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ANO
* Ricardo Brino RA; 091425
| Alexandre Marinho RA: 092504
4º Sem. Noturno TEC. TÊXTIL
DE FIO / FIAÇÃO
Introdução
A falta de qualidade e a presença de defeitos nos fios podem resultar na perda de clientes.
Normalmente, reduzem a margem de lucro e, em longo prazo, prejudicam seriamente o sucesso
empresarial das fiações, tricotagens e tecelagens. Por isso, hoje em dia, o objetivo de uma fiação bem-
sucedida é produzir, em estreita parceria com Malheiros e tecelões, fios de elevada qualidade, de forma
econômica, algo que só é possível com uma utilização orientada e controlada da matéria-prima na fiação.
Para que os fabricantes de tecidos utilizem os fios de modo adequado é, igualmente, importante que
disponham de toda a documentação relativa à qualidade dos fios a serem processados, que não deve ser
apenas compreensível pelos peritos em fiação. Desde sempre que nas indústrias de fiação de fibras têxteis
existiu a preocupação de conceber fios cada vez mais regulares, ou seja, fios que mantenham exatamente
o mesmo perfil (aspecto) e as mesmas propriedades (massa linear, torção, resistência à rotura, pilosidade,
imperfeições, etc.) ao longo de todo o seu comprimento. São estas as características dos fios que irão
permitir classificá-los como sendo de boa ou má qualidade.
A qualidade de um fio depende essencialmente de três fatores:
- matéria-prima, designadamente das suas características físicas (Comprimento, finura, ondulação/frisado,
etc.) e homogeneidade;
- maquinaria, nomeadamente o sistema de fiação (convencional “open-end, penteado, cardado, etc.);
- humanos, tais como maputenção dos equipamentos, limpeza, erros de concepção de misturas, etc.
As propriedades geométricas das fibras, particularmente o comprimento e a finura, assim como o tipo de
fiação (cardado, penteado), influenciam, decisivamente, a regularidade dos fios.
No que diz respeito às fibras naturais, nomeadamente o algodão, a contínua e progressiva evolução dos
métodos de controlo das ramas — desde que se iniciaram procedimentos relativos à classificação e
normalização nos EUA, até aos métodos mais recentes de classificação através de equipamentos (Figura 1),
passando por técnicas agricolas e genéticas de desenvolvimento e seleção de novas espécies — permite
produzir fios de algodão muito mais regulares.
A irregularidade do fio em termos de massa linear condiciona muito o aspecto dos tecidos ou malhas,
revelando-se sob a forma de raiados devido à reflexão ou transmissão da luz, quando se observam os
tecidos e as malhas em contraluz (Figura 2)
* Efeito de raiado na malha
Imperfeições
Fios produzidos a partir de fibras cortadas apresentam “imperfeições” (defeitos ou irregularidades
frequentes e de pequenas dimensões do fio) que podemos dividir em três grupos: pontos finos; pontos
grossos; neps.
pontos finos pontos grossos neps
A origem desses defeitos reside tanto na falta de qualidade da matéria-prima como nos processos de
fiação não otimizados. Através de uma análise fiável das imperfeições, torna-se possível não apenas
aperfeiçoar o processo de fiação como também tirar conclusões a respeito da qualidade da matéria-prima
utilizada.
Pontos finos e pontos grossos
Uns elevados números de pontos finos e de pontos grossos existentes nos fios prejudicam,
significativamente, a aparência de um tecido ou de uma malha. Além disso, o aumento da fregiiência dos
pontos finos e dos pontos grossos nos fios representa uma indicação extremamente valiosa de gue a
matéria-prima ou o processo de fiação sofreu uma redução da qualidade.
Todavia, o aumento da quantidade de pontos finos nos fios não significa que haverá, igualmente, um
aumento do número de paragens nos teares, pois, muitas vezes, os pontos finos nos fios possuem uma
torção mais elevada comparativamente à torção nominal do fio. A resistência do fio não diminuirá,
portanto, proporcionalmente com redução pontual da quantidade de fibras existentes em determinadas
zonas do fio.
No caso dos pontos grossos nos fios, as circunstâncias invertem-se. O aumento pontual da quantidade de
fibras em determinada secção do fio, faz com que os fios apresentem uma torção menor nessas zonas,
comparativamente ao valor da torção nominal do fio. Portanto, a resistência do fio, na área do ponto
grosso, raramente é proporcional à quantidade de fibras existente nessa zona.
As considerações analisadas nos parágrafos anteriores valem, sobretudo, para o caso dos fios produzidos pelos
processos de fiação convencional (fiação de anel).
Neps
Os neps podem influenciar fortemente a aparência de tecidos ou malhas. (Figura 6)
Figura 6- Aspecto irregular do tecido originado pelo elevado nº de neps
Para além desse aspecto, os neps de tamanho significativo podem influenciar a produção das malhas nas
tricotagens.
Conforme a sua origem, os neps poderão dividir-se em duas categorias:
- neps transportados pela matéria-prima (ramas);
- neps resultantes do proçesso de fiação.
Dependendo do processo de fiação, parte dos neps transportados pela matéria-prima poderá manter-se
até ao final da produção do fio. Nesse grupo encontram-se, sobretudo, fibras mortas (caso das fibras
naturais), que depois das malhas e dos tecidos acabados são visíveis como pontos brancos. (figura 7)
Figura 7- Defeitos de pontos brancos na malha
No processo de fiação de fios penteados, grande parte dos neps transportados pela matéria-prima deverão
ser eliminados. Isso significa que os neps encontrados no final da produção do fio, serão originados,
essencialmente, pelo processo de fiação do fio. Os neps resultantes do processo de fiação e a pilosidade
dos fios estão intimamente ligados.
Estes neps são constituídos, sobretudo, por aglomerados de fibras emaranhadas formados a partir do
elevado pêlo superficial do fio.
Pilosidade
A superfície de um fio é marcada por fibras que dele saem, a pilosidade dos fios depende,
fundamentalmente, das características da matéria-prima, do tipo de preparação para a fiação e,
principalmente, do tipo de processo de fiação.
Figura 8 - Pilosidade nos fios
Figura 9-Exemplo de variações da
pilosidade nos fios.
A pilosidade dos fios poderá resultar de:
- deficiente espaçamento entre cilindros de estiragem;
- grau de estiragem elevado;
- atrito em pontos de desvio do material (por exemplo, cursores);
- revestimentos inadequados;
- salas secas;
- cargas eletrostáticas.
A pilosidade dos fios pode trazer problemas para os artigos têxteis ao nível da formação do borboto,
tratando-se por isso, normalmente, de uma característica indesejável dos fios.
Variações na pilosidade do fio podem provocar um aspecto irregular num artigo de malha, após os
processos de tingimentg e acabamento. Todavia, para algumas aplicações, como, por exemplo, para
artigos que se destinam a ser cardada ou esmerilada, a pilosidade dos fios pode não ser problemática.
No caso particular da tecelagem, a pilosidade excessiva em fios de teia, especialmente quando o tecido é
produzido em teares a jacto de ar, pode provocar a prisão de fios próximos entre si e impedir a passagem
do fio de trama pela cala. No caso dos teares de pinças, fios de trama com muita pilosidade podem
influenciar negativamente a entrega do fio nas pinças.
Nova geração de equipamentos
Com o aparecimento dos Regularímetro de quinta geração (Uster Tester 5) passaram a avaliar-se outros
parâmetros muito importantes para a qualidade do produto final, dos quais se destacam a determinação
do diâmetro e do teor de impurezas e de poeiras de um fio
Figura 14 — Simulação de um tecido - fonte: http://www.zweigle.com/
Figura 15 - Simulação de ums malha - Fonte: http://www zweigle.com
Irregularidades de origem mecânica no fio
Os defeitos existentes em alguns dos elementos das máquinas de fiação (cilindros, revestimentos, rodas
dentadas, etc.), preponderantes para a formação do fio, poderão provocam perturbações periódicas nos
fios. Esses defeitos originam, em tecidos ou malhas, efeitos bem característicos, nomeadamente, raiados,
barrados e efeitos “moiré”.
Uma deficiente condução das fibras nas zonas de estiragem provoca ondas de estiragem, podendo a sua
causa estar associada a deficiências nos elementos de estiragem.
Os defeitos de origem mecânica podem ser avaliados recorrendo aos espectrogramas que se obtêm nos
Regularímetro, quando da análise da qualidade do fio, e detectam-se sob a forma de “chaminés” bem
definidas e salientes acima do curso normal do espectrograma (Figura 16).
fito pda RirS ti
He T +
1
Figura 16 — Espectrograma de massa linear
Exemplos de interpretação e localização de defeitos em espectrogramas de fios
e repercussão dos respectivos defeitos nos tecidos e malhas
O efeito das irregularidades periódicas dos fios nos tecidos ou malhas depende da sua aplicação e do
comprimento dessas irregularidades.
Direção da teia (tecidos)
As porções de fio mais finas e mais grossas provocam maior ou menor transparência do tecido e aparente
falta de paralelismo dos fios. Como a distribuição dos fios na teia é casual, não é provável que se
encontrem a par muita porção de fio fino e de fio grosso que revelem um defeito muito notório.
Direção da trama (tecidos)
Direção das fileiras de laçadas (malhas)
O resultado das irregularidades existentes na direção da trama (tecidos) e na direção das fileiras de laçadas
(malhas) são mais graves e visíveis, principalmente tratando-se de irregularidades periódicas de grande
comprimento,
Defeitos periódicos nos fios de comprimento curto (1 em a 50 em)
As variações de massa lingar do fio de comprimento curto (1 cm a 50 cm) repetem-se normalmente,
muitas vezes, ao longo da largura do tecido ou da malha, resultando variações periódicas muito próximas
umas das outras.
Neste caso, um defeito periódico no fio situa-se, normalmente, num comprimento de 8 cm a 10 cm,
podendo ter consegi ncjas notáveis sobre a aparência do tecido, resultando num efeito designado como
“moiré” (Figura 17). Este pfeito é particularmente visível quando
se observa o tecido ou a malha a uma distância de, aproximadamente, 50 cm a im.
Figura 17 — Efeito “moiré”
Fonte: hitp://www.schlathorst.com/
Defeitos periódicos nos fios de comprimento médio (50 cm a 5 m)
As irregularidades periódicas de pequeno ou médio comprimento podem também provocar efeitos muito visíveis e
prejudiciais, se, por exemplo, a largura do tecido for múltipla do comprimento do defeito periódico do fio. Nestas
condições, as zonas grossas do fio colocar-se-ão a par ou aproximada, dando um aspecto barrado, na direção
da trama, no caso dos tecidos, e na direção das fileiras, no caso das malhas (Figura 18)
Figura 18 — Defeito de barrado
Fonte: CITEVE
Defeitos periódicos nos fios de comprimento longo (superior a 5 m)
As irregularidades periódicas de comprimento superior a 5 m podem provocar barras transversais bastante
acentuadas num tecido ou malha, desde que o comprimento do defeito periódico seja superior à largura
do tecido ou da malha (Figura 19).
Ondas de estiragem no fio
As irregularidades periódicas devidas a ondas de estiragem são motivadas, essencialmente, pela falta de
homogeneidade da matéria-prima utilizada, normalmente, devido a uma elevada quantidade de fibras
mais curtas, relativamente à média, que tendem a dispor-se espaçada e periodicamente ao longo dos fios,
dando origem a defeitos periódicos, normalmente conhecidos como ondas de estiragem.