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Guias e Dicas
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Teoria Geral do Turismo: Material Didático, Manuais, Projetos, Pesquisas de Turismo

Material didático do curso de Turismo.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2011
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Compartilhado em 22/07/2011

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Baixe Teoria Geral do Turismo: Material Didático e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Turismo, somente na Docsity! Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2007 Teoria Geral do Turismo Disciplina na modalidade a distância teoria_greal_turismo.indb 1 13/4/2007 17:17:38 Campus UnisulVirtual Rua João Pereira dos Santos, 303 Palhoça - SC - 88130-475 Fone/fax: (48) 3279-1541 e 3279-1542 E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Fabian Martins de Castro Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Administração Renato André Luz Valmir Venício Inácio Bibliotecária Soraya Arruda Waltrick Cerimonial de Formatura Jackson Schuelter Wiggers Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Cátia Melissa S. Rodrigues (Auxiliar) Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Itamar Pedro Bevilaqua Janete Elza Felisbino Jucimara Roesler Lilian Cristina Pettres (Auxiliar) Lauro José Ballock Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Mauri Luiz Heerdt Mauro Faccioni Filho Michelle Denise Durieux Lopes Destri Moacir Heerdt Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Patrícia Pozza Raulino Jacó Brüning Rose Clér E. Beche Tade-Ane de Amorim (Disciplinas a Distância) Design Gráfi co Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Evandro Guedes Machado Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Vilson Martins Filho Gerência de Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Logística de Encontros Presenciais Marcia Luz de Oliveira (Coordenadora) Aracelli Araldi Graciele Marinês Lindenmayr Guilherme M. B. Pereira José Carlos Teixeira Letícia Cristina Barbosa Kênia Alexandra Costa Hermann Priscila Santos Alves Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador) Eduardo Kraus Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (Coordenador) Adriana Silveira Caroline Mendonça Dyego Rachadel Edison Rodrigo Valim Francielle Arruda Gabriela Malinverni Barbieri Josiane Conceição Leal Maria Eugênia Ferreira Celeghin Rachel Lopes C. Pinto Simone Andréa de Castilho Tatiane Silva Vinícius Maycot Serafi m Produção Industrial e Suporte Arthur Emmanuel F. Silveira (Coordenador) Francisco Asp Projetos Corporativos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni (Secretária de Ensino) Ana Luísa Mittelztatt Ana Paula Pereira Djeime Sammer Bortolotti Carla Cristina Sbardella Franciele da Silva Bruchado Grasiela Martins James Marcel Silva Ribeiro Lamuniê Souza Liana Pamplona Marcelo Pereira Marcos Alcides Medeiros Junior Maria Isabel Aragon Olavo Lajús Priscilla Geovana Pagani Silvana Henrique Silva Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coordenador) Ricardo Alexandre Bianchini Rodrigo de Barcelos Martins Equipe Didático- pedagógica Capacitação e Apoio Pedagógico à Tutoria Angelita Marçal Flores (Coordenadora) Caroline Batista Enzo de Oliveira Moreira Patrícia Meneghel Vanessa Francine Corrêa Design Instrucional Daniela Erani Monteiro Will (Coordenadora) Carmen Maria Cipriani Pandini Carolina Hoeller da Silva Boeing Dênia Falcão de Bittencourt Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Leandro Kingeski Pacheco Ligia Maria Soufen Tumolo Márcia Loch Viviane Bastos Viviani Poyer Núcleo de Avaliação da Aprendizagem Márcia Loch (Coordenadora) Cristina Klipp de Oliveira Silvana Denise Guimarães Pesquisa e Desenvolvimento Dênia Falcão de Bittencourt (Coordenadora) Núcleo de Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Créditos Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual - Educação Superior a Distância teoria_greal_turismo.indb 2 13/4/2007 17:17:44 Victor Henrique Moreira Ferreira Palhoça UnisulVirtual 2007 Design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini Teoria Geral do Turismo Livro didático 2a edição revista teoria_greal_turismo.indb 5 13/4/2007 17:17:45 Copyright © UnisulVirtual 2007 N enhum a parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prévia autorização desta instituição. Edição -- Livro Didático Professor Conteudista Victor Henrique Moreira Ferreira Design Instrucional Carm en Maria Cipriani Pandini Ligia Maria Soufen Tumolo ISBN 978-85-60694-22-8 Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagram ação Duarte Miguel Machado Neto Vilson Martins Filho (2ª Edição) Alex Xavier (Atualização) Revisão Ortográfi ca Heloísa Martins Mano Dornelles 338.4791 F44 Ferreira, Victor Henrique Moreira Teoria geral do turismo : livro didático / Victor Henrique Moreira Ferreira ; design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini, Ligia Maria Soufen Tumolo. – 2. ed. rev. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 218 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-60694-22-8 1. Turismo. I. Pandini, Carmen Maria Cipriani. II. Tumolo, Ligia Maria Soufen. III. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 Palavras do professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 – O surgimento e a evolução do fenômeno turístico . . . . . 17 UNIDADE 2 – Impactos da atividade turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 UNIDADE 3 – O Sistema de turismo e os meios de transportes . . . . . . . 75 UNIDADE 4 – Turismo e organizações turísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 UNIDADE 5 – Administrando o turismo para o mercado . . . . . . . . . . . . 155 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 213 Sumário teoria_greal_turismo.indb 7 13/4/2007 17:17:45 um elo ou um “link”, na linguagem virtual, com as necessidades atuais do turismo. Pretende-se com esta disciplina contribuir para uma sensibilização acerca da importância e do signifi cado que o turismo possui em nível local, regional, nacional e mundial. Assim sendo, só me resta agora, convidá-lo/a a “embarcar” nesta fantástica “viagem” através do conhecimento e das novas descobertas que a atividade turística poderá lhe proporcionar. Vamos juntos! Desejo a todos uma excelente “viagem” por meio da aprendizagem! Professor Victor Henrique Moreira Ferreira. teoria_greal_turismo.indb 10 13/4/2007 17:17:46 Plano de estudo O plano de estudos visa a orientar você no desenvolvimento da Disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da Disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: O Livro didático. O EVA (Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem). Atividades de avaliação (complementares, a distância e presenciais). Ementa Noções básicas dos fundamentos teóricos do turismo. Conceitos, defi nições e tipologia. Contextualização histórica do lazer e do turismo. Principais impactos do fenômeno turístico. Motivações e fatores condicionantes. Ciclo de vida das destinações turísticas. Escala de Doxey. Segmentação do trabalho dentro da atividade turística, atendendo às mudanças exigidas pela sociedade pós- industrial. teoria_greal_turismo.indb 11 13/4/2007 17:17:46 Carga horária 60 horas-aula. Objetivos da disciplina Geral Compreender os elementos e processos do Turismo, sua evolução e suas aplicabilidades. Específi cos Destacar os princípios básicos da administração do turismo. Conhecer a evolução destes princípios. Identifi car as principais características, classifi cações e tipologia turística. Evidenciar as principais tendências e correntes do pensamento administrativo turístico. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o Livro Didático desta Disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao fi nal de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. teoria_greal_turismo.indb 12 13/4/2007 17:17:46 15 Cronograma de estudo Atividades de Avaliação Demais atividades (registro pessoal) teoria_greal_turismo.indb 15 13/4/2007 17:17:46 teoria_greal_turismo.indb 16 13/4/2007 17:17:47 UNIDADE 1 O surgimento e a evolução do fenômeno turístico Objetivos de aprendizagem Compreender a relação entre as várias civilizações e as necessidades de viagens. Conhecer as várias defi nições de turismo. Reconhecer a divisão do tempo e a importância que este teve para os viajantes . Entender a classifi cação dos viajantes. Seções de estudo Seção 1 História e evolução do turismo. Seção 2 Conceitos básicos de turismo. Seção 3 Divisão do tempo e os viajantes: classifi cações. 1 teoria_greal_turismo.indb 17 13/4/2007 17:17:47 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Alguns consideram o seu surgimento na Antigüidade, outros na Grécia Antiga, outros durante o período de existência do Império Romano e outros, ainda, consideram o seu surgimento na época dos Fenícios. Existem também aqueles que consideram o surgimento do Turismo há milhões de anos! Como não há uma data defi nida e acordada para o início do Turismo, elaboramos nesta seção um resumo cronológico sobre o surgimento da atividade que, segundo a nossa ótica, é de maior importância para uma melhor contextualização do Turismo. Acompanhe, a seguir, a evolução do turismo na ordem cronológica, seguida, inclusive, de contextualizações conceituais. a) O Turismo ao longo da história O conceito de turismo surge no século XVII na Inglaterra. A palavra TOUR é de origem francesa. Tour quer dizer VOLTA, tem seu equivalente em inglês como sendo Turn, e em latim utiliza-se a expressão Tornare. O pesquisador suíço Arthur Haulot acredita que a origem da palavra está no hebraico TUR, que aparece na Bíblia, com signifi cado de viagem de reconhecimento. Viajar implica voltar. Há, portanto, um deslocamento. São condições essenciais (entre várias outras) para que ocorra Turismo: sujeito, deslocamento e motivação. teoria_greal_turismo.indb 20 13/4/2007 17:17:47 21 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 Você sabia? Que existem diversos autores que consideram diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer, informação, comércio, descobertas, etc? Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para o surgimento de viagens, através da construção de estradas? As famosas Pax Romana. b) Surgimento das viagens obrigatórias (Séculos II – X d.C.) No século V, os Bárbaros dominavam a Europa, o que resultou numa signifi cativa diminuição das viagens, diante do perigo que elas representavam para os povos europeus dominados. Entre os séculos II e III ocorrem intensas peregrinações a Jerusalém, assim como no século IX religiosos se deslocam para a região onde se encontrava o sepulcro de Santiago de Compostela. Em 1140 o peregrino francês Aymeric Picaud escreveu 05 volumes com histórias do apóstolo Santiago e com um roteiro de viagem de como se chegar até lá a partir da França. Considera-se esse o 1º guia turístico impresso. A partir de 1282, inicia-se o intercâmbio de professores e alunos entre as universidades européias. Você sabia? Que as grandes navegações, realizadas principalmente pelos espanhóis e pelos portugueses, contribuíram de maneira signifi cativa para o desenvolvimento do Turismo? A descoberta do “Novo Mundo” gerou uma curiosidade enorme nas pessoas que sentiam vontade de se deslocar e conhecer as novas terras. teoria_greal_turismo.indb 21 13/4/2007 17:17:47 22 Universidade do Sul de Santa Catarina c) Ocorrências anteriores ao Turismo moderno – Turismo Barroco (Séculos XVI – XVIII) No século XVI, ocorrem muitas viagens não ofi ciais realizadas por jovens acompanhados de seu professor particular (que geralmente viajava antes para conhecer os hábitos e costumes locais, além do idioma), que possuía algumas características marcantes, tais como: eram realizadas por uma classe privilegiada, de elite; eram consideradas um tour de aventura; eram feitas majoritariamente pelas pessoas do sexo masculino; eram esporádicas e com duração aproximada de três anos. Nessa mesma época, já se constata o turismo na França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Inglaterra e Espanha. No século XVI, surge o considerado “1º hotel do mundo”, de nome Wekalet Al Ghury no Cairo – Egito – para atender mercadores; No século XVII, ocorre uma melhoria nos transportes de então, que eram feitos em lombo de cavalo ou puxados por carroças e carruagens. Inventa-se a Belina (um tipo de carruagem mais rápida, de duas poltronas), e também a diligência; Surgem as primeiras linhas regulares de diligências entre Frankfurt e Paris e entre as cidades de Londres a Oxford; Após a Revolução Industrial (que altera de maneira signifi cativa as relações de trabalho e de divisão do tempo), o turismo passa a ser educativo, com interesse cultural. Você sabia? Que existem diversos autores que consideram diferentes variáveis para que ocorra o Turismo? Que dentre elas se destacam: dinheiro, tempo livre, prazer, informação, comércio, descobertas, etc? Que os Romanos contribuíram de forma decisiva para o surgimento de viagens, através da construção de estradas? As famosas Pax Romana. teoria_greal_turismo.indb 22 13/4/2007 17:17:47 25 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 De uma maneira geral o turismo é mais acessível à camada de alto poder aquisitivo da população, que realiza viagens de médias e grandes distâncias, sendo que o transporte mais utilizado é o aéreo. Já as camadas de menor poder aquisitivo da população, que não têm acesso irrestrito às atividades turísticas, muito por causa da situação econômica do país, fazem uso do transporte rodoviário para as suas excursões de pequena e média distâncias. Saiba mais Para aprofundar o estudo sobre esta unidade: Leia o texto a seguir extraído dos livros: LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000. REJOWSKI, M (organizadora). Turismo no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002. Thomas Cook (1808-1892) foi marceneiro e um jovem pregador batista da cidade de Loughborough, na região inglesa de Midlands. Com 32 anos, vivia modestamente escrevendo e distribuindo publicações, enaltecendo as virtudes da temperança. Thomas Cook lançou o primeiro pacote de turismo em 1841, mas naquela época as próprias ferrovias já ofereciam viagens de excursão para um movimento que elas, originalmente, não esperavam ter. O primeiro objetivo foi o carregamento de carga e o segundo, a provisão de um transporte mais rápido para os, então, viajantes de mala- posta a preços nem um pouco baratos. Não se esperava a popularidade das tarifas baratas de excursões para eventos especiais. Kemball Cook (1947) declarou em seu livro que no Dia de Derby (importante dia em que se realizam corridas de cavalo na Inglaterra), em 1838, pediu-se que oito trens saíssem do terminal Nine Elms. As autoridades estavam perplexas com 5.000 excursionistas indo para a estação. teoria_greal_turismo.indb 25 13/4/2007 17:17:48 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Em 1851, 774.910 passageiros saíam de Londres e chegavam a Londres levados por trens de excursão pela ferrovia de Londres e North Western. Na segunda metade de 1844, 360.000 passageiros viajaram de Londres para Brighton; houve, portanto, um aumento de mais de dez vezes em apenas sete anos devido às ferrovias. Entretanto, a contribuição excepcional de Thomas Cook foi a organização da viagem completa – transporte, acomodação e atividade ou “satisfação” em um novo e desejado destino – o verdadeiro produto do turismo. Como agente dos principais fornecedores de transporte e acomodação, ele conseguiu atender uma demanda específi ca de mercado. Ele inventou um serviço essencial: um pacote ou excursão individual. Sua invenção foi copiada em todo o mundo. Com essa invenção, ele, mais do que qualquer outro empresário, contribuiu para mudar a imagem das viagens: de uma atividade necessária e nem um pouco aprazível, de uma tarefa árdua e voltada para a educação, para um prazer, um entretenimento e um novo conceito: “férias”. Thomas Cook e sua empresa se expandiram rapidamente. Ele levou 165.000 excursionistas só de Yorkshire para a Grande Exposição de Londres em 1851, e organizou a primeira excursão ao Continente Europeu em 1856, e aos Estados Unidos em 1865. Na verdade, Cook estabeleceu os principais fundamentos das viagens organizadas, introduzindo o conceito de pacote turístico (package tour), desenvolvendo o cooperativismo entre as empresas e outros componentes do mercado turístico (agência de viagens, hotéis, transportadoras, restaurantes, atrações, etc). Fonte: adaptado das obras - LICKORISH, J.L. e JENKINS, C. L. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro: Campus, 2000; e REJOWSKI, M (organizadora). Turismo no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002. Quadro 1.1: Thomas Cook: o pai do turismo moderno teoria_greal_turismo.indb 26 13/4/2007 17:17:48 27 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 Para que você possa ter uma compreensão mais contextualizada da importância e do signifi cado que Th omas Cook exerceu para o desenvolvimento do turismo moderno, apresentamos, a seguir, uma tabela contendo algumas das suas principais realizações. Tabela 1.1: Principais realizações de Thomas Cook a partir de 1845 ANO REALIZAÇÕES 1845 Lançou o Handbook of the Trip, primeiro itinerário descritivo de viagem preparado de forma profi ssional para o uso de turistas, por ocasião da excursão de Leicester a Liverpool. 1846 Realizou um tour com a participação de guias de turismo, o primeiro com essas características, chegando a levar 350 pessoas à Escócia. 1850 Formalizou contrato com a Great Easter Railway para a venda mínima de bilhetes de trem por ano, que vendeu em um mês. 1851 Levou cerca de 165 mil pessoas à Primeira Exposição Mundial realizada em Londres, oferecendo transporte e alojamento. 1856 Realizou a primeira excursão ao continente (Grã- Bretanha). 1862 Introduziu o “Individual Inclusive Tour”– IIT. 1863 Realizou a primeira excursão à Suíça, popularizando esse país como destino turístico de inverno. 1865 Realizou a primeira excursão para os Estados Unidos. 1867 Criou o primeiro cupom de hotel (voucher), documento que permitia sua utilização em hotéis para o pagamento dos serviços contratados em sua agência. 1869 Realizou o primeiro tour ao Oriente Médio. 1872 Realizou a primeira volta ao mundo com nove pessoas, que durou 222 dias. 1872 Inaugurou a primeira agência de viagens no continente americano, em Nova York. 1873-1874 Criou a circular note (antecessora do traveller check), que era aceita por bancos, hotéis, restaurantes e casas comerciais em várias partes do mundo. 1875 Realizou tours para a Escandinávia, incluindo a “Viagem para o Sol da Meia-Noite” no Cabo Norte. 1878 Levou 75 mil pessoas para visitar a Exposição Mundial de Paris. 1892 Morreu no momento em que sua agência era a mais importante do mundo, com 84 escritórios e 85 agências em vários países do mundo, empregando mais de 1.700 pessoas. Fontes: Fuster, 1974; Acerenza, 1986; Witney, 1997; Khatchikian, 2000; Lickorish e Jenkins, 2000; Montaner Montejano, 2001, in REJOWSKI, Mirian (org.). Turismo no percurso do tempo, 2002. teoria_greal_turismo.indb 27 13/4/2007 17:17:48 30 Universidade do Sul de Santa Catarina “...o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, negócios ou outros fi ns.” (OMT, 2001) É importante destacar que o uso do termo ambiente usual tem por fi nalidade excluir as viagens dentro da área habitual de residência, as viagens freqüentes ou regulares entre o domicílio e o lugar de trabalho e outras viagens dentro da comunidade com caráter de hábito. Tal defi nição serve para padronizar o conceito de turismo nos vários países-membros dessa organização, mas não para defi nir a real magnitude desse fenômeno. Por essa defi nição, o turismo é um fenômeno que envolve quatro componentes com perspectivas diversas: o turista que busca diversas experiências e satisfações espirituais e físicas; os prestadores de serviços, que encaram o turismo como uma forma de obter lucros fi nanceiros; o governo, que considera o turismo como um fator de riqueza para a região sobre sua jurisdição; a comunidade do destino turístico, que vê a atividade como geradora de empregos e promotora de intercâmbio cultural. Toda vez que um turista se desloca, por exemplo, para as Cataratas do Iguaçu, no Estado do Paraná, ele está em busca de novas experiências, sejam elas espirituais ou físicas (desejos). Toda a infra-estrutura existente no local está preparada para atender a estes desejos e os prestadores de serviços (hotéis, locadoras, transportes, lojas para compras, espaços de entretenimento, etc) devem obter um lucro apropriado para tal. Da mesma forma, as autoridades governamentais (sejam elas locais ou regionais) disponibilizam serviços de apoio, tais como, energia elétrica, saneamento básico, rodovias de acesso, comunicações, entre outros. E o ciclo se “fecha” quando todas estas atividades e prestações de serviços benefi ciam a comunidade local, seja através da geração de empregos diretos e indiretos, seja na geração de impostos e também na oportunidade que o cidadão local tem para interagir com turistas de outras regiões. teoria_greal_turismo.indb 30 13/4/2007 17:17:49 31 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 O turismo é fenômeno recente como objeto de estudos e, embora antigo como fato socioeconômico e político-cultural, são raros e defi cientes os estudos a respeito da sistemática de sua fi losofi a e de sua aplicação às diferentes realidades. Os poucos estudos em profundidade destinam-se apenas à análise e à sistematização de aspectos econômicos, cambiais e legais. De acordo com Barreto (1996, p. 09 - 13), vários foram e são os autores que conceituaram e que continuam conceituando a atividade turística. Estaremos a partir de agora verifi cando algumas delas. Já em 1910, o economista austríaco Herman von Schullard defi nia o turismo como: “...a soma das operações, especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a entrada, a permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região.” Na década de 1920 surgiu a Escola de Berlim, que estudou o turismo nos seus aspectos econômicos. Arthur Bormann defi niu- o como: “...o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos comerciais, profi ssionais ou outros análogos, durante os quais é temporária sua ausência da residência habitual. As viagens realizadas para locomover-se ao local de trabalho não constituem em turismo.” Já na década de 1940, alguns autores evoluíram a conceituação da Escola de Berlim. Hunziker e Krapf conceituaram turismo como: “...o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem como consequência das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva.” Robert McIntosh defi niu-o assim: “Turismo pode ser defi nido como a ciência, a arte e a atividade de atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas necessidades e desejos.” Jafar Jafari apresenta uma defi nição mais holística do turismo: “É o estudo do homem longe de seu local de residência , da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos , ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área receptora.” teoria_greal_turismo.indb 31 13/4/2007 17:17:49 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Fuster, mais recentemente, assim o defi niu: “Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; de outro, os fenômenos e as relações que essa massa produz em conseqüência de suas viagens.” Segundo Oscar de la Torre: “ O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas, interrelações de importância social, econômica e cultural.” Para José Vicente de Andrade: “Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a execução de viagens e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos, fora de suas residências habituais.” E, por último, trazemos a defi nição que recentemente foi proposta por McIntosh, Goeldner e Ritchie, professores da escola americana, que defi niram turismo como sendo: “... a soma dos fenômenos e relações que surgem da interação de turistas, empresas prestadoras de serviços, governos e comunidades receptivas no processo de atrair e alojar estes visitantes.” Veja que o turismo é uma combinação de atividades, serviços e indústrias que se relacionam com a realização de uma viagem: transportes, alojamento, serviços de alimentação, lojas, espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços receptivos, disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para fora de casa. O turismo engloba todos os prestadores de serviços para os visitantes ou para os relacionados com eles. O turismo é toda uma indústria mundial de viagens, hotéis, transportes e todos os demais componentes, incluindo o marketing turístico que atende às necessidades e desejos dos viajantes. teoria_greal_turismo.indb 32 13/4/2007 17:17:49 35 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 para o desenvolvimento do turismo, pois, como já vimos, um dos pressupostos básico para que ocorra tal fenômeno é o deslocamento. Você sabia? Que as relações de trabalho entre empregadores e empregados eram bastante críticas nos primórdios da industrialização? Á época da Revolução Industrial, não havia legislação que regulamentasse os direitos e deveres dos empregados. Era muito comum que mulheres grávidas, crianças, idosos e até defi cientes físicos fossem submetidos a jornadas diárias de trabalho de até 18 horas! Os direitos relativos a férias, descanso semanal, horas extras, licença maternidade, auxílio desemprego, entre outros, eram totalmente ignorados e de certa forma desconhecidos. Para efeito de continuidade dos seus estudos sobre este importante tópico, faz-se necessário uma pequena divisão e distinção sobre o que consideramos importante sobre a divisão do tempo e sobre o conceito de turista, excursionista e visitante. À medida que o homem passa a viver nas cidades densamente povoadas, mais ele se ressente da necessidade de um tempo livre para pôr o seu corpo e a sua mente novamente em ordem. A obtenção de um tempo livre maior passou a ser uma luta abraçada pelos trabalhadores do mundo inteiro. As longas jornadas de trabalho, registradas no início da era industrial, não davam lugar ao tempo livre. Posteriormente, os trabalhadores, mediante seus sindicatos, concentraram as suas lutas por redução da idade para a aposentadoria e por melhores salários, condições necessárias para poderem desfrutar melhor do tempo livre. Atualmente , o tempo livre é um direito conquistado, embora nem todos os trabalhadores tenham as mesmas oportunidades para aplicá-lo à prática do lazer diário, semanal e anual. Pela evasão semanal e anual (fi nais de semana e férias) procura-se viver novas experiências, conhecer novas formas de vida, novas culturas e povos e descobrir um mundo diferente daquele que se é forçado a viver! teoria_greal_turismo.indb 35 13/4/2007 17:17:50 36 Universidade do Sul de Santa Catarina a) Divisão do tempo O quadro a seguir defi ne os diferentes tipos de tempo que estão intimamente relacionados com a atividade turística: a) TEMPO LIVRE − Diz-se tempo livre para diferenciá-lo de outras modalidades do tempo. Livre por oposição ao tempo preso, ocupado, obrigado. Tempo livre compreende aquela parcela de tempo ocupada com atividades específi cas, fora do tempo de trabalho, a partir de uma decisão tomada livremente. b) TEMPO MORTO − É um tempo livre que não é ocupado nem com atividades de lazer nem com compromissos ou afazeres complementares de ordem econômica, social ou política. É um tempo livre adquirido por lei, mas totalmente estagnado e marcado pelo aborrecimento. As pessoas que consomem este tempo o fazem não por uma livre decisão, mas porque não possuem outra escolha. c) TEMPO COMPROMETIDO − Nem todo tempo livre é consagrado ao lazer. Parte dele é ocupado com atividades igualmente obrigatórias, tais como: afazeres domésticos, compromissos familiares, trabalhos complementares (bicos). O tempo ocupado com essas atividades é um tempo livre, mas desperdiçado, na expressão de R.C. Boullión. É um tempo livre, mas comprometido com um conjunto de atividades que, apesar de não fazerem parte do tempo de trabalho, também se revestem de caráter obrigatório. d) TEMPO DE LAZER − O lazer, na era moderna, “fi rmou-se não somente como uma possibilidade atraente, mas, também, como um valor”. Valor, porque o lazer não é a negação do trabalho. O trabalho é vital para o homem, sendo considerado por Karl Marx como a “necessidade primeira do homem”. Quadro 1.2: Modalidades da divisão do tempo Fonte: Adaptado de CATELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante (1996). teoria_greal_turismo.indb 36 13/4/2007 17:17:50 37 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 A divisão do tempo é de fundamental importância para todos nós. Com base no que você pôde verifi car sobre essa divisão, tente pensar como ela ocorre para você numa base semanal, por exemplo. Pense em como você divide o seu tempo. Essa divisão é a mais adequada? Você tem dedicado tempo para o lazer e o entretenimento? As suas obrigações de trabalho são levadas para casa para serem feitas nos fi nais de semana? Você tem alocado um tempo para fazer atividades com a sua família e seus amigos? Tente elaborar respostas para as questões colocadas anteriormente. Escreva sobre o que você conhece ou sobre o que você percebe! Faça uso do espaço abaixo. b) Classifi cação dos viajantes Os viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer que sejam as motivações. Porém, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), esses consumidores podem ser classifi cados em turistas, excursionistas e visitantes. Aqui cabe um exemplo, analise. Um turista qualquer que viaja para o Vaticano acaba sempre por consumir serviços turísticos. Ao se hospedar em um hotel, ao apanhar um ônibus para se deslocar, ao fazer suas refeições, ao utilizar serviços de guias, ao comprar mapas; enfi m, ao interagir na destinação turística, ele é considerado um consumidor de serviços turísticos. teoria_greal_turismo.indb 37 13/4/2007 17:17:50 40 Universidade do Sul de Santa Catarina McIntosh (1993) os classifi ca em: TIPOS DE TURISTAS CARACTERÍSTICAS Alocêntricos Têm motivos educacionais e culturais, políticos ou de divertimentos caros, como jogos de azar, e viajam individualmente. Quase alocêntricos São motivados por eventos esportivos, religiosos, profi ssionais e culturais. Mediocêntricos São motivados pela busca do descanso, quebra da rotina, aventuras sexuais e gastronômicas e tratamento de saúde. Quase psicocêntricos Viajam em busca de status social. Psicocêntricos São motivados por campanhas publicitárias. Quadro 1.4: Tipos de turistas de acordo com Mcintosh (1993) Fonte: Adaptado de IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. (2003) Em face de um mercado cada vez mais moderno e com ofertas diferenciadas, além de uma postura muito mais exigente por parte dos consumidores dos produtos e dos serviços turísticos, é de suma importância você ter uma boa noção sobre os diferentes tipos de turistas e o que eles buscam para a sua satisfação. Perceber e distinguir o perfi l do turista, adequando a prestação de serviços para as suas necessidades, pode signifi car uma vantagem competitiva enorme, diante de um mundo globalizado, onde as informações são oferecidas de forma muito veloz. Leia a síntese da unidade e retome os pontos centrais Realize, a seguir, as atividades de auto-avaliação e aprofunde seus conhecimentos, consultando o saiba mais. É sempre muito importante que você interaja no EVA, para trocar idéias com os colegas e desenvolver as atividades propostas. teoria_greal_turismo.indb 40 13/4/2007 17:17:51 41 Teoria Geral do Turismo Unidade 1 Síntese Nesta unidade, você estudou a história e evolução do turismo, através de uma seqüência cronológica histórica em que foram relatados os principais fatos e ocorrências que contribuíram para o desenvolvimento da atividade. Foi possível também obter informações sobre Th omas Cook, considerado pelos estudiosos e pesquisadores o “Pai do Turismo moderno”. As contribuições feitas por esse empreendedor foram signifi cativas e muitas de suas criações são utilizadas até os dias atuais. Em seguida estudou alguns dos principais conceitos do Turismo, o que possibilitou observar diferentes autores e suas respectivas conceituações em diferentes épocas, e também em diferentes países. Importante destacar o conceito fundamental oferecido que é o da Organização Mundial do Turismo. Pela enorme abrangência, pelo caráter multidisciplinar da atividade turística e pela estreita relação com diversas áreas de conhecimento (como, por exemplo, a história, a geografi a, a sociologia, a economia, a arqueologia, a administração, o direito, entre outras), concentrar- se em um único conceito torna-se uma tarefa praticamente impossível. A última parte desta unidade versou sobre a divisão do tempo e sobre as classifi cações dos viajantes. É importante lembrar a estreita correlação existente entre o surgimento da Revolução Industrial e a conseqüente necessidade de uma divisão do tempo. Afi nal, as relações e o modo de produção e de trabalho foram enormemente alterados. O surgimento do tempo livre propiciou a oportunidade de utilizá-lo para o lazer, para o descanso e também para “fazer” turismo. A classifi cação dos viajantes caracteriza-se como sendo um tópico de destaque, pois possibilita uma percepção clara do que efetivamente são: turistas, excursionistas e visitantes. A importância dessa classifi cação assume proporções signifi cativas, quando tratamos de cálculo de receitas, de dados estatísticos e de movimento de turistas em determinada região, estado ou país. Vários foram os autores e estudiosos que criaram classifi cações com o intuito de facilitar a abordagem e a forma de se prestar serviços aos turistas de uma maneira geral. teoria_greal_turismo.indb 41 13/4/2007 17:17:51 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de auto-avaliação Com base na leitura desta unidade, realize as atividades propostas. 1) Contextualize o conceito da palavra turismo. O que ela signifi ca? Como ela surgiu e onde? 2) Quem é considerado o “pai” do turismo moderno? Cite pelo menos quatro de suas principais contribuições para a atividade turística. teoria_greal_turismo.indb 42 13/4/2007 17:17:51 2 UNIDADE 2 Impactos da atividade turística Objetivos de aprendizagem Conhecer como ocorre a medição do turismo. Entender os principais impactos econômicos do turismo. Reconhecer os principais aspectos culturais e sociais do turismo. Seções de estudo Seção 1 A medição do turismo. Seção 2 Impactos econômicos do turismo. Seção 3 Aspectos culturais e sociais do turismo. teoria_greal_turismo.indb 45 13/4/2007 17:17:51 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Para que você possa seguir adiante no estudo da atividade turística, é importante que tenha uma boa compreensão sobre como ocorre e qual a importância de se mensurar ou medir a atividade turística. E cabe perguntar: Quais são as ferramentas mais adequadas para tal? Quais as variáveis que devem ser levadas em consideração ao serem medidos, de forma efetiva os fl uxos turístico? O que isto signifi ca na geração de divisas e receitas? Bem, essas são algumas questões a serem estudadas nesta unidade. É também importante conhecer um pouco sobre quais os impactos econômicos gerados pelo turismo e o que isso signifi ca para uma localidade, para uma região ou mesmo a um país. Como se dá a união entre essas diferentes áreas de conhecimento, turismo e economia, e quais são os impactos resultantes? Devemos lembrar que a atividade turística não pode ser vista ou analisada somente pela perspectiva econômica, como na maioria das vezes acontece; há a necessidade de se compreender que existem aspectos culturais e sociais do turismo que geram impactos signifi cativos e contribuem para construção do fenômeno nos diversos espaços. Você concorda? Então, vamos lá! SEÇÃO 1 − A medição do turismo Então, como podemos medir o turismo? Esta é, sem dúvida, uma das maiores difi culdades quando o assunto é turismo. Como podemos saber o quanto ele representa na produção de um país ou de uma localidade? Como aumentar o volume de empregos gerados e a arrecadação de impostos propiciados por ele? De uma forma geral, de que maneira medimos a importância do turismo para a economia? E, mais, de que forma podemos dimensionar a atividade diante das perspectivas humanas? teoria_greal_turismo.indb 46 13/4/2007 17:17:52 47 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 Você certamente já pensou em como medir a satisfação de um turista ao fotografar a Ponte Hercílio Luz em Florianópolis ou o Empire State em Nova York? Quanto vale um banho na praia de Copacabana no Rio de Janeiro? E um “friozinho” na cidade da Gramado no Rio Grande do Sul? Quanto vale a alegria do carnaval de Salvador ou o prazer de degustar um vinho colonial na Festa da Uva em Caxias do Sul? Como podemos “contar” tudo isso? Como saber o quanto isso infl uencia a economia dessas regiões, do país e do mundo? Que relação pode haver entre a economia gerada pelo turismo e a satisfação humana? Em que momento elas se complementam? Como elas se articulam? Na economia tradicional (neoclássica), o valor está na utilidade dos bens e serviços produzidos. Mas será que isso mobiliza o deslocamento das pessoas? Podemos dizer que a satisfação dos turistas é uma variável qualitativa e microeconômica. Na seqüência, vamos analisar algumas variáveis macroeconômicas que dimensionam o setor, que pode ser: pelo número de pessoas que procuram essas satisfações nessas localidades; pelo quanto elas gastam durante o seu deslocamento e sua permanência; pela natureza de seus gastos e por quanto isso gera de impostos; pelo número de empregos gerados; pela quantidade de divisas que entram e saem do país por meio de gastos turísticos. O setor turístico possui uma cadeia de atividades econômicas, que podemos defi nir como o conjunto de fornecedores e produtores fi nais, que arrecadam com os gastos dos turistas. Algumas atividades são tipicamente voltadas para turistas, como a venda de passagens aéreas e de estada em hotéis, mas outras são voltadas para os habitantes, e também são desfrutadas a) b) c) d) e) teoria_greal_turismo.indb 47 13/4/2007 17:17:52 50 Universidade do Sul de Santa Catarina do local e condicionantes socioeconômicos (fatores determinantes como preços, câmbio, questões político-sociais, etc). As estatísticas de turismo: as mesmas difi culdades que se apresentam para as pesquisas de teorometria colocam-se para a confecção das estatísticas de turismo: custo das pesquisas, falta de pesquisadores bem treinados, falta de confi abilidade das fontes secundárias, falta de unifi cação da terminologia. Atualmente, utilizam-se dois sistemas de controle para elaborar estatísticas: fi chas e controle de fronteiras para controlar a entrada de turistas estrangeiros; movimento dos hotéis para controlar o turismo interno. Todos os métodos têm falhas e a única forma de fazer algo sem incomodar os turistas é por meio de amostragem. Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas, seriam necessários, no mínimo, os seguintes dados: total de visitantes em cada núcleo, classifi cação por nacionalidade e local de residência, classifi cação por poder aquisitivo, duração das estadas. Uma das possibilidades para as estatísticas de turismo interno são as fi chas dos hotéis e a amostragem aleatória nos lugares turísticos das cidades. a) b) teoria_greal_turismo.indb 50 13/4/2007 17:17:52 51 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 Figura: 2.1: Modelo de fi cha nacional de registro de hóspedes – FNRH Fonte: CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. EDUCS: Caxias do Sul, 2001. Para fazer estatísticas de turismo internacional por amostragem, é necessário fazer uma pesquisa determinando o número de pessoas a serem consultadas, selecionando o portão de entrada. É necessário classifi car o turismo de acordo com o meio de transporte utilizado, pela duração das estadas, pelo objetivo da viagem, pela despesa diária e pelos locais visitados. A teorometria, tanto no conceito de estatística como no de econometria aplicada ao turismo, contribui para o remanejamento das correntes turísticas, pela via do planejamento, visando incrementar o fl uxo nas baixas temporadas e realizar um marketing adequado para manter um turismo sustentado nas altas temporadas. Como você estudou na seção 1, as medições apresentadas são importantes, mas é importante destacar que uma boa mensuração da atividade turística em determinada localidade, região ou país, passa necessariamente pelo estudo das tendências passadas, como forma de planejar o turismo no futuro imediato ou a médio e longo prazo. Na próxima seção, você entrará em contato com os principais impactos econômicos do turismo, além de poder conhecer um importante conceito, que é o da multiplicidade do turismo. Alguns autores consideram este conceito como “fator multiplicador do turismo”. Vamos a eles, então? teoria_greal_turismo.indb 51 13/4/2007 17:17:52 52 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 2 - Impactos econômicos do turismo Ao iniciar o estudo dessa seção precisamos ter claro o conceito de impacto econômico, uma vez que o turismo é uma atividade que possui forte impacto econômico nas localidades receptivas. Esses impactos são de várias origens. Para que possamos descrevê-los, faz-se necessário inicialmente apresentarmos um conceito básico de economia: Segundo Samuelson (1999 apud IGNARA 2005, 2005, p.144): ... economia é o estudo de como os seres humanos e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos que poderiam ter aplicações alternativas, para produzir várias mercadorias, ou seja, bens e serviços, e distribuí- las para consumo, agora e no futuro, entre as diversas pessoas e grupos da sociedade. As sociedades produzem e consomem riquezas. Produzi-las signifi ca suprir essas sociedades dos elementos importantes para atendimento de suas necessidades em termos de alimentação, vestuário, moradia, entretenimento, etc. A produção signifi ca criar riquezas, e o consumo, satisfação das carências humanas por meio da utilização dessas riquezas. O homem possui várias necessidades, que podem ser classifi cadas em: primárias ou básicas e secundárias ou supérfl uas. Alimentação, habitação, saúde, auto-estima e segurança são básicas. Passear, viajar, fumar são secundárias e só satisfeitas depois que as primárias o forem. A organização econômica do turismo compreende a defi nição do que produzir, já que os fatores de produção são escassos. Entretanto, devem-se produzir hotéis de luxo ou pequenas pousadas? Parques temáticos ou naturais? Pacotes de turismo de sol e praia ou de turismo rural? Investir em aeroportos ou em terminais rodoviários? Considera-se riqueza o conjunto de coisas materiais e imateriais que são escassas na natureza. Os bens e os serviços constituem a riqueza econômica e têm duas características básicas: possuem utilidades para os indivíduos e são escassos. O turismo é um desses serviços que têm utilidades para os indivíduos e uma oferta limitada. teoria_greal_turismo.indb 52 13/4/2007 17:17:53 55 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 Anos Turistas internacionais (em milhões) Porcentagem de acréscimo anual 1983 293 1,1 1984 321 9,4 1985 330 3,3 1986 337 3,4 1987 362 7,4 1988 393 8,5 1989 424 8 1990 456 7,4 1991 462 12 1992 501 8,6 1993 519 3,3 1994 545 5,2 1995 564 3,3 1996 595 5,4 Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001. Tabela 2.3: Entradas advindas do turismo mundial (valores arredondados) Anos Entradas por turismo internacional (em bilhões) Porcentagem de acréscimo anual 1950 2 − 1960 7 12,6 1961 7 6,1 1962 8 10,2 1963 9 10,7 1964 10 13,4 1965 12 15,2 1966 13 15 1967 14 8,4 1968 15 3,7 1969 17 12,1 1970 18 6,6 1971 21 16,5 1972 25 18,1 Continua teoria_greal_turismo.indb 55 13/4/2007 17:17:53 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Anos Entradas por turismo internacional (em bilhões) Porcentagem de acréscimo anual 1973 31 26,1 1974 34 8,9 1975 41 20,3 1976 44 9,2 1977 56 25,2 1978 69 23,7 1979 83 21,1 1980 104 24,2 1981 106 2 1982 99 -6,7 1983 101 2,1 1984 110 9,8 1985 117 4,4 1986 142 21,1 1987 175 22,7 1988 203 15,9 1989 219 8,3 1990 266 21,2 1991 273 2,4 1992 314 15,3 1993 321 2,1 1994 352 9,4 1995 399 13,6 1996 425 6,4 Fonte: Organização Mundial de Turismo (OMT) – 2001. Para que você possa conhecer mais dados sobre as estatísticas mundiais do turismo, sugerimos o seguinte endereço eletrônico: www.world-tourism.org Agora que você teve acesso a alguns indicadores importantes, você vai estudar o conteúdo relativo aos multiplicadores do turismo, que são fundamentais para que haja uma melhor percepção de quão grande é o envolvimento da atividade em termos econômicos. teoria_greal_turismo.indb 56 13/4/2007 17:17:54 57 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 A importância da atividade se deve a algumas características particulares do turismo. O produto turístico é constituído por um conjunto enorme de diferentes serviços, os quais, por sua vez, possuem um grande número de fornecedores. A seguir apresentamos um quadro onde é possível visualizar o efeito multiplicador do turismo, mediante exemplo fornecido pela OMT – Organização Mundial de Turismo. Organograma 2.1: O efeito multiplicador Fonte: Papiers de Tourisme, nº 16, pág. 19. in OMT (2001). Se você tomar como exemplo, na seqüência, os equipamentos e serviços utilizados pelos organizadores de eventos, você pode ter uma idéia do efeito multiplicador do setor turístico. teoria_greal_turismo.indb 57 13/4/2007 17:17:54 60 Universidade do Sul de Santa Catarina serviços de transportes de hóspedes; serviços de segurança. Da mesma forma que na organização de eventos, inúmeros são os profi ssionais demandados; na hotelaria também existe uma relação enorme de cargos, o que faz desse setor grande empregador de mão-de-obra. Em um hotel, por exemplo, são encontrados os seguintes profi ssionais: telefonistas, camareiras, recepcionistas, lavadeiras, passadeiras, seguranças, manobristas, offi ce-boys, porteiros, garçons, commins, garde manger, auxiliar de cozinha, cozinheiro, maître, assistente de manutenção, faxineiras, governanta, controller, chefe de recepção, promotor de vendas, jardineiros, barmens, etc. Em razão desse relacionamento com inúmeros fornecedores e da intensiva utilização de mão-de-obra, o turismo possui um fator de multiplicação de renda muito elevado. Para compreender melhor o “efeito multiplicador” no setor de turismo, conheça os multiplicadores econômicos utilizados: MULTIPLICADORES UTILIZADOS REPRESENTAÇÃO Multiplicador de Renda. Representa as variações de renda interna, em decorrência da variação dos gastos dos turistas. Multiplicador do Emprego. Mostra as variações do número de empregos, conforme a variação dos gastos dos turistas. Multiplicador do Produto. Apresenta as variações do produto, de acordo com a variação dos gastos dos turistas. Multiplicador de Importações. Apresenta o valor agregado das importações de bens e serviços, em decorrência da variação dos gastos dos turistas. Multiplicador de Impostos. Representa o montante ampliado de receitas do governo, em razão da variação dos gastos dos turistas. Quadro 2.2: Multiplicadores econômicos Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 149. teoria_greal_turismo.indb 60 13/4/2007 17:17:54 61 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 Qual a defi nição de “efeito multiplicador”? A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e sua repercussão fi nal no PIB (Produto Interno Bruto) chama-se efeito multiplicador, que é defi nido como o coefi ciente que mede a quantidade de ingresso gerado por cada unidade de despesa turística. O efeito multiplicador é produzido pela sucessão de despesas que têm origem no gasto do turista e que benefi ciam os setores ligados diretamente e os ligados indiretamente ao fenômeno turístico. A unidade monetária recebida passa por diversas transações, cujo número depende do círculo consumo-renda de cada localidade, região ou país. Os benefi ciários diretos do efeito multiplicador são os locais de alojamento, alimentação, souvenirs, profi ssionais de turismo. Já os benefi ciários indiretos, são, por exemplo, correios, bancos, clínicas, profi ssionais liberais, entre outros. Como forma de uma melhor visualização e mais adequado entendimento, na tabela a seguir, relacionamos o que se considera como sendo os principais impactos econômicos do turismo, sejam eles positivos ou negativos. IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS 1. Aumento da renda no destino turístico. 1. Efeito infl acionário. 2. Estímulo aos investimentos. 2. Dependência exclusiva em determinadas regiões da atividade turística. 3. Poder de redistribuição de renda. 3. Desestímulo aos investimentos em infra-estrutura básica. Quadro 2.3: Impactos econômicos do turismo Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato.Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 152. teoria_greal_turismo.indb 61 13/4/2007 17:17:55 62 Universidade do Sul de Santa Catarina Esta seção procurou formular de maneira objetiva os impactos econômicos que a atividade turística pode gerar. Lembramos a você que o conteúdo ora apresentado foi resumido e pontual. É importante destacar que esses assuntos por si só (economia e turismo) possuem uma abrangência muito grande e têm sido motivo de estudos e de pesquisas por parte de diversos autores e especialistas. A percepção e a conseqüente compreensão dos conceitos apresentados sobre economia, sobre o efeito multiplicador e, fi nalmente, sobre quais efetivamente são os impactos econômicos do turismo, certamente auxiliarão você na formação de uma opinião mais clara sobre a importância do Turismo como um todo. Lembramos a você, caro estudante, que os impactos gerados pela atividade turística não são somente de ordem econômica. A seção 3, a seguir, vai ilustrar de forma otimizada, os impactos culturais e sociais que são gerados pela atividade. Observe que, quanto mais informações sob diferentes ângulos você pode ter, melhor será a sua percepção e entendimento sobre esta fantástica atividade. - Portanto, preparem-se, e boa viagem até a nossa próxima escala de conhecimentos! SEÇÃO 3 − Aspectos culturais e sociais do turismo A abordagem que será feita a partir de agora sobre os aspectos culturais e sociais do Turismo não visa a discutir estes impactos, e sim demonstrar, de uma forma contextualizada, os efeitos que eles podem causar na sociedade e os problemas que deles decorrem. Conforme você pôde observar nas duas seções anteriores, até meados da década de 1970, grande parte dos estudos sobre o turismo era concentrada na medição dos benefícios econômicos, sendo que pouca atenção era dada a uma característica fundamental do turismo internacional: a interação entre turistas e a comunidade local. teoria_greal_turismo.indb 62 13/4/2007 17:17:55 65 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 O que você acha disso? Participe do fórum e discuta a questão: A “coexistência” entre população local e turistas “invasores” nem sempre é fácil. Em geral, leva à xenofobia, à tensão social particularmente notada em áreas turísticas muito populares em locais onde a população, por motivos psicológicos, culturais ou sociais, não está pronta para ser submetida a essa “invasão”. Compartilhe com seus colegas de turma. Ainda de acordo com Lickorish e Jenkins (2000), naturalmente a mudança nos valores sociais leva a uma alteração nos valores políticos, às vezes com conseqüências desordenadas. Um declínio nos valores morais e religiosos também é comum e pode ser observado pelo aumento do nível de criminalidade. Não são apenas as atitudes locais que se modifi cam, mas também os objetivos e oportunidades para a atividade criminal. É interessante pensar nisso, não é? As relações humanas são importantes, já que o excesso de turismo pode ter repercussões problemáticas, como, por exemplo, transformar a hospitalidade típica de muitos países em práticas comerciais, o que pode levar os fatores econômicos a suplantarem o relacionamento pessoal. Os efeitos posteriores podem ser o aparecimento do comportamento consumista, o declínio da moral, a mendicância, a prostituição, o consumo de drogas, a perda da dignidade e a frustração de não poder satisfazer suas necessidades. No entanto, seria errado culpar o turismo por todos esses problemas, que também estão ligados às mudanças sociais que afetam as comunidades no processo de modernização. O turismo acelera o processo, mas não o cria. teoria_greal_turismo.indb 65 13/4/2007 17:17:55 66 Universidade do Sul de Santa Catarina As relações que se verifi cam entre os mais diversos tipos de turistas e as comunidades locais, quando da ocorrência principalmente da chamada “alta temporada”, muitas vezes é caracterizada por alguns “confl itos”. Tendo em mente a realidade turística existente na sua cidade de residência ou de nascimento, tente lembrar se você já presenciou ou mesmo conheceu um “choque cultural”, ocorrido entre turistas e residentes locais. Com a chegada de grupos de turistas, os valores e as crenças da comunidade local são afetadas? A população local está preparada para receber o turista de forma cordial? Elabore respostas para as questões acima. Você também pode escrever sobre o que você conhece ou percebe, acerca dessa realidade! Faça uso do espaço abaixo. O turismo pode gerar custos sociais, em geral difíceis de estimar, mas que nem por isso são menos importantes. Um exemplo é a ameaça aos hábitos tradicionais de cada país e, muitas vezes, de regiões específi cas. Entretanto, o turismo pode se tornar o elemento que irá garantir a manutenção de certas tradições originais que atraem os turistas. teoria_greal_turismo.indb 66 13/4/2007 17:17:55 67 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 É de suma importância proteger e manter a herança cultural, além de lidar com os problemas sociais relacionados, como, por exemplo: o comércio ilegal de objetos históricos e animais; pesquisas arqueológicas não ofi ciais; a erosão de valores estéticos (de paisagem) e de um certo know-how (conhecimento) técnico; o desaparecimento de pessoas com habilidades manuais altamente qualifi cadas, entre outros. A comercialização de eventos da cultura tradicional pode levar à criação de uma pseudocultura, um folclore artifi cial para o turista, sem valor cultural algum para a população local nem para os visitantes. O mesmo se aplica, por exemplo, aos artesãos. A questão é o confl ito potencial entre os interesses econômicos e culturais, sendo que a cultura acaba sendo sacrifi cada em favor da promoção do turismo, ou seja, a criação de valores econômicos adicionais ao preço da perda do valor cultural. Em um nível social, o turismo bem organizado pode favorecer contatos entre turistas e a população local, estimular o intercâmbio cultural, levar a um entrosamento amigável e responsável e, por fi m, aumentar as ligações entre os países. Como forma de sumarizarmos os impactos sociais e culturais do turismo, na seqüência você visualiza dois quadros com os aspectos socioculturais positivos e aspectos socioculturais negativos. Assim, você poderá fazer uma comparação entre eles, tirando sua próprias conclusões. teoria_greal_turismo.indb 67 13/4/2007 17:17:55 70 Universidade do Sul de Santa Catarina Tipo de Turista Número de Turistas Impacto sobre a Comunidade 1. Explorador 2. Elite 3. Excêntrico 4. Fora do comum 5. Massa incipiente 6. Massa 7. Vôo fretado Muito limitado Raramente visto Incomum, mas visto Ocasional Fluxo regular Infl uxo contínuo Chegada maciça Aumentando rapidamente Quadro 2.6: Os impactos do turismo de acordo com os tipos de fl uxos turísticos Fonte: Adaptado de: IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 180. As preocupações sobre o relacionamento anfi trião/hóspede se tornaram mais comuns na literatura atual sobre o turismo. Os planejadores da atividade estão se tornando mais conscientes da necessidade de considerar o desenvolvimento do turismo em uma perspectiva em longo prazo. Não é mais sufi ciente abordar o desenvolvimento do turismo em simples termos de custo/ benefício. Tem-se dado cada vez mais atenção à aceitabilidade do tipo e da escala do desenvolvimento do turismo por parte da comunidade anfi triã. Não se pode mais pensar em planejamento turístico, em desenvolvimento da atividade sem levar em consideração a necessidade de conhecimento sobre os possíveis impactos sócioculturais que o turismo gera .Você concorda, não é mesmo? Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades e confi ra suas respostas no fi nal do livro. Aprofunde seus conhecimentos fazendo as leituras complementares indicadas no saiba mais. teoria_greal_turismo.indb 70 13/4/2007 17:17:56 71 Teoria Geral do Turismo Unidade 2 Síntese Nesta unidade, você teve a oportunidade de estudar sobre a mensuração do turismo, por meio de alguns conceitos em que foi descrita a difi culdade que os pesquisadores e autores do assunto têm para, especifi camente, “medir” o turismo. Vimos também que é fundamental ter conhecimentos sobre economia e a sua dinâmica, para uma compreensão mais contextualizada da atividade turística. Do contrário, não seria possível elaborar uma pesquisa de demanda. Você percebeu que a década de 1970 é considerada como sendo aquela em que houve o “pontapé” inicial para estudos nesse âmbito, conheceu o signifi cado de teorometria e qual sua aplicabilidade quando se quer mensurar o turismo. Na seção 2, você teve contato com os impactos econômicos do turismo, uma área de conhecimento que também teve iniciados seus estudos mais aprofundados na década de 1970. Importante destacar que a maioria esmagadora das pessoas comuns e também muitos empresários da atividade só a “enxergam” sob este prisma: o turismo é uma atividade meramente econômica! Foi possível visualizar o movimento de turistas internacionais e o impacto que a atividade gera em termos econômicos. Seguindo a seção, conceituamos o que signifi ca “efeito multiplicador do turismo”. Este é um conceito signifi cativo, pois possibilita compreender a abrangência que o turismo possui em termos econômicos. A seção 2 apresentou também os principais impactos econômicos positivos e negativos. A última parte desta unidade versou sobre os impactos sócioculturais resultantes da atividade turística. Pudemos demonstrar que turismo não só gera impactos na economia, mas que os impactos gerados no âmbito social e cultural de determinado núcleo receptor são também signifi cativos. Você percebeu que não podemos mais pensar em planejamento do turismo, em organização do setor, sem levarmos em conta as características e as necessidades das comunidades que recebem os turistas. teoria_greal_turismo.indb 71 13/4/2007 17:17:56 72 Universidade do Sul de Santa Catarina As relações interpessoais e o respeito para com as tradições e os costumes locais foram igualmente destacados, por meio de tabelas e quadros. Verifi que isso, atentamente, sempre que necessitar. E, fi nalmente, você estudou que o turismo gera impactos positivos e negativos no espectro social e cultural. Essa seção foi muito importante, pois exigiu de você, aluno, a habilidade de construir conhecimentos básicos em outras áreas e também habilidade para refl exão. Atividades de auto-avaliação Com base na leitura desta unidade, realize na seqüência as atividades propostas. 1) Explique o que signifi cam as siglas PNB e PIB e diga qual a diferença entre elas. 2) Para elaborar uma estatística sobre o movimento interno de turistas, seriam necessários, no mínimo quais dados? teoria_greal_turismo.indb 72 13/4/2007 17:17:56 3 UNIDADE 3 O Sistema de Turismo e os meios de transportes Objetivos de aprendizagem Compreender as bases que perfazem o Sistema de Turismo. Distinguir o que é oferta e demanda turística. Conhecer os principais meios de transportes turísticos e sua importância para referida atividade. Seções de estudo Seção 1 Estrutura do Sistema de Turismo. Seção 2 Oferta turística e demanda turística. Seção 3 Empresas de transportes turísticos. teoria_greal_turismo.indb 75 13/4/2007 17:17:57 76 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Para que a atividade turística possa ocorrer de forma sustentada, ordenada em princípios de gestão profi ssional, tendo cuidados com a preservação ambiental e, principalmente, para que ela possa ser atrativa para as comunidades receptoras do Turismo, existem determinadas condições que devem ser observadas e ser de conhecimento dos estudantes da área. Faz-se necessário, portanto, que nesta unidade sejam abordados aspectos que levem você ao conhecimento sobre Sistema de Turismo, ao entendimento sobre oferta e demanda no Turismo e a um bom conhecimento sobre os principais meios de transportes turísticos. Um dos objetivos também é poder familiarizá-lo com esses importantes e indispensáveis tópicos, que, geralmente, não são levados em consideração, quando se aborda a estruturação de projetos na área turística. Dessa forma, conhecer como está estruturada a atividade turística é uma importante etapa para o seu conhecimento no escopo da disciplina de Teoria Geral do Turismo. Sinta-se à vontade para “viajar” pelas próximas páginas, aproveitando o que é de bastante relevância para um bom entendimento técnico e científi co do Turismo. , SEÇÃO 1 – Estrutura do Sistema de Turismo Na década de 1950, um grupo de cientistas propôs o conceito de sistema que causou um impacto considerável, afetando diversos campos do conhecimento humano. Surgiram múltiplas referências, nas mais variadas áreas do conhecimento, com abordagem sistêmica. Mas o que é um sistema? O que lhe vem à mente quando pensa nessa palavra? Que relação ela pode ter com as atividades do turismo? A natureza da atividade turística é um resultado complexo de inter-relações entre diferentes fatores que precisam ser (ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: Ed. SENAC, 2001) teoria_greal_turismo.indb 76 13/4/2007 17:17:57 77 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 considerados conjuntamente, numa ótica sistemática, isto é, como um conjunto de elementos inter-relacionados entre si que se desenvolvem dinamicamente. Para a OMT – Organização Mundial do Turismo – distinguem- se quatro elementos básicos no conceito da atividade turística: A demanda, que é formada pelo conjunto de consumidores ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos. A oferta, que é composta pelo conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidos ativamente na experiência turística. O espaço geográfi co, que é a base física onde tem lugar a conjunção ou encontro entre a oferta e a demanda e onde se situa a população residente; pode ser ao mesmo tempo um destino turístico. Os operadores de mercado, que são empresas e organismos cuja função principal é facilitar a inter- relação entre a oferta e a demanda. Entram nessa consideração as agências de viagens, os meios de transporte e organismos públicos e privados, que, mediante seu trabalho profi ssional, são artífi ces da ordenação e promoção do turismo. A ciência do turismo ainda está em construção, mas alguns estudiosos já arriscam mencionar, principalmente na Europa, a “ciência social das viagens”. Parte desses estudos consiste na elaboração de teorias sobre o funcionamento do fato e do fenômeno e de modelos explicativos sobre o funcionamento do mercado turístico. Uma das teorias mais difundidas atualmente é a dos sistemas, adotada e divulgada no Brasil, pelo professor Mário Carlos Beni em 1997 e, em outros países, por Neil Leiper, em 1979, Sergio Molina, em 1991, entre outros. a) b) c) d) (ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: Ed. SENAC, 2001) (OMT, Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001) (ANSARAH, M.G.R. (org). Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo: SENAC, 2001) teoria_greal_turismo.indb 77 13/4/2007 17:17:57 80 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 2 – Oferta turística e demanda turística Nesta seção você terá a oportunidade de conhecer o que é oferta e demanda turística, dois componentes essenciais da atividade turística. Vamos a eles? Oferta Turística Conhecer a oferta turística é de grande importância para que haja uma melhor compreensão do fenômeno turístico; apresenta características próprias, que são relevantes, quando se têm em mente os crescentes fl uxos turísticos internacionais. A oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante a sua estada em uma destinação. É importante ressaltar que esses produtos e serviços são oferecidos por uma gama de produtores e fornecedores diferentes que, apesar de atuarem de forma individual, são entendidos pelo turista como um todo que integra a experiência vivencial da viagem. (RUSCHMANN, 1997, p.138). Por isso, o planejamento da oferta turística de núcleos receptores deve considerar o desempenho isolado de cada um, integrado a um objetivo geral e cooperado – voltado para a qualidade total dos produtos e serviços oferecidos. A característica mais marcante da oferta turística é sua heterogeneidade, que se constitui da justaposição de bens e serviços oferecidos aos turistas e consumidos por eles. De modo geral, pode-se dizer que a oferta é a quantidade de bens e serviços que uma empresa, ou conjunto de empresas, está apta e disposta a produzir e colocar no mercado por determinado preço, determinada qualidade, determinado local e determinado período de tempo. No curto prazo, as relações de mercado são regidas por uma lógica denominada Lei da Oferta e da Procura. Diz esta lei que, quando os consumidores querem comprar um determinado produto em maior quantidade do que a disponível no mercado, o preço tende a subir. Do contrário, quando existe pouca demanda, os ofertantes tendem a reduzir o preço desse produto. Em economia a Lei da Oferta e da procura é a lei que estabelece a relação entre a demanda de um produto, ou a procura de um produto, e a quantidade que pode ser oferecida, ou que o produtor deseja oferecer. Em períodos que temos grande oferta de um determinado produto, o seu preço cai. No entanto se o que tem é uma teoria_greal_turismo.indb 80 13/4/2007 17:17:58 81 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 Por conseguinte, a quantidade que as empresas se dispõem a colocar no mercado varia na mesma direção do preço. Quanto maior o preço, maior tende a ser a oferta, e vice-versa. A oferta turística, sob o prisma de um dos mais importantes autores a respeito de sistema de turismo no Brasil, professor Mário Carlos Beni, é defi nida conforme se pode observar a seguir: Em linhas gerais, sem levar em consideração os atrativos naturais das regiões que motivam, numa primeira etapa, a criação de fl uxos turísticos, pode-se defi nir a oferta básica como o conjunto de equipamentos, bens e serviços de alojamento, de alimentação, de recreação e lazer, de caráter artístico, cultural, social ou de outros tipos, capaz de atrair a assentar numa determinada região, durante um período determinado de tempo, um público visitante. Como é evidente, os valores que a natureza oferece sem necessidade da interferência do homem (sol, praias, montanhas, paisagens) são as fontes de atração que sustentam os deslocamentos de pessoas com fi nalidades especifi camente turísticas. Não há dúvida de que esses elementos imprescindíveis, por natureza não-reguláveis, escapam totalmente de um tratamento econômico e fi cam à margem do que se pode entender por “oferta” no sentido estrito da palavra. (BENI, 1998, p.153) A oferta em turismo pode ser concebida como o conjunto dos recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria-prima da atividade turística porque, na realidade, são esses recursos que provocam a afl uência de turistas. A esse conjunto agregam-se os serviços produzidos para dar consistência ao seu consumo, os quais compõem os elementos que integram a oferta no seu sentido amplo, numa estrutura de mercado. teoria_greal_turismo.indb 81 13/4/2007 17:17:58 82 Universidade do Sul de Santa Catarina O quadro que se apresenta a seguir serve como exemplo de oferta turística de um país. Hotéis 9.436 Acampamentos 928 Restaurantes 50.055 Agências de Viagens (centrais e sucursais) 4.450 Instalações náuticas 335 Estações de esqui 30 Campos de golfe 127 Parques aquáticos 31 Parques de diversões 6 Estações termais 96 Cassinos 20 Quadro 3.1: Oferta turística na Espanha Fonte: Secretaria Geral de Turismo, 1993 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001. Sumarizar ou sintetizar a oferta turística requer cuidados, para não se incorrer na possibilidade de uma compreensão equivocada. Contudo, podem-se elencar algumas características que são fundamentais a essa atividade: Complementaridade – Certamente, em um núcleo receptor, ninguém oferta turismo isoladamente. Diversas empresas e o Estado complementam, cada qual com suas parcelas, a quantidade de oferta. O turismo, portanto, requer organização entre esses agentes para que a oferta possa existir. Estática – Necessariamente, apesar do “turismo virtual”, o turismo se dá em um espaço defi nido. A oferta está em um local, em um destino turístico. Nesse sentido, os investimentos perdem em mobilidade. O local escolhido para o negócio deve ser muito bem analisado. Por outro lado, por ser estática, a oferta não pode ser exportada nem importada, permitindo um menor grau de variações concorrenciais em curto prazo. Ou seja, uma empresa só entra em um mercado se estiver localizada nele. a) b) teoria_greal_turismo.indb 82 13/4/2007 17:17:58 85 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 Os atrativos naturais podem ser divididos conforme segue: TIPOS SUBTIPOS Montanhas Picos Serras Montes/morros/colinas Outros Planalto e Planícies Chapadas/tabuleiros Patamares Pedras/tabulares Vales/rochedos Costas ou Litoral Praias Restingas Mangues Baías/enseadas Sacos Cabos/pontas Falésias/barreira Dunas Outros Terras Insulares Ilhas Arquipélagos Recifes/atóis Hidrografi a Rios Lagos/lagoas Praias fl uviais/lacustres Quedas d’água Pântanos Fontes hidrominerais e/ou termais Parques e reservas de fl ora e fauna Grutas/cavernas/furnas Áreas de caça e pesca Quadro 3.2: Tipos de atrativos naturais Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 55. teoria_greal_turismo.indb 85 13/4/2007 17:17:59 86 Universidade do Sul de Santa Catarina Os atrativos turísticos culturais também podem ser classifi cados em tipos e subtipos. TIPOS SUBTIPOS Monumentos Arquitetura civil Arquitetura religiosa/funerária Arquitetura industrial/religiosa Arquitetura militar Ruínas Esculturas Pinturas Outros legados Sítios Sítios históricos Sítios científi cos Instituições e Estabelecimentos de Pesquisa e Lazer Museus Bibliotecas Arquivos Institutos históricos e geográfi cos Manifestações, Usos e Tradições Populares Festas/comemorações/ atividades religiosas Festas/comemorações populares e folclóricas Festas/comemorações cívicas Gastronomia típica Feiras e mercados Realizações Técnicas e Científi cas Contemporâneas Exploração de minérios Exploração agrícola/pastoril Exploração industrial Assentamento urbano e paisagístico Usinas/barras/eclusas Zoológicos/aquários/viveiros Jardins botânicos/hortos Planetários Outros Acontecimentos Programados Congressos e convenções Feiras e exposições Realizações desportivas Realizações artísticas/culturais Realizações sociais/assistenciais Realizações gastronômicas Outros Quadro 3.3: Tipos de atrativos turísticos culturais Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 60. teoria_greal_turismo.indb 86 13/4/2007 17:17:59 87 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 Como já é do seu conhecimento, o produto turístico é composto, além dos atrativos (conforme as duas tabelas anteriores), pelos serviços turísticos. Para poder usufruir deste atrativo, o turista necessita consumir uma série de serviços. Alguns desses, por atenderem exclusiva ou preferencialmente turistas, são classifi cados como turísticos. TIPOS SUBTIPOS Meios de Hospedagem Hotéis Motéis Flats Pousadas Pensões Pensionatos Lodges Hospedarias Albergues da juventude Bed & Breakfast Cruzeiros marítimos Campings Acantonamentos Colônias de férias Imóveis de aluguel Alimentação Restaurantes Lanchonetes Sorveterias/docerias Cafés/casas de sucos/casas de chá Cervejarias Quiosques de praias Agenciamento Agências emissivas Agências receptivas Transportes Turísticos Aéreo Rodoviário Ferroviário Aquático Locação de Veículos e Equipamentos Carros Motos Bicicletas Embarcações Equipamentos esportivos Você encontrará diversos endereços úteis na seção “Saiba Mais”, no fi nal desta unidade. Continua teoria_greal_turismo.indb 87 13/4/2007 17:17:59 90 Universidade do Sul de Santa Catarina TIPOS TIPOS Serviços de Apoio a Automobilistas Postos de abastecimento Ofi cinas mecânicas Borracheiros Lojas de autopeças Comércio Turístico Lojas de conveniências Lojas de artesanato Lojas de produtos típicos Serviços Bancários Agências bancárias Caixas eletrônicos Serviços de câmbio Quadro 3.5: Serviços públicos de apoio ao turismo Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 68. A infra-estrutura básica de uma destinação turística também é elemento fundamental para viabilização da atividade. A sua implantação em determinada localidade depende da disponibilidade de alguns insumos básicos. Um resort, por exemplo, a ser implantado em uma praia deserta precisará levar até lá a energia elétrica, a rede de esgoto, etc. Sem esses elementos básicos, o empreendimento torna-se inviável. A seguir, o último quadro desta série, que apresenta alguns tipos de infra-estrutura básica. TIPOS TIPOS Acessos Rodovias Ferrovias Fluviovias Terminais de passageiros, aéreos, rodoviários; ferroviários, marítimos, fl uviais Saneamento Captação, tratamento e distribuição de água Coleta, tratamento e despejo de esgotos Coleta e tratamento de lixo Energia Produção e distribuição de energia Continua teoria_greal_turismo.indb 90 13/4/2007 17:17:59 91 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 TIPOS TIPOS Comunicações Rede de telefonia comum e celular, antenas de captação de rádio e televisão, serviços de correios, agências telegráfi cas, postos telefônicos Vias urbanas de circulação Implantação, conservação, sinalização Abastecimento de gás Distribuição Controle de poluição Ar, água, som Capacitação de recursos humanos Formação e aperfeiçoamento de mão-de-obra Quadro 3.6: Infra-estrutura básica Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 72. Essa listagem, apresentada pelas tabelas, de forma alguma esgota todos os quesitos necessários e classifi cados como “oferta turística”. O turismo depende de uma infi nidade de serviços especializados, os quais, por sua vez, dependem de uma infi nidade de profi ssionais com as mais variadas especializações. Na seqüência, você vai estudar outro importante componente do produto turístico que é a demanda! Vamos lá? Demanda Turística Por demanda turística pode-se entender: a quantidade de bens e serviços que um consumidor e/ou turista está apto e disposto a adquirir por determinado preço, com determinada qualidade, por determinado período de tempo e em determinado local. A demanda por turismo vem apresentando tendências bastante interessantes nos últimos anos. Primeiro, as pessoas estão viajando mais em todo o mundo; segundo, o transporte aéreo de passageiros também apresenta a mesma tendência; terceiro, a duração das viagens e o tempo de permanência nos locais visitados vêm diminuindo para uma semana ou dez dias; quarto, as pessoas fazem mais viagens durante o período de um ano; e quinto, há uma mudança de turismo de massa para turismo teoria_greal_turismo.indb 91 13/4/2007 17:17:59 92 Universidade do Sul de Santa Catarina de nichos, ou seja, os turistas estão buscando uma forma de diferenciação e diversifi cação de suas viagens, o que obriga as empresas a saciarem demandas específi cas. Você sabia? Que as diversas formas de classifi cação da demanda não são excludentes? Podemos compor o tipo de demanda que analisamos. Assim, por exemplo, podemos ter uma demanda turística nacional, com vôo fretado, para a participação em uma feira, com cinco dias de permanência, numa viagem intermediada por uma agência e destinada a um grupo de adultos. De outra forma, temos um perfi l muito diferente em uma demanda internacional, com ônibus turístico, para a participação num show de rock, em um fi nal de semana, organizada por uma operadora, para um grupo de jovens. (LEMOS, 2001, p.74). Observem que as especifi cações das demandas supracitadas compõem um perfi l de comportamento econômico bastante variado. No primeiro exemplo, tem-se um perfi l profi ssional e, caso se agreguem serviços de entretenimento para esse grupo, eles podem ser desnecessários. No segundo grupo, o entretenimento é o objetivo e, caso se agreguem serviços mais elaborados, eles somente elevariam os custos da viagem. Certamente, as empresas e as localidades se aprimoram em criar serviços para nichos cada vez mais específi cos. Existem hotéis que se especializam em prestar serviços para executivos; outros vão mais longe e prestam serviços especifi camente para mulheres executivas. O mercado de turismo é um setor de concorrência monopolística, o que signifi ca a busca de um monopólio específi co em um nicho de mercado. Todas as operadoras e agências concorrem entre si, mas uma delas pode ser especializada, por exemplo, em um destino, em uma faixa etária etc. De acordo com Lemos (1983 apud apud FELLINI, 2001, p.75), a classifi cação da demanda turística pode ser assim apresentada: teoria_greal_turismo.indb 92 13/4/2007 17:18:00 95 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 Seguimos adiante com o início da seção 3, que vai nos familiarizar com os transportes turísticos. SEÇÃO 3 – Empresas de transportes turísticos Como você viu na unidade 1, na evolução histórica do turismo salientamos que não havia um consenso sobre quando, efetivamente, se deu o início da atividade turística; o mesmo ocorre com os transportes. Não há registros sobre quem e quando se inventou o meio mais antigo de se transportar coisas de um lugar para outro. Por esse fato, elaboramos nesta seção um resumo cronológico sobre a evolução dos transportes, que, segundo a nossa opinião, são os de maior importância para que você possa se familiarizar com o contexto da relevância e do signifi cado que eles têm para o Turismo. Se considerarmos que “o turismo implica o deslocamento de pessoas, os meios de transporte são um componente essencial”, o que isso representa na cronologia histórica apresentada? Veja como o transporte se transformou no tempo e no espaço, e sob que variáveis: a) Historicamente O homem primitivo dispunha somente de suas próprias forças para deslocar-se e carregar o que desejava transferir de local. A domesticação de animais de grande porte, para monta e tração a trenós rústicos, foi o passo inicial de uma áspera luta do peso contra o espaço. teoria_greal_turismo.indb 95 13/4/2007 17:18:00 96 Universidade do Sul de Santa Catarina A utilização do meio líquido com dispositivos fl utuantes, talvez o mais remoto sistema utilizado pelo homem, assumiu um valor extraordinário desde seu início. A invenção da roda (Mesopotâmia com os Assírios, na 2ª metade do 1º milênio a.C.) é o marco milenar da penosa caminhada do ser humano em busca do domínio da técnica do transporte terrestre; assinalou o limiar de uma era de expansão e desenvolvimento em toda a superfície da Terra. b) Império Romano Registra-se a existência da Carruca Dormitoria, uma espécie de ônibus leito que servia para transportar os viajantes, mais abastados, inclusive durante a noite, por volta de 250 a.C., no Império romano. Para as pessoas mais simples do Império Romano, era utilizado o lombo do cavalo, além das “bigas”, um meio de transporte bastante difundido na época. Os Romanos foram decisivos para a evolução dos meios de transportes terrestres, uma vez que construíram um conjunto de estradas, espalhadas pelo império, que fi caram conhecidas com a PAX ROMANA. Muitos trechos deste conjunto de estradas ainda são possíveis de serem visitados, principalmente na Itália, como a Via Apia (que tinha 560 km e ligava Roma a Nápoles) entre outras. c) Revolução Industrial O transporte moderno, como o conhecemos atualmente, deu-se a partir de 1840 com o advento da Revolução Industrial, na Inglaterra e o teoria_greal_turismo.indb 96 13/4/2007 17:18:00 97 Teoria Geral do Turismo Unidade 3 conseqüente desenvolvimento das linhas férreas. Os transportes vivenciaram um impulso jamais antes verifi cado. A aplicação comercial do motor se deve ao engenheiro alemão Daimler, que construiu várias motocicletas entre 1884 e 1886 e fundou, depois, a Daimler Motoren Gesellschft. Sem nenhuma dúvida, foi o pesquisador de maior relevância, seguido por Benz, que fabricou seu primeiro carro em 1884; a partir de 1914 as fábricas se uniram. O passo decisivo para a conquista do ar deu-se em 21/07/1976, quando a Air France inaugurou a 1ª rota internacional para transporte regular de passageiros com o SSC – Super Sonic Concorde, cuja velocidade é duas vezes maior que a velocidade do som. Em todos os tempos, para cumprir suas essenciais fi nalidades, o transporte necessitou organização aprimorada, objetivando oferecer um mínimo de segurança, rapidez, regularidade, pontualidade, prestação de serviços, economia e conforto. Querermos destacar que o objetivo desta seção não é o de apresentar de forma detalhada e aprofundada toda a evolução histórica e o conseqüente desenvolvimento dos transportes. Isso não seria possível numa única seção. Sendo assim, na continuação do conteúdo, faremos referência, de forma signifi cativamente resumida e simplifi cada, ao que consideramos ser relevante para o seu entendimento sobre os transportes. Relacionamos quatro meios de transportes que efetivamente são os mais utilizados e de maior signifi cado, quando o assunto é turismo. Vamos a eles? teoria_greal_turismo.indb 97 13/4/2007 17:18:01
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