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Guias e Dicas
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Metodologia de Pesquisa, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ciências Biologicas

Apostila para aprendizado de Metodologia Da Pesquisa

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2013

Compartilhado em 28/06/2013

milton-nogueira-cruz-6
milton-nogueira-cruz-6 🇧🇷

4.5

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Baixe Metodologia de Pesquisa e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Ciências Biologicas, somente na Docsity! 1 MÓDULO I - FUNDAMENTOS DISCIPLINA: METODOLGIA DA PESQUISA Adaptado do CD original (autora: Ana Luíza Lima Souza) para o IGHA por: Juliana Santos Martins Marianne Kogut Eliasquevici SEAD - UFPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO HÍDRICA E AMBIENTAL 2 S U M Á R I O INTRODUÇÃO....................................................................................................... 3 AULA 1: ELABORAÇÃO DE PROJETO........................................................... 6 1.1 Como elaborar um projeto.................................................................................. 7 1.2 Identificando o projeto........................................................................................ 11 1.3 Elaborando a introdução..................................................................................... 14 AULA 2: O PROBLEMA E A JUSTIFICATIVA DA PESQUISA................... 15 2.1 Problema (o quê): busca minuciosa... Averiguação da realidade...................... 15 2.2 Justificativa (por quê?)........................................................................................ 17 2.3 Fazendo a revisão bibliográfica.......................................................................... 18 AULA 3: OBJETIVO E METODOLOGIA DA PESQUISA............................. 21 3.1 Objetivo (para quê?)........................................................................................... 21 3.2 Metodologia (como?).......................................................................................... 23 3.2.1 Método............................................................................................................. 23 3.2.2 Tipos de pesquisa com base nos objetivos gerais............................................ 24 3.2.3 Tipos de estudo................................................................................................ 24 3.2.4 Amostragem..................................................................................................... 26 3.2.5 Definição de variáveis...................................................................................... 27 AULA 4: COLETANDO DADOS......................................................................... 30 4.1 Coleta de dados................................................................................................... 31 AULA 5: TRABALHANDO OS DADOS............................................................. 34 AULA 6: CRONOGRAMA................................................................................... 41 AULA 7: PLANILHA ORÇAMENTÁRIA.......................................................... 42 7.1 Identifique o que necessitará para desenvolver o seu projeto............................. 42 AULA 8: TERMINANDO O PROJETO............................................................. 45 8.1 Referências bibliográficas................................................................................... 45 8.2 Anexos................................................................................................................ 45 8.3 Qualidades que devem ser perseguidas............................................................... 45 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................... 47 5 Dicas de estudo:  Estabeleça sua carga horária diária de estudo, e procure ser bastante disciplinado no cumprimento;  Faça todos os exercícios propostos, pois eles são solicitados de forma seqüencial para lhe ajudar na construção do seu projeto;  Procure complementar seu estudo com as leituras recomendadas;  O seu tutor ou tutora estará sempre ao seu alcance. Você poderá contactá-lo eletronicamente todos os dias.  Questione sempre, procure inventar, criar e acrescentar informações novas ao conteúdo apresentado. Este é um passo importante para exercitar sua independência didática. 6 A u l a 1 : e l a b o r a ç ã o d e p r o j e t o Nesta primeira aula, veremos algumas dicas de estudo e daremos o primeiro passo na construção do nosso projeto, ou seja, vamos, simplesmente, pensar quais os possíveis assuntos ou temas sobre os quais gostaríamos de pesquisar e também entendermos o que vem a ser um PROJETO! . Esta disciplina foi elaborada para atender a uma necessidade bem específica dos cursistas. Sempre que qualquer de vocês se vê envolvido com a necessidade de elaborar um projeto, parece que um sentimento de impotência e de incapacidade toma conta de todo o espaço onde deveria estar a tranqüilidade de quem sabe como fazer. E é claro que sabem, pois em algum momento de suas vidas acadêmicas já devem ter ouvido falar em alguma coisa como Metodologia da Pesquisa. Então, o que estamos propondo é tão somente lembrá-los(as) de coisas que já sabem e ajudá- los(as) a organizar este conhecimento que está adormecido em algum canto de sua memória. Por isso, não tenha medo e nem se apresse. Vamos caminhar juntos passo a passo e quando você menos esperar, estará com seu projeto montado e seguro sobre como irá apresentá-lo. Vamos lá! A primeira parte de nossa disciplina será a descoberta do que estamos buscando exatamente. Procure responder as seguintes perguntas, antes de continuarmos nossa conversa:  Qual o tema que eu quero pesquisar?  O que será que vai me provocar o suficiente para produzir entusiasmo em minha tarefa? Muito bem, esta foi apenas uma parte introdutória para iniciarmos a nossa descoberta sobre os caminhos que podemos seguir. Sugiro que você abra um arquivo de texto, ou se preferir pegue um caderno e caneta para ir anotando os passos e se preparando para as atividades. 7 1.1 Como elaborar um Projeto “Se disser algo errado, poderá dizê-lo de novo. Se escrever algo errado, poderá reescrevê-lo. Se fizer algo errado, o erro ficará com você para sempre.” Choochat Watanauruanghai, Tailândia. Você já percebeu como estamos sempre fazendo planos? Todos os dias a toda hora. Dos mais simples aos mais complexos. E porque fazemos isto? Acredito que seja por estarmos convencidos que teremos maior possibilidade de sucesso em qualquer tarefa, se tivermos pensado sobre ela antes. Estou certa? E na verdade não queremos errar, não é isso? E por isso planejamos! Sempre que pensamos sobre a organização de nossas atividades e ações no futuro, estamos estruturando um processo que é conhecido por PLANEJAMENTO. Um bom planejamento pode nos afastar das possibilidades de fracasso. Cada projeto nasce com a idéia de que a realidade não é aceitável e deve ser mudada, e que existem problemas e soluções possíveis. Toda vez que pensamos em estudar qualquer assunto ou em nos aproximarmos de qualquer problema de nossa realidade, o planejamento torna-se fundamental para economizarmos tempo e termos maior garantia de sucesso. O planejamento é essencial para que alcancemos nossos objetivos. Por meio dele temos as indicações sobre O QUÊ vamos fazer, com QUEM, QUANDO, ONDE, COMO... e também deixamos definido onde queremos chegar e quais os resultados esperados com nossas ações. Desta forma, poderemos avaliar se nossos esforços foram produtivos. “A infelicidade é não saber o que se quer e fazer um esforço enorme para conseguí-lo.” (Anônimo) A partir dos produtos ou resultados que se deseja obter, existem as seguintes relações, conforme demonstrado no Quadro 1: 10 Dicas para a elaboração de projetos: 1. Definir claramente o problema que o projeto pretende solucionar. 2. Justificar adequadamente o problema e sua identificação. 3. Fixar objetivos e hipóteses que: estejam relacionados com o problema; especifiquem resultados esperados; e preferencialmente possam ser medidos. 4. Determinar a metodologia (o COMO, a MANEIRA) do projeto ser realizado (pensar em todos os meios e escolher os melhores): identificar o tipo de pesquisa; operacionalização das variáveis; seleção da amostra; elaboração de instrumentos; determinação da forma de análise dos dados. 5. Determinar o que será necessário em termos de recursos humanos - equipe de trabalho (para que, quantas e quais pessoas necessitamos, de onde virão). 6. Determinar responsabilidades (quem tem que fazer que coisa e como se fará). 7. Determinar o que será necessário em termos de instalações e recursos materiais ou financeiros (recursos próprios e externos, dinheiro inclusive). 8. Estabelecer um cronograma (quando se fará cada coisa, quanto termina). 9. Estabelecer medidas para determinar avanços e resultados - avaliação e controle (que tipo de controle se fará). 10. Determinar qual ação administrativa será necessária para a aprovação e execução do projeto (quem aprova, qual o processo de tomada de decisão). “A única certeza do planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas”. Lúcio Costa 11 Muito bem, é hora de aproveitar para fazer algumas anotações. Escreva o seu planejamento deste curso.  Quantas horas por dia vai se dedicar a ele?  Em qual período do dia?  Quando pretende terminar?  Qual o seu tema de estudo para elaboração do Projeto? 1.2 Identificando o projeto Todo projeto, ao ser apresentado, necessita de uma identificação, a qual deve seguir as regras convencionadas. A seguir iremos descrever passo a passo como elaborar as duas primeiras páginas do seu projeto (capa e sumário). a) Primeira página – a capa TÍTULO: dar nome ao projeto parece algo extremamente simples, não é? No entanto, quando você for fazê-lo, vai descobrir algumas dificuldades. E por isso vamos tentar ajudá-lo desde já. Não se preocupe, se no início da elaboração do seu projeto você não conseguir colocar um título satisfatório. Até que termine ainda terá a chance de corrigir, mudar, trocar... Vamos ver um exemplo e depois tentar corrigí-lo? Exemplo: “Estudo através de inquérito das condições sociais de uma comunidade garimpeira residente na Região do Rio Tapajós.” Você consegue perceber que há palavras sobrando e que faltam outras informações? Ficaria melhor assim? “Estudo Sócio-Econômico da Comunidade Garimpeira na Região do Rio Tapajós, Itaituba, Pará, Brasil, 1992.” 12 Vejamos então como construir o título. O título deve ser:  Claro e Sintético: evitar adjetivos, critérios de valor pessoal e usar palavras de uso corrente, fugindo de siglas.  Curto: verificar se não há palavras em excesso. Geralmente exageramos! Tente cortar e cortar e cortar e verifique se realmente faz falta o que foi para o lixo. Algumas vezes lemos títulos que são quase um resumo do texto!  Fazer referência ao conteúdo: parece óbvio, mas às vezes pecamos por mau uso de nossa língua. Quem ler o título do seu projeto deve ser capaz de identificar exatamente o que ele contém.  Estimulante: procurar dar um nome ao projeto que instigue o leitor a conhecer seu conteúdo e que o ajude a registrar na memória. Veja um exemplo que não é propriamente para um projeto, mas que pode lhe ajudar a entender um pouco mais: “Na rua principal de certa cidade grande havia quatro padarias. A primeira exibia o seguinte letreiro: O melhor pão da cidade. O da segunda se vangloriava: O melhor pão do país. O da terceira padaria chegava ao ponto de alardear: O melhor pão do mundo. Mas o letreiro da quarta padaria dizia simplesmente: O melhor pão da rua:” Jean Champeceix, Maurepas, França. AUTORES E INSTITUIÇÕES A QUE ESTÃO VINCULADOS: trata-se de sua apresentação ou de seu grupo. Caso sejam todos de uma mesma instituição, pode-se usar uma nota de rodapé para informar ou mesmo colocar no cabeçalho da página. No caso de serem de instituições diferentes deve ser registrado. Outro dado que deve acompanhar a apresentação dos autores é sua identificação profissional. (Professor Assistente, Assistente Técnico, Coordenador, Assessor, Médico Cardiologista, Acadêmico de Enfermagem, Bolsista CNPq, Mestre, etc.) Lembre-se que temos que utilizar uma linguagem clara entendida por todos e não somente por aqueles que decifram um código específico. 15 A u l a 2 : o p r o b l e m a e a j u s t i f i c a t i v a d a p e s q u i s a 2.1 Problema (o quê): busca minuciosa... averiguação da realidade Um projeto busca resposta concreta a um problema. Além disso, deve ser a resposta mais factível, ou seja, que se pode realizar a um problema claramente identificado. A definição do problema estabelece a situação que se quer mudar; deve ser clara, concisa e compreensível para que todos a entendam bem. A definição responde às perguntas: O quê? De que magnitude? Quem está afetado? Onde? Às vezes se considera como problema o que realmente são sintomas, resultados ou conseqüências dos fatores que causam o problema. Por exemplo: Poderia ser dito que o principal problema do bairro Cutuí é a verminose e altas taxas de mortalidade infantil. No entanto, isto se apresenta como resultados, conseqüências,... O problema poderia ser a água não tratada, a falta de acesso à informação e aos serviços de saúde...etc.. A carência de água potável pode ser um problema; ou a água potável existir, mas o problema ser a não distribuição ou o não acesso da população à água. Assim, deve-se estar seguro de que o verdadeiro problema parte de fatos; econômicos, políticos e sociais. Essa análise deve incluir, no geral, um quadro da "História do problema", as condições que o rodeiam e as opiniões das pessoas afetadas pelo mesmo. Todo fato ou problema deve ser fundamentado em dados concretos, CONFIÁVEIS e que possam ser, de alguma forma analisados e verificados. A apresentação do problema não pode estar baseada apenas em opiniões. Não devo considerar como problema a alta prevalência de portadores de deficiências físicas em uma região, baseado unicamente na impressão que colhi ao identificar simultaneamente três indivíduos utilizando aparelhos; ou porque acabou de se instalar uma indústria que produz cadeiras de rodas no município. "Conhecer bem o problema e defini-lo, é a metade da solução". Autor desconhecido O quê vamos estudar? O quê me preocupa? O que estou procurando? Desta forma desenho o meu problema de estudo! É o primeiro passo e consiste em determinar exatamente o que se espera do projeto. Qual é o verdadeiro problema? 16 Dicas dos pesquisadores: 1) O problema deve ser formulado como uma pergunta: é a maneira mais fácil e direta de ser formulado e facilita a sua identificação por parte de quem consulta o projeto ou o relatório de pesquisa. 2) O problema deve ser claro e preciso: não vamos conseguir solucioná-lo se não o apresentamos de maneira clara. Pense: você deve formular uma pergunta que possa ter resposta! E cuidado também com os termos que usar, devem ser precisos e não deixarem margem para duplas interpretações. Algumas vezes vamos precisar lançar mão de definições operacionais para que o problema que apresentamos não fique confuso. 3) O problema quase sempre se revela empiricamente: evidencia-se através de fatos empíricos, reais e não devem submeter-se somente aos sentimentos pessoais do pesquisador, que às vezes quer afirmar as suas crenças e valores, mesmo quando a realidade está desmentindo preconceitos e crenças. Exemplo: estudos de pesquisadores racistas que queriam provar a suposta “superioridade racial do homem branco”. 4) O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: é só você pensar em quais os meios para a investigação que dispõe. Será que o seu problema poderá ser investigado com o que tem disponível? 5) Procure colocar na elaboração do problema (a pergunta) as principais variáveis que irá investigar. Salário, escolaridade, gravidez, trabalho, ocupação, taxa de analfabetismo...etc.. Para identificar bem o problema e a solução que se propõe e antes de se decidir em ir adiante, deve-se responder a uma série de perguntas que nos ajudarão a não duplicar esforços, a não atacar os sintomas em lugar das causas do problema, a não criar expectativas que não se pode satisfazer... 17 Muitas vezes temos um tema, mas não chegamos ao problema porque perdemos os contornos do que estamos de fato buscando. Exemplo: Tema: O abandono do idoso. É amplo, embora enfoque um tema bem específico. Na verdade não esclarece sobre o que estarei estudando. Há muito que explorar sobre este tema: ... O abandono do idoso pela família, no lar? ... O esquecimento do idoso asilado? ... O idoso de rua? ... O abandono do idoso inválido? Mas se queremos definir um problema de estudo, algo para pesquisar, precisamos ter definições claras. Um problema geralmente nos surge como uma questão. E é desta forma que deveríamos anunciá-lo:  O acesso do idoso aos Benefícios de Prestação Continuada é uma forma de garantir direitos e prevenir o abandono?  Qual a incidência de idosos de rua em Belém? 2.2 Justificativa (por quê?) Agora é a hora de utilizar informações estatísticas e estudos já produzidos por outras pessoas sobre aquele tema (implica em consultas a estudos e levantamentos). Aliás, começamos esta busca no início de nosso planejamento e vamos assim até acabar e, quando pensarmos que acabamos, vamos verificar que já reiniciamos nova busca. Muitas vezes ficamos assustados com a simples idéia de fazer consultas a outras fontes. É trabalhoso sim. Mas como qualquer tarefa que nos propusermos, só será cumprida se começarmos, não é? Por que estou interessado neste problema? Por que isso me aguçou? Por que devo pesquisar sobre isso? Respondendo a esta questão você estará formulando sua justificativa! 20 ATIVIDADE 2 Continuando seu projeto, redija a problemática que pretende enfocar, utilizando frases na afirmativa ou interrogativa. A partir da definição do problema elabore em uma lauda a justificativa, em que deverão ser consideradas as razoes de realização e relevância da pesquisa, bem como a experiência do pesquisador com o tema escolhido. A seguir estão descritos alguns sites que você pode pesquisar sua referencia bibliográfica? www.bireme.br www.cdc.gov www.nlm.nih.gov www.ibict.br Lembre-se: você está construindo seu projeto, por isso procure apresentar o seu objeto de interesse real. Agora, se já fez o exercício é melhor descansar um pouco. Você sabe me dizer quais os filmes que estão nas salas da cidade? 21 A u l a 3 : o b j e t i v o e m e t o d o l o g i a d a p e s q u i s a Neste momento você pensará sobre a sua intenção ao propor a pesquisa, procurando sintetizar o que pretende alcançar, definindo também como e onde será realizada a pesquisa, qual o tipo de pesquisa, o universo a ser pesquisado entre outras questões importantes. Lembre-se que você não pode perder de vista o seu problema e a justificativa propostos. 3.1 Objetivo (para quê?) Ao elaborar os objetivos é bom que utilize como palavras iniciais verbos no modo infinitivo. Procure verbos que indiquem ações bem específicas, como: identificar, descrever, analisar, conhecer e criar. E evite aqueles muito gerais e que não identificam as ações: estudar, mostrar e sugerir. Exemplo: Problema: Qual a taxa de abandono escolar na primeira série do Colégio X? Objetivo Geral: Conhecer a freqüência dos alunos da primeira série na escola. Objetivos Específicos: - Avaliar a eficácia dos processos pedagógicos na primeira série escolar. - Conhecer a taxa de evasão na primeira série do colégio X no período de dois anos; - Conhecer a freqüência da evasão segundo a variável de gênero e condições sócio-econômicas. Dando continuidade a construção do projeto, podemos entrar agora nas hipóteses? Hipótese: é uma resposta provável para o nosso problema. “... a hipótese é a suposição- proposição testável que pode vir a ser a identificação ou solução do problema.” (Gil, 1991:35) Geralmente estudos descritivos não requerem que você elabore hipótese porque o seu propósito será descrever como as variáveis estão distribuídas e como estão associadas. Verifique se seu caso comporta a elaboração de hipóteses, se não, não elabore este item. Quando o estudo é analítico ou experimental sempre deveremos trabalhar com a hipótese e os testes de hipótese. A hipótese tem o propósito de providenciar uma base para os testes de significância, e devem afirmar relações entre as variáveis. Como chegar a uma hipótese? Geralmente elabora-se uma lista de prováveis hipóteses e depois, segundo alguns critérios, descarta-se até chegar a bom termo. Para estabelecer os objetivos de uma pesquisa é preciso perguntar: Para que estamos estudando isso? Para que estamos apresentando a questão? Para que perseguimos as respostas? Para que queremos saber a resposta? 22 Critérios: 1. Deve ser conceitualmente clara: os conceitos contidos nela devem estar claramente definidos. Por exemplo, se usamos o conceito de salário, deve ficar claro qual o nosso parâmetro (Salário Mínimo? De que ano?). 2. Deve ser específica: deve estar claro o que de fato se pretende verificar, não deixar margem para dúvida, não ser geral demais. 3. Deve ter referências empíricas: não há lugar para julgamento de valor, e palavras como bom, mau, deveriam... não têm lugar. 4. Deve estar relacionada com as técnicas disponíveis! 5. Deve estar relacionada com uma teoria: quando elaboradas muito avulsas ficam sem consistência para a generalização dos resultados. ATIVIDADE 3 Com base na leitura anterior e dando continuidade ao seu projeto, faça o que se pede: a) Construa um objetivo geral e 2 objetivos específicos para o seu projeto. b) Defina a hipótese Exemplo Problema: Os alunos da escola “X” abandonam as aulas com que freqüência? Hipóteses: 1. A freqüência com que os alunos (as) da escola X abandonam as aulas situa-se na proporção entre 20 a 30% dos matriculados durante o período de dois anos. 2. A freqüência com que os pacientes do serviço X abandonam o tratamento é maior que 30% dos matriculados durante o primeiro semestre de tratamento. Após o término, envie o resultado para o(a) tutor(a) responsável pela sua turma. 25 ESTUDOS INTERPRETATIVOS: Seus passos: descrição, registro, análise e interpretação do fenômeno. Usa a comparação e analisa contradições. Exemplo: Distribuição da incidência da dengue no município de Goiânia. ESTUDO RETROSPECTIVO: a direção do olhar do pesquisador é para trás.Os indivíduos são seguidos da “causa” para o “efeito”. ESTUDOS DE CASO-CONTROLE: seleciona-se um grupo que tem uma característica de interesse (casos) e se compara com outro grupo que não possui essa característica (controle). Sua principal vantagem é que pode levantar vários fatores de exposição ao mesmo tempo. ESTUDO PROSPECTIVO: a direção é para o futuro. Os indivíduos são seguidos do “efeito” para a “causa”. ESTUDOS DE COORTE: defini-se um grande grupo que é dividido em dois grupos, conforme eles tenham, ou não, sido expostos ao fator causal. Sua principal vantagem é a de obter informações sobre os indivíduos estudados antes do problema se manifestar, o que evita tendências nas respostas. ESTUDOS EXPERIMENTAIS: quando o pesquisador mantém controle sobre as condições do estudo, interferindo na presença ou ausência dos elementos. ESTUDOS EXPLORATÓRIOS: o pesquisador toma uma temática e a explora investigando sua gênese e suas manifestações na realidade. Ainda é possível encontrar:  Estudo de conjuntos (surveys) recolhem dados de um número relativamente grande de casos num dado momento. É um método transversal.  Estudos de casos: o processo de investigação aqui fica personalizado em um número limitado de casos ou mesmo a um só caso. “Estuda a interação dos fatos que produzem mudança” (Salomon). É um método longitudinal.  Revisão Bibliográfica: Mostra a evolução do conhecimento sobre um tema específico, aponta falhas e acertos dos diversos trabalhos na área, faz crítica e resume.  Meta-análise: É uma técnica de revisão sistemática da literatura que pretende resolver os problemas da revisão tradicional. Todos os trabalhos relevantes são identificados, é feita uma avaliação rigorosa da qualidade dos trabalhos originais e faz-se uma combinação estatística dos resultados encontrados. Então? Consegue imaginar qual o método que dará conta de lhe aproximar do seu objeto de estudo? Sua pesquisa será descritiva? Analítica? Histórica? Experimental? Exploratória? No projeto é recomendável que se apresente o desenho do estudo: (principalmente em estudos experimentais): é bom descrever como pretende executar o projeto. Sempre que possível colocamos isto em passos ou fases. Por exemplo: Fase I – descritiva : a) coleta dos dados através de questionário, b) formação dos grupos de estudo; Fase II - analítica 26 ATIVIDADE 4 Identifique qual dos procedimentos apresentados mais o aproximará do seu objeto de estudo. Especifique qual o tipo de estudo que irá fazer e envie ao tutor. Será que seu estudo precisa de amostragem? 3.2.4 Amostragem Aqui também será o objeto de estudo que vai determinar a necessidade e o formato ideal de amostragem. Significa selecionar apenas uma parte representativa do universo a ser pesquisado. A amostragem é sempre uma técnica útil quando nossa população de estudo é muito grande e sabemos que não teremos chance de contactá-la em sua totalidade. Em pesquisas complexas, é sempre bom consultar alguém da estatística antes de começar o trabalho de pesquisa e discutir com esta pessoa sobre o que se pretende estudar. Desta forma, ela poderá nos orientar previamente sobre os passos que devem ser dados e assim evitamos incorrer em erros que podem nos custar a pesquisa! Nem sempre vamos precisar usar técnicas de amostragem. Pode ser que o método de pesquisa seja um Estudo de Caso e aí não há amostragem. Já em outras situações, a amostragem torna-se essencial, pois apresenta vantagens como:  Menor custo do que o estudo de toda a população.  Resultado em menor tempo. Se o projeto que pretende desenvolver está assumindo a necessidade de definição de amostragem, então é hora de dar uma paradinha e consultar: - Sônia Vieira (Introdução a Bioestatística. Editora Campus, página 2 até página 7). - Berquió e colaboradores (Bioestatística. São Paulo: EPU, 1981). Neste livro os autores dão mais detalhes sobre as técnicas de amostragem e apresentam os passos que precedem a aplicação destas técnicas. Técnicas de amostragem mais utilizadas: a) amostra casual simples: os elementos são retirados ao acaso da população. Todo elemento da população tem igual probabilidade de ser escolhido para a amostra. b) amostra sistemática: a escolha não é por acaso, mas por um sistema. Estabelece-se um critério para o sorteio: toda décima ficha de um arquivo, todo décimo indivíduo de uma fila. c) amostra estratificada: é composta por elementos provenientes de todos os estratos da população. Esta técnica deve ser utilizada sempre que a população em estudo for constituída por diferentes estratos. Por exemplo: uma amostragem da população de Belém poderia considerar cada bairro um estrato. 27 d) amostra de conveniência: esta sofre muitas restrições dos estatísticos. É formada por elementos que o pesquisador reuniu porque dispunha deles. É muito usada em estudos na área da saúde. Por exemplo: Pacientes internados na Clínica de Ortopedia do HC, Pacientes da Liga de hipertensão. ATIVIDADE 5 Vamos fazer um exercício rápido sobre nosso entendimento de amostragem: Um pesquisador tem dez gaiolas que contém, cada uma, seis ratos. Como o pesquisador pode selecionar dez ratos para uma amostragem? Envie o resultado para o(a) tutor(a). Acho que agora podemos passar para a definição das variáveis do estudo. 3.2.5 Definição de variáveis Por conceito, variável é algo que varia, que muda, “são características observáveis de algo” e podem apresentar valores diferentes. Em uma pesquisa quantitativa a variável deve ser medida, na qualitativa deve ser descrita. Sem as variáveis você não tem como estabelecer os rumos e conteúdos da pesquisa. Exemplos: A idade pode ser uma variável (quantitativa) e assumir diferentes valores como 10 anos, zero a 1 ano. Nível de escolaridade também é uma variável (qualitativa) e assim ser descrita: analfabetos, primeiro grau, segundo grau. Uma coisa importante para ser lembrada aqui é: será que a observação das variáveis é possível? Temos que cuidar com atenção desta parte, pois se não definirmos muito bem as variáveis e o formato como serão observadas, teremos problemas todo o tempo de execução do projeto e até sua inviabilização. Veja bem: caso queiramos observar a variável raça, como vamos registrar esta observação? Quais os tipos de raças existentes? Caucasiana, negra, asiática... Mas, e no caso de nosso país, em que temos uma grande miscigenação? Como você se definiria quanto a esta variável? Temos como fazer uma definição clara para que esta observação não seja subjetiva ? Outro exemplo: a variável consumo de sal. Como podaríamos observá-la? Uma forma é medindo o sódio urinário de 24 horas, mas já pensou no custo e na complexidade de obtenção da urina de 24 horas ambulatorialmente? E se optarmos por registrar o consumo referido? Como o indivíduo vai relatar seu consumo? O tempo que dura um quilo de sal, mas se o sal for consumido para lavar cobre, tirar manchas. Percebe a dificuldade? Não é impossível medir a ingestão de sódio, pelo menos a média, mas é preciso pensar com cuidado sobre as possibilidades em cada estudo. 30 A u l a 4 : c o l e t a n d o d a d o s Onde você pretende obter os dados que necessita para estudo? Aqui, novamente, é o objeto do estudo que irá determinar a fonte para sua informação. Dependendo do seu objeto de estudo, você poderá aplicar um questionário, utilizar arquivos constantes em algum banco de dados, entre outros. O objeto de estudo e o método de coleta de dados estão inteiramente relacionados. Portanto, na dependência da fonte escolhida você vai elaborar o instrumento de coleta. Após definir as variáveis, indicar a fontes dos dados será mais fácil, pois é a partir da definição das variáveis que se prepara o instrumento para a coleta dos dados. 4.1 Coleta de dados Aqui você vai iniciar a aplicação do instrumento elaborado e das técnicas já previamente selecionadas. É uma parte do projeto que demanda cuidado, deve ser bem planejada para que não se gaste energia desnecessária. Para agilizar e ganhar tempo no estudo, esta é a fase que envolve mais pessoas no trabalho. Um ponto importante é contar com um preparo anterior, treinar a correta aplicação do instrumento, e manter um rigoroso controle na coleta. Os procedimentos podem ser variados dependendo do tipo de pesquisa e das circunstâncias: a) Coleta documental: utiliza fontes primárias para consulta. Geralmente esta coleta é realizada em arquivos e você vai precisar de autorização de acesso. Um exemplo: Se pretender estudar o currículo de formação de uma categoria profissional, vai precisar identificar os documentos que apresentam os vários currículos postos, e analisá-los diretamente. Autores que discorram sobre o assunto podem lhe ajudar na análise, mas o acesso à fonte primária é fundamental neste caso. b) Observação: aqui o principal instrumento é você com seus sentidos. Esta observação pode ser estruturada ou não estruturada. E, de acordo com a participação do pesquisador, pode também ser chamada de participante e/ou não participante. Por exemplo, se formos estudar a produção da equipe multiprofissional de um Hospital, uma forma de obtermos dados para análise é observar onde cada membro desta equipe está a cada dia, a cada hora, ou meia hora, e o que está fazendo. Esta pode ser uma boa forma de chegarmos perto de nosso objeto. É muito utilizada nas ciências sociais. c) Entrevista: nesta técnica você, investigador, vai estar frente a frente com o seu investigado e lhe apresentará as perguntas. Alguns profissionais, em seu ambiente de trabalho, aplicam a entrevista rotineiramente e isto não é uma novidade e nem difícil. É uma técnica muito adequada para colher informações sobre o que as pessoas esperam, sentem, desejam, pretendem, percebem, suas razões. Um erro muito freqüente é pensar que podemos aplicar uma entrevista sem um preparo prévio. Precisamos estar certos do que nos interessa e como perguntar. É uma boa técnica, pois não depende muito das condições do entrevistado, desde que o entrevistador esteja bem preparado. Ele pode, inclusive lançar mão da elaboração de um questionário prévio. d) Questionário: aqui as perguntas são apresentadas por escrito e o investigador aplica e preenche. 31 e) Formulário: geralmente é construído à semelhança do questionário, com a diferença que neste o investigado pode preencher independentemente do investigador. Dada a ausência do investigador no momento do preenchimento, o formulário deve ser elaborado para que não deixe dúvidas sobre como preencher. Um exemplo: “Todos os alunos novos numa clínica oftalmológica preenchem um formulário. Para saber se serão necessários óculos bifocais, uma das perguntas é: A que distância fica seu trabalho de seus olhos? Um homem respondeu: 13 quilômetros.”. f) Testes: significa fazer uma prova, e envolve o sentido da medida. Geralmente fazemos a validação do teste para saber se ele estará servindo ao propósito de sua aplicação. 32 Cuidados ao construir um questionário: 1. As perguntas podem ser abertas ou fechadas. As questões fechadas oferecem ao entrevistado um certo número de opções (incluindo “outras”) para que ele escolha. 2. Questões abertas são mais difíceis de analisar, mas, por outro lado, as perguntas fechadas podem não levantar todas as informações necessárias. 3. Deixar espaço para as respostas. 4. Dar instruções para o preenchimento. 5. Usar linguagem ao nível de compreensão do entrevistado. 6. Evitar ambigüidade. 7. Avaliar se a pessoa tem registro na memória de coisas que ocorreram algum tempo atrás para responder com precisão. 8. Não conduzir as respostas. 9. Não fazer várias questões de uma só vez. 10. Perguntar exatamente o que precisa saber. 11. Verificar o grau de informação do entrevistado antes de aplicar o questionário. 12. Incluir perguntas que possam cruzar respostas de maior interesse – repetindo as questões de forma diferente. 13. Evitar questionários longos, pois correm o risco de alta taxa de falta de respostas ou de erros nas respostas. 14. O questionário deve ser acompanhado de uma carta de explicação do PORQUE e PARA QUE a pesquisa está sendo feita. 15. Garantir o sigilo do informante. 16. Fazer um pré-teste do questionário para sua validação. Escolha de 10 a 20 pessoas com características diferentes para responder o questionário para você, como teste. Depois de respondidas, as perguntas devem ser reavaliadas e corrigidas. Aproveite para verificar também o tempo e o custo da resposta, por respondente, e a boa vontade dos participantes em dar respostas. 35 Além disso, as tabelas podem conter fonte, notas e chamadas.  Fonte: indica a entidade do pesquisador ou pesquisadores que publicaram ou forneceram os dados.  Notas: servem para esclarecer aspectos relevantes do levantamento dos dados ou mesmo da análise.  Chamadas: esclarecem sobre os dados e devem ser feitas através de algarismos arábicos escritos entre parênteses, colocados à direita da coluna. * Tabelas de contingência ou tabelas de dupla entrada: cada fator usado na classificação da população recebe uma entrada. Exemplo: Nascidos vivos registrados segundo o ano de registro e sexo. Goiânia - GO, 1988 Ano de Registro Sexo Total Masculino Feminino 1984 (1) 1 307 758 1 251 280 2 559 038 1985 1 339 059 1 280 545 2 619 604 1986 1 418 050 1 361 203 2 779 253 FONTE: IBGE (1) dados incompletos Nota: Nascimentos ocorridos no ano de registro NENHUMA casa da tabela deve ficar em branco, apresentando sempre um número ou sinal: – (hífen), quando o valor numérico é nulo; ... (reticência), quando não se dispõe de dado; ? (ponto de interrogação), quando há dúvidas quanto à exatidão do valor numérico;  (parágrafo), quando o dado retifica informação anteriormente publicada; 0; 0,0; 0,00 (zero), quando o valor numérico é muito pequeno para ser expresso pela unidade utilizada. Se os valores são expressos em números decimais, acrescenta-se o mesmo número de casas decimais ao valor zero; X (letra x), quando o dado for omitido a fim de evitar individualização da informação. Observações importantes:  quando um texto trouxer muitas tabelas, estas devem ser numeradas em ordem crescente, conforme a ordem de aparecimento;  as tabelas devem ser fechadas no alto e embaixo por linhas horizontais;  nunca fechar as tabelas à direita e à esquerda por linhas verticais;  traços verticais separando as colunas do corpo da tabela, são facultativos;  totais e subtotais devem ser destacados;  os números devem manter uniformidade de casas decimais;  coluna da esquerda: variável independente;  cada coluna a seguir: variáveis dependentes. 36 abcissa (X) ordenada (Y) VARIÁVEL INDEPENDENTE VARIÁVEIS DEPENDENTES Exemplo de tabela: Tabela 8 – Distribuição dos coeficientes de prevalência da hipertensão arterial referida segundo o município de residência. Região Sudoeste da Grande São Paulo, 1989-1990. Municípios (1) (2) (3) (4) (5) % Taboão da Serra 220 778 15372 84542 18,5 Embu 364 1089 15057 76780 20,9 Itapecerica da Serra 241 1054 7223 46381 15,8 Embu-Guaçu 310 1135 3500 18105 18,4 Juquitiba 257 1190 1972 9957 17,9 Cotia 289 1109 10574 62540 16,2 Total 1681 6355 53698 298305 18,0 (1) número absoluto de hipertensos na amostra não ponderada (2) população total na amostra não ponderada (3) número de hipertensos na amostra ponderada (4) população total na amostra ponderada (5) prevalência (%) na amostra ponderada padronizada por idade c.2) Gráficos: para os gráficos também existem normas de construção ditadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles devem ser de fácil compreensão, de preferência sem muitos comentários inseridos, atrair a atenção e inspirar confiança. Todo gráfico deve apresentar:  Título: pode vir tanto acima como abaixo do gráfico.  Escala : crescem da esquerda para a direita e de baixo para cima.  Legenda explicativa: de preferência colocadas à direita do gráfico. Procure respeitar algumas regras do bom-senso:  Tamanho do gráfico: deve ser adequado à publicação (revista, periódico, cartazes, livros)  Nunca esquecer o título.  A escala não deve ser manipulada para desfigurar os fatos ou as relações dos dados. 37 Os gráficos podem ser:  Cartogramas: mapa geográfico ou topográfico, em que as freqüências das categorias de uma variável são projetadas nas áreas específicas do mapa, usando cores ou traçados que devem vir legendados. É muito comum o uso de mapas alfinetados em epidemiologia.  Diagramas: são gráficos que representam as freqüências em determinadas figuras geométricas. * VARIÁVEL QUALITATIVA = variável que representa qualidade geralmente não apresenta relação de contigüidade e, portanto não devem ser representadas por linhas contínuas ou barras justapostas. Só há uma exceção: no caso de séries históricas pode-se unir as extremidades das retas para conduzir a uma melhor interpretação dinâmica dos fatos. Os melhores gráficos para representar são:  diagrama de barras;  diagrama de círculos;  diagrama de ordenadas;  diagrama de setores circulares;  diagrama linear. * VARIÁVEL QUANTITATIVA =  discreta: prefira o uso de diagramas de ordenadas e os de barra.  contínua: nesse caso prefira o polígono de freqüência e os histogramas.  outros: quando há duas variáveis quantitativas distribuídas (para cada indivíduo você tem das variáveis medidas ao mesmo tempo) a melhor representação gráfica é o diagrama de correlação ou diagrama de dispersão. Vamos ver alguns tipos de gráficos. Atualmente existem programas de computador que oferecem inúmeros recursos na construção gráfica. Por isso, não vamos aqui ficar discutindo eixos, intervalos, etc. É melhor você aprender a manusear tais programas. Assim vai ganhar tempo. Como escolher o gráfico “certo” ? Antes de qualquer coisa você precisa reconhecer a natureza da variável! 40 Exemplo: Figura 05 - População prsente no Brasil - 1890 a 1980 Censo demográfico 0 20000000 40000000 60000000 80000000 100000000 120000000 140000000 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 Gráficos pictóricos: nesses, você pode usar figuras para simbolizar os fatos que quer representar e ao mesmo tempo indicar a proporcionalidade. Perdem um pouco em precisão, mas são muito simpáticos para o público leigo e muito utilizados em publicidade. Exigem alguns cuidados:  os símbolos devem explicar-se por si próprios;  as quantidades maiores devem ser indicadas por meio de um número maior de símbolos e NUNCA por um símbolo maior;  os símbolos servem para comparar quantidades aproximadas, mas não mostram detalhes;  esses gráficos só servem para comparações e nunca para afirmações isoladas. Cartogramas: “são gráficos baseados em mapas, utilizados para representar as séries geográficas” (Martins & Donaire, 1991). Como você pode ver, a elaboração de gráficos passa primeiro pela adequação das variáveis e categorias, mas deve muito também à sua criatividade e capacidade de operar um bom programa. Procure ser atencioso com as regras, lembre-se que elas foram feitas para padronizar e facilitar a comunicação científica. 41 A u l a 6 : c r o n o g r a m a Você foi capaz de chegar até aqui, Agora fará a parte mais fácil! Muito Bem! Chegando até aqui, significa que o projeto está quase pronto para ser executado! É isso mesmo. A nossa proposta até este ponto, era fazer você se aproximar da metodologia de um pesquisador sem se assustar com isso. Espero que tenhamos conseguido! Agora, você vai precisar listar todas as etapas de seu projeto detalhadamente e confrontar isso com o tempo que tem disponível para o estudo. Outro fator que pode definir o tempo, além de sua disponibilidade, pode ser a necessidade de apresentação dos resultados e o tipo de pesquisa. Há estudos que podem levar meses ou anos. Já há outros que podem ser executados no menor tempo possível. Qualquer que seja o tempo, você deve explicitar no projeto esse tempo, informando as etapas de seu trabalho. Exemplo: Cronograma (18 meses) Atividades Bimestres Elaboração do projeto Fase I – identificação dos artigos e análise Fase II - construção de indicadores Fase III - coleta de dados Análise dos dados Apresentação de resultados Avaliação Publicações ATIVIDADE 8 Acrescente a tudo o que já fez, o cronograma de desenvolvimento das ações e envie para o(a) tutor(a). E agora, vamos dar mais um passo? 42 A u l a 7 : p l a n i l h a o r ç a m e n t á r i a É importante elaborar uma planilha orçamentária. Nessa fase vamos pensar um pouco sobre que materiais serão necessários para a execução do projeto. Mesmo que o seu projeto não busque nenhum financiamento ou vá ser apresentado para qualquer agência, é importante que você faça o levantamento de tudo o que vai necessitar, para não ser pego de surpresa. Muitas vezes, ao fazer este “exercício” podemos até nos deparar com a inviabilidade do projeto. Veja bem: se você descobre que para executar as ações do projeto necessitará de pessoal, dinheiro, material e equipamentos que não estão disponíveis e não dispõe de recursos para aquisição, este será um momento crucial de sua pesquisa! Mas, via de regra, devemos elaborar uma planilha que contemple as necessidades do projeto, seus custos e depois saímos em campo para obter um financiamento. 7.1 Identifique o que necessitará para desenvolver o seu projeto Aqui você deve ser bastante específico sobre o que vai ser necessário em termos de recursos: materiais, humanos, entre outros. Mesmo que no projeto não seja previsto nenhum financiamento, é importante que você apresente os recursos necessários segundo os seus custos, pois, assim você estará dando o valor total do seu projeto e deixando claro que há um valor econômico na sua atividade. As rubricas, ou categorias, mais utilizadas quando estamos apresentando o orçamento de um projeto são:  Recursos humanos.  Serviços de Terceiros (pessoa física e pessoa jurídica).  Material de Consumo.  Material Permanente e equipamentos. a) Recursos Humanos: quem estará envolvido no estudo? Vai precisar de coordenador, de auxiliar de pesquisa, de secretária? Exemplo: Especificação Hora/sem Quantidade Horas totais Valor total Coordenador pesquisa 10 horas 01 720 (10x4semx18mese) 36.000,00* Pesquisadores 08 horas 02 1152 (8x4semx2x18meses) 57.600,00* Auxiliar de pesquisa 10 horas 01 720 (250,00 x 18meses) 4500,00 Total 98100,00 * para o cálculo destes valores foram considerados R$ 50,00 o valor hora/atividade 45 A u l a 8 : t e r m i n a n d o o p r o j e t o Ao final do projeto, é muito importante que você indique quais as referências utilizadas durante a elaboração do projeto e se existem anexos que necessitam ser especificados. 8.1 Referências bibliográficas Aqui você deve listar TUDO o que usou como fonte bibliográfica e CITOU ou FEZ REFERÊNCIA no texto (introdução, material e métodos). Possivelmente muita coisa lida não vai entrar aqui porque você não citou ou não referendou. Não desanime! É assim mesmo, às vezes lemos vinte artigos e usamos para o nosso trabalho, por exemplo, somente três. A grande importância desta listagem é que, muitas vezes, somos avaliados por meio dela, isto é, a apresentação de toda nossa argumentação foi baseada em que autores? Somos consistentes e coerentes na apresentação dos argumentos? E seja gentil com seus leitores: deixe claro quais foram suas fontes e como localizá-las. Não vamos usar o nosso tempo aqui para falar sobre como escrever a referência. Todas as vezes que precisamos fazer isso vamos ter que nos voltar para as normas e rever nosso trabalho. As revistas geralmente indicam quais normas são aceitas para aquela publicação específica. Assim, em alguns casos usamos as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e em outros casos podem ser normas específicas como do New England Journal. 8.2 Anexos Deve vir como anexo em seu projeto todo material que for utilizado e que você deseja que seja reconhecido. Pôr exemplo: instrumento de coleta de dados, teste de avaliação, algum documento que foi utilizado como fonte primária, etc. 8.3 Qualidades que devem ser perseguidas Agora, alguns cuidados sobre a forma e formato de apresentação do seu projeto, você deve ter alguns cuidados: 1. Impessoalidade: sua redação deve ter um caráter impessoal. Bem diferente da forma como estamos elaborando esta disciplina. Para isto a melhor escolha é redigir na terceira pessoa. Alguns utilizam a primeira pessoa do plural (nós), o que é bem aceito também e pode até ser mais fácil de trabalhar as concordâncias gramaticais. Mas, lembre-se: impessoalidade não significa dureza, nem estilo rebuscado. 2. Clareza: esta é uma qualidade que precisa ser perseguida! Diga tudo de tal forma que o seu leitor entenda exatamente o que você pretendia dizer e não dê margens para várias interpretações. Se as suas idéias estiverem claras, a expressão delas também será assim. 46 3. Precisão: aqui o cuidado é com os termos técnicos. Você precisa ter precisão conceitual. Não deve, por exemplo, pretender novos significados para palavras conhecidas e nem apresentar neologismos. 4. Concisão: Ao escrevermos frases curtas vamos errar menos. “No muito falar está o muito pecar” já dizia o sábio Salomão. Espero ter lhe ajudado nessa caminhada. Precisamos pensar que este não é o ponto final, mas somente um recomeço. Se você participou desta disciplina deve ter, no mínimo, elaborado seu projeto. A execução do projeto e a elaboração do relatório são fases que tomam mais tempo. 47 B I B L I O G R A F I A ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduações: noções práticas. São Paulo: Atlas, 1995. 118p. BERQUIÓ, Elza Salvatori; SOUZA, José Maria Pacheco; GOTLIEB, Sabina Léa Davidson. Bioestatística. São Paulo: EPU, 1981. 349p. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 1991. 170p. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991. 159p. HALL, George M. How to write a paper. London: BMJ, 1994.117p. MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria . Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1982. 205p MARTINS, Gilberto de Andrade & DONAIRE, Denis. Princípios de Estatística. 4ed. São Paulo: Atlas, 1990. 255p. SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 294 p. SENA, Roseni Rosangela. Planejamento e elaboração de projetos para grupos comunitários. 2ed. Adp. Edison Correia. UFMG, Belo Horizonte. VIEIRA, Sônia. Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus, 1991. ___________ & Hossne, W.S. Metodologia Científica para a Área da Saúde. Rio de Janeiro, Campus, 2001.
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