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Guias e Dicas
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Aula de Agrometeorologia, Notas de aula de Engenharia Florestal

Temperatura do ar como fator

Tipologia: Notas de aula

2011

Compartilhado em 31/03/2011

gleice-gomes-costa-3
gleice-gomes-costa-3 🇧🇷

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Baixe Aula de Agrometeorologia e outras Notas de aula em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! Temperatura do ar como fator agronômico AGROMETEOROLOGIA Prof. Marcelo Gama Aula - 06 FARO – 2010-2 Temperatura do ar como fator agronômico Os seres vivos, animais ou vegetais, necessitam de condições térmicas adequadas para seu pleno desenvolvimento, ou seja, para que seus processos metabólicos transcorram dentro da normalidade. Desenvolvimento vegetal Desenvolvimento de insetos Produção animal Zona D – Zona sub-ótima por falta de calor ⇒ iniciam-se os processos de T e m p . c o rp o ra l / C a lo r m e ta b ó lic o Letal Letal Temp. Corporal Produção de calor pelo metabolismo A B CD EF Estresse por Frio Estresse por calor Temperatura do ar vaso-constrição, aumento da ingestão de alimento e diminuição do consumo de água, de modo a produzir calor para a manutenção da temperatura corporal constante. Zona E – Zona de deficiência térmica ⇒ inicia-se o processo de tremor corporal de para aumentar a produção de calor e manter a temperatura corporal constante. Isso faz com que haja redução brusca do rendimento dos animais. Zona F – Zona fatal (Hipotermia) ⇒ mesmo com o aumento da produção de calor pelo metabolismo, o animal não consegue manter a temperatura corporal constante, havendo então redução dessa temperatura e, conseqüentemente, da atividade metabólica até o animal entrar em coma. Ganho/Perda de peso (kg/dia) de suínos submetidos a diferentes condições térmicas ambientais. Adaptado de Müller (1989). O exemplo a seguir ilustra as condições de ganho de peso de suínos submetidos a diferentes condições de conforto térmico ambiental. Observe que o ganho de peso diminui gradativamente com o aumento da temperatura até que passa a haver redução do peso, em decorrência dos processos descritos anteriormente, caracterizando condições das zonas B e C. Peso (kg) 21oC 27oC 32oC 38oC 45 0,91 0,89 0,64 0,18 90 1,01 0,76 0,40 -0,35 160 0,90 0,55 0,15 -0,15 Índice Biometeorológico de Conforto Higro-Térmico para Animais Homeotermos A importância da adequação climática do ambiente para a criação de animais reside em sua estreita ligação com a produtividade do empreendimento. O desempenho orgânico dos animais depende de sua relação com o ambiente, sendo que variações ambientais bruscas podem provocar desconforto, comprometendo a saúde e a produtividade dos animais. Os elementos climáticos que afetam o conforto animal são: temperatura, umidade, radiação solar, vento e chuva, pois interferem diretamente no balanço de energia do animal (veja figura a seguir). Temperatura do ar e Dormência de Plantas de Clima Temperado Espécies frutíferas de clima temperado, de folhas caducas (criófilas ou caducifólias) apresentam um período de repouso invernal, durante o qual as plantas não apresentam crescimento vegetativo. Esse repouso é condicionado pelas condições climáticas, que atuam sobre os reguladores de crescimento. O NHF varia entre espécies e variedades, e quanto mais exigente for a espécie/variedade maior o valor de NHF, como pode-se observar no quadro abaixo: Frutífera NHF < 7oC Maçã 250 a 1.700 h Amora Preta 100 a 1.000 h Kiwi 250 a 800 h Pêssego 0 a 950 h Figo 0 a 200 h Uva 0 a 1.300 h Cereja 500 a 1.400 h Pêra 200 a 1.500 h Ameixa 300 a 1.800 h Noz Pecã 300 a 1.000 h Fonte: www.citygardening.net/chilling Temperatura do ar e Desenvolvimento Vegetal Nos vegetais, a taxa das reações metabólicas é regulada basicamente pela temperatura do ar, afetando, desse modo, tanto o crescimento como o desenvolvimento das plantas. Como esses dois processos ocorrem simultaneamente, fica difícil distingui-los, porém, o desenvolvimento das plantas é regulado por essa variável meteorológica, a qual faz com que a duração das fases ou sub-períodos fenológicos e, conseqüentemente, o ciclo das culturas tenha variação inversamente proporcional a ela. Um dos primeiros estudos relacionando temperatura e desenvolvimento vegetal foi realizado por Reaumur, na França, por volta de 1735. Ele observou que o ciclo de uma mesma cultura/variedade variava entre localidades e também entre diferentes anos. Ao fazer o somatório das temperaturas do ar durante os diferentes ciclos, ele observou que esses valores eram praticamente constantes, definindo isso como Constante Térmica da Cultura. Estádios fenológicos da cultura da batata Florescimento da cultura do café Reaumur assumiu que a Constante Térmica representa a quantidade de energia que a espécie/variedade necessita para atingir um determinado estádio fenológico ou a maturação. Esse estudo foi o precursor do Sistema de Unidades Térmicas ou Graus-Dia, amplamente utilizado atualmente para fins de planejamento agrícola. Ta xa d e d e se n vo lv im e n to Temperatura ótima Taxa de desenv. máxima O conceito dos Graus-Dia (GD) baseia- se no fato de que a taxa de desenvolvimento de uma espécie / variedade vegetal está relacionada com a temperatura do meio. Esse conceito Ta xa d e d e se n vo lv im e n to Temperatura do ar (oC) Tb TB 30 342610 40 pressupõe a existência de temperaturas basais inferior – Tb e superior – TB, respectivamente aquém e além das quais a planta não se desenvolve. Na figura ao lado pode-se observar tanto Tb como TB. Além disso, é possível ver que existe uma temperatura ótima (entre 26 e 34oC) na qual a taxa de desenvolvimento é máxima. Como normalmente Tmed < Tótima, na prática assume-se que a relação entre a temperatura e o desenvolvimento vegetal é positiva e praticamente linear. Aplicações práticas do sistema dos Graus-dia ⇒ Escolha da melhor variedade para a região: sabendo-se que a duração ideal da fase semeadura-florescimento masculino do milho é de cerca de 60 dias, pode-se determinar qual o melhor híbrido a ser semeado na região para dada época de semeadura. Local: Ouro Preto-RO - Cultura: Milho - Híbridos: AG510 (CT = 800oCd e Tb = 10oC) e DINA170 (CT = 884oCd e Tb = 10oC) – Semeadura: 01/11 Mês Dias Tmed GDi ΣGD mês ΣGD ciclo Nov 29 23,5 13,5 391,5 391,5 Dez 30 23,8 13,8 414,0 805,5 AG510 Mês Dias Tmed GDi ΣGD mês ΣGD ciclo Nov 29 23,5 13,5 391,5 391,5 Dez 31 23,8 13,8 427,8 819,3 Jan 5 24,5 14,5 72,5 891,8 DINA170 800 – 391,5 = 408,5 / 13,8 ≈ 30 dias ⇒ Duração da fase = 59 dias 884 – 819,3 = 64,7 / 14,5 ≈ 5 dias ⇒ Duração da fase = 65 dias Portanto, o melhor híbrido é o AG510, com duração da fase de 59 dias, valor mais próximo dos 60 dias. Temperatura do ar e Desenvolvimento de Insetos Ciclo de desenvolvimento da A temperatura do ar afeta os insetos direta e indiretamente. Diretamente, influindo no seu desenvolvimento, já que a temperatura ambiente regula o metabolismo deles, existindo, assim, uma relação positiva entre temperatura e taxa de desenvolvimento dos insetos e uma relação negativa entre temperatura e duração do ciclo de desenvolvimento da praga. Indiretamente, porque a temperatura do ar afeta a disponibilidade de alimento, devido a seu efeito no crescimento e desenvolvimento dos vegetais. OVO ADULTO Cigarrinha CONCEITO DE GRAUS-DIA Assim como para os vegetais, o conceito dos graus-dia também pode ser aplicado ao desenvolvimento dos insetos, já que todo inseto requer uma certa quantidade constante de energia, expressa em termos da temperatura do ar, para completar seu ciclo de desenvolvimento. Isso apenas não é válido para pragas que tem boa parte de seu ciclo no interior do solo, onde a temperatura varia pouco. Ta xa d e d e se n vo lv im e n to 30 342610 40 Temperatura ótima Z o n a d e h ib e rn a ç ã o Z o n a d e e s ti v a ç ã o r e v e rs ív e l Como os insetos não produzem calor metabólico, eles dependem da temperatura do ambiente para regular suas taxas de desenvolvimento. Assim existem temperaturas basais inferior e superior, respectivamente, aquém e além das quais os insetos paralisam seu desenvolvimento. Isso explica porque é mais comum vermos revoadas de insetos no verão. Isso não ocorre no inverno. Abaixo da temperatura basal inferior têm-se a Zona de Hibernação. Acima da temperatura basal superior a Zona de Estivação Reversível. Temperatura do ar (oC) Tb TB TLetal TLetal Além dessas zonas, atinge-se as temperaturas letais para os insetos. Como normalmente Tmed < Tótima, na prática assume-se que a relação entre a temperatura e o desenvolvimento dos insetos é praticamente linear. Portanto, no cálculo de GD leva-se em consideração apenas a temperatura média (Tmed) e a basal inferior da cultura (Tb): Caso Tb < Tmin ⇒ GD = (Tmed – Tb) (oC*dia) Caso Tb ≥ Tmin ⇒ GD = (Tmax – Tb)2 / 2*(Tmax – Tmin) (oC*dia) Caso Tb > Tmax ⇒ GD = 0
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