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Hsiou, 2009 - Livro Átila, Manuais, Projetos, Pesquisas de Biologia

Répteis de Aves fósseis do RS

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 12/10/2010

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Baixe Hsiou, 2009 - Livro Átila e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Biologia, somente na Docsity! ER p À Átila Augusto Stock Da-Rosa (Org) | o ' — FOSSE — FOSSESPE VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO Capítulo 15 Répteis e Aves do Pleistoceno do Estado do Rio Grande do Sul Annie Schmaltz Hsiou Programa de Pós-Graduação em Geociências - UFRGS Dada a diversidade dos temas a serem apresentados, este ca- vítulo está dividido em subitens, que tratam das tartarugas, lagartos, acarés e aves do Pleistoceno do Estado do Rio Grande do Sul. 1. RÉPTEIS 1.1 Testudines (tartarugas) 1.1.1 O que são? Os Testudines (tartarugas ou quelônios) são um grupo de rép- “eis muito antigos que apresentam o corpo recoberto por um casco ós- seo revestido por um escudo córneo ou, em alguns casos, semelhante 2 um couro. Além destas características, as tartarugas não apresentam arcos temporais no crânio (tipo anápsido); o osso quadrado é imóvel; a Doca não possui dentes, mas apenas um bico córneo, não apresentam o »sso esterno e as costelas não se unem ventralmente. Atualmente, são reconhecidas duas subordens: Cryptodira, em que a cabeça e o pescoço encolhem para dentro do casco em forma de “S”, e os Pleurodira, que retraem a cabeça e o pescoço curvando-o horizontalmente (ou látero- externamente). Os Testudines descobriram um modo de vida bem-sucedido desde o Triássico, e pouco se modificaram até os dias de hoje. Como 321 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO e seco. É uma família cosmopolita, isto é, largamente distribuída sobre o globo. Os testudinídeos chegaram por dispersão através da Américs Central a partir da América do Norte e Antilhas, no Mioceno inferior, ou talvez no Oligoceno. Desenvolveram formas gigantescas na América do Sul, várias delas extintas (Broin & De La Fuente, 1993). Apresentam ums forte e robusta carapaça em forma de cúpula e um amplo plastrão. ok 2cct Figura 3 - Reconstituição de um fóssil de Trachemys dorbigni (Tigre d'água baseado em espécimes atuais. O gênero Geochelone (Fig. 4), conhecido como jabuti, é regis trado para Caçapava do Sul, Uruguaiana, Alegrete e Pântano Grande (Maciel et al., 1996). A distribuição atual deste gênero é desde o Pan=- má e Antilhas, até o extremo sul do Paraguai, e no sul da América dc Sul é principalmente encontrada na região do Chaco (Cabrera, 1998 não ocorrendo em nosso estado. Figura 4 - Reconstituição de um fóssil de Geochelone (jabuti), baseado em e= pécimes atuais. 324 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO 11.2.b Pleurodira A única família de pleurodiros que possui registro fossilífero sara o nosso estado é a dos Chelidae. São as tartarugas mais conhecidas -º estado pela sua abundância em rios, lagos e banhados, sendo todas >em adaptadas à vida aquática. Ocorrem na América do Sul, Nova Gui- e Austrália (Cabrera, 1998; Lema, 2002). Esta família aparece registra- “a desde o Cretáceo inferior da Patagônia (De la Fuente, 1997). Fragmentos fósseis das espécies viventes Hydromedusa tectifera cágado de pescoço comprido; Fig. 5), e Phrynops cf. P. hilarii (cágado co- mumy; Fig. 6 e 7) são registrados para Uruguaiana (Bombin, 1976; Maciel ct al. 1996). Existem outros materiais fósseis de Testudines ainda não determinados para o Rio Grande do Sul (Maciel et al., 1996; Scherer & Da Rosa, 2003). Há também registros de quatro famílias para a Planície Costeira (Emydidade, Chelidae, Testudinidade e Chelonidae). Figura 5. Reconstituição de um fóssil de Hydromedusa tectifera (cágado do pes- coço comprido), baseado em espécimes atuais. Figura 6 - Reconstituição de um fóssil de Phrynops hilarii (cágado comum), baseado em espécimes atuais. 325 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO Figura 7 - A, Fragmento fóssil de carapaça de Phrynops cf. P. hilarii e B, Cara- paça de P. hilarii recente. e 1.1.3 Importância Com exceção de Geochelone, os outros três gêneros registra- dos para o Pleistoceno do RS (Hydromedusa, Trachemys e Phrynops) ainda ocorrem no estado. Estes três quelônios no Pleistoceno pode- riam estar associados a um hábitat aquático, já que são encontrados preferencialmente em ambientes de água doce. De acordo com Lema (2002), Trachemys vive também em lagos e arroios (águas lênticas ou lentas), enquanto que Hydromedusa preferencialmente ocorre em ba- nhados e Phrynops em corpos d'águas maiores, em movimento, como rios (águas lóticas). Já o jabuti (Geochelone) hoje não é mais encontrado no Rio Gran- de do Sul. Como a família (Testudinidae) apresenta uma adaptação ecológica exclusivamente ao clima árido, isso permite sugerir que a região apresentou um inverno menos rigoroso que o atual (Maciel et al., 1996). 1.1.4 Para saber mais Cabrera, M.R. Las tortugas continentales de Sudamérica Austral. Córdo- ba, BR Copias, 108p. Estes, R. & Báez, A.M. 1985. Herpetofaunas of North and South Ame- rica during the Late Cretaceous and Cenozoic: evidence for inter- change? In: F.G. STEHLI & S.D. WEBB (eds.) The Creat American Biotic Interchange, New York, Plenum Press, p. 139-197, 326 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO Hsiou, 2007b). O gênero inclui os maiores lagartos do Novo Mundo e >s maiores membros da família Teiidae. Duas espécies atuais, T. me- “anne e T. rufescens, alcançam um comprimento rostro-cloacal de 50 cm = uma cauda com quase o dobro, de modo a poder atingir no máximo «m total de 130 em (Fitzgerald et al, 1991). seogoom aoroooos- = cTeiidae Figura 9 - Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, indicando a localidade onde foi coletado o único fóssil de lagarto conhecido até o momento. Fósseis de teídeos são encontrados no Cretáceo superior da “sia Central, e Cretáceo superior e Cenozóico das Américas do Norte = do Sul. Na América do Sul, o registro mais antigo é para o Cretá- eo inferior do Chile, em Colimapu (Valencia et al., 1990), sendo mais abundante no Cenozóico (Albino, 1996; Sullivan & Estes, 1997). Figura 10 - Reconstituição do fós- sil de Tupinambis uruguaianen- sis (teiú, tejuaçu, lagarto-do- papo-amarelo), baseado em espécimes atuais. 329 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO 1.2.3 Importância O lagarto Tupinambis urugunianensis (Fig. 11) é o segundo réptil a compor a fauna do Pleistoceno do Estado do Rio Grande do Sul, antes representada apenas por quelônios (Hsiou & Ferigolo, 2004, 2005a,b; Hsiou, 2007b). Segundo Oliveira (1999) a presença de um grande Tupi- nambis, de uma ave atribuída à ordem Ciconiformes e de capivaras em Uruguaiana, sugere um clima quente e úmido para o Pleistoceno da- quele município. A escassez de material de lagartos no RS, talvez esteja relacionada à falta de coletas sistemáticas e de metodologia adequada, indicando a necessidade de intensificar trabalhos neste sentido, que poderão elucidar as relações acerca das espécies recentes e fósseis de Tupinambis encontradas no Brasil e na América do Sul (Hsiou, 2007a). Figura 11 - Vista lateral das mandíbulas direitas de: A, fóssil de Tupinamis uruguaianensis e B, Tupinambis merianae (espécie recente). 1.2.4, Para saber mais Albino, A. 1994. Estado actual del registro de escamados extinguidos de América del Sur y sus implicancias paleoambientales. Cunder de Herpetologia, 8(1): 146-154. Albino, A. 1996. The South American Fossil Squamata (Reptilia: Le pidosauria). Im: G. Arratia, (ed.) Contributions of Southern Sou America to Vertebrate Paleontology. Minchner Geowissenschaftlic-- Abhandlungen, p. 185-202 (Geologie und Palãontologie, 30 A) 330 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO ses, R. 1983. Sauria terrestria, Amphisbaenia. In: P. Wellnhofer ed.) Handbuch der Paleoherpetologie, Gustav Fisher Verlag, p. 249 Part 104). “20, K. & Fox, R.C. 1996. Taxonomy and evolution of the Late Creta- ceous lizards (Reptilia: Squamata) from western Canada. Bulletin of she Carnegie Museum of Natural History, (33): 1-107. “siou, A.S. 2007a. O estado atual do registro fóssil de répteis e aves no Pleistoceno do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. In: QUATER- NÁRIO RS, INTEGRANDO CONHECIMENTOS, 2007. Resumos, Canoas, p. 23-24. “siou, A.S. 2007b. A new Teiidae species (Squamata, Scincomorpha) from the Late Pleistocene of Rio Grande do Sul State, Brazil. Revista Brasileira de Paleontologia, 10(3):181-194. “ough, F.H,, Andrews, R.M., Cadle, J.E., Crump, M.L, Savitzky , A.H. & Wells, K.D. 1998. Herpetology. New Jersey, Prentice Hall, 579p. “omer, A.S. 1968. Osteology of the Reptiles. Chicago, University of Chi- cago Press, 772p. =ttp:// www hepbreeder.com. 1ttp:/ / www .embl-heidelberg.de/-uetz/LivingReptiles.html. 1.3 Crocodylia 1.3.1 O que são? Atualmente existem 23 espécies de crocodilianos, dividos em rês famílias: Gavialidae (gaviais), representados por apenas uma es- pécie, Gavialis gangeticus, restrito à região da Índia; os Crococolidae crocodilianos propriamente ditos), representados por três gêneros Crocodylus, Oesteolaemus e Tomistoma), distribuídos na América do Norte e do Sul, África e Ásia; e os Alligatoridae (caimans e aligatores), presentes na América do Norte e do Sul, com uma única espécie ocor- rendo na China (Alligator chinensis). Assim como os Squamata, os crocodilianos apresentam um crânio diápsido (duas aberturas temporais), porém, a abertura 331 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO no da Argentina (Rovereto, 1912). No Brasil, restos fósseis de Caiman foram registrados para o Paleoceno da bacia de Itaboraí (Paula-Couto 1970), Oligoceno/Mioceno da bacia de Taubaté (Chiappe, 1988) e para o Mioceno da Amazônia (Souza-Filho, 1998). 1.3.3 Importância A presença de répteis da família Alligatoridae é registrada pela primeira vez em depósitos da Planície Costeira do Rio Grande do Sul e amplia o registro fóssil de Caiman, bem como a área geográfica de ocorrência durante o Pleistoceno (Hsiou & Fortier, 2007). 1.3.4 Para saber mais Aguilera, O. 2004. Tesoros paleontológicos de Venezuela: Urumaco, Patr- monio Natural de la Humanidad. Universidad Nacional Experimenta! Francisco Miranda, Caracas, 148 p. Brochu, CA. 1999, Phylogenetics, taxonomy, and historical bio- geography of Alligatoroidea. Journal of Vertebrate Paleontolog: 19(supp1.):9-100. Gasparini, Z., De La Fuente, M. & Donadio, O. 1986. Los reptiles ceno- zóicos de la Argentina: implicancias paleoambientales y evoluciór biogeográfica. In: CONGRESO ARGENTINO DE PALEONTOLO- GÍA Y BIOESTRATIGRAFÍA, 4, 1986. Actas, Mendoza, p. 119-130 Hsiou, A.S. 2007a. O estado atual do registro fóssil de répteis e aves nº Pleistoceno do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. In: QUATER- NÁRIO RS, INTEGRANDO CONHECIMENTOS, 2007. Resumos Canoas, p. 23-24. Hsiou, AS. & Fortier, D.C. 2007. Primeiro registro de Caims (Crocodylia,Alligatoridae) para o Pleistoceno do Estado do R: Grande do Sul, Brasil. GAEA, 3(1):37-44, Lema, T. de. 2002. Os répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis-Bioge-- grafia- Ofidismo. Porto Alegre, EDIPUCRS, 264p. http://www reptile-database.org/ 334 VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO 2. AVES 2.1. Ciconiformes 2.11 O que são? Grande ordem de aves aquáticas, que inclui as famílias Cico- niidae (cegonhas, jabiru, maguaris, cabeças-secas), Ardeidae (garças e socós), Threskiornithidae ou Plataleidae (curicacas, cocorós, guarás e colhereiros) e duas estranhas famílias africanas - os Scopidae e Balae- nicipitidae (Feduccia, 1999). Embora estas famílias apresentem poucas características distinguíveis em comum, possuem pescoço comprido, são pernaltas e muitas formas apresentam os dedos alongados, que às vezes possuem membranas natatórias. 2.1.2. Onde encontrar? O registro fóssil de aves para o Pleistoceno do Rio Grande do Sul restringe-se a um único fragmento de tarsometatarso (osso da per- na, Figs. 14 e 15), procedente do Município de Uruguaiana, atribuído a uma ave ciconiforme (Ribeiro et al., 1995; Hsiou, 2007a). saogoow 30"0000's- mim eCiconiformes Figura 14 - Mapa do RS indicando a localidade onde foi coletado o fóssil de ave. VERTEBRADOS FÓSSEIS DE SANTA MARIA E REGIÃO Este exemplar pertence à família Ciconiidae, por apresen morfologia muito similar ao da espécie atual Mycteria americana 16) (Hsiou, 2007a), mais conhecido pelos nomes populares de cabe seca, passarão, padre e jabiru-moleque (Sick, 1984). Figura 15 - Vista anterior do fragmento fóssil de tarsometatarso (oss perna) da ave ciconiforme. 2.1.3 Importância Devido à escassez de material fóssil de aves, pouco pode = inferir em termos paleoambientais e palececológicos para o Rio Grs de do Sul. No Município de Uruguaiana a associação de Tupinam: grandes roedores (capivaras), além da presença deste único exemp de ave, poderia indicar um clima quente e úmido para o Pleistocer (Oliveira, 1999). 2.1.4 Para saber mais Feduccia, A. 1999. The Origin and Evolution of Birds. 22ed. New have- and London, Yale University Press, 466p. 336
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