Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

silagem de girassol, Notas de estudo de Informática

Composição da silagem e girassol

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 28/02/2011

alucinado-alucinado-6
alucinado-alucinado-6 🇧🇷

2 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe silagem de girassol e outras Notas de estudo em PDF para Informática, somente na Docsity! ISSN 1517-1973 Dezembro, 2004 72 Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol. República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Ministério da Agricultura e do Abastecimento Roberto Rodrigues Ministro Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Conselho de Administração José Amauri Dimárzzio Presidente Clayton Campanhola Vice-Presidente Alexandre Kalil Pires Hélio Tollini Ernesto Paterniani Luis Fernando Rigato Vasconcellos Membros Diretoria-Executiva da Embrapa Clayton Campanhola Diretor-Presidente Gustavo Kauark Chianca Herbert Cavalcante de Lima Mariza Marilena Tanajura Luz Barbosa Diretores-Executivos Embrapa Pantanal Emiko Kawakami de Resende Chefe-Geral José Anibal Comastri Filho Chefe-Adjunto de Administração Aiesca Oliveira Pellegrin Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento José Robson Bezerra Sereno Chefe-Adjunto de Comunicação e Negócios Autores Thierry Ribeiro Tomich Médico Veterinário, Dr. Embrapa Pantanal Rua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109 CEP 79.320-900, Corumbá, MS Telefone (67) 233-2430 E-mail: thierry@cpap.embrapa.br Luiz Gustavo Ribeiro Perieira Médico Veterinário, Dr. Depto. de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC Rodovia Ilhéus - Itabuna, km 16, Bairro Salobrinho CEP 45.662-000, Ilhéus, BA Telefone (73) 680-5112 E-mail: luizgustavo@uesc.br Lúcio Carlos Gonçalves Engenheiro Agrônomo, Dr. Depto. de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG Avenida Antônio Carlos, 6627, Caixa Postal 567 CEP 30.123-970, Belo Horizonte, MG Telefone (31) 3499-2191 E-mail: luciocg@vet.ufmg.br Apresentação A pecuária desenvolvida em pequena escala de produção é uma importante atividade geradora de renda para os produtores rurais situados na parte alta da região de Corumbá, Mato Grosso do Sul. Contudo, o desempenho produtivo da pecuária local é relativamente baixo, o que compromete a rentabilidade da atividade. Dentre outros fatores responsáveis por tal condição, destaca-se a alimentação deficiente dos rebanhos durante o período anual de seca. Diante deste quadro, a Embrapa Pantanal vem pesquisando e apontando alternativas para se incrementar os índices de produtividade e de rentabilidade dessa atividade. Entre as ações desenvolvidas com essa finalidade, encontram- se aquelas relacionadas à difusão de conhecimentos que possam auxiliar técnicos e pecuaristas na adoção de estratégias adequadas à produção pecuária de pequena escala na região. Esta publicação reúne informações importantes sobre a produção e a utilização da silagem de girassol, alimento volumoso que pode ser uma das alternativas para compor a dieta dos rebanhos localizados na parte alta da região de Corumbá, durante o período de escassez das pastagens. Emiko Kawakami de Resende Chefe-Geral da Embrapa Pantanal Sumário Alimentos Volumosos para o Período Seco – I: Silagem de Girassol ........................................... 9 Introdução........................................................ 9 Características da Cultura................................. 10 Solo e Adubação ............................................. 10 Semeadura .................................................... 11 Rendimento Forrageiro..................................... 12 Qualidade da Silagem....................................... 14 Valor Nutritivo ................................................ 18 Aditivos ......................................................... 23 Desempenho Animal ........................................ 24 Referências Bibliográficas................................. 27 Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 11 silagem, onde não ocorre devolução de restos das plantas para o terreno, a adubação de reposição é imprescindível para a manutenção da produtividade da área. O girassol possui características que dificultam a absorção de boro, sendo sensível aos baixos níveis desse elemento no solo. Por esse motivo apresenta, com freqüência, nas principais regiões agrícolas do país, sintomas de deficiência, principalmente nas fases de florescimento e de maturação (Castro et al., 1997). Capítulos pequenos e deformados e a perda de capítulos (Fig. 1) são alguns dos sintomas característicos dessa deficiência. Fig. 1. Plantas de girassol com sintomas de deficiência de boro, com deformação do capítulo (A) e perda de capítulo (B). Semeadura A época de plantio do girassol é um fator importante para a produtividade de forragem. A melhor época é aquela que satisfaz as exigências climáticas das plantas. Em relação às exigências hídricas, entre as culturas utilizadas para a produção de silagem, o girassol é uma das mais tolerantes à escassez de água no solo, devido, principalmente, ao sistema radicular profundo e bem desenvolvido lateralmente. A necessidade pluviométrica da lavoura do girassol depende da capacidade de armazenamento de água do solo e da evapotranspiração do local de cultivo (Gonçalves et al., 1981). Conforme Castro et al. (1997), na maioria das situações, de 500-700 mm de água bem distribuídos durante o ciclo de produção do girassol resultam em rendimentos próximos ao máximo. Contudo, segundo Kakida et al. (1981), cerca de 200-400 mm de chuva são suficientes para o girassol completar o ciclo, sendo esse um dos motivos que fazem com que essa oleaginosa seja considerada uma boa opção para plantio em safrinha ou regiões com regime pluviométrico irregular. Quanto à interferência da temperatura sobre a produtividade da lavoura, as plantas de girassol podem suportar temperaturas baixas até o aparecimento do broto floral. Durante a germinação, exigem A B Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 12 temperaturas superiores a 5oC e, desde que exista umidade disponível, podem tolerar temperaturas superiores a 40oC (Silva, 1981). Levando em consideração esses fatores, a melhor época para a semeadura do girassol na região Centro- Oeste vai de janeiro até meados de fevereiro. Para a região de Corumbá, como não existem dados específicos sobre as datas limites de semeadura, deve ser seguida a recomendação geral para a região Centro-Oeste. Para a semeadura de girassol, são necessários de 3,5-4,5 kg de semente por hectare. A densidade ótima da lavoura é decisiva no rendimento de forragem, devendo oscilar entre 40.000-45.000 plantas/ha. O espaçamento entre linhas deve variar de 70 cm, quando forem empregadas plataformas de soja na operação de colheita, a 80 ou 90 cm para colheita com plataformas de milho. Na determinação da quantidade de sementes a ser utilizada, além do poder germinativo, deve-se considerar os possíveis danos causados por pássaros e outros animais silvestres, insetos, efeito depressivo dos herbicidas e a qualidade do preparo do solo (Castro et al., 1993; Castro et al., 1997). Em uma cultura tecnicamente conduzida, pode ocorrer perda de plantas, do plantio à colheita, da ordem de 25% a 30% (Gonçalves et al., 1981). Dessa forma, para obter uma população de plantas adequada, deve-se acrescer à necessidade de sementes, após a correção para 100% de germinação, de 5% a 30%, dependendo das condições de cultivo (Pena Neto, 1981). O número de sementes na linha de semeadura deve ser calculado levando-se em consideração a população final desejada, o poder germinativo e a reserva para perdas totais. A profundidade ótima para deposição da semente de girassol, levando-se em consideração as características do solo, varia de 3 cm a 5 cm. Na semeadura rasa, a desidratação pode comprometer a germinação das sementes, enquanto a semeadura profunda ocasiona demora na emergência, sobretudo no caso da existência de crosta na superfície do solo, além de aumentar o risco de aparecimento de pragas e doenças (Castro et al., 1993; Castro et al., 1997). Rendimento Forrageiro Na maioria das situações, a redução do rendimento forrageiro que ocorre sob condições de estresse hídrico promove elevação significativa no custo da silagem produzida com as culturas tradicionais. Por esse motivo, estima-se que a principal característica que tem motivado o cultivo do girassol para a produção de silagem é o seu bom desempenho produtivo sob baixa precipitação pluviométrica. Existem relatos de produções de forragem verde de girassol que alcançaram 70 t/ha. Contudo, para a maioria das situações, as produções médias no período de safrinha giram por volta de 30 t/ha. Entre os fatores capazes de influenciar a Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 13 produtividade da forragem de girassol destacam-se a fertilidade do solo, a época de plantio, a disponibilidade de água e o número de plantas por unidade de área, já mencionados anteriormente. A variabilidade genética e o estádio de desenvolvimento da planta são outros fatores que também devem ser evidenciados. Estudo conduzido pela Escola de Veterinária da UFMG e pela Embrapa observou efeito significativo do genótipo sobre o rendimento de forragem de 13 cultivares de girassol semeados durante o período da safrinha (Tomich et al., 2003b). Nesse trabalho, foram notadas produções de matéria verde variando entre 12,8 t/ha a 29,1 t/ha e produções de matéria seca de 3,6 t/ha a 7,7 t/ha (Tabela 1). Deve-se ressaltar que os autores consideraram que as produtividades alcançadas nesse estudo foram limitadas pela baixa densidade média da população de plantas por ocasião da colheita, que foi de 34.407 plantas/ha. Tabela 1. Produção média de matéria verde e de matéria seca de cultivares de girassol. Produção (t/ha) Cultivar Matéria verde Matéria seca AS243 26,3AB 7,0AB AS603 23,9ABC 5,8ABC Cargill 11 12,8E 4,7CD Contiflor 3 26,4AB 6,8ABC Contilfor 7 15,6DE 6,0ABC DK180 19,2BCDE 5,3BCD M734 22,1ABCD 6,4ABC M737 29,1A 6,7ABC M738 17,9CDE 5,6ABC M742 24,7ABC 6,5ABC Rumbosol 90 15,9DE 5,2BCD Rumbosol 91 29,1A 7,7A V2000 12,8E 3,6D Média 21,2 5,9 Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem pelo teste SNK (p<0,05). Adaptado de Tomich et al. (2003b). Quanto ao efeito da época de corte sobre a produtividade, Pereira (2003), ao avaliar a produtividade de quatro cultivares de girassol (DK180, M734, Rumbosol 91 e V2000), notou a redução progressiva na produção média de matéria verde de 27,5 t/ha, 17,7 t/ha, 13,1 t/ha até 9,2 t/ha à medida que a colheita foi efetuada aos 30, 37, 44 e 51 dias após o florescimento, respectivamente. Contudo, a produção de matéria seca não foi significativamente afetada pelo avanço no estádio de maturação da planta, que se manteve entre 5,12 t/ha a 6,08 t/ha para as mesmas idades de corte (Fig. 2). Por sua vez, Rezende et al. (2002), ao Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 16 capacidade de tamponamento da forrageira e com o conteúdo de umidade da silagem. Alguns estudos mostraram que embora a silagem de girassol apresente altas proporções de ácido lático (Tosi et al., 1975; Tomich et al. 2004), a capacidade de tamponamento da planta não permite redução do valor de pH aos níveis freqüentemente observados para as silagens de milho e de sorgo. Enquanto o conteúdo de ácido acético está relacionado a menores taxas de decréscimo e maiores valores finais de pH nas silagens. Assim, silagens bem conservadas devem apresentar reduzido conteúdo desse ácido. Existem poucos trabalhos que avaliaram a concentração de ácido acético em silagem de girassol (Sneddon et al.,1981; Almeida et al., 1995; Tomich et al. 2004) e, de maneira geral, foram observadas baixas concentrações, indicando que as silagens de girassol geralmente são bem conservadas em relação à concentração de ácido acético. O conteúdo de ácido butírico reflete a extensão da atividade clostridiana sobre a forragem ensilada e também está relacionado a menores taxas de decréscimo e maiores valores finais de pH nas silagens. O conteúdo desse ácido pode ser considerado um dos principais indicadores negativos da qualidade do processo fermentativo. Também corresponde a perdas acentuadas de matéria seca e energia da forragem original durante a fermentação e, freqüentemente, o conteúdo de ácido butírico é positivamente correlacionado à redução da palatabilidade e do consumo da forragem. Vários estudos mostraram baixos valores de ácido butírico em silagens de girassol (Tosi et al., 1975; Valdez et al., 1988a; Almeida et al., 1995; Tomich et al., 2004), apontando que essa não é uma característica capaz de restringir a adequação da planta para a sua conservação na forma ensilada. Considerando os parâmetros expostos, pode-se inferir que as ensilagens de girassol conduzidas de forma apropriada têm produzido silagens com fermentação adequada à conservação da forragem estocada. O estudo realizado por Tomich et al. (2004), avaliando 13 cultivares dessa planta revelou que, em média, as silagens de girassol apresentam as características de silagens bem conservadas, sem perdas significativas de matéria seca e de energia e apenas pequenas alterações da fração protéica da forragem conservada em relação à forragem verde (Tabela 2). Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 17 Tabela 2. Teores de matéria seca (MS), valores de pH e conteúdos de nitrogênio amoniacal com porcentagem do nitrogênio total (N-NH3/NT) e de ácidos orgânicos das silagens de 13 cultivares de girassol. Ácidos orgânicos - % MS Cultivar MS - % pH N-NH3/NT Lático Acético Butírico AS243 21,7E 4,5C 10,0B 7,8C 2,5A 0,00E AS603 21,9E 4,4C 8,0CDE 9,7B 1,9AB 0,00E Cargill 11 32,2A 5,5A 9,2BC 5,0D 1,7B 0,08CD Contiflor 3 23,0D 4,5C 8,1CD 8,4BC 2,2AB 0,00E Contilfor 7 31,2A 5,3B 8,3CD 2,8E 2,3AB 0,00E DK180 26,0BC 4,5C 6,8E 7,9C 1,5B 0,05DE M734 26,3BC 4,5C 7,3DE 5,5D 1,5B 0,00E M737 19,6F 4,1D 8,5CD 12,0A 2,0AB 0,00E M738 27,2B 4,5C 7,5DE 7,4C 1,7AB 0,09C M742 23,5D 4,4C 9,0BC 7,5C 1,5B 0,00E Rumbosol 90 26,8BC 5,2B 10,1B 4,6D 1,9AB 0,23B Rumbosol 91 23,5D 4,1D 5,9F 9,0C 1,8AB 0,00E V2000 25,8C 5,2B 14,6A 5,3D 2,5A 0,28A Média 25,3 4,7 8,7 7,1 1,9 0,06 Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem pelo teste SNK (p<0,05). Adaptado de Tomich et al. (2004). Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 18 Valor Nutritivo As silagens de girassol apresentam, em regra, teores mais elevados de proteína, minerais e extrato etéreo (óleo) do que as silagens de milho, sorgo, ou capim- elefante (Tabela 3). Quando usadas em dietas balanceadas, os mais altos conteúdos protéico e mineral podem representar uma vantagem econômica para as silagens de girassol em relação às demais, uma vez que o nutriente suprido aos animais pelo volumoso poderá ter o seu fornecimento reduzido no concentrado, ou na mistura mineral. Por outro lado, embora as silagens de girassol geralmente apresentem menor conteúdo de fibra em detergente neutro (FDN) que as silagens tradicionais, a silagem de girassol contêm alta proporção de fibra em detergente ácido (FDA) e de lignina, o que é capaz de restringir a digestibilidade de sua fração fibrosa e, conseqüentemente, o aproveitamento da energia disponível nessa fração. Estima-se que os coeficientes de digestibilidade da matéria seca relativamente baixos observados para silagens de girassol possam ser atribuídos à menor digestibilidade da sua fração fibrosa. Essa afirmação foi ratificada pelo estudo de Carneiro et al. (2002), que obtiveram menor digestibilidade efetiva da fibra em detergente neutro da silagem de girassol em relação às silagens de milho e de sorgo e também pelo experimento de Bueno et al. (2001), que em estudo de digestibilidade aparente, observaram menor digestibilidade da fibra em detergente neutro da silagem de girassol comparada à silagem de milho. Apesar disso, desde que a dieta seja adequadamente balanceada, o menor aproveitamento da energia disponível na fração fibrosa pode, de certa forma, ser compensado pelo mais alto conteúdo de óleo observado nas silagens de girassol, que é um componente altamente energético. Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 21 Tabela 4. Composição química e digestibilidade de silagens de cultivares de girassol. Composição expressa como porcentagem da matéria seca Cultivar Proteína bruta Extrato etéreo FDN FDA Lignina DIVMS - % AS243 8,6B 18,0AB 43,4E 33,9DE 6,2BC 47,1D AS603 9,3A 17,0ABC 40,7E 31,5F 5,4D 51,1B Cargill 11 9,2A 19,2A 41,1E 33,1EF 5,7CD 49,0CD Contiflor 3 8,0C 13,5CDEF 46,7CD 36,1BCD 7,1AB 49,9CD Contilfor 7 7,9C 10,6F 46,8CD 36,1BCD 6,9AB 46,9D DK180 8,1C 15,5BCD 43,2E 34,4DE 6,4BC 49,7BC M734 9,8A 10,5F 50,6AB 39,4A 6,9AB 51,4B M737 9,5A 18,1AB 37,7F 28,9G 5,2D 56,7A M738 9,8A 13,7CDEF 52,8A 40,1A 6,9AB 49,4BCD M742 9,4A 11,3DEF 51,5AB 39,7A 6,8AB 51,5B Rumbosol 90 8,7B 12,6DEF 49,3BC 38,4AB 7,3A 48,6CD Rumbosol 91 7,2D 11,2EF 47,7C 37,3ABC 7,1AB 47,9CD V2000 9,4A 14,8BCDE 44,0DE 35,0CDE 6,4BC 48,9CD FDN = fibra em detergente neutro, FDA = fibra em detergente ácido, DIVMS = digestibilidade in vitro da matéria seca. Adaptado de Tomich et al. (2004). Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem pelo teste SNK (p<0,05). Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 22 Outro fator capaz de influenciar significativamente alguns componentes bromatológicos e a digestibilidade das silagens de girassol é o estádio de desenvolvimento da planta. Rezende et al. (2002) e Pereira (2003) observaram poucas alterações nos teores de proteína bruta das silagens com o avanço do estádio de desenvolvimento das plantas, mas notaram aumento do conteúdo de fibra e redução da digestibilidade da matéria seca nas silagens de girassol produzidas com plantas em estádio avançado de desenvolvimento (Fig. 3). 0 10 20 30 40 50 60 70 23 30 37 44 51 Dias após floração % M S o u % PB FDN DIVMS Fig. 3. Médias de conteúdos de proteína bruta (PB) e de fibra em detergente neutro (FDN) e coeficiente de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de silagens de quatro genótipos de girassol colhidos aos 30, 37, 44 e 51 dias após o florescimento. Adaptado de Pereira (2003). A definição do ponto ideal de colheita do girassol para a ensilagem é fundamental para a produção de volumoso com melhor valor nutritivo. Por esse motivo, tem-se recomendado que a colheita do girassol não seja efetuada tardiamente. Atualmente, visando conciliar o valor nutritivo e as características adequadas à fermentação, sugere-se ensilar no período de maturação fisiológica dos aquênios, ou seja, conforme descrito por Castiglioni et al. (1994), na fase reprodutiva 9 - R9, quando as plantas apresentam conteúdo de matéria seca apropriado para ocorrer uma fermentação que possibilite a boa conservação do material estocado. A ensilagem nesse estádio tem produzido silagens com teor de matéria seca entre 26% e 30%, cerca de 10% de proteína bruta e coeficiente de digestibilidade da matéria seca por volta de 50%. Na fase reprodutiva 9, as plantas de girassol apresentam a parte posterior dos capítulos amarelada, as brácteas (folhas Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 23 modificadas da parte externa do capítulo) estão com coloração amarelo-castanho e a maior parte das folhas presas ao caule já está seca (Fig. 4). Quando a colheita é efetuada antes da maturação fisiológica dos aquênios, o girassol contém alta quantidade de água, o que prejudica a fermentação. Por sua vez, quando é ensilado tardiamente, tem produzido silagens com altas proporções de componentes da parede celular e baixos coeficientes de digestibilidade, portando, de menor valor nutritivo. Fig. 4. Plantas de girassol em estádio de desenvolvimento adequado para ensilagem. Aditivos Vários produtos conhecidos como aditivos têm sido adicionados à forragem no momento da ensilagem. Os objetivos de sua utilização incluem a alteração da fermentação - visando a melhoria da conservação, incremento do valor energético ou protéico e aumento da estabilidade aeróbica da silagem, durante a fase de utilização. Valle et al. (2001b) observaram que a adição de uréia e de carbonato de cálcio, associados ou não, à silagem de girassol promoveu a queda nos teores de ácido lático e aumentos nos teores de ácido butírico em duas das quatro cultivares avaliadas, enquanto os teores de ácido acético foram pouco afetados pela adição. Esses mesmos autores verificaram que o uso de inoculante bacteriano não resultou em aumento significativo nos teores de ácido lático nas silagens de Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 26 Alguns estudos mostraram modificações na composição do leite dos animais alimentados com silagem de girassol. Thomas et al. (1982a) e Valdez et al. (1988b) observaram redução na porcentagem de gordura do leite dos animais que consumiram silagem de girassol. Enquanto McGuffey e Schingoethe (1980) notaram aumento de gordura e de ácidos graxos poliinsaturados, redução de proteína e de sólidos totais no leite das vacas alimentadas com silagem de girassol. A maioria dos experimentos com gado de corte mostrou que a silagem de girassol é capaz de imprimir bons ganhos de peso. Geralmente, similar aos demais volumosos comparados (Marx, 1977; Thomas et al., 1982b; Kercher et al., 1985). Kercher et al. (1985) observaram igual relação de ganho de peso para cada Kg de matéria seca consumido, em novilhos alimentados com silagem de girassol ou silagem de milho, enquanto Thomas et al. (1982b) relataram ganhos médios diários de 1,2 Kg em novilhos de corte, com peso médio inicial de 277 Kg, durante 60 dias de experimento, submetidos a uma dieta composta por 60% de silagem de girassol e 40% de mistura concentrada, sendo que essa dieta foi capaz de imprimir uma performance similar à de animais alimentados com 60% de silagem de alfafa e 40% de concentrado, concluindo que a silagem de girassol é adequada para novilhos de corte e que deve ser considerada como uma alternativa de produção de forragem, em áreas com limitação de umidade, ou como segunda safra anual. O desempenho de ovinos alimentados com silagem de girassol foi estudado por Ribeiro et al. (2002), que verificaram maiores ganhos de peso e rendimento de carcaça para ovelhas alimentadas com silagem de girassol em comparação às que receberam silagens de milho ou de sorgo. Nesse trabalho, os autores observaram ganhos diários de 263 g, 175 g e 171 g e rendimentos de carcaça de 53,14%, 46,36% e 48,13% para os animais que consumiram silagens de girassol, de milho, ou de sorgo, respectivamente. Por esses motivos, concluíram que o uso da silagem de girassol como fonte única de volumosos pode ser uma ótima opção para engorda de ovinos. Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 27 Referências Bibliográficas ALMEIDA, M.F., VON TIESENHAUSEN, I.M.E.V., AQUINO, L.H. et al. Composição química e consumo voluntário das silagens de sorgo, em dois estádios de corte, girassol e milho para ruminantes. Ciência e Prática. v.19, n.3, p.315-321, 1995. BERGAMASCHINE, A.F., GUATURA, A., ISEPON, O.J. et al. Digestibilidade e degradação in situ da silagem de girassol confecionada com diferentes teores de matéria seca e aditivo microbiano. In: REUNIÃO ANUAL SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36, 1999, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: SBZ, 1999. (CD- Rom) BUENO, M.S., FERRARI JÚNIOR, E., LEINZ, F.F. et al. Silagens de milho ou girassol com diferentes proporções de ração concentrada na dieta de ovinos. In: REUNIÃO ANUAL SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38, 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: SBZ, 2001. (CD -Rom) CARNEIRO, J.C., SILVA, J.O., VIANA, A.C. et al. Avaliação da digestibilidade "in situ" da matéria seca e da fibra em detergente neutro de silagens de milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor) e girassol (Helianthus annuus). In: REUNIÃO ANUAL SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife: SBZ, 2002. (CD-Rom) CASTIGLIONI, V.B.R., BALLA, A., CASTRO, C. et al. Fases de desenvolvimento da planta do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1994. 24p. (Documentos, 58) CASTRO, C., CASTIGLIONI, V.B.R., BALLA, A. et al. A cultura do girassol: tecnologia de produção. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1993, 16p. (Documentos, 67). CASTRO, C., CASTIGLIONI, V.B.R., BALLA, A. et al. A cultura do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1997. 36p. (Circular Técnica, 13). GONÇALVES, L.C., TOMICH, T.R. Utilização do girassol como silagem para alimentação bovina. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL, 13, SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE A CULTURA DE GIRASSOL, 1, 1999, Itumbiara. Resumos... Londrina: Embrapa Soja, 1999. p.21-30. (Documentos, 135) Alimentos Volumosos para o Período Seco - I: Silagem de Girassol 28 GONÇALVES, N.P., KAKIDA, J., MARINATO, R. et al. Época, espaçamento, densidade de plantio e irrigação para a cultura do girassol. Informe Agropecuário. v.7, n.82, p.78-80, 1981. HUBBEL, D.S., HARRISON, K.F., DANIELS, L.B. et al. Comparison of corn silage and sunflower silage for lactating Jersey cows. Arkansas Farm Research, v. 34, n. 1, p. 7, 1985. KAKIDA, J., GONÇALVES, N.P., MARCIANI-BENDEZÚ, J. et al. Cultivares de girassol. Informe Agropecuário. v.7, n.82, p.76-78, 1981. KERCHER, C.J., SMITH, W.L., JACKSON, G. Type of silages and chopped or baled alfalfa hay and silages for wintering beef calves. Journal of Animal Science. v.61, suppl.1, p.327, 1985. (Supplement) KO, H.J.F. Consumo voluntário e digestibilidade aparente das silagens de quatro (Rumbosol 91, M734, C11, S430) genótipos de girassol (Helianthus annuus). Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 2002. 66p. (Dissertação, Mestrado em Zootecnia) LEITE, L.A. Silagem de girassol e de milho em dietas de vacas leiteiras. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 2002. 47p. (Dissertação, Mestrado em Zootecnia) MARX, G.D. Utilization of sunflower silage, sunflower hulls with poultry litter and sunflower hulls mixed with corn silage for growing dairy animals. Journal of Dairy Science. v.60, suppl.1, p.112, 1977. McGUFFEY, R.K., SCHINGOETHE, D.J. Feeding value of high oil variety of sunflowers as silage to lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.63, n.7, p.1109-1113, 1980. PENA NETO, A.M.P. Girassol, manual do produtor. Cravinhos: Sementes Contibrasil Ltda, 1981. 30p. PEREIRA, L.G.R. Potencial forrageiro da cultura do girassol (Helianthus annuus) para produção de silagem. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 2003. 160p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal) REZENDE, A.V., EVANGELISTA, A.R., SIQUEIRA, G.R. et al. Avaliação do potencial do girassol (Helianthus annuus L.) como planta forrageira para ensilagem na safrinha, em diferentes épocas de cortes. Ciência e Agrotecnologia, v.26, Edição Especial, p.1548-1553, 2002.
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved