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Lesão Medular, Notas de estudo de Fisioterapia

Seminário sobre lesão medular

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 02/09/2010

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priscila-dantas-leite-e-sousa-3 🇧🇷

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Baixe Lesão Medular e outras Notas de estudo em PDF para Fisioterapia, somente na Docsity! FACULDADE SANTA MARIA CURSO BACHARELADO EM FISIOTERAPIA LESÃO MEDULAR PRISCILA DANTAS LEITE E SOUSA CAJAZEIRAS – PB 2010 PRISCILA DANTAS LEITE E SOUSA LESÃO MEDULAR Trabalho intitulado Lesão Medular, apresentado como exigência para obtenção da nota do 1° estágio do componente curricular Estágio Supervisionado II, do curso Bacharelado em Fisioterapia apresentado a professora Danielle Santiago. CAJAZEIRAS – PB 2010 1 INTRODUÇÃO e arredondada, é denominada corno anterior. O corno lateral está situado na direção do braço horizontal do H, ou seja, entre os dois precedentes. O corno anterior é motor, o corno posterior é sensitivo e o lateral se refere à parte simpática do sistema autônomo (vegetativo) (CASTRO, 1995). 2.3 Incidência Atualmente, o trauma raquimedular é responsável por 3% das admissões de urgência em serviços de atendimento ao politrauma. As estatísticas internacionais estimam uma ocorrência de 40 a 50 novos casos por milhão de habitantes/ano, o equivalente no Brasil a 6000 novos casos por ano. Este tipo de lesão acomete principalmente aos homens (65%), com média de idade de 25 anos, dos quais 70% tornam-se paraplégicos e 30% tetraplégicos (FIGUEREDO et al, 2006). A lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. Estima-se que, na Alemanha, ocorram anualmente dezessete (17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra varia de trinta e dois (32) a cinqüenta e dois (52) casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano (DEFINO, 2006). 2.4 Classificação Etiológica A causa mais comum de lesão raquimedular são acidentes com veículos motorizados (41%), seguida por quedas e atos de violência, principalmente acidentes com projéteis de arma de fogo (PAF). Nos últimos 25 anos, a proporção de lesões associadas a colisão de veículos e atividades de laser ou esportivas diminuiu, enquanto aquelas relacionadas a quedas aumentou. O consumo de bebidas alcoólicas é relatado como extremamente alto em 96% dos pacientes que sofreram lesão raquimedular (UMPHRED, 2007). Saraiva et al (1995) classificam a lesão medular quanto à etiologia em traumáticas e não traumáticas: • Traumáticas: Ocorrem devido a fraturas, luxações e outras causas que produzam secção ou compressão medular devido a acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, mergulho em águas rasas, queda de altura e outras. • Não - Traumáticas: • Tumorais: ósseas, meníngeas, do SNC; • Infecciosas: osteomielites, abcessos, mielites; • Vasculares: aneurismas, tromboses, embolias; • Malformações: agenesias, mielomeningocele; • Degenerativas: esclerose múltipla; • Outras: hérnia discal, de canal vertebral, estenose, entre outras. 2.4.1 Tipos de Lesão Traumática No Choque medular há ausência total de sensibilidade nos dermátomos inferiores ao processo, assim como da motricidade voluntária dos grupos musculares inervados por nervos espinhais situados caudalmente. Posteriormente, em um tempo que varia entre dias e algumas semanas, inicia-se uma evolução para um quadro de liberação piramidal, com espasticidade, hiperreflexia, sinal de Babinski, sem haver, entretanto, recuperação dos movimentos voluntários ou da sensibilidade. É possível uma recuperação do controle esfincteriano fecal e urinário. O quadro de choque medular pode ocorrer em alguns traumatismos raquimedulares sem transecção medular. Nestes casos, após o período inicial o paciente apresenta uma recuperação das alterações clínicas (MENESES, 1999). Na Lesão Medular Incompleta há alguma função motora ou sensitiva abaixo do nível da lesão (GESSER et al, 2002). Porém, na Lesão Medular Completa não existe função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão. Os pacientes apresentarão musculatura espástica assim como em lesões encefálicas (MASCHIO, 2009). 2.5 Mecanismo de Lesão Diferentes mecanismos, geralmente em combinação, produzem lesões da medula espinal. A LM ocorre com maior frequência devido a forças indiretas produzidas pelo movimento da cabeça e do tronco, e menos frequentemente devido às lesões indiretas a uma vértebra. Mecanismos comuns operando na LM incluem flexão, compressão, hiperextensão e flexão-rotação. Essas forças resultam em fraturas e/ou luxação. A coluna demonstra vários graus de susceptibilidade à lesão. Algumas áreas são inerentemente mais vulneráveis devido à sua alta mobilidade e relativa falta de estabilidade em comparação com outros segmentos da coluna. As áreas que demonstram a frequencia mais alta da lesão estão entre C5 e C7 e entre T12 e L2 (O’SULLIVAN & SCHMITZ, 2004). 2.6 Formas Clínicas de Apresentação das Lesões Medulares As lesões medulares se apresentam das seguintes formas clínicas: • Síndrome de Secção Total: Após o trauma medular, ocorre perda total da sensibilidade e motricidade abaixo do nível da lesão (SARAIVA et al, 1995). • Síndrome da Cauda Eqüina: Ocorre por lesão das raízes nervosas lombossacras no canal vertebral. Como a cauda eqüina é parte do sistema nervoso periférico, ocorre uma lesão motora com arreflexia (UMPHRED, 2007). • Secção Medular Posterior: É extremamente rara. Há preservação da função motora, e sensação de dor e toque leve, com perda de propriocepção e sensações epicríticas (discriminação entre dois pontos, estereognosia) abaixo do nível da lesão (SARAIVA et al, 1995). • Secção Medular Anterior (Síndrome de KAHN): Preserva a sensibilidade profunda abaixo da lesão (quando a lesão é cervical o envolvimento motor é mais acentuado nos membros inferiores). Ex.: lesão medular pelo vírus da Poliomielite (SARAIVA et al, 1995). Os tratos mais dorsais que são responsáveis pela propriocepção mantêm-se preservados, enquanto os mais anteriores, responsáveis pela função motora, são afetados de forma variável (UMPHRED, 2007). Geralmente a propriocepção, cinestesia e percepção vibratória ficam preservados (O’SULLIVAN & SCHMITZ, 2004). • Secção Centro medular (Síndrome de SCHNEIDER): É uma destruição da parte central da substância cinzenta; inicialmente há tetraplegia e aos poucos há recuperação da motricidade nos membros inferiores. Pode haver recuperação dos membros superiores, mas dificilmente das mãos. Há caracteristicamente envolvimento neurológico mais grave nos membros superiores do que nos membros inferiores. Ocorrem graus variáveis de comprometimento sensorial, sendo menos grave que os déficits motores. Os pacientes normalmente recuperam a habilidade de deambular com alguma fraqueza distal remanescente no braço (SARAIVA et al, 1995). 2004). Recursos como a estimulação elétrica funcional, ortostatismo e a deambulação tem sido usados pela fisioterapia na tentativa de diminuir a desmineralização, sendo a deambulação o recurso mais eficaz (OLGIVIE et al, 1993). • Trombose Venosa Profunda (TVP): Segundo O´sullivan & Schmitz (2004), o principal fator contributivo para o desenvolvimento da TVP, pós-lesão medular, é a perda do mecanismo “bombeador” propiciado pela contração ativa da musculatura dos membros inferiores. Este quadro pode ser minimizado quando realizados os movimentos de dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo, a contração ativa dos músculos dos membros inferiores diminui as concentrações de substâncias pró-coagulantes, evitando a formação de trombos. Algumas medidas preventivas são: mudança de decúbito, para evitar pressão sobre vasos calibrosos; exercícios passivos de amplitude de movimento; meias elásticas de sustentação e posicionamento dos membros visando a facilitação do retorno venoso. • Disfunções sexuais: As alterações decorrentes do trauma podem desencadear uma desorganização no complexo mecanismo neuro-psico-endócrino- vascular, podendo vir a ocasionar uma disfunção sexual (PEIXOTO et al, 2003). A lesão medular não danifica o impulso sexual, porém pode permanecer oculto no desequilíbrio emocional proveniente da lesão (ALVES et al, 1999). Segundo De Forge et al apud (ALBUQUERQUE, 2007) Alguns estudos abordam os benefícios de eletro-estimuladores sacrais como meio de sustentação da ereção, contudo existem controvérsias entre os autores. • Hipotensão Postural: É uma queda na pressão sanguínea, ocorre quando o paciente é deslocado da posição horizontal para vertical. É provocada pela perda do controle simpático de vasoconstricção, podendo haver diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e cardíaco. Para um reajuste do sistema cardiovascular, a intervenção fisioterapêutica consiste em um posicionamento gradativo do paciente para a posição vertical, inicialmente com a elevação da cabeça, progredindo para uma cadeira reclinável, uso de uma mesa inclinável e por último o posicionamento prolongado de pé. A utilização de meias compressivas e de faixas abdominais também ajuda a minimizar os efeitos (O´SULLIVAN & SCHMITZ, 2004). • Ossificação heterotópica: É o processo de formação óssea anormal de etiologia multifatorial. Knight et al apud (ALBUQUERQUE, 2007) descreveram em 2003 algumas intervenções fisioterapêuticas em pacientes com OH, o tratamento consistia basicamente em manobras para alinhamento postural, uso de talas, exercícios ativos utilizando a amplitude de movimento, mobilização de músculos encurtados, técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptiva e hidroterapia para diminuição do tônus. 2.10 Intervenção Fisioterapêutica Embora a Lesão Medular (LM) de instalação súbita seja considerada uma das lesões mais devastadoras, do ponto de vista orgânico e psicológico, sabe-se hoje que a LM tem potencial de recuperação. É consensual que a recuperação funcional é influenciada pela gravidade da lesão, idade do doente, nível de lesão medular e abordagem terapêutica na fase aguda (ANDRADE & GONÇALVES, 2007). De acordo com Aito apud (ALBUQUERQUE, 2007), o fisioterapeuta assume importante papel no tratamento desses pacientes, incluindo a necessidade de se evitar fatores advindos do repouso prolongado que possam retardar a reabilitação do paciente lesado medular e influenciar o aparecimento de úlceras de pressão, ossificação heterotópica, complicações respiratórias, urinárias, sexuais e trombose venosa profunda. As atividades em grupo, a competição, a recreação lúdica e terapêutica, a melhora da capacidade física aos esforços, da função e do seu rendimento, afetam diretamente as condições emocionais, psicológicas e funcionais atingindo e melhorando a qualidade de vida (GIANINI, 2006). Durante a fase aguda da reabilitação, a ênfase é colocada no manejo respiratório, na prevenção de complicações secundárias, na manutenção da ADM e na facilitação do movimento ativo na musculatura disponível. Podem ser iniciadas também atividades de fortalecimento limitadas durante essa fase. Na fase subaguda do tratamento, muitas das atividades iniciadas durante o período agudo continuarão. A ênfase ainda será no manejo respiratório, na ADM e no posicionamento. O paciente também será envolvido em um programa de exercícios resistidos para todos os músculos que permanecem inervados (ex: FNP, exercícios progressivos usando resistência manual, pesos, etc), desenvolvimento do controle motor, recuperação do controle postural e equilíbrio e melhorar a resposta cardiovascular através de atividades aeróbicas para membros superiores (O’SULLIVAN & SCHMITZ, 2004). 3 BIBLIOGRAFIA ALBUQUERQUE, Plínio Luna de; CAVALCANTE, Clécia Oliveira et al. Intervenção Fisioterapêutica nas Complicações Decorrentes da Lesão Medular: Uma Revisão de Literatura. Disponível em: http://www.prac.ufpb.br/anais/XIenexXIIenid/enex/ TRABALHO_COMPLETO_XI_ENEX/6.SAUDE/6CCSDFPEX07-P.doc Acessado em: 20 de agosto de 2010 às 01h23min. ALVES, Andréa Santarelli; GUEDES, Maria Helena Delanesi; ALVES, Vera Lúcia Rodrigues. Um estudo sobre a satisfação sexual de pessoas portadoras de lesão medular. Acta Fisiátrica 6(1): 6-9, 1999. ANDRADE, M.J. & GONÇALVES, S Lesão Medular Traumática:Recuperação Neurológica e Funcional. Acta medica portuguesa. V. 2; 20: 401-406, 2007. ANDRIGHETTI, D. Fisioterapia em paciente com traumatismo raquimedular: relato de caso. Disponível em: http://www.ebah.com.br/fisioterapia-em-paciente-com- traumatismo-raquimedular-pdf-a20438.html. Acesso em: 15 de agosto de 2010 às 22h38min. FILHO, T E P B et al. Avaliação padronizada nos traumatismos raquimedulares. Revista brasileira de ortopedia. São Paulo, v. 29, n. 3, p. 99-106, março, 1994.
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