a caracterização da estrutura genética de populações, a determinação de parâmetros genéticos, a identificação de genótipos mais adaptados a uma região (KAGEYAMA & DIAS, 1982) e aos distintos estádios sucessionais ou condições ecológicas, no caso de enriquecimento com a espécie. Em populações naturais o uso de marcadores genéticos codominentes, como as alozimas (isoenzimas) e os microsatélites, têm se mostrado especialmente interessante para a caracterização dos níveis de diversidade genética e sua distribuição nas populações (HAMRICK e GODT, 1989). Da mesma forma podem ser empregados para avaliação do potencial e “qualidade” genética de populações naturais, visando conservação, manejo e/ou coleta/ produção de sementes (REIS et al., 1998) Diversos autores têm empregado essa abordagem para caracterização dos níveis de diversidade genética em populações naturais de espécies tropicais, visando fundamentar estratégias de conservação e manejo das mesmas (HAMRICK e LEVELESS, 1984; KITAMURA e RAHMAN ,1992; EGUIARTE et al., 1992, 1993; PEREZ-NASSER et al., 1993; HALL et al.; 1994; MURAWSKI et al., 1990; MURAWSKI e HAMRICK, 1991, 1992a,b; ALVRES-BUYLLA e GARAY, 1994; KAGEYAMA e GANDARA, 1993). Estes marcadores podem ser considerados como uma amostra do genoma em relação ao grau de diversidade genética existente em cada população. Contudo, são considerados marcadores neutros, ou quase neutros, de modo que não refletem a ação da seleção (BROWN, 1978). Apesar disto, estes marcadores têm se mostrado eficientes para avaliar a diversidade genética e, especialmente o grau de endogamia existente em cada população analisada (HAMRICK e GODT, 1989). Desta forma podem ser empregados para monitoramento do grau de comprometimento genético de populações naturais decorrente da fragmentação e erosão genética (KAGEYAMA, 1987; HANRICK et al., 1992, SEBEN et al., 2000; NASON e HANRICK, 1997). Segundo OYAMA (1993), a conservação de espécies tropicais requer grandes áreas tanto para espécies comuns como para espécies raras, seja pela baixa frequências dos últimos seja pela interação com os vetores da movimentação dos alelos de ambas. Além disso fatores como a dinâmica de clareiras imprimem um dinamismo ao ecossistema ao longo do tempo, que deve ser incluído. As unidades de conservação devem ser grandes para a a manutenção do elevado nível de variação dentro das populações , evitar a endogamia e os efeitos de fixação por deriva genética, decorrentes da redução do tamenho efetivo populacional. 90 Populações grandes em ambientes não muito variáveis devem permitir que a seleção natural seja efetiva e implicam na possibilidade de uma adaptação aos microambientes existentes. Geneticamente, o tamanho efetivo populacional tem sido uma aboadgem empregada par estimar o número mínimo de indivíduos requerido para sustentação de uma população, população mínima viável, como em REIS (1996) e EGUIARTE et al., (1993); contudo, OYAMA (1993) chama atenção para as variações obtidas nas estimativas, enfatizando a dependência desses valores à aspectos demográficos das populações. Assim, parece razoável considerar que as variações na movimentação dos alelos no espaço e no tempo indicam uma dinâmica em escala maior, contudo inpresecindível na manutenção dos processos microevolutivos. Desta forma, uma 'população mínima viável' pode ser importante numa escala mais restrita, no sentido da sustentabilidade daquela população. Entretanto, as evidências de variação no movimento dos alelos no espaço e no tempo sugerem uma concepção de conservação em escala mais ampla, envolvento as metapopulações. Em espécies de ciclo curto, como anuais, os processos de colonização e recolinização, extinsão e fundação, tem sido caraterizados e, como sugerem BARBAULT e SASTRAPRADJA (1995), devem ser levandos em consideração para a conservação. Nas espécies perenes, a sobreposição de gerações constitui um componente adicional e dilui estes eventos, possivelmente as variações na movimentação dos alelos refletem esse dinamismo. A manutenção da fauna, no processo de conservação e manejo de espécies vegatais tropicais mostra-se como elemento estratégico, uma vez que tais elementos são mediadores da movimentação dos alelos e, portanto, imprescindíveis. Neste contexto, são especialmente importantes espécies vegetais que garantam a alimentação e atração dos animais, onde o palmiteiro apresenta importância na Floresta Tropical Atlântica, tanto pela qualidade quanto pela quantidade de frutos produzidos, bem como pelo amplo período de oferta, conforme menciona REIS (1995). A realidade da Floresta Tropical Atlântica e de outras florestas tropicais, atualmente, é a formação de fragmentos de diferentes tamanhos, em sua grande maioria cobertos com formações secundárias em fase inicial ou intermediária de sucessão. Tal situação implica num valor de uso extremamente reduzido para a maior parte das áreas originalmente cobertas por essa formação florestal, principalmente nas situações de maior declividade, onde a vocação de uso é a cobertura permanente. Assim, a reintrodução de espécies atrativas à fauna nestas áreas implica numa perspectiva de retomada ou aceleração da dinâmica sucessional, pela atração da fauna decorrente da produção de frutos. 4.3 DIVERSIDADE GENÉTICA EM ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA Várias espécies da Mata Atlântica também têm sido caracterizadas geneticamente a partir desta abordagem (Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3), especialmente empregando marcadores alozímicos: cedro (Cedrela fissilis - GANDARA, 1995), palmiteiro (Euterpe edulis - REIS, 1996; CONTE, 2001), pata-de-vaca (Bauhinia forficata – SANTOS, 1994), espinheira – santa (Maytenus ilicifolia – SCHAFFER, 2001), pinheiro (Araucaria angustifolia – AULLER, 2000), pariparoba (Piper cernuum – MARIOT, 2000), Genipapo (Genipa americana – SEBBEN, 1997), caxeta (Tabebuia cassinoides – SEBBEN et al., 2000), paineira (Chorisia speciosa – SOUZA, 1997), aroeira (Myracrodruon urundeuva – MORAES, 1992; LACERDA, 1998), canela amarela (Cryptocaria moscata – MORAES, 1998), peróba (Aspidosperma polyneurm- MALTEZ, 1997), entre outras. 91 Em alguns casos os trabalhos têm sido realizados no sentido de demonstrar a existência de vantagem de heterozigotos e suas implicações para o manejo de populações naturais (REIS et al., 1998, 2000). Na Tabela 4.4 pode-se perceber a importância de níveis mais elevados de diversidade para o desenvolvimento e recrutamento de plantas de palmiteiro. No caso da caxeta (Tabebuia cassinoides), os trabalhos forma realizados no snetido de demonstrar que sistemas de manejo que não incorporam informações sobre a diversidade genética e o tamanho efetivo populacional nas estratégias de exploração (número de reprodutivos que permanecem), levam a um aumento da endogamia e ocorrência de erosão genética nas populações manejadas (Tabela 4.5). Outro exemplo de caracterização de aumento de endogamia e erosão genética pode ser encontrado em AULER et al. (2002) para a Araucaria angustifolia. Os autores demonstraram a existência de perda de diversidade genética em várias populações naturais avaliadas em Santa Catarina (Tabela 4.6). 4.4 METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO Desta forma, nas situações demandadas, poderá ser caracterizada geneticamente uma amostra (tecido foliar individualizado) de indivíduos adultos e/ou de plântulas obtidas a partir das sementes da área de coleta/ produção de semente em questão. A partir da caracterização será avaliado o grau de diversidade genética e endogamia da população em questão e, a partir desta avaliação, feita a recomendação de uso das sementes. As amostras foliares deverão ser obtidas de 30 a 50 indivíduos adultos, visando a obtenção de estimativas confiáveis para a população. Eventualmente podem ser empregadas plântulas obtidas a partir das sementes, nestes casos estas serão submetidas para germinação e, posteriormente será realizada a coleta de amostras foliares. No campo devem ser coletadas as folhas mais novas, de boa qualidade, e que não apresentem sinais de predação ou parasitadas por microorganismos. Em seguida as folhas serão colocadas em saco plástico para evitar a desidratação e transportadas em caixa de isopor contendo gelo protegido em saco plástico ou outro recipiente apropriado e ainda coberto com folha de jornal ou serragem, para evitar o contado direto que pode comprometer a integridade do material coletado. O armazenamento do material será feito em refrigerador, podendo permanecer até um mês sem perder a qualidade para os trabalhos de eletroforese (FERRAZ et al., 1994). A caracterização da diversidade genética pode ser realizada empregando-se marcadores alozímicos (ou micorssatélites, quando possível), revelados a partir de eletroforese em gel de amido (penetrose 30), conforme as recomendações de KEPHART (1990) e ALFENAS et al. (1998). Poderão ser empregados os protocolos disponíveis na literatura (como mencionado anteriormente) para as espécies onde estes já foram desenvolvidos. Para as espécies de maior demanda, nos casos em que os protocolos não estão desenvolvidos, podem ser estabelecidos novos protocolos com base nas recomendação de KEPHART (1990) e ALFENAS et al. (1998) e nas rotinas que vêm sendo empregadas no Laboratório de Genética e Fisiologia do Desenvolvimento, procurando-se obter entre 8 e 12 locos para cada situação. A variação genética pode ser caracterizada a partir das estimativas das freqüências alélicas e dos índices de diversidade (heterozigosidade, percentagem de locos polimórficos, 92 Espécies Np * Fis Fit Fst Nm** Autor Cariniana legalis¹ 2 -0.11 -0.05 0.053 1,13 HERRIT (1991) Johanesia princeps¹ 2 -0.02 0.058 0.069 1.68 HERRIT (1991) Cordia trichotoma¹ 2 0.006 0.007 0.000 4 312.4 HERRIT (1991) Myracrdruon urundeuva² 2 0.495 0.520 0.049 1.21 MORAES (1992) Euterpe edulis² 8 -0.067 0.033 0.031 10.4 REIS (1996) Aspidosperma polyneurum² 2 -0.079 -0.013 0.061 0.96 MALTEZ (1997) Genipa americana² 2 -0.064 -0.058 0.006 41.41 SEBBEN (1997) Chorisia speciosa² 4 0.115 0.278 0.183 0.63 SOUZA (1997) Cryptocaria moscata³ 4 -0.038 0.073 0.107 1.17 MORAES (1998) Araucaria angustifolia4 6 0.216 0.254 0.049 4,85 AULER (2000) Piper cernnun4 4 -0.150 0.183 0.290 0.61 MARIOT (2000) Maytenus ilicifolia5 4 0.053 0.114 0.065 SCHEFF ER (2001) ²LARGEA - ESALQ/USP ³Laboratório Ecologia Evolutiva/ ESALQ/ USP 4Lab. de Fisiol. do Desenvolv. e Genética/ NPFT / UFSC 5Laboratório de Genética/ EMBRAPA/ CNPF *numero de populações ** fluxo gênico ou número de migrantes Tabela 4.4. Índices de Diversidade para plântulas de Euterpe edulis com e sem crescimento em populações naturais de formação secundária (adaptado de REIS et al., 1998) Índices de Diversidade Plantas sem crescimento Plantas com Crescimento Amostra (n) 28 18 Alelos/locos 2,8 2,8 Locos Polimórficos (%) 66,7 66,7 Heterozigosidade observada 0,24 0,38 95 Heterozigosidade esperada 0,32 0,40 F (Fixação) 0,25 0,05 96 Tabela 4.5. Diversidade Genética e Taxa de Cruzamento em população não manejada e manejada de caixeta (Tabebuia cassinoides) (adaptado de SEBBEN et al., 2000) Índices de Diversidade e Taxa de Cruzamento População não manejada População manejada Heterozigosidade Esperada (He) 0,31 0,27 Heterozigosidade Observada (Ho) 0,25 0,17 Índice de Fixação (F) 0,19 0,35 Número Médio Alelos por Loco (A) 2,5 2,3 Locos Polimórficos (% P) 84,6 76,9 Amostra (n) 98,6 92,1 Tamanho Efetivo (Ne50) 59 75 Taxa Cruz. Multilocos (tm) 0,895 0,783 Taxa Cruz. Unilocos (ts) 0,720 0,690 Tabela 4.6. Diversidade Genética de 10 populações naturais de Araucaria angustifolia [adaptado de AULER, 2000] População N locos N plantas % P¹ A Ho² He F FLONA Três Barras 15 29 33,3 1,5 0,061 0,102 0,402 Ranch Alegre–Lages 15 22 13,3 1,3 0,061 0,065 0,061 Reserva Caraguatá 15 34 20,0 1,7 0,061 0,077 0,208 Amola Faca – Lages 15 40 13,3 1,4 0,049 0,064 0,234 Guamirím Gateados 15 40 46,7 1,9 0,092 0,116 0,207 Parque Mun. Lages 15 27 20,0 1,4 0,058 0,071 0,183 EPAGRI Caçador 15 44 40,0 1,8 0,121 0,108 -0,120 Urupema 15 36 40,0 1,7 0,104 0,096 -0,083 ARIE Vitor Meireles 15 41 13,3 1,6 0,044 0,060 0,267 Guam. Gateados + Caçador 15 43,3 1,8 0,106 0,112 0,05 “+ degradadad.” 15 19,9 1,4 0,053 0,059 0,10 Parque Nacional Iguaçu * 10 120 80.0 2.3 0.240 0.248 0,03 ¹ % P - percentagem de locos polimórficos *SHIMIZU et al., 2000 ² Ho - Heterozigosidade Observada; He - Heterozigosidade Esperada 97
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