Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Hume - Resumo de um Tratado da Natureza Humana [Edição Bilíngüe Inglês - Português], Resumos de Sociologia

Resumo de um Tratado da Natureza Humana

Tipologia: Resumos

2012

Compartilhado em 24/07/2012

caio-fernandes-da-silva-10
caio-fernandes-da-silva-10 🇧🇷

3

(1)

3 documentos

1 / 63

Documentos relacionados


Pré-visualização parcial do texto

Baixe Hume - Resumo de um Tratado da Natureza Humana [Edição Bilíngüe Inglês - Português] e outras Resumos em PDF para Sociologia, somente na Docsity! Davip Hume RESUMO de UM TRATADO DA NATUREZA HUMANA edição bilíngiie EprTORA PARAULA DAVID HUME 1012:XXXXXX RESUMO de UM TRATADO DA NATUREZA HUMANA edição bilíngüe Direittis da Tradução: Rachel Gutiérrez José Sotero Caio Revisão da Tradução: Carmen Serralta Hurtado Desenho da capa: retrato de David Hume. ICKX:~"Mr'cUr Tradução:Rachel Gutiérrez e José Sotero Caio EDITORA PARAULA Investigações sobre o entendimento huma- no. Entre 1752 e 1757 publicou outras obras, entre as quais se destacaram as duas Histórias da Inglaterra. Em 1763 foi nomeado secretário da Embaixada da Inglaterra em Paris, entrando em boas relações com Diderot, D'Alembert e com outros enciclopedistas. Em 1776 regres- sou à Inglaterra acompanhado por Rous- seau, oferecendo a este sua proteção. Não obstante, a grave mania de persegui- ção que dominava Jean-Jacques fez com que este o acusasse de encabeçar uma conspiração para arruiná-lo. O caso pro- duziu muito rumor, levando Hume a expor publicamente sua posição (Cf. Letters, II, 7-5; 13-17, 27-36, etc.). Em julho de 1769, regressa a Edim- burgo para retomar sua vida de estudos, rodeado pela alegria de suas relações de amizade. Um dos seus amigos mais ín- timos foi o célebre Adam Smith, antigo professor de Lógica e Filosofia Moral na Universidade de Glasgow e autor do fa- moso Inquérito sobre a Natureza e as Cau- sas da Riqueza das Nações (1776). Desde o mês de março de 1775, a saúde de Hume preocupava muito seus amigos. Logo se diagnosticou um tumor no fí- gado que rapidamente se agravou. Fa- leceu em Edimburgo o "célebre David Hume" (como dizia Kant) no dia 27 de agosto de 1776. 2. A Ciência da Natureza Hu- mana como o novo cenário do pensamento: a propósito de Rume e Kant. Acrescentando à designação do seu Tratado da Natureza Humana o sub- título: "uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocinar nos assuntos morais", indicou claramente Hume quais os traços essenciais para ele do novo cenário do pensamento. Assim como Bacon, Galileu e Newton, à base da observação e do raciocínio experi- mental, haviam construído uma sólida perspectiva da natureza física, tratava- se agora de aplicar o mesmo método também à natureza humana. Hume não se vê sozinho neste empreendimento. Cita, entre outros, Locke, Shaftesbury, Mandeville, Hutcheson e Butler como os mais recentes instauradores de um novo estilo de filosofar no Reino Unido. Parece então que seu projeto consiste em se tornar o Newton da Ciência da Natureza Humana. Entretanto, esse novo cenário do pensamento veio a significar, de fato, o desenrolar de um encarniçado campo de batalha no qual se levou a cabo a maior ofensiva jamais pensada contra a metafísica tradicional desde sua criação entre os antigos gregos. Ninguém melhor do que Kant, para quem "a lembrança de David Hume foi justamente o que há muitos anos — diz ele — interrompeu pela primeira vez meu sono dogmático", resumiu o verdadeiro problema colo- cado pelo filósofo escocês: Hume tomou como ponto de par- tida um único mas importante con- ceito da metafísica, ou seja, o da conexão entre causa e efeito (e, por conseguinte, os conceitos daí deri- vados, de força e de ação, etc.); de- safiou a razão, que pretende ter ge- rado este conceito em seu seio, a responder-lhe precisamente com que direito ela pensa que uma coisa possa ter sido criada de tal maneira que, uma vez posta, possa-se depre- xii ender daí que outra coisa qualquer também deva ser posta; pois isso é o que afirma o conceito de causa. Demonstrou de maneira irrefutável ser totalmente impossível a razão pensar esta con~apriori e a par- tir de conceitos, pois ela encerra a necessidade; não é, pois, possível conceber que, pelo fato de uma coi- sa ser, outra coisa deva ser neces- sariamente e como seja possível in- troduzir a priori o conceito de tal conexão... A partir daí concluiu que a razão não tem a faculdade de pen- sar em. tais conexões, mesmo de um modo geral, porque seus conceitos não passariam então de simples fic- ções e todos os seus pretensos co- nhecimentos a priori não seriam mais do que experiências comuns mal rotuladas, o que equivale a afir- mar: não há em parte alguma e nem pode haver uma metafísica. (Prolegômenos) Todo o esforço do projeto crítico de Kant consistiu, como se sabe, em tentar solucionar a questão levantada por Hu- me. Compreender profunda e exausti- vamente a natureza da razão pura — tal foi o programa que Kant se propôs em suas obras mais celebradas, a saber: Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica da Facul- dade do Juízo (1790). Importa muito ob- servar que Hume jamais colocara em dú- vida a utilidade e mesmo a indispensa- bilidade do conceito de causa para todo conhecimento da natureza em geral. Sua questão se concentrava precisamente na seguinte direção: Será que o conceito de causa (substância, força, ação, etc.) tem xiv XV na adesão às críticas de Leibniz contra as estreitezas dos lógicos de seu tempo, conforme se lê no resumo aqui apresen- tado. E mais: manifesta porquê, a seu juízo, a ordem lógica e criteriológica per- tence a um conjunto de fatos humanos mais vasto (como as paixões, as emoções, os sentimentos, os desejos, etc.) fora do qual a ordem dos conceitos nem pode ser arrancada completamente, nem, por conseguinte, exatamente compreendida. Deve-se dizer que as aludidas censu- ras de Leibniz contra a mentalidade es- treita dos velhos lógicos de seu tempo conservam ainda hoje todo o seu alcan- ce, desde que se trate de criticar certas visões grosseiramente dogmáticas ou cientificistas de muitos lógicos e episte- mólogos contemporâneos. Pois, em ge- ral, é de probabilidades e outros padrões de evidência — lembra-nos Hume — que nossa vida e nossa ação inteiramente dependem. Padrões que são também os nossos guias na maior parte de nossas especulações filosóficas. Percebe-se assim o espírito segundo o qual se desenvolveu a epistemologia humeana. Talvez se deva hoje retomar, depois de Kant, a perspectiva de Hume, aprofundando-a em novas e fecundas di- reções. Uma delas conduz, por exemplo, ao caminho de uma antropologia das profundezas sugerida pelas pesquisas psicanalíticas interpretadas e compreen- didas filosoficamente. Contudo, este é um projeto a ser examinado noutra opor- tunidade. José Sotero Caio Rio de Janeiro, setembro de 1994. An Abstract of a book lately published, entituled, A Treatise of Human Nature, &c. Resumo de um livro recentemente publicado, intitulado Um Tratado da Natureza Humana, etc. 0.0000.00 41* PREFACE PREFÁCIO y expectations in this small per- formance may seem somewhat extraordinary, when I declare that my intentions are to render a larger work more intelligible to ordincuy capacities, by abridging it. 'Tis however certain, that those who are not accustomed to abstract reasoning, are apt to lose the thread of argument, where it is drawn out to a great leng th, and each part fortified with all the argumenta, guarded against all the objections, and illustrated with all the views, which occur to a writer in the M inha expectativa em relação a este pequeno empreendimento pode parecer uni tanto extraordinária, ao decla- rar que minha intenção é tornar uma obra extensa - mais inteligível, para a capaci- dade do leitor comum, mediante seu re- sumo. É, contudo, certo que as pessoas não familiarizadas com o raciocínio abs- trato tendem a perder o fio da argumen- tação, quando esta se desdobra muito extensamente e cada parte se solidifica com todos os argumentos, prevenida contra todas as objeções e ilustrada com fortune, that he cannot make an appeal to the people, who in all matters of com- mon reason and eloquence are found so infallible a tribunal. He must be judged by the FEw, whose verdict is more apt to be corrupted by partiality and prejudice, especially as no one is a proper judge in these subjects, who has not often thought of them; and such are apt to form to themsélves systems of their own, which they resolve not to relinquish. I hope the Author will excuse me for intermeddling in this affair, since my aim is only to tn- crease his auditoty, by removing some dif ficulties, which have kept many from ap- prehending his meaning. 1 have chosen one simple argum- ent, whih 1 have carefully traced from the beginning to the end. This is the only até que o mundo culto venha a aceitar a sua realização. Para seu infortúnio, não lhe é possível fazer apelo ao povo, o qual, em todas as questões de razão comum e eloqüência, é considerado um tribunal tão infalível. Deve ser julgado por aqueles Poucos cujo veredito é mais suscetível de ser corrompido pela parcialidade e precon- ceito, sobretudo quando ninguém é juiz apropriado nos assuntos sobre os quais não pensou com freqüência; e tais indivíduos tendem a elaborar para si mesmos sistemas próprios, que decidem não abandonar. Es- peln que o Autor me perdoe por me imiscuir neste assunto, já que meu objetivo é tão somente ode aumentar sua audiência remo- vendo algumas dificuldades que impedi- ram a muitos de apreender seu significado. Escolhi um único argumento que 30 31 point I have taken care to finish. The rest is only hints of particular passages, which seem'd to me curious and remarkable. desenvolvi cuidadosamente do começo ao fim. Foi este o único ponto que tive o cuida- do de levar a cabo. Quanto ao resto, trata- se de sugestões sobre certas passagens es- pecíficas, que me pareceram curiosas e dignas de nota. 32 33 e 040 ,* § §§4 00041141Esne0 his book seems to be wrote up on the same plan with several other works that have had a grèat vogue of late years in England. The philoso- phical spirit, which has been so much improved ali over Europe within these last fourscore years, has been carried to as great a length in this kingdom as in any other. Our writers seem even to have started a new kind of philosophy, which promises more both to the entertainment and advantage of mankind, than any other with which the world has been yet acquainted. Most of the philosophers of 1_4'1 ste livro parece ter sido escrito %> obedecendo ao mesmo plano de vários outros trabalhos, que têm tido grande voga na Inglaterra, nos últimos anos. O espírito filosófico, que tanto se desenvolveu nestas oito décadas em toda a Europa, neste reino foi levado tão longe quanto em qualquer outro. Nossos auto- res parecem até ter inaugurado um novo tipo de filosofia, que promete mais entre- tenimento e proveito à humanidade do que qualquer outro conhecido pelo mun- do. A maioria dos filósofos da Antigüi- dade que trataram da natureza humana he considers as the father of experimental physicks. He mentions, on this occasion, Mr. Locke, my Lord Shaftsbury, Dr. Mandeville; Mr. Hutchison, Dr. Butler, who, tho' they differ in many points among themselves, seem ali to agree in founding their accurate disquisitions of human nature intirely upon experience. Beside the satisfaction of being ac- quainted with what most nearly concerns us, it may be safely affirmed, that almost ali the sciences are comprehended in the science of human nature, and are de- pendent on it. The sole end of logic is to explain the principies and operation of our reasoning faculty, and the nature of our ideas; morais and criticism regard our tastes and sentiments; and politics consider men as united in society, and Dr. Mandeville, o Sr. Hutchison, o Dr. But- ler, os quais, embora discordem entre si em muitos pontos, parecem todos concor- dar em fundar suas acuradas investiga- ções da natureza humana inteiramente sobre a experiência. Além da satisfação de tomar co- nhecimento do que nos diz respeito mais de perto, podemos afirmar tranqüilamen- te que quase todas as ciências são com- preendidas pela ciência da natureza hu- mana, e dela dependem. A única finali- dade da lógica é explicar os princípios e Operações de nossa faculdade de raciocí- nio, e a natureza de nossas idéias; a moral e a crítica dizem respeito aos nossos gostos e sentimentos; e a política considera os ho- mens enquanto unidos na sociedade e de- pendentes uns dos outros. Este tratado da 40 41 dependent on each other. This treatise therefore of human nature seems intend- ed for a system of the sciences. The author has finished what regards logic, and has laid the foundation of the other paris in his account of the passions. The celebrated Monsieur Leibniz has observed it to be a defect in the com- _mon systems of logic, that they are very copious when they explain the operations of the understanding in the forming of demonstrations, but are too concise when they treat of probabilities, and those other measures of evidence on which life and action intirely depend, and which are our guides even in most of our philosophical speculations. In this censure, he com- prehends the essay on human under- standing, la recherche de la vérité, and natureza humana, portanto, parece destinado a tornar-se um sistema das ciências. O autor completou o que diz res- peito à lógica e lançou os fundamentos das outras partes em sua consideração sobre as paixões. O célebre Sr. Leibniz observou que é um-defeito dos habituais sistemas da lógica a prolixidade quando explicam as operações do entendimento, na formula- ção de demonstrações; mas são demasia- do concisos quando tratam das probabili- dades e daqueles outros padrões de evi- dência dos quais a vida e a ação depen- dem inteiramente, e que são nossos guias até mesmo na maior parte de nossas es- peculações filosóficas. Nessa censura, en- globa o ensaio sobre o entendimento hu- mano, la recherche de la vérité et l'art de 42 Part de penser. The author of the treatise of human nature seems to have been sensible of this defect in these philo- sophers, and has endeavoured, as much as he can, to supply it. As his book con- tains a great number of speculations very new and remarkable, it will be impossible to give the reader a just notion of the whole. We shall therefore chiefly confine ourselves to his explication of our reason- ings from cause and effect. If we can make this intelligible to the reader, it may serve as a specimen of the wholl. Our author begins with some de- finitions. He calls a perception whatever can be present to the mind, whether we employ our senses, or are actuated with passion, or exercise our thought and re- flection. He divides our perceptions into penser. O autor do tratado da natureza humana parece ter percebido este defeito de tais filósofos e dedicou-se, tanto quanto lhe foi possível, a supri-lo. Como seu livro contém um grande número de especula- ções muito novas e dignas de nota, será impossível dar ao leitor uma justa noção do todo. Por isso, limitar-nos-emos prin- cipalmente à sua explicação de nossos raciocínios sobre causa e efeito. Se conse- guirmos tomá-la inteligível ao leitor, poderá servir como uma amostra do conjunto. Nosso autor começa com algumas definições. Chama percepção o que quer que se apresente à mente, quer empregue- mos nossos sentidos, sejamos movidos pela paixão, ou exercitemos nosso pensamento e reflexão. Divide nossas percepções em duas espécies, a saber, impressões e idéias. 44 45 internally, or by means of the externai senses, and must allow, that however we may compound, and mix, and augment, and diminish our ideas, they are ali de- rived from these sources. Mr. Locke, on the other hand, would readily acknow- ledge, that ali our passions are a kind of natural instincts, derived from nothing but the original constitution of the human mind. Our author thinks, "that no discov- ery could have been made more happily for deciding ali controversies concerning ideas than this, that impressions always take the precedency of them, and that every idea with which the imagination is furnished, first makes its appearance in a correspondent impression. These latter perceptions are ali so clear and evident, sentasse algo precedentemente sentido por ela, fosse internamente, ou por meio dos sentidos externos, e deveria admitir que, embora possamos compor, misturar, aumentar ou diminuir nossas idéias, todas elas derivam dessas fontes. O Sr. Locke, por outro lado, reconheceria prontamente que todas as nossas paixões são uma espécie de instintos naturais derivados apenas da constituição original da mente humana. Nosso autor pensa "que nenhuma descoberta poderia ter sido mais feliz, pa- ra decidir todas as controvérsias concer- nentes às idéias, dó'que esta de que as im- pressões sempre as antecedem, e que toda idéia que preenche a imaginação, faz antes sua aparição em uma impressão corres- pondente. Essas últimas percepções são 50 51 that they admit of no controversy; tho' many of our ideas are so obscure, that 'tis almost impossible even for the mind, which forms them, to tell exactly their nature and composition." Accordingly, wherever any idea is ambiguous, he has always recourse to the impression, which must render it clear and precise. And when he suspects that any philosophical term has no idea annexed to it (as is too com- mon) he always asks from what impres- sion that idea is derived? And if no im- pression can be produced, he concludes that the term is altogether insignificant. 'Tis after this manner he examines our idea of substance and essence; and it were to be wished, that this rigorous method were more practised in ali philosophical debates. 'Tis evident, that ali reasonings todas tão claras e evidentes que não admi- tem controvérsia; embora muitas de nos- sas idéias sejam tão obscuras que é quase impossível, até para a mente, que as for- ma, dizer exatamente sua natureza e com- posição". Conseqüentemente, toda vez que uma idéia é ambígua, o autor pode re- correr à impressão, que a tornará clara e precisa. E quando suspeita (o que é tão comum) que determinado teimo filosófico não se vincula a nenhuma idéia, pergunta sempre: de que impressão deriva tal idéia? E se impressão alguma pode ser en- contrada, conclui que o teimo é absoluta- mente insignificante; e seria de desejar que esse método rigoroso fosse aplicado com mais freqüência em todos os debates filosóficos. É evidente que todos os raciocínios 52 53 concerning matter of fact are founded on the relation of cause and effect, and that we can never infer the existence of one object from another, unless they be con- nected together, either mediately or im- mediately. In order therefore to under- stand these reasonings, we must be perfec- tly acquainted with the idea of a cause; and in order to that, must look about us to find something that is the cause of another. Here is a billiard-ball lying on the table, and another bali moving towards it with rapidity. They strike; and the bali, which was formerly at rest, now acquires a motion. This is as perfect an instance of the relation of cause and effect as any which we know, either by sensation or reflection. Let us therefore examine it. 'Tis evident, that the two balis touched one a respeito da realidade se fundam na rela- ção de causa e efeito, e que nunca pode- mos inferir a existência de um objeto de outro objeto, a menos que estejam inter- ligados mediata ou imediatamente. Para compreender estes raciocínios, portanto, devemos olhar à nossa volta para en- contrar alguma coisa que seja a causa de outra. Eis uma bola de bilhar pousada so- bre a mesa, e outra que se move na direção da primeira, com rapidez. As bolas se cho- cam; e a que antes se encontrava em re- pouso adquire agora um movimento. Este é um exemplo tão perfeito da relação de causa e efeito como qualquer outro conhe- cido, seja pela sensação ou pela reflexão. Examinemo-lo, pois. É evidente que as duas bolas se tocaram antes que o movi- 54 55 clude, that they will shock, and that the second will be in motion. This is the in- ference from cause to effect; and of this nature are all our reasonings in the con- duct of life: on this is founded all our belief in histoiy: and from hence is derived ali philosophy, excepting oniy geometry and arithmetic. If we can expiam the inference from the shock of two balis, we shali be able to account for this operation of the mind in all instances. Were a man, such as Adam, creat- ed in the full vigour of understanding, without experience, he would never be able to infer motion in the second bali from the motion and impulse of the first. It is not any thing that reason sees in the cause, which make us infer the effect. Such an inference, were it possible, would em linha reta, em direção a outra; imedia- tamente concluo que vão entrar em cho- que, e que a segunda adquirirá movi- mento. Essa é a inferência de causa a efei- to; e dessa natureza são todos os nossos raciocínios na conduta da vida. Nisto se funda toda a nossa crença na história, e daí deriva toda a filosofia, excetuando-se apenas a geometria e a aritmética. Se po- demos explicar a inferência a partir do choque de duas bolas, seremos capazes de dar conta desta operação da mente em qualquer caso. Se um homem fosse criado, como Adão, no pleno vigor do entendimento, sem experiência, jamais seria capaz de in- ferir o movimento da segunda bola, a par- tir do movimento e impulso da primeira. Não é algo que a razão enxergue na causa 60 61 amount to a demonstration, as being founded merely on the comparison of i- deas. But no inference from cause to effect amounts to a demonstration. Of which there is this evident proof. The mind can always conceive any effect to follow from any cause, and indeed any event to follow upon another: whatever we conceive is possibie, at least in a metaphysical sen- se: but wherever a demonstration takes place, the contrai), is impossible, and im- plies a contradiction. There is no demons- tration, therefore, for any conjunction of cause and effect. And this is a principie, which is generally allowed by philoso- phers. It would have been necessary, therefore, for Adam (if he was not ins- pired) to have had experience of the que nos faz inferir o efeito. Tal inferência, se fosse possível, equivaleria a uma de- monstração, fundada meramente na com- paração de idéias. Mas nenhuma infe- rência de causa a efeito equivale a uma demonstração. Disto temos uma prova evidente. A mente sempre pode conceber qualquer efeito seguindo-se a qualquer causa e, na verdade, qualquer aconteci- mento seguindo-se a outro. O que quer que concebamos é possível, ao menos num sentido metafísico, mas onde ocorre uma demonstração, o contrário é impossível, e implica contradição. Não há nenhuma de- monstração, pois, para qualquer conjunção de causa e efeito. E esse é um princípio geralmente admitido pelos filósofos. Teria sido necessário, portanto, a Adão, (se não fosse inspirado) ter tido a 62 63 effect, which followed upon the impulse of these two balis. He must have seen, in several instances, that when the one bali struck upon the other, the second always acquired motion. If he had seen a suf- ficient number of instances of this kind, whenever he saw the one bali moving to- wards the other, he would always con- clude without hesitation, that the second would*acquire motion. His understanding would anticipate his fight, and form a conclusion suitable to his past experience. It follows, then, that ali reasonings concerning cause and effect, are founded on experience, and that ali reasonings from experience are founded on the sup- position, that the course of nature will continue uniformly the same. We con- clude, that like causes, in like circum- experiência do efeito que se seguiu ao impulso das duas bolas. Precisaria ter visto, em várias ocasiões, que quando uma das bolas batia na outra, a segunda sempre adquiria movimento. Se tivesse presen- ciado um número suficiente de casos desse tipo, quando visse o movimento de uma bola em direção à outra, concluiria sem- pre, sem hesitação, que a segunda se mo- vimentaria. Seu entendimento se antecipa- ria à sua visão, e formaria uma conclusão ajustada à sua experiência passada. Segue-se que todos os raciocínios relativos a causa e efeito são fundados na experiência, .e que todos os raciocínios ad- vindos da experiência são fundados no pressuposto de que o curso da natureza continuará uniformemente o mesmo. Con- cluímos que causas semelhantes, em seme- 64 65 leads me to forrt any such conciusion and even after I have had experience of many repeated effects of this kind, there is no argument, which determines me to sup- pose, that the effect will be conformable to past experience. The powers, by which bodies operate, are entirely unknown. We perceive only their sensible qualities: and what reason have we to think, that the same powers will always be conjoined with the same sensible qualities? 'Tis not, therefore, reason which is the guide of life, but custom. That alone determines the mind, in all instances, to suppose the future conformable to the past. However easy this step may seem, reason would never, to all eternity, be able to make it. This is a very curious discovely, but considerados abstrata e independente- mente da experiência, que me leve a tal conclusão. E mesmo depois de eu ter tido a experiência de muitos efeitos dessa espé- cie, nenhum argumento me determina a supor que o efeito será conforme à experi- ência passada. As forças pelas qi tais os cor- pos agem são inteiramente desconhecidas. Percebemos apenas suas qualidades sen- síveis: e que razão temos para pensar que as mesmas forças hão de aparecer sempre unidas às mesmas qualidades sensíveis? Não é, pois, a razão que conduz a vida, mas o hábito. Apenas ele determina a mente, em todas as circunstâncias, a su- por que o futuro é conforme ao passado. Por mais simples que este passo possa pa- recer, nem em toda a eternidade a razão seria capaz de dá-lo. 70 71 leads us to others, that are still more curious. When I see a billiard-ball mov- ing towards another, my mind is im- mediately carried by habit to the usual effect, and anticipate my fight by con- ceiving the second bali in motion. But is this all? Do I nothing but CONCEIVE the motion of the second bali? No surely. I also BELIEVE that it will move. What then is this belief? And how does it differ from the simple conception of any thing? Here is a new question unthought of by philo- sophers. When a demonstration convinces me of any proposition, it not only makes me conceive the proposition, but also makes me sensible, that 'tis impossible to conceive any thing contrary. What is de- monstratively false implies a contradic- Essa é uma descoberta muito curio- sa, mas nos leva a outras mais curiosas ainda. Quando vejo uma bola de bilhar movendo-se em direção a outra, minha men- te é imediatamente levada pelo hábito ao efeito costumeiro e antecipa minha visão concebendo a segunda bola em movimento. Mas isso será tudo? Não faço senão CONCE- BER o movimento da segunda bola? Certa- mente que não. Também ACREDITO que ela vai se mover. Que é, pois, essa crença? E como se distingue da simples concepção de qualquer coisa? Eis uma nova questão não pensada pelos filósofos. Quando uma demonstração me con- vence da validade de uma proposição, não apenas me faz conceber a proposição, mas também me dá consciência de que é impos- sível conceber algo contrário. O que é de- 72 tion; and what implies a contradiction cannot be conceived. But with regard to any matter of fact, however strong the proof may be from experience, I can al- ways conceive the contrary, tho' I cannot always believe it. The belief, therefore, makes some difference betwixt the con- ception to which we assent, and that to which we do not assent. To account for this, there are only two hypotheses. It may be said, that belief joins some new idea to those which we may conceive without assenting to them. But this hypothesis is false. For first, no such idea can be produced. When we simply conceive an object, we conceive it in all its parts. We conceive it as it might exist, tho' we do not believe it to exist. Our belief of it would discover no new monstrativamente falso implica contra- dição; e o que implica contradição é in- concebível. Todavia, no que diz respeito a uma questão de fato, não importa quão forte possa ser a prova obtida por meio da experiência, posso sempre conceber o contrário, embora nem sempre possa acre- ditar nele. A crença, portanto, estabelece certa diferença entre a concepção a que assentimos e aquela a que não assentimos. Para explicar esta questão, há so- mente duas hipóteses. Pode-se dizer que a crença acrescenta uma idéia nova àque- las que podemos conceber sem lhes dar nosso assentimento. Mas essa hipótese é falsa. Em primeiro lugar, porque tal idéia não pode ser produzida. Quando simples- mente concebemos um objeto, concebe- mo-lo em todas as suas partes. Concebe- 74 75 matter of fact can be proved but from its cause or its effect. Nothing can be known to be the cause of another but by ex- perience. We can give no reason for ex- tending to the future our experience in the past; but are entirely determined by custom, when we conceive an effect to follow from its usual cause. But we also believe an effect to follow, as well as conceive it. This belief joins no new idea to the conception. It only varies the man- ner of conceiving, and makes a difference to the feeling or sentiment. Belief, there- fore, in all matters of fact arises only from custom, and is an idea conceived in a peculiar manner. Our author proceeds to explain the manner or feeling which renders belief different from a loose conception. He mos levados a ela por uma cadeia de proposições que não admitem dúvidas. Pa- ra ajudar a memória do leitor, vou resumi- las brevemente. Nenhuma questão de fato pode ser provada senão a partir de sua cau- sa ou de seu efeito. Nada pode ser conheci- do como sendo causa de outra coisa senão pela experiência. Não podemos apresentar razão alguma para estender ao futuro nos- sa experiência do passado; mas somos in- teiramente determinados pelo costume quando concebemos um efeito seguindo- se a sua causa habitual. Mas também cre- mos que um efeito se segue, ao mesmo tempo que o concebemos.- Tal crença não acrescenta nenhuma idéia nova à concep- ção. Apenas modifica a maneira de conce- ber e produz uma diferença para a sensi- bilidade ou sentimento. A crença, portanto, 80 81 seems sensible, that 'tis impossible by words to describe this feeling, which ev- ery one must be conscious of in his own breast. He calls it sometimes, a stronger conception, sometimes a more lively, a more vivid, a firmer, or a more intense conception. And indeed, whatever name we may give to this feeling, which cons- titutes belief, our author thinks it evident, that it has a more forcible effect on the mind than fiction and mere conception. This he proves by its influence on the passions and on the imagination; which are only moved by truth or what is taken for such. Poetry, with all its art, can nev- er cause a passion, like one in real life. It fails in the original conception of its ob- jects, which never feel in the same man- ner as those which command our belief em todas as questões de fato, brota apenas do costume, e é uma idéia concebida de um modo peculiar. Nosso autor passa a explicar o modo ou o sentir que torna a crença diferente de uma concepção vaga. Parece reconhe- cer que é impossível descrever com pala- vras este sentir, de que cada um deve se conscientizar no seu íntimo. Chama-o às vezes de concepção mais forte, e outras vezes de mais vívida, mais animada, mais firme, ou mais intensa. De fato, não impor- ta o nome que dermos a tal sentir que cons- titui a crença, nosso autor julga evidente que ele produz na mente um efeito mais enérgico do que a ficção ou a mera concep- ção. Prova-o pela influência que exerce sobre as paixões e a imaginação; que só são movidas pela verdade ou pelo que se 82 83 and opinion. Our author presuming, that he had sufficiently proved, that the ideas we as- sent to are different to the feeling from the other ideas, and that this feeling is more firm and lively than our common conception, endeavours in the next place to explain the cause of this lively feeling by an analogy with other acts of the mind. His reasoning seems to be curious; but could scarce be rendered intelligible, or at least probable to the reader, without a long detail, which would exceed the compass I have prescribed to myself. I have likewise omitted many argu- ments, which he adduces to prove that belief consits merely in a peculiar feeling or sentiment. 1 shall only mention one; our past experience is not always uni- toma como verdade. A poesia, com toda a sua arte, jamais pode causar uma paixão, como as da vida real. Falha na concepção original de seus objetos, que nunca se _fa- zem sentir do mesmo modo que aqueles que comandam nossa crença e opinião. Nosso autor, presumindo ter provado suficientemente que as idéias às quais assentimos são diferentes das outras, e que este sentir é mais firme e vivo do que nossas concepções comuns, procura, a seguir, ex- plicar a causa deste vivo sentimento, por meio de uma analogia com outros atos da mente. Seu raciocínio parece curioso; mas dificilmente se tomaria inteligível, ou ao menos provável para o leitor, sem uma lon- ga e detalhada explanação, o que excede- ria os limites que me impus. Omiti igualmente muitos argumen- 84 85 it stronger and more lively. Having dispatcht this material point concerning the nature of the inference from cause and effect, our author returns upon his footsteps, and examines anew the idea of that relation. In the consi- dering of motion communicated from one bali to another, we could find nothing but contiguity, priority in the cause, and cons- tant conjunction. But, beside these cir- cumstances, 'tis commonly suppos'd, that there is a necessary connexion betwixt the cause and effect, and that the cause pos- sesses something, which we call a power, or force, or energy. The question is, what idea is annex'd to these terms? If ali our ideas or thoughts be derived from our im- pressiona, this power must either discov- er itseif to our senses, or to our internai Não lhe acrescenta, no entanto, nenhuma idéia nova. Apenas nos faz senti-la diferente- mente, tornando-a mais forte e mais viva. Tendo esgotado esse ponto impor- tante concernente à natureza da inferência de causa e efeito, nosso autor retorna sobre seus passos e reexamina a idéia dessa rela- ção. Ao considerar o movimento transmiti- do de uma bola para a outra, só pudemos encontrar contigüidade, prioridade na cau- sa e conjunção constante. Todavia, além dessas circunstâncias, supõe-se comumen- te que existe uma conexão necessária entre causa e efeito, e que a causa possui algo que chamamos poder, ou força, ou energia. A questão é a seguinte: que idéia se vincu- la a esses termos? Se todas as nossas idéias ou pensamentos derivam de nossas impres- sões, tal força deve revelar-se ou aos nossos 90 91 feeling. But so little does any power dis- cover itself to the senses in the operations of matter, that the Cartesians have made no scruple to assert, that matter is utter- ly deprived of energy, and that ali its operations are perform'd merely by the energy of the supreme Being. But the ques- tion still recurs, What idea have we of energy or power even in the Supreme Being? All our idea of a Deity (according to those who deny innate ideas) is nothing but a composition of those ideas, which we acquire from reflecting on the ope- rations of our own minds. Now our own minds afford us no more notion of energy than matter does. When we consider our will or volition a priori, abstracting from experience, we should never be able to in- fer any effect from it. And when we take sentidos ou ao nosso sentimento interior. Mas os sentidos percebem tão precaria- mente qualquer poder nas operações da matéria, que os cartesianos não tiveram nenhum escrúpulo em afirmar que a maté- ria é totalmente desprovida de energia, e que todas as suas operações são realizadas meramente pela energia dó Ser supremo. Entretanto, a questão volta mais uma vez: Que idéia temos de energia, ou poder, mesmo no Ser supremo? Toda a nossa idéia de uma Divindade, (de acordo com aqueles que ne- gam as idéias inatas), não passa de uma composição daquelas idéias adquiridas a partir da reflexão sobre as operações de nossas próprias mentes. Ora, nossas men- tes não nos dão maior noção de energia do que nos dá a matéria. Quando conside- ramos nossa vontade, ou volição, a priori, 92 93 the assistance of experience, it only shows us objects contiguous, successive, and constantly conjoined. Upon the whole, then, either we have no idea at ali of force and "energy, and these words are alto- gether insignificant, or they can mean nothing but that determination of the thought, acquir'd by habit, to pass from the cause to its usual effect. But whoever wouid thoroughly understand this must consult the author himfelf. 'Tis sufficient, if I can make the learned world appre- hend, that there is some difficulty in the case, and that whoever solves the dif- ficulty must say some thing very new and extraordinary; as new as the difficulty itself. By all that has been said the reader will easily perceive, that the philosophy abstraída a experiência, não somos capa- zes de inferir daí qualquer efeito. E quando recorremos à experiência, ela nos mostra apenas objetos contíguos, sucessivos e constantemente reunidos. Afinal, pois, ou não temos idéia alguma de força e energia, e essas palavras são de todo sem significa- ção, ou nada querem dizer além da deter- minação do pensamento, adquirida pelo hábito, de passar da causa ao seu efeito usual. Todavia, quem quiser compreender essa questão perfeitamente, deve consul- tar o próprio autor. É suficiente que eu con- siga fazer o mundo culto captar que existe no caso certa dificuldade, e quem a resol- ver tem algo novo e extraordinário a dizer, tão novo quanto a própria dificuldade. Por tudo o que foi dito, o leitor per- ceberá facilmente que a filosofia contida 94 95 perceptions inhere. That notion is as un- intelligible as the Cartesian, that thought or perception in general is the essence of the mind. We-have no idea of substance of any kind, since we have no idea but what is derived from some impression, and we have no impression of any sub- stance either material or spiritual. We know nothing but particular qualities and perceptions. As our idea of any body, a peach, for instance, is only that of a par- ticular taste, colour, figure, fixe, consis- tence, Etc. So our idea of any mind is only that of particular perceptions,without the notion of anything we call substance, ei- ther simple or compound. The second principle, which 1 pro- posed to take notice of, is with regard to Geometty. Having denied the infinite di- ininteligível quanto a cartesiana, segundo a qual o pensamento, ou a percepção em geral, é a essência da mente. Não temos nenhuma idéia de substância, de qualquer espécie, uma vez que não temos nenhuma idéia que não derive de alguma impressão, e não temos nenhuma impressão de qual- quer substância, seja material ou espiri- tual. Nada conhecemos além de qualidades particulares e percepções. Como nossa idéia de qualquer corpo, um pêssego, por exemplo, é somente a de um gosto parti- cular, cor, forma, tamanho, consistência, etc. Assim, nossa idéia de mente é apenas a de percepções específicas, sem a noção de nada que chamamos substância, seja simples ou composta. O segundo princípio que me propus observar diz respeito à Geometria. Tendo 100 101 visibility of extension, our author finds himself obliged to refute those mathem- atical arguments, which have been ad- duced for it; and these indeed are the only ones of any weight. This he does by de- nying Geometty to be a science exact e- nough to admit of conclusions so subtile as those which regard infinite divisibility. His arguments may be thus explained. All Geometty is founded on the notions of equality and inequality, and therefore according as we have or have not an ex- act standard of that relation, the science itself will or will not admit of great ex- actness. Now there is an exact standard of equality, if we suppose that quantity is composed of indivisible points. Two lines are equai when the numbers of the points, that compose them, are equai, and negado a divisibilidade infinita da exten- são, nosso autor sente-se obrigado a refu- tar aqueles argumentos matemáticos apre- sentados a favor daquela tese; tais argu- mentos, de fato, são os únicos que têm algum peso. Para refutá-los, nega que a Geometria seja uma ciência suficientemen- te exata para admitir conclusões tão sutis como as que dizem respeito à divisibili- dade infinita. Seus argumentos podem ser expostos assim: toda a Geometria está fun- dada nas noções de igualdade e desigual- dade, e logo, a própria ciência terá menor ou maior exatidão, conforme tivermos ou não um padrão mais ou menos exato dessa relação. Ora, existe um padrão exato de igualdade, supondo-se que a quantidade é composta de pontos indivisíveis. Duas linhas são iguais quando os números de 102 103 when there is a point in one correspond- ing to a point in the other. But tho' this standard be exact, 'tis useless; since we can never compute the number of points in any line. It is besides founded on the supposition of finite divisibility, and therefore can never afford any conclusion against it. If we reject this standard of equality, we have none that has any pre- tensions to exactness. I find two that are commonly made use of. Two lines above a yard, for instance, are said to be equal, when they contain any inferior quantity, as an inch, an equal number of times. But this runs in a circle. For the quantity we cail an inch in the one is supposed to be equal to what we call an inch in the other: And the question still is, by what standard we proceed when we judge them pontos que as compõem são iguais, e quan- do cada ponto de uma corresponde a cada ponto da outra. Mas, mesmo que esse padrão seja exato, é inútil, pois jamais conseguimos contar o número de pontos em nenhuma linha. Além disso, isto se funda na suposição da divisibilidade finita, e, portanto, não pode fornecer qualquer conclusão contra ela. Se rejeitarmos esse padrão de igualdade, não temos outro que possua quaisquer pretensões de exatidão. Posso exemplificar com dois padrões comu- mente usados. Duas linhas sobre unia jar- da, por exemplo, são consideradas iguais quando contêm qualquer quantidade in- ferior, como uma polegada, o mesmo nú- mero de vezes. Mas isso é um círculo vicio- so. Pois a quantidade que chamamos de polegada, em uma das linhas, é suposta- 104 105 of the body; beauty, strength, agility, good mein, address in dancing, riding, fencing: from externai advantages; coun- try, family, children, relations, riches, houses, gardens, horses, dogs, cloaths. He afterwards proceeds to find out that com- mon circumstance, in which ali these ob- jects agree, and which causes them to operate on the passions. His theory like- wise extends to love and hatred, and other affections. As these questions, tho' cu- rious, could not be rendered intelligible without a long discourse, we shall here omit them. It may perhaps be more acceptable to the reader to be informed of what our author says concerning free-will. He has laid the foundation of his doctrine in what he said concerning cause and effect, as lho, ou auto-estima, pode derivar das qua- lidades da mente: a sagacidade, o bom- senso, o conhecimento, a coragem e a inte- gridade; das qualidades do corpo: a beleza, a força, a agilidade, as boas maneiras, a habilidade para dançar, cavalgar e esgri- mir; das vantagens exteriores: país, famí- lia, filhos, relações, riquezas, casas, jardins, cavalos, cães, roupas. Em seguida, procura descobrir a circunstância comum a todos esses objetos, que os leva a desencadear as paixões. Sua teoria se estende igualmen- te ao amor e ao ódio, e outros afetos. Como essas questões, embora curiosas, não se- riam compreendidas sem um longo dis- curso, vamos omiti-las aqui. Talvez o leitor prefira ser informado sobre o que nosso autor diz a respeito do livre arbítrio. Ele fundamentou sua doutri- 110 111 above explained. "'Tis universally ac- knowledged, that the operations of ex- ternai bodies are necessaty, and that in the communication of their motion, in their attraction and mutual cohesion, there are not the least traces of indif- ference or liberty. (...) Whatever there- fore is in this respect on the same footing with matter, must be acknowledged to be necessaty. That we may kno- w whether this be the case with the actions of the mind, we may examine matter, and con- sider on what the idea of a necessity in its operations are founded, and why we conclude one body or action to be the in- fallible cause of another. "It has been observed already, that in no single instance the ultimate con- nexion of any object is discoverable either na naquilo que disse a respeito de causa e efeito comofoi exposto acima. "É univer- salmente reconhecido que as operações dos corpos exteriores são necessárias, e que na comunicação de sua moção, em sua atração e mútua coesão, não existem os menores traços de indiferença ou liberda- de. (...) Portanto, tudo o que a tal respeito esteja em pé de igualdade com a matéria, deve ser reconhecido como necessário. Para sabermos se esse é o caso das ações da mente, podemos examinar o assunto e perguntar em que se funda a idéia de uma necessidade em suas operações, e por que conduimos que um corpo ou ação é a causa infalível de um outro." "Já foi observado que em nenhum só exemplo, a conexão última de qualquer objeto pode ser descoberta, seja por nossos 112 113 by our senses or reason, and that we can never penetrate so far into the essence and construction of bodies, as to perceive the principie on which their mutual influente is founded. 'Tis their constant union a- lone, with which we are acquainted; and 'tis from the constant union the necessity arises, when the mind is determined to pass from one object to its usual atten- dant, and infer the existente of one from that of the other. Here then are two par- ticulars, which we are to regard as essen- tial to necessity, viz. the constant union and the inference of the mind, and wher- ever we discover these we must acknow- ledge a necessity." Now nothing is more evident than the constant union of par- ticular actions with particular motives. If ali actions be not constantly united with sentidos, ou por nossa razão, e que jamais podemos penetrar tão profundamente a essência e construção dos corpos, a ponto de percebermos o princípio sobre o qual se funda sua mútua influência. É só com sua união constante que o conhecemos; daí se origina a necessidade, quando a mente é determinada a passar de um ob- jeto para seu habitual correlato, e infere a existência de um pelo outro. Aqui, pois, estão duas particularidades que devemos considerar como essenciais à necessidade, quais sejam, a união constante e a inferên- cia da mente, e onde quer que as encontre- mos, devemos reconhecer uma necessida- de." Ora, nada é mais evidente do que a constante união de ações particulares com motivos particulares. Se todas as ações não são constantemente ligadas a seus motivos 114 115 the author to so glorious a name as that of an inventor, 'tis the use he makes of the principie of the association of ideas, which enters into most of his phiiosophy. Our imagination has a great authority over our ideas; and there are no ideas that are different from each other, which it cannot separate, and join, and com- pose into ali the varieties of fiction. But notwithstanding the empire of the im- agination, there is a secret tie or union among particular ideas, which causes the mind to conjoin them more frequently together, and makes the one, upon its ap- pearance, introduce the other. Hence aris- es what we call the apropos of discourse: hence the connection of writing: and hence that thread, or chain of thought, which a man naturally supports even in the loosest ferir ao autor um título tão glorioso como o de inventor, é o uso que ele faz do prin- cípio da associação de idéias, que perpassa a maior parte de sua filosofia. Nossa imagi- nação tem grande ascendência sobre nos- sas idéias; e não há idéias, distintas umas das outras, que ela não seja capaz de se- parar, juntar e compor em todas as varie- dades da ficção. Mas apesar do império da imaginação, existe um elo secreto ou união entre idéias específicas, que deter- mina a mente a juntá-las mais freqüente- mente, e faz com que uma, ao surgir, in- troduza a outra. Daí advém o que chama- mos apropos do discurso; daí a conexão da escrita. E daí aquela linha, ou cadeia de pensamento, que um homem natural- mente sustenta, mesmo na mais vaga ré- verie. Esses princípios de associação se 120 121 reverie. These principies of association are reduced to three, viz. Resemblance; a picture naturally makes us think of the mari it was drawn for. Contiguity; when St. Dennis is mentioned, the idea of Paris naturally occurs. Causation; when we think of the son, we are apt to carry our attention to the father. Twill be easy to conceive of what vast consequence these principies must be in the science of human nature, if we consider, that so far as re- gards the mind, these are the only links that bind the parts of the universe to- gether, or connect us with any person or object exterior to ourseives. For as it is by means of thought only that any thing ope- rates upon our passions, and as these are the only ties of our thoughts, they are really to us the cement of the universe, reduzem a três, quais sejam, Semelhança: um retrato faz-nos naturalmente pensar no homem que foi retratado; Contigüi- dade: quando St. Denis é mencionado, a idéia de Paris ocorre naturalmente; Causa: quando pensamos no filho, estamos aptos a transferir nossa atenção para o pai. Será fácil conceber de quão vastas conseqüên- cias devem ser esses princípios na ciência da natureza humana, se considerarmos que, no que diz respeito à mente, são esses os únicos elos que atam entre si as partes do universo, ou que nos ligam com qual- quer pessoa ou objeto exterior a nós. Pois, sendo apenas por meio do pensamento que qualquer coisa opera sobre nossas paixões, e como esses são os únicos laços de nossos pensamentos, eles são realmente, para nós, o cimento do universo, e todas as opera- 122 123 and ali the operations of the mind must, ções da mente, em grande medida, devem in a great measure, depend on them. deles depender. FINIS FINIS 124 125
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved