Baixe Salvamento em Altura SP e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros SALVAMENTO EM ALTURA 26 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MANUAL DE SALVAMENTO EM ALTURA 1ª Edição 2006 Volume 26 MSA PMESP CCB Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte. PREFÁCIO - MTB No início do século XXI, adentrando por um novo milênio, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo vem confirmar sua vocação de bem servir, por meio da busca incessante do conhecimento e das técnicas mais modernas e atualizadas empregadas nos serviços de bombeiros nos vários países do mundo. As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma diversificada gama de variáveis, tanto no que diz respeito à natureza singular de cada uma das ocorrências que desafiam diariamente a habilidade e competência dos nossos profissionais, como relativamente aos avanços dos equipamentos e materiais especializados empregados nos atendimentos. Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a preocupação com um dos elementos básicos e fundamentais para a existência dos serviços, qual seja: o homem preparado, instruído e treinado. Objetivando consolidar os conhecimentos técnicos de bombeiros, reunindo, dessa forma, um espectro bastante amplo de informações que se encontravam esparsas, o Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operações, a tarefa de gerenciar o desenvolvimento e a elaboração dos novos Manuais Técnicos de Bombeiros. Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praças do Corpo de Bombeiros, distribuídos e organizados em comissões, trabalharam na elaboração dos novos Manuais Técnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuição dentro das respectivas especialidades, o que resultou em 48 títulos, todos ricos em informações e com excelente qualidade de sistematização das matérias abordadas. Na verdade, os Manuais Técnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na continuação de outro exaustivo mister que foi a elaboração e compilação das Normas do Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforço no sentido de evitar a perpetuação da transmissão da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e consolidando esse conhecimento em compêndios atualizados, de fácil acesso e consulta, de forma a permitir e facilitar a padronização e aperfeiçoamento dos procedimentos. O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua história. Desta feita fica consignado mais uma vez o espírito de profissionalismo e dedicação à causa pública, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contribuíram para a concretização de mais essa realização de nossa Organização. Os novos Manuais Técnicos de Bombeiros - MTB são ferramentas importantíssimas que vêm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, poderão proporcionar inestimável ganho de qualidade nos serviços prestados à população, permitindo o emprego das melhores técnicas, com menor risco para vítimas e para os próprios Bombeiros, alcançando a excelência em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa missão de proteção à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio. Parabéns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Técnicos e, porque não dizer, à população de São Paulo, que poderá continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados. São Paulo, 02 de Julho de 2006. Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo MSA – SALVAMENTO EM ALTURA COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01 1.1 Breve histórico da atividade de salvamento em altura....................................... 02 1.2 Conceito de salvamento em altura .................................................................... 04 1.3 Características do serviço.................................................................................. 04 1.4 Norma Operacional de Bombeiro NOB – 29 ..................................................... 04 2. CORDAS ............................................................................................................. 05 2.1 Tipos de fibras.................................................................................................... 06 2.1.1 Poliolefinas...................................................................................................... 06 2.1.2 Poliéster.......................................................................................................... 06 2.1.3 Poliamida........................................................................................................ 06 2.2 Construção da corda.......................................................................................... 06 2.3 Cordas dinâmicas e estáticas............................................................................ 07 2.3.1 Cordas dinâmicas........................................................................................... 07 2.3.2 Cordas estáticas............................................................................................. 07 2.4 Resistência da corda......................................................................................... 07 2.5 Características das cordas de salvamento........................................................ 08 2.6 Cuidados com a corda....................................................................................... 08 2.7 Inspeção da corda.............................................................................................. 08 2.7.1 Como inspecionar a corda.............................................................................. 08 2.7.2 Histórico de uso.............................................................................................. 09 2.8 Acondicionamento da corda............................................................................... 10 2.8.1 Acondicionamento por um bombeiro.............................................................. 10 2.8.2 Acondicionamento por dois bombeiros........................................................... 12 2.8.3 Acondicionamento em sacola......................................................................... 13 3. EQUIPAMENTOS................................................................................................ 15 3.1 Normalização..................................................................................................... 16 3.1.1 National Fire Protection Association............................................................... 16 3.1.2 União Internacional das Associações de Alpinismo........................................ 16 3.1.3 Outras normas................................................................................................ 16 3.2 Conectores metálicos......................................................................................... 17 3.2.1 Malha rápida................................................................................................... 17 3.2.2 Mosquetão...................................................................................................... 17 3.3 Fita tubular......................................................................................................... 19 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 6.1.2 Conceitos físicos............................................................................................. 57 6.1.3 Conceitos de equipe....................................................................................... 57 6.1.4 Conceitos de prioridade.................................................................................. 57 6.2 Sistemas de segurança...................................................................................... 58 6.2.1 Força de choque............................................................................................. 58 6.2.2 Fator de queda................................................................................................ 58 6.3 Técnicas de progressão com segurança........................................................... 60 6.3.1 Proteção de via horizontal............................................................................... 60 6.3.2 Proteção de via vertical................................................................................... 61 6.4 Procedimentos práticos de segurança............................................................... 62 7. RAPEL................................................................................................................. 64 7.1 Técnica do rapel................................................................................................ 65 7.2 Rapel militar....................................................................................................... 65 7.3 Rapel com aparelhos......................................................................................... 65 7.3.1 Inserção do mosquetão na cadeira................................................................. 65 7.3.2 Passagem da corda pelo freio oito.................................................................. 66 7.3.3 Passagem da corda pelo rack......................................................................... 67 7.3.4 Passagem da corda pelo mosquetão (meia volta do fiel)............................... 68 7.3.5 Fixação do freio e travamento do mosquetão................................................. 69 7.3.6 Calçamento de luvas....................................................................................... 69 7.3.7 Conferência e alerta ao segurança................................................................. 69 7.3.8 Segurança....................................................................................................... 69 7.3.9 Execução do rapel.......................................................................................... 70 7.4 Travas................................................................................................................ 71 7.4.1 Trava do oito................................................................................................... 71 7.4.2 Trava do oito de resgate................................................................................. 73 7.4.3 Trava do rack.................................................................................................. 74 7.4.4 Trava do meia volta do fiel.............................................................................. 75 7.5 Variações do rapel............................................................................................. 75 7.5.1 Rapel positivo.................................................................................................. 75 7.5.2 Rapel negativo................................................................................................ 75 7.5.3 Rapel auto-assegurado................................................................................... 76 7.5.3.1 Auto-resgate................................................................................................. 76 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 7.5.4 Rapel guiado................................................................................................... 76 7.5.5 Rapel ejetável................................................................................................. 77 7.5.6 Rapel debreado.............................................................................................. 77 7.5.7 Rapel de helicóptero....................................................................................... 77 8. ASCENSÃO......................................................................................................... 80 8.1 Ascensão com aparelhos bloqueadores............................................................ 81 8.1.1 Montagem do sistema..................................................................................... 81 8.1.2 Execução........................................................................................................ 81 8.1.3 Descrição da técnica....................................................................................... 83 8.2 Ascensão com nós bloqueadores...................................................................... 84 8.2.1 Montagem do sistema e progressão vertical.................................................. 84 8.2.2 Execução........................................................................................................ 85 8.3 Recomendações importantes............................................................................ 86 8.4 Ascensão em estruturas metálicas.................................................................... 86 8.4.1 Operacionalização do sistema........................................................................ 86 8.4.2 Execução........................................................................................................ 88 8.5 Ascensão em árvores........................................................................................ 88 8.5.1 Ascensão com nós boca de lobo.................................................................... 88 8.5.2 Escalada direta............................................................................................... 90 9. VANTAGEM MECÂNICA..................................................................................... 91 9.1 Conceitos básicos de física................................................................................ 92 9.2 Polias................................................................................................................. 93 9.3 Montagem de sistemas de vantagem mecânica................................................ 94 9.3.1 Regra dos doze............................................................................................... 94 9.3.2 Ação de tração................................................................................................ 94 9.3.3 Sistema de captura de progresso................................................................... 94 9.4 Sistemas de vantagem mecânica...................................................................... 95 9.4.1 Sistema simples.............................................................................................. 95 9.4.1.1 Simples estendido........................................................................................ 95 9.4.1.2 Simples reduzido.......................................................................................... 96 9.4.1.3 Simples independente.................................................................................. 97 9.4.2 Sistema combinado......................................................................................... 97 9.4.3 Montagem prática de um sistema simples reduzido (3:1)............................... 98 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 10. TIROLESA......................................................................................................... 10.1 Potencial de estresse e falha do equipamento................................................ 101 102 10.2 Determinando a tensão da corda..................................................................... 102 10.3 Elementos da tirolesa....................................................................................... 103 10.3.1 Linha de sustentação.................................................................................... 103 10.3.2 Sistema de freio............................................................................................ 103 10.3.3 Sistema de recuperação............................................................................... 104 10.3.4 Carga............................................................................................................ 105 10.3.5 Utilização de cordas duplas.......................................................................... 105 10.4 Angulação da tirolesa....................................................................................... 105 11. SALVAMENTO................................................................................................... 106 11.1 Salvamento de vítimas sem trauma................................................................. 107 11.1.1 Vítima-bombeiro............................................................................................ 107 11.1.2 Bombeiro-vítima............................................................................................ 110 11.1.3 Resgate com freio fixo.................................................................................. 111 11.1.4 Transferência de linha.................................................................................. 112 11.1.5 Debreagem do sistema................................................................................. 115 11.2 Salvamento de vítimas com trauma................................................................. 115 11.2.1 Maca-cesto.................................................................................................... 116 11.2.1.1 Preparação da maca.................................................................................. 116 11.2.1.2 Preparação da vítima................................................................................. 118 11.2.1.3 Uso de corda guia...................................................................................... 121 11.2.1.4 Amarração para mudança de sentido de deslocamento............................ 121 11.2.1.5 Conferência prévia do material montado................................................... 121 11.2.2. SKED............ .............................................................................................. 122 11.2.2.1 Preparação da vítima................................................................................. 122 11.2.2.2 Encordamento............................................................................................ 123 11.2.2.3 Conferência prévia do material montado................................................... 123 11.2.3 Remoção vertical.......................................................................................... 124 11.2.4 Acompanhamento da maca por bombeiro.................................................... 124 11.2.5 Rapel com maca... ....................................................................................... 125 11.2.6 Tirolesa com maca........................................................................................ 126 11.2.7 Içamento de maca......................................................................................... 127
MSA
INTRODUÇÃO
Re zre—
MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 2 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 2 1.1 Breve histórico da atividade de salvamento em altura As atividades de salvamento foram realizadas desde os primórdios do bombeiro paulista e, em sua história, encontramos algumas referências a respeito. Em 1874, quando foi criada uma turma de bombeiros com dez homens egressos do Corpo de Bombeiros da Corte, foram adquiridos poucos materiais, dentre os quais um saco salva-vidas (o primeiro material para salvamento de que se tem notícia). Em 1924, com a denominação de Batalhão de Bombeiros Sapadores, o bombeiro é reequipado pelo Estado e, dentre os novos equipamentos, referencia-se a aquisição de uma “auto-escada pivotante Magyrus”. Em 1931, o Tenente Coronel Affonso Luiz Cianciulli assumiu o comando dos bombeiros e dedicou cuidados especiais ao serviço de salvação, implementando melhoramentos e invenções suas, como carretilhas de salvação, além de um carro especial para salvamento de pessoas caídas em poços. Em 1950, foi criada a Seção de Salvação que contou com equipamentos, instrução e efetivo próprios. Em 1964, após receber outras denominações, passou a chamar-se 4ª Companhia de Bombeiros, sob o comando do 1º Ten José Carnecina Martins, até 1969, quando assumiu o comando o 1º Ten Hélio Barbosa Caldas, havendo novo aumento de efetivo, aquisição de equipamentos e maior especialização dos homens nas áreas de educação física, mergulho, salvamento em altura e sobrevivência. A 8ª Companhia de Bombeiros (Salvamento) foi criada em 1973 e, em 1975, as 4ª e 8ª Cias passaram a ser denominadas 1º e 2º Grupamentos de Busca e Salvamento, através da Lei 616. Indubitavelmente, os grandes incêndios ocorridos na década de 70 representaram um divisor de águas na história do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, a partir dos quais importantes mudanças na legislação de prevenção, bem como, novos equipamentos e viaturas foram implementadas. Em 24 de fevereiro de 1972, ocorreu o catastrófico incêndio do Edifício Andraus, que atingiu 31 andares, ceifando 16 vidas e ferindo outras 375. Este foi o primeiro incêndio em que houve o emprego bem sucedido de helicópteros no salvamento de múltiplas vítimas. Em 1º de fevereiro de 1974, o incêndio no Edifício Joelma causou 189 mortes e 320 feridos. Desta vez, o emprego de aeronaves não foi bem sucedido como no incêndio do Edifício Andraus e muitas das vítimas sucumbiram no telhado, esperando resgate por helicópteros. MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 3 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 3 EDIFÍCIO ANDRAUS EDIFÍCIO JOELMA Em 14 de fevereiro de 1981, um grande incêndio irrompeu no Edifício Grande Avenida, ocasionando 17 vítimas fatais e 53 feridos. Uma das imagens que marcou este incêndio, foi a travessia de um bombeiro, através de uma corda, até uma vítima e seu casal de filhos para resgatá-los. Em 1996, tivemos o incêndio na favela de Heliópolis em que, mais uma vez, houve o acesso e remoção de vítimas através de helicóptero, além do uso da técnica de rapel nas operações de salvamento. EDIFÍCIO GRANDE AVENIDA FAVELA DE HELIÓPOLIS Até 1992, a especialização em salvamento em altura era realizada através do Estágio de Salvamento em Altura (ESA). Naquele ano, seu currículo foi reformulado e reconhecido perante a Diretoria de Ensino da PMESP, sendo instituído o Curso de Salvamento em Altura (CSAlt). Em 1998, a atividade de salvamento em altura sofreu mais uma importante evolução, a partir da introdução de novas técnicas, conceitos e equipamentos que, entretanto, não alcançaram todos os rincões do Estado, por conta de diferenças de condições materiais financeiras e de pessoal. MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 6 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 6 As cordas representam o elemento básico do salvamento em altura, tanto que encontramos diversas literaturas internacionais que utilizam a expressão “resgate com cordas” (rope rescue). Na maior parte das vezes, a corda representa a única via de acesso à vítima ou a única ligação do bombeiro a um local seguro, razão pela qual merece atenção e cuidados especiais. 2.1 Tipos de fibras As cordas são feitas de fibras naturais (algodão, juta, cânhamo, sisal, entre outras) ou sintéticas. Devido as características das fibras naturais, como a baixa resistência mecânica, sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas cordas de fibras sintéticas devem ser utilizadas em serviços de salvamento. Dentre as fibras sintéticas, destacamos: 2.1.1 Poliolefinas (polipropileno e polietileno): são fibras que não absorvem água e são empregadas quando a propriedade de flutuar é importante, como por exemplo, no salvamento aquático. Porém, estas fibras se degradam rapidamente com a luz solar e, devido a sua baixa resistência à abrasão, pequena resistência a suportar choques e baixo ponto de fusão, são contra-indicadas para operações de salvamento em altura (proibidas para trabalhos sob carga). 2.1.2 Poliéster: as fibras de poliéster têm alta resistência quando úmidas, ponto de fusão em torno de 250ºC, boa resistência à abrasão, aos raios ultra-violetas e a ácidos e outros produtos químicos, entretanto, não suportam forças de impacto ou cargas contínuas tão bem quanto as fibras de poliamida. São utilizadas em salvamento, misturadas com poliamida, em ambientes industriais. 2.1.3 Poliamida (nylon): boa resistência à abrasão, em torno de 10% mais resistente à tração do que o poliéster, mas perde de 10 a 15% de sua resistência quando úmido, recuperando-a ao secar. Excelente resistência a forças de impacto. Material indicado para cordas de salvamento em altura. 2.2 Construção da corda Para a construção de uma corda, as fibras podem ser torcidas, trançadas ou dispostas sob a forma de capa e alma. As cordas destinadas a serviços de salvamento possuem capa e alma. A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras e é MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 7 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 7 responsável por cerca de 80% da resistência da corda. A capa recobre a alma, protegendo-a contra a abrasão e outros agentes agressivos, respondendo pelos 20% restantes da resistência da corda. CAPA E ALMA 2.3 Cordas dinâmicas e cordas estáticas 2.3.1 Cordas dinâmicas São cordas de alto estiramento (elasticidade) usadas principalmente para fins esportivos na escalada em rocha ou gelo. Esta característica permite absorver o impacto, em caso de queda do escalador, sem transferir a ele a força de choque, evitando assim lesões. Sua alma é composta por um conjunto de fios e cordões torcidos em espiral, fechados por uma capa. CORDA DINÂMICA 2.3.2 Cordas estáticas São cordas de baixo estiramento (elasticidade) usadas em espeleologia, rapel, operações táticas, segurança industrial e salvamento, situações que o efeito “iô-iô” é contra- indicado e em que se desconsidera o risco de impacto por queda. Para tanto, os cordões da alma são paralelos entre si, ao contrário das dinâmicas, em que são torcidos. CORDA ESTÁTICA 2.4 Resistência da corda A resistência de uma corda é estabelecida como carga de ruptura. A corda deve ter uma carga de ruptura várias vezes maior do que a carga que irá suportar. Esta relação entre resistência e carga é conhecida como fator de segurança. O fator de segurança 5:1 é MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 8 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 8 considerado adequado para transportar equipamentos, mas insuficiente se vidas humanas dependem da resistência da corda, quando adotamos o fator de segurança 15:1. 2.5 Características das cordas de salvamento As cordas de salvamento são cordas estáticas com capa e alma e fibras de poliamida. De acordo com a norma NFPA-1983/2001, devem ter diâmetro de 12,5mm e carga de ruptura de 4000 kgf. 2.6 Cuidados com a corda As cordas são construídas para suportarem grandes cargas de tração, entretanto, são sensíveis a corpos e superfícies abrasivas ou cortantes, a produtos químicos e aos raios solares, por isso, atenção: Evite superfícies abrasivas, não pise, não arraste e nem permita que a corda fique em contato com quinas desprotegidas; Evite contato com areia (os pedriscos podem alojar-se entre as fibras, danificando- as); Evite contato com graxa, solventes, combustíveis, produtos químicos de uma forma geral; Evite que a corda fique pressionada (“mordida”); Não deixe a corda sob tensão por um período prolongado, nem tampouco utilize-a para rebocar um carro ou para qualquer outro uso, senão aquele para o qual foi destinada; e Deixe-a secar à sombra, em voltas frouxas, jamais ao sol, pois os raios ultravioletas danificam suas fibras. 2.7 Inspeção da corda A vida útil de uma corda não pode ser definida pelo tempo de uso. Ela depende de vários fatores como o grau de cuidado e manutenção, freqüência de uso, tipo de equipamentos com que foi empregada, velocidade de descida, tipo e intensidade da carga, abrasão física, degradação química, exposição a raios ultravioletas, entre outros. A avaliação das condições de uma corda depende da observação visual e tátil de sua integridade, bem como de seu histórico de uso. 2.7.1 Como inspecionar a corda ? Cheque a corda em todo seu comprimento e observe: MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 11 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 11 Ao final, retire dos ombros e forme um maço juntando as alças em “U” Realize um cote e faça voltas sucessivas até puxar uma alça pelo maço para realizar o arremate Envolva o maço com a alça, formando um nó boca de lobo Finalize realizando um ou dois nós boca de lobo envolvendo todo o maço MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 12 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 12 2.8.2 Acondicionamento de corda (dois bombeiros) Utilize o segundo bombeiro para recolher o chicote, realizando voltas sucessivas com a medida de dois braços do primeiro bombeiro Forme um maço juntando as alças em “U” e faça um cote para iniciar o arremate Cote em detalhe, para evitar que as alças escapem MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 13 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 13 Efetue voltas sucessivas e após, puxe uma alça pelo maço para o arremate, formando um nó boca de lobo Realize um ou dois nós boca de lobo para o arremate final 2.8.3 Acondicionamento em sacola de corda Realize um nó para o chicote não sair pelo furo do fundo da sacola Puxe o chicote travando a corda no nó Realize outro nó para não perder a sacola Ancore a sacola à cadeira e use o mosquetão como guia para acondicionar a corda Ao final, realize um nó de alça Corda acondicionada MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 16 3.1 Normalização As Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) existentes versam sobre equipamentos de proteção individual e proteção contra quedas, sob o enfoque da segurança do trabalho, cuja fabricação, em conformidade com essas normas, é indicada pelo Certificado de Aprovação (CA). Embora atendam suficientemente aos ambientes de trabalho, como os da construção civil e da indústria, não contemplam atividades esportivas ou de salvamento, para as quais são consideradas inadequadas, razão pela qual valemo- nos de normas internacionais de consenso para especificação e aquisição de equipamentos. 3.1.1 National Fire Protection Association A National Fire Protection Association (NFPA) é uma associação independente sediada em Massachussetes – EUA, destinada a promover a segurança contra incêndio e outras emergências. Dentre diversas normas, a NFPA - 1983 Standard on Fire Service Safety Rope and Systems Components, revisada em 2001, versa sobre equipamentos de salvamento em altura utilizados por bombeiros. Esta norma estabelece a classificação de equipamentos de uso pessoal e de uso geral (para duas pessoas, também chamadas “cargas de resgate”). Segundo a norma, a carga de uma pessoa é de 300 lbs (135kg) e a carga de resgate equivale a 600 lbs (270 kg), estes valores levam em conta o peso estimado de uma pessoa padrão mais os equipamentos de segurança. A NFPA não certifica equipamentos; a certificação é realizada por laboratórios de teste independentes e idôneos, como o Underwrites Laboratories (UL) ou o Safety Equipament Institute (SEI). 3.1.2 União Internacional de Associações de Alpinismo A União Internacional de Associações de Alpinismo (UIAA), sediada em Genebra – Suíça, estabelece normas para os equipamentos e a segurança dos montanhistas (de uso esportivo). 3.1.3. Outras normas Existem outras normas que tratam de equipamentos para atividades em altura, como as EN (Normas Européias), cuja fabricação nessa conformidade, é indicada por um número e pela chancela CE, que significa estar “conforme especificações”. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 16 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 17 3.2 Conectores metálicos 3.2.1 Malha rápida Elo metálico com uma porca sextavada que rosqueia ambas as extremidades do anel, fechando-o, com a característica de suportar esforços em quaisquer direções. MALHA RÁPIDA 3.2.2 Mosquetão Peça presilha que tem múltiplas aplicações, como facilitar trabalhos de ancoragens, unir a cadeira ao equipamento de freio, servir de freio ou dar segurança através do nó meia volta de fiel, entre outras. O tipo, o formato e o material variam de acordo com a destinação e uso. Existem mosquetões sem trava, com trava e com trava automática, feitos em diversos materiais como aço carbono, alumínio, aço inox e em vários formatos. MOSQUETÃO DE ALUMÍNIO MOSQUETÃO DE AÇO ASSIMÉTRICO MOSQUETÃO DE AÇO FORMATO “D” MOSQUETÃO DE TRAVA AUTOMÁTICA MOSQUETÃO OVAL MOSQUETÃO SEM TRAVA (uso esportivo) COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 17 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 18 É dividido nas seguintes partes: dorso ou espinha (1), dobradiça (2), gatilho (3), trava (4) e bloqueio ou nariz (5). PARTES DO MOSQUETÃO Os mosquetões são desenhados para suportarem carga unidirecional ao longo do dorso com a trava fechada. OS MOSQUETÕES SÃO DESENHADOS PARA SUPORTAREM CARGA UNIDIRECIONAL, AO LONGO DO DORSO E COM A TRAVA FECHADA. Os mosquetões usados em esporte são concebidos para serem bastante leves e compactos, alguns mosquetões utilizados em escalada podem ser abertos mesmo com carga. Ao contrário, mosquetões para salvamento não devem ser abertos com carga, devem suportar cargas mais elevadas e ter maior abertura para utilização conjunta com outros equipamentos e para prender macas ou estruturas de grande diâmetro ou espessura. A NFPA prevê mosquetões de uso geral com trava, em aço e com resistência nominal de 4000Kgf. Mosquetões de uso esportivo (de alumínio, por exemplo) também podem ser utilizados em serviços de salvamento, no entanto, em condições de menor esforço ou carga, como em ancoragens auxiliares, auto-seguros ou linhas de segurança. Ao inspecionar o mosquetão, observe toda sua estrutura procurando detectar deformidades, amassamentos ou trincas. Observe ainda o alinhamento entre o bloqueio e o corpo do mosquetão e a tensão da mola da dobradiça. Outrossim, qualquer material metálico que sofra uma queda importante, deve ser descartado. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 18 1 2 3 5 4 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 21 de trava em função das orelhas, além de facilitar a conecção da vítima ao freio, através do orifício central. 3.6.2 Rack Descensor linear metálico com barretes móveis em alumínio maciço ou aço inox que apresenta as vantagens de não torcer a corda, não necessitar ser desclipado da ancoragem para a passagem da corda, dissipando melhor o calor e permitindo a graduação do atrito da corda ao freio durante sua utilização (à medida em que são aumentados ou diminuídos os barretes). RACK 3.7 Bloqueadores mecânicos Aparelhos aplicados à corda que permitem o travamento (bloqueio), sob carga, em uma única direção, utilizados para ascensão, para auxílio em sistemas de segurança ou de vantagem mecânica. 3.7.1 Bloqueador estrutural (rescucender) Aparelho que possui uma canaleta fechada, por onde a corda desliza, e uma cunha excêntrica que pressiona a corda, prensando-a contra a canaleta e travando-a. Para a montagem do bloqueador, é necessário desengatar um pino removível, desmontando a aparelho em três peças para a passagem da corda, observando-se a correta montagem e direcionamento, de acordo com o sentido de travamento desejado. Deve-se atentar para o risco de perda da cunha em virtude do rompimento do cabo que une o corpo do bloqueador à peça, o que comumente ocorre após muito tempo de utilização. RESCUCENDER COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 21 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 22 3.7.2 Ascensor de punho Bloqueador dotado de uma canaleta aberta na lateral e de uma cunha dentada que pressiona a corda contra a canaleta por ação de uma mola, além de uma manopla para empunhadura. Cada aparelho é operado por uma das mãos, formando-se o par (direito e esquerdo). ASCENSORES DE PUNHO 3.8 Placa de ancoragem Placa metálica que facilita a distribuição de várias linhas de ancoragem, distribuindo os esforços e facilitando a visualização, organização e manipulação dos equipamentos empregados, também utilizadas na preparação de macas, para convergência dos tirantes, ancoragem ao sistema e conecção do bombeiro e da vítima. PLACAS DE ANCORAGEM 3.9 Cadeira de salvamento Cintos, em diversos modelos, formados por fitas, fivelas e alças que envolvem a cintura e as pernas, com pelo menos um ponto de ancoragem na cintura, podendo ou não ter outros pontos de ancoragem (pontos estruturais) e possuir suspensórios ou peitorais, de acordo com sua destinação. Existem modelos para uso esportivo e para uso profissional (salvamento). As cadeiras para salvamento reúnem características específicas como fitas largas e acolchoadas (prevendo-se a possibilidade da permanência dependurado por um longo tempo, durante uma operação de salvamento), além de, no mínimo, dois pontos estruturais, na parte anterior e posterior da cintura. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 22 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 23 CADEIRA ESPORTIVA CADEIRA DE SALVAMENTO Os pontos de ancoragem são feitos por anéis metálicos em “D”, com resistência de 22 kN, com ou sem alça de fita de segurança. Pode ser utilizada com peitoral avulso ou que seja parte integrante da cadeira. Nesses casos, há pontos de ancoragem na altura do osso esterno e na região dorsal, podendo ainda haver pontos de fixação em “V” sobre os ombros. Cadeiras com estas características são indicadas para trabalhos em espaço confinado, ascensão em cordas e salvamento aquático. CADEIRAS CLASSE I, II E III A NFPA-1983 (edição 2001) classifica as cadeiras de salvamento em três classes: - Classe I – cintos que se ajustam em torno da cintura e em torno das coxas, e são desenhados para fuga de emergência com carga de apenas uma pessoa; - Classe II – cintos que se ajustam em torno da cintura e em torno das coxas dimensionados para carga de salvamento; e - Classe III – cintos que além de ajustarem-se em torno da cintura e coxas, ajustam- se ao tronco através de peitoral ou suspensório. Ao utilizar cadeiras, especial atenção deve ser tomada quanto aos pontos de ancoragem (pontos estruturais) daquele modelo, de modo que não sejam confundidos com os porta-objetos, impróprios para quaisquer ancoragens. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 23 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 26 POLIAS SIMPLES E DUPLAS POLIAS DE BASE CHATA POLIA PASSA-NÓ 3.13 Capacete Equipamento de proteção individual que deve ser leve, proporcionar bom campo visual e auditivo, possuir aberturas de ventilação e escape de água (importante para trabalhos em locais com água corrente), suportes para encaixe de lanternas de cabeça e, principalmente, boa resistência e amortecimento contra impactos, além de uma firme fixação à cabeça, através de ajuste à circunferência do crânio e da jugular. Assim como os demais equipamentos de segurança, deve ser inspecionado constantemente, observando-se trincas e deformidades, os sistemas de ajuste à cabeça, assim como as condições de fivelas e velcros. O capacete constitui um equipamento de uso obrigatório e na falta de um modelo específico para trabalho em altura, pode ser substituído pelo capacete Gallet, que reúne níveis de proteção iguais ou superiores contra impacto, tendo por desvantagem a diminuição do campo visual e auditivo e não possuir aberturas de ventilação e de drenagem de água. CAPACETE 3.14 Luvas Confeccionadas em vaqueta e com reforço na palma, as luvas para salvamento em altura devem proteger as mãos da abrasão e do aquecimento das peças metálicas, devendo oferecer boa mobilidade e ajuste às mãos. LUVAS COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 26 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 27 3.15 Estribo Escada de fita utilizada normalmente pelo bombeiro que acompanha a maca, possibilitando um curto deslocamento abaixo e acima da vítima ou para facilitar o acesso a vãos. ESTRIBO 3.16 Macas Em casos de transposição de obstáculos, em terrenos acidentados ou em deslocamento de vítimas de trauma para locais de acesso às viaturas, equipe médica ou helicóptero, podemos recorrer à utilização de uma maca, com a finalidade de facilitar o transporte, proteger a vítima e, desta forma, otimizar seu atendimento. Dentre os modelos de macas em uso no CB, destacamos: 3.16.1 Maca-cesto: Confeccionada em aço tubular em todo seu perímetro e por material plástico (PVC) nas partes que envolvem a vítima, podendo ser inteiriça ou em duas partes acopláveis. Ao inspecioná-la, deve-se atentar para a integridade estrutural da maca, conferindo-se, ainda, as condições dos quatro tirantes de fixação da vítima e suas fivelas, a base de apoio para os pés, os pinos de travamento da maca (que garantem o seu acoplamento seguro) e as condições da corda que costura lateralmente a maca. MACA-CESTO 3.16.2 SKED: COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 27 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 28 Sistema compacto de maca constituído por uma folha plástica altamente resistente, acompanhada por uma mochila e acessórios que conferem ao equipamento leveza, praticidade e funcionalidade. Não proporciona imobilização dorsal, razão pela qual deve ser utilizada prancha longa. Para movimentações na horizontal, dispõe de dois tirantes reforçados de nylon com capacidade para suportar 1725 kg cada um. O tirante a ser utilizado na região do tronco da vítima é 10 cm menor do que o da região das pernas, devendo ser observada esta disposição no momento do uso. Ao inspecioná-la, verifique suas condições estruturais, especialmente quanto a abrasões ou cortes, estado das fitas, alças de transporte e fivelas de fechamento e ajuste, bem como, o estado de conservação de seus acessórios: 01 mosquetão em aço grande para salvamento (com certificação NFPA), 01 corda de 20m, 02 fitas de nylon para içamento em dois tamanhos, 01 suporte para os pés, 04 alças adicionais pequenas para transporte. MACA SKED E ACESSÓRIOS COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 28 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 33 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 33 4.2.3 Oito duplo Utilizado para encordamento, mais resistente que o volta de fiel, em que obtemos uma alça fixa. OITO DUPLO Execução: (pelo seio) com a corda dupla, forme o anel e passe então a alça pelo anel no mesmo sentido em que foi formado OU (pelo chicote) com a corda simples, faça um anel, envolvendo-o com o chicote e passando por ele no mesmo sentido (volta do fiador), envolva o objeto com o chicote, e retorne-o seguindo o caminho inverso da corda par formar o nó. 4.2.4 Nove Ideal para suportar cargas, confecciona-se pelo seio, dando uma volta a mais que o oito duplo, antes de passar a alça pelo cote inicial. Eficiência : 70% NOVE 4.2.5 Sete Utilizado para unir uma corda fixa a outra ancoragem intermediária. Para direcioná-lo do sentido desejado, deve-se orientar o cote inicial na direção oposta MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 34 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 34 SETE 4.2.6 Oito duplo de alças duplas Também chamado mickey ou coelho, realiza-se partindo-se do oito duplo podemos chegar ao coelho, inserindo a alça dobrada pela laçada e englobando todo o nó com esta mesma alça. Mais resistente, pode ter suas alças com comprimento regulável e usadas juntas ou separadamente. Eficiência : 82% OITO DUPLO DE ALÇAS DUPLAS MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 35 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 35 4.2.7 Borboleta Nó realizado no meio da corda para obter-se uma alça a partir da qual possa partir uma outra linha ou ancoragem. BORBOLETA 4.2.8 Direito Nó para emenda de cordas de mesma bitola. Atente para não realizar o nó torto nem o esquerdo. Pode ser feito pelo seio ou pelos chicotes. DIREITO 4.2.9 Pescador duplo Permite a emenda de cordas, sendo comumente utilizado para fechamento de cordins. Embora possa ser simples ou duplo, em salvamento utiliza-se somente o pescador duplo. Eficiência : 79% MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 38 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 38 NÓ DE MULA 4.2.14 Prussik Possui a característica de, submetido a tensão, bloquear ou travar e, aliviada a tensão, ficar livre. Pode ser aplicado em cordas de maior diâmetro ou superfícies cilíndricas . PELO SEIO PELO CHICOTE Execução: (pelo seio) passe a alça por dentro da alça que envolve o objeto pelo menos duas vezes, de forma que os chicotes terminem unidos e paralelos entre si OU (pelo chicote) dê ao menos duas voltas com o chicote em torno do objeto, no mesmo sentido (de MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 39 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 39 dentro para fora), cruze-o à frente da corda e dê o mesmo número de voltas no mesmo sentido (agora, de fora para dentro). 4.2.15 Belonesi Nó bloqueador unidirecional para ser realizado em cordas do mesmo diâmetro a partir do chicote. BELONESI 4.3 Cadeiras 4.3.1 Balso pelo seio Realizado a partir de uma azelha, posiciona-se a alça sobre o nó, desfazendo uma das voltas, formando-se a cadeira. BALSO PELO SEIO 4.3.2 Balso de calafate O balso de calafate é feito a partir do lais de guia de forma a passar o chicote uma outra vez pelo cote inicial, formando outra alça para a perna. Tem a vantagem de poder ser feito junto ao corpo da vítima, sem que ela precise “vestir” o balso. MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 40 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 40 BALSO DE CALAFATE 4.3.3 Arremate no tórax MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 43 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 43 Pelo chicote Pelo seio 4.4.2 Volta da ribeira Nó de correr, utilizado em superfícies cilíndricas, em cortes de árvore, por exemplo. VOLTA DA RIBEIRA 4.4.3 Escota Nó para emenda de cordas de diâmetros diferentes. O de menor diâmetro “costura” o de maior. Utilizado para emendas sem carga, por exemplo, na transposição ou içamento de uma corda. ESCOTA SIMPLES MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 44 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 44 ESCOTA DUPLA 4.4.4 Lais de guia Nó que possibilita a formação de uma alça fixa. Pode ser utilizado para a fixação de uma corda guia a uma maca, assim como, a partir do lais de guia, inicia-se o balso de calafate. Execução: faça um anel e passe o chicote por ele, costurando o vivo e retornando pelo anel. LAIS DE GUIA 4 MSA NÓS MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 47 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 47 superior à resistência de qualquer outro componente do sistema de ancoragem e, a seu respeito, não paira qualquer dúvida sobre sua resistência. Ao encontrarmos um “ponto- bomba”, partiremos para a confecção de uma ancoragem simples utilizando fitas tubulares, mosquetão, cordins e cordas. ANCORAGEM SIMPLES 5.3 Equalização Em situações em que não haja um ponto único suficientemente seguro (PAB) ou em que o posicionamento do ponto existente seja desfavorável ao local em que desejamos que nossa linha de trabalho seja direcionada, podemos lançar mão da equalização. A técnica da equalização consiste em dividir, em partes iguais, a carga sustentada pelo sistema entre os pontos de ancoragem. Para isso, devemos obedecer algumas regras: • Escolha pontos preferencialmente alinhados (paralelos) entre si; • O ângulo formado pela equalização deverá respeitar o limite de 90º, evitando sobrecarga sobre os pontos de ancoragem; • A equalização deverá ser sempre auto-ajustável; e • Para proporcionar segurança em caso de falência de um dos pontos de ancoragem, é necessária a confecção de um cote de segurança. Pode ter a forma de V ou M sendo essencial que seja observado o ângulo máximo de 90º entre as linhas de ancoragem. Quanto maior o ângulo formado, maior a possibilidade da ancoragem entrar em colapso, pois aumentará exponencialmente a sobrecarga nos pontos de fixação, tendendo ao infinito. MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 48 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 48 Observe: pontos paralelos, cote de segurança, ancoragem simples AUTO AJUSTÁVEL USE AS FITAS ADEQUADAMENTE OBSERVE OS ÂNGULOS FORMADOS OBSERVE O ÂNGULO MÁXIMO DE 90º MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 49 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 49 5.4 “Back-up” O termo “back-up” diz respeito a uma segunda segurança, que pode visar o ponto de ancoragem ou o equipamento. É utilizado para garantir a segurança de todo o sistema. Para realização do “back-up” como segundo ponto de ancoragem, algumas regras devem ser observadas: • Os pontos devem estar preferencialmente alinhados; • O ponto secundário de ancoragem (“back-up”) não deve receber carga e somente será utilizado em caso de falência do ponto principal; • Não deverá haver folga entre os dois pontos de ancoragem, para evitar o aumento da força de choque em caso de rompimento do ponto principal; e • O “back-up” sempre deverá ser mais forte e resistente do que o principal. Levando-se em conta as regras apresentadas, para que o “back-up” cumpra seu papel com eficiência, podemos nos deparar com duas situações: 1. Ponto principal abaixo do ponto secundário (“back-up”); ou 2. Ponto principal acima do ponto secundário. PONTO PRINCIPAL ABAIXO DO PONTO SECUNDÁRIO Definido como Back-up por ser o mais resistente Ponto principal ERRADO ! Qualquer folga pode aumentar a força de choque em caso de ruptura do ponto principal, possibilitando então, uma sobrecarga no ponto secundário ou de segurança MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 52 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 52 5.5.5 Montagem de ancoragem simples Utilizando-se de mosquetão, cordins e fita tubular. USO DE CORDINS, FITAS E MOSQUETÕES POSICIONE O MAIOR CORDIM À FRENTE PRUSSIQUE A CORDA COM TRÊS VOLTAS POSICIONE O CORDIM MENOR EFETUE O SEGUNDO PRUSSIK CLIPE O MOSQUETÃO AOS CORDINS MANTENHA AMBOS TENSIONADOS FAÇA UM OITO DUPLO COM A CORDA CLIPE O MOSQUETÃO À CORDA TRAVE O MOSQUETÃO Par de cordins PAB Oito duplo Mosquetão Fita MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 53 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 53 5.6 Improvisações Os pontos ou dispositivos de ancoragem podem ser criados de forma criativa e segura para suprir uma necessidade, através da construção deles ou da utilização de meios de fortuna. 5.6.1 Uso de escada portáteis As escadas podem ser utilizadas em condições excepcionais para criação de pontos de ancoragem, observando-se os seguintes cuidados: adotar medidas para sua estabilização, dividir os esforços entre os banzos (ao invés de utilizar degraus), adotar um “back-up”. TRIPÉ 5.6.2 Ancoragem humana Utilizando-se homens como ponto de ancoragem, adotam-se os princípios relativos à equalização, devendo-se ainda observar o limite de carga e o posicionamento estável dos homens que dividirão o esforço, a diminuição da silhueta e do ponto de gravidade dos mesmos. ANCORAGEM HUMANA MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 54 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 54 5.6.3 Meios de fortuna Mobiliários e outros objetos podem ser utilizados como pontos de ancoragem em situações extremas, devendo-se antes, porém, atentar para sua resistência física e robustez, protegê-los adequadamente e adotar obrigatoriamente ancoragens adicionais de segurança (back-up). UTILIZE SEMPRE UM BACK UP ! MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 57 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 57 6.1 Princípios gerais de segurança 6.1.1 Conceitos Mentais - Se estiver extenuado, não realize trabalhos envolvendo altura, outro integrante da guarnição poderá executar o serviço; - Nervosismo e intranqüilidade atrapalham. Pare e tranqüiliza-se para a execução do serviço ou solicite a outro integrante da guarnição para realizá-lo; - Solicite ajuda sempre que necessitar, não espere que a situação se agrave; - Todos nós cometemos erros, portanto, devemos ser acompanhados e ter nossos procedimentos checados, isto vale até para os bombeiros mais experientes; - A prática e o treinamento constante aumentam a segurança e reduzem drasticamente a possibilidade de erros em situações de emergência. 6.1.2 Conceitos Físicos - Instale linhas de segurança ou linhas da vida. Todos os bombeiros próximos ao local da emergência devem estar ancorados; - Utilize sempre o EPI completo: capacete, cadeira, luvas e dois auto-seguros; - Cheque constantemente todo o equipamento; - Utilize sistemas redundantes, como por exemplo, mais de uma ancoragem. 6.1.3 Conceitos de equipe Determine um integrante da equipe ou do grupo de treinamento para revisar e fazer cumprir todos os procedimentos de segurança. Esta função deve ser passada para um integrante da equipe que possua boa experiência e que não seja o comandante, pois este estará preocupado com a estratégia, tática e segurança da operação como um todo. 6.1.4 Conceitos de prioridade Muitos bombeiros durante o atendimento à emergências, ignoram sua própria segurança em detrimento da segurança da vítima. Primeiro cheque sua segurança e tenha certeza de que está realizando uma manobra segura, revise a segurança dos outros integrantes da equipe e só então inicie o acesso, imobilização e remoção da vítima. “NÃO PODEMOS NOS TORNAR MAIS UMA VÍTIMA NA OCORRÊNCIA !” MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 58 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 58 Antes de iniciar qualquer serviço devemos nos perguntar se a ocorrência se trata de um salvamento ou de uma recuperação. Não é prudente colocar um integrante da equipe de salvamento em risco para recuperar um corpo, pode ser melhor esperar até que o local esteja mais seguro, esperar a chegada de equipamentos mais apropriados ou a chegada de equipes de apoio ou especializadas. 6.2 Sistemas de segurança Os sistemas de segurança em serviços de salvamento em altura focam, basicamente, a proteção contra quedas. Para melhor compreensão, faz-se necessária a apresentação de dois conceitos básicos: a força de choque e o fator de queda. 6.2.1 Força de choque É a força transmitida ao bombeiro durante a retenção de sua queda. Ao cair, o bombeiro acumula energia cinética que aumentará quanto maior for a altura de sua queda. A corda, as ancoragens, o sistema de freio e o segurança absorverão parte dessa força, porém, a força absorvida pelo bombeiro que sofreu a queda não pode chegar a 12KN, limite máximo que o corpo humano suporta. Para reduzir a força de choque, em uma queda assegurada, devemos adotar medidas visando diminuir o fator de queda. 6.2.2 Fator de queda Fator de queda é o valor numérico resultante da relação entre a distância de queda pelo comprimento da corda utilizada. Como visto anteriormente, todos os componentes do sistema e, principalmente a corda, absorverão parte da força de choque. Exceto em progressões do tipo “via ferrata” , o fator de queda máximo possível será o fator 2, pois a altura da queda não pode ser superior a duas vezes o comprimento da corda. FATOR QUEDA = DISTÂNCIA DA QUEDA (metros) COMPRIMENTO DA CORDA (metros) Mantenha a ancoragem de segurança acima da linha da cintura ou da cabeça, preferencialmente, para reduzir o fator de queda. MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 59 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 59 QUEDA CONTROLADA RISCO À SAÚDE ! O bombeiro escalou 8 metros, portanto, usou 8 metros de corda O bombeiro teve uma queda de 4 metros Bombeiro realizando a segurança de outro integrante da equipe enquanto escala uma encosta, estrutura ou edificação FQueda = Metros de queda Metros de corda = 4 / 8 FATOR DE QUEDA = 0,5 O bombeiro escalou 2 metros, portanto, usou 2 metros de corda O bombeiro teve uma queda de 4 metros Bombeiro realizando a segurança de outro integrante da equipe enquanto escala uma encosta, estrutura ou edificação FQueda = Metros de queda Metros de corda = 4 / 2 FATOR DE QUEDA = 2 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 62 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 62 efetua a escalada progredindo de modo a ir fixando pontos de ancoragem intermediários, utilizando costuras e mosquetões, por onde a corda passará. PROGRESSÃO ASSISTIDA Após a fixação de uma corda de segurança ao topo da estrutura, outros bombeiros poderão progredir utilizando o auto-seguro e um bloqueador como trava-quedas. 6.4 Procedimentos práticos de segurança Utilize o EPI completo; Esteja sempre ancorado; Mantenha todos os objetos presos a sua cadeira; Confira todo o sistema montado antes de utilizá-lo e peça para um terceiro também conferir (inclusive sua cadeira); Esteja preparado para a possibilidade de precisar auto resgatar-se; Utilize os equipamentos para a finalidade para os quais foram projetados; Inspecione os equipamentos sistemática e periodicamente; Treine constantemente, não só você, como a equipe. De tudo o que foi exposto, convém destacar: - Treinamento específico e familiarização com equipamento são fundamentais para diminuir riscos de acidentes; MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 63 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 63 - A sua segurança e a dos bombeiros que estão trabalhando no local da emergência são importantíssimas, pois de nada poderão ajudar caso se tornem vítimas, pelo contrário, ocuparão mais pessoal e material; - Nunca ignore ou menospreze procedimentos de segurança; - Inspecione o material antes e depois do uso; - Tenha tranqüilidade e calma na execução de manobras e técnicas, a pressa pode conduzi-lo a erros; - Realize sempre um planejamento da ação a ser executada prevendo materiais e equipamentos, pessoal necessário, trajeto a ser executado, proteções e procedimentos de segurança; - Avalie sempre o binômio RISCO X BENEFÍCIO para chegar a um equilíbrio; - Utilize sempre sistemas simples e seguros, lembre-se M.I.S.S “Mantenha Isto Simples e Seguro”. 7 MSA RAPEL MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 67 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 67 Finalize a laçada ajustando-a ao oito Retire o oito do mosquetão para reposicioná-lo Gire o oito 180º em sua direção Clipe o olhal menor ao mosquetão para então travá-lo 7.3.3 Passagem da corda pelo rack Libere as barras e entrelace a corda sucessivamente por cima e por baixo, observando-se as canaletas existentes nos dois primeiros cilindros, que servem de guia na colocação da corda. Esteja atento para que a barra maior fique do mesmo lado da mão de comando da descida. Clipe o rack à cadeira e em seguida, abra as barras para passagem da corda MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 68 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 68 Inicie a passagem da corda observando o sulco existente nas barras Envolva as barras, alternadamente, no sentido de travamento delas Quanto maior o número de barras, maior o atrito e menor a velocidade de descida 7.3.4 Passagem da corda pelo mosquetão (meia volta do fiel) MEIA VOLTA DO FIEL CHICOTE MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 69 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 69 O mosquetão pode ser utilizado como freio através do nó meia volta do fiel . 7.3.5 Fixação do freio e travamento do mosquetão Após a passagem da corda pelo freio, fixe-o à cadeira fechando e travando o mosquetão, atentando para apenas girar a rosca da trava até encostá-la, sem aplicar força. No caso do rack, ele já estará anteriormente conectado à cadeira através do mosquetão, pois sua configuração permite a passagem da corda sem que seja necessário desclipá-lo da cadeira. 7.3.6 Calçamento das luvas O último passo da equipagem é o calçamento das luvas, sua utilização antes comprometerá seu tato e maneabilidade. 7.3.7 Conferência e alerta ao segurança Após completar a equipagem, cheque passo a passo cada ação repetindo em voz alta: Corda no oito ! Oito no mosquetão ! Mosquetão travado ! Luvas calçadas ! Segurança ! 7.3.8 Segurança Do solo, outro homem poderá dar segurança ao rapel. Para tanto, deverá manter-se com as mãos à altura do tronco, sem luvas e olhando atentamente para cima, bastando tesar a corda para, em qualquer eventualidade, interromper a descida e, se for o caso, assumir o comando. SEGURANÇA DE SOLO Mãos à altura do tronco Olhar atento para cima MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 72 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 72 Com o chicote tesado, passe-o à mão de apoio Posicione o chicote entre o vivo e o oito Puxe o chicote para baixo, travando-o Passe uma alça pelo mosquetão Puxe o suficiente para realizar outra trava Posicione o chicote entre o vivo e o oito Puxe novamente para baixo realizando a última trava A trava do oito está concluída MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 73 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 73 7.4.2 Trava do oito de resgate Após realizar a primeira trava, conforme anteriormente descrito, ao invés de passar o chicote pelo mosquetão, passe-o pelas orelhas para então executar a segunda trava, finalizando o procedimento. Eleve a mão de comando mantendo a corda tesada Efetue a 1ª trava Primeira trava em detalhe (vista pelo bombeiro) Envolva as orelhas do oito com o chicote Passe novamente o chicote entre o vivo e o oito Segunda trava em detalhe (vista pelo bombeiro) MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 74 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 74 7.4.3 Trava do rack Para realizar a trava com o rack, passe o chicote pelo primeiro barrete e, em seguida, passe uma alça por dentro do mosquetão, arrematando o vivo com um pescador simples, acima do freio. Tese o chicote, passando-o pelo primeiro barrete Passe uma alça por dentro do mosquetão Efetue o arremate fazendo um pescador simples sobre o vivo MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 77 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 77 7.5.5 Rapel ejetável Esta técnica diz respeito à forma de ancoragem que permite a recuperação da corda. Utiliza-se este método em situações em que seja necessário recolher a corda para utilizá-la em um outro lance de descida ou porque não seja razoável deixá-la no local, (empregada em ambientes rurais e em cortes de árvore, por exemplo). Para este tipo de rapel, deve-se permear a corda, fazer uma alça com um oito duplo ou nove em um dos chicotes e fixar um mosquetão. Envolva então o ponto de ancoragem e clipe o outro chicote por dentro do mosquetão. Ao término da descida, que deverá ser feita pelo chicote contrário ao que foi feito o "nó", recolha o outro chicote. 7.5.6 Rapel debreado Esta técnica refere-se a um tipo de ancoragem com um nó dinâmico (meia volta do fiel), utilizada para gerenciamento de atrito, ou seja, em ambientes, normalmente rurais, em que não seja possível proteger a corda em toda sua extensão, executa-se uma ancoragem em um mosquetão com uma meia volta do fiel, bloqueado por nó de mula e arremate com pescador simples, liberando-se um metro a cada descida. Desta forma a possibilidade de sobrecarga de um único ponto é reduzida. 7.5.7 Rapel de helicóptero Primeiramente, é necessário destacar algumas normas de segurança para operações com aeronaves (helicóptero) : - Jamais aproxime-se da aeronave pelo rotor (cauda); - Desembarcado, mantenha-se sempre sob visão do piloto; - Esteja com o capacete firmemente preso à cabeça; - Aguarde o comando do piloto para embarcar na aeronave; - Equipe-se para o rapel; - Afivele-se ao cinto de segurança da aeronave; e - Aguarde a indicação do tripulante para iniciar o rapel. Os bombeiros deverão descer um de cada lado, em sincronismo, para evitar a desestabilização da aeronave. Aquele que sai com o chicote pela sua própria mão de MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 78 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 78 comando (destro, saindo pelo lado direito da aeronave) tem sua saída favorável, bastando projetar-se para o lado externo da aeronave. No entanto, o bombeiro que sai pelo lado oposto à mão de comando (o destro, que sai do lado esquerdo da aeronave), deverá, após a passagem da corda pelo oito, ter a cautela de passar o chicote por baixo de suas pernas, para evitar que ocorra a trava do oito . Para posicionar-se no esqui da aeronave, a mão de comando já deve estar sob a coxa, mantendo a corda tesada. Coloca-se o pé sobre o apoio intermediário do esqui e simultaneamente faz-se uma rotação de 90º, para em seguida colocar o outro pé diretamente no esqui, ficando de frente para a aeronave. Já sobre o esqui, deve-se manter uma abertura suficiente entre as pernas para dar estabilidade ao bombeiro. Estando prontos, ambos deverão pagar corda até que pernas fiquem paralelas ao solo para, simultaneamente, continuarem a descida flexionando os joelhos, até estarem abaixo da aeronave, efetuando um pêndulo. Após a inversão, deverão tirar os pés dos esquis da aeronave para então iniciarem a descida, em rapel negativo, de forma contínua e sem freadas súbitas (trancos). Todos as ações devem ser simultâneas e sincronizadas, de modo que ambos toquem o solo ao mesmo instante. Posicionamento para o início da manobra Mantenha a mão de comando posicionada Inicie a descida acompanhando os movimentos do outro bombeiro Inverta para não bater a cabeça contra o esqui quando perder o apoio MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 79 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 79 Prepare-se para o iniciar o rapel negativo Desça suave e continuamente (Imagens realizadas em um simulador) MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 82 4º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se desconecte da corda durante a operação; 5º Passo: coloque o aparelho superior na corda; 6º Passo: conecte o mosquetão do outro auto-seguro no olhal apropriado da parte inferior do ascensor (feche o gatilho e trave o mosquetão); 7º Passo: ajuste a pedaleira; 8º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se desconecte aleatoriamente da corda durante a operação; 9º Passo: verifique se todos os mosquetões estão fechados e travados corretamente; 10º Passo: posicione os ascensores o mais alto possível na corda; 11º Passo: sente-se na cadeira de salvamento e posicione os pés nas respectivas pedaleiras, verificando os ajustes (as pernas não deverão estar completamente estendidas, pois a subida não será eficiente). Bombeiro equipado Conecte o ascensor Conecte o auto-seguro e ajuste a pedaleira Conecte o mosquetão auxiliar COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 82 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 83 Instale o outro ascensor Conecte o auto-seguro e ajuste a pedaleira Conecte o mosquetão auxiliar Eleve os ascensores e verifique os ajustes 8.1.3 Descrição da técnica (progressão vertical) 1º Passo: progressão na corda. Quando o ascensor superior estiver sendo elevado, o bombeiro deverá aliviar o peso da respectiva pedaleira, apoiando o peso de seu corpo no outro ascensor (projetar o corpo para cima, apoiando-se por completo na perna oposta, isto é, apoiando-se na pedaleira do ascensor oposto); 2º Passo: elevar o ascensor inferior, observando o mesmo gesto motor de apoiar-se na pedaleira do ascensor oposto (o superior) e aliviar a perna do ascensor que estiver sendo levado para cima. Progredir; 3º Passo: chegada. Na parada para saída do sistema, sempre deverá haver uma fita ou auto-seguro para que o bombeiro possa ancorar-se e realizar a saída da corda com segurança. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 83 MSA – SALVAMENTO EM ALTURA 84 MOVIMENTAÇÃO ALTERNADA DE MEMBROS PARA ASCENSÃO 8.2 Ascensão com nós bloqueadores Preferencialmente, deve-se executar uma ascensão com uso de aparelhos específicos, pois o bombeiro poderá ter maior agilidade, e eficácia. No entanto, quando não se dispõe dos ascensores, os nós que bloqueiam a corda podem ser uma boa alternativa técnica, como o prussik, marchard ou a ascensão com o nó belonesi e cabo da vida. Neste manual, será apresentada a ascensão com o prussik. Os equipamentos individuais necessários são : capacete, cadeira de salvamento, dois auto-seguros, dois mosquetões (um para cada auto), um par de luvas e um par de cordins . 8.2.1 Montagem do sistema e progressão vertical O tamanho da pedaleira (feita a partir da união de dois cordins ou de um cordim a uma fita) dependerá do biotipo do bombeiro. O comprimento do cordim superior deve permitir que depois de aplicado o nó prussik na corda de subida e conectado a alça do cordim no mosquetão da cadeira, o bombeiro tenha à frente de seu rosto o nó, após estar colocado no sistema (sentado na cadeira de salvamento). A pedaleira, depois de aplicada à corda, deverá permitir que o bombeiro possa posicionar o pé para apoio ou ambos os pés. Instalação dos cordins Dois pontos de fixação à cadeira COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 84