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Guias e Dicas
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Cadeia produtiva do café, Notas de estudo de Engenharia Agrícola

O cafeeiro foi introduzido no Brasil, no Estado do Pará, por volta de 1.750, proveniente da Guiana Francesa pelo Capitão Mor Francisco de Mello Palheta. Há relatos de que o Capitão foi enviado para Guiana Francesa para atuar diplomaticamente no conflito que estava ocorrendo com a Guiana Holandesa, no entanto havia outro objetivo que era a obtenção de sementes de café, devido ao valor econômico do produto no mercado internacional.

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Cadeia produtiva do café e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! Aula: Cadeia produtiva do café Prof. Dr. José Laércio Favarin Departamento de Produção Vegetal ESALQ/USP INTRODUÇÃO O cafeeiro foi introduzido no Brasil, no Estado do Pará, por volta de 1.750, proveniente da Guiana Francesa pelo Capitão Mor Francisco de Mello Palheta. Há relatos de que o Capitão foi enviado para Guiana Francesa para atuar diplomaticamente no conflito que estava ocorrendo com a Guiana Holandesa, no entanto havia outro objetivo que era a obtenção de sementes de café, devido ao valor econômico do produto no mercado internacional. A principal receita cambial do país foi obtida, inicialmente, com o comércio do pau Brasil, seguido pela cana-de-açúcar e café, cujo produto foi responsável por muito tempo por receitas da ordem de 60 a 90%. Assim, pode-se afirmar que o Brasil, durante grande parte da sua história, foi uma grande Fazenda de café refém das oscilações de preços externos. Para contornar a perda de receitas dos fazendeiros e, por extensão, do Governo brasileiro, adotou-se políticas de desvalorização da moeda e de descarte do estoque pelo excesso de produção. Em razão da importância econômica do café e com a proibição da escravidão de negros o país precisou estimular a vinda de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 2 imigrantes europeus e asiáticos, que aconteceu por volta de 1.850, crentes na possibilidade de acumular terras e riquezas na América. No entanto, a maioria só ficou sabendo que seriam usados como mão-de-obra nas grandes fazendas dos Barões do café. O café, do exposto, acabou por influenciar a política devido aos poderes econômicos dos Barões do café, em que por muito tempo elegeu presidentes ora representantes da cafeicultura (São Paulo) ora dos expoentes da pecuária leiteira (Minas Gerais), o que levou a famosa política “café com leite”. O café foi também responsável por mudanças nos hábitos alimentares, influenciou a cultura, a industrialização e ações pelos direitos trabalhistas, devido a presença imigrantes europeus. Do exposto, pode-se afirmar que a História do Brasil relaciona substancialmente com a história do café. Slide 1 - Origem do cafeeiro: Coffea arabica e Coffea canephora O cafeeiro da espécie C. arabica é originário das montanhas (acima de 1.000 m) da Etiópia, onde é encontrado em sub-bosque; enquanto a espécie C. canephora é proveniente do Vale do Rio Congo, em diversas condições de sombreamento e altitude. No Brasil e no mundo são produzidos e transformados em bebida grãos dessas duas espécies, embora existam mais de 80 espécies. Em razão da origem, as plantas apresentam características diferentes de outras espécies perenes como, por exemplos, várias florações, alternância de safra em cultivos a pleno sol (sistema de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 5 insuficientes e irregulares. Em anos normais de chuvas bem distribuídas, mas com temperaturas elevadas, também haverá prejuízos para a granação, em razão da redução da condutividade hidráulica de cafeeiros, com prejuízo no atendimento da demanda evapotranspirativa da planta. A provável causa para esse comportamento deve estar relacionada com o sistema de produção a pleno sol de plantas, cuja origem é de sub-bosque. Os frutos “chumbinhos” estão em aparente repouso, com a fase de divisões celulares finalizadas. Entretanto, não se verifica expansão visual que possa ser quantificada por meio do ganho de massa de matéria seca. Após certo período o fruto “chumbinho” expande substancialmente, mediante acúmulo de carboidratos (CH2O), disponibilidade de água e temperatura favorável à fotossíntese (25 a 30º C), e adubação que atender a demanda por nutrientes, quando seu armazenamento no solo é insuficientes em relação à exigência tanto para a vegetação quanto para a frutificação. No final da expansão há lignificação do endocarpo (parte do fruto) em razão da pressão de turgor exercida pela água nas paredes das células da semente. Ao término desse processo estará definido o tamanho dos grãos, cuja influência do clima e nutrição pode ser inferida pela “peneira média”. A peneira média é o quociente entre o somatório dos produtos dos números de cada peneira (12, 13, 14, ... 26; isto é 12/64”, 13/64” a 26/64”) pelas respectivas massas de grãos retidos pela dividido pela massa total de grãos. Durante a granação praticamente se completa o acúmulo de carboidratos (96% da matéria seca total). A deficiência hídrica nessa fase pode paralisar o acúmulo de massa e de minerais nos grãos, o Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 6 que leva a morte de órgãos vegetais (tegumento, endosperma e o embrião). Entre os defeitos que originam na fase de granação podem ser enumerados o aspecto do lote (avaliação visual), o tamanho de grãos (avaliado por peneiras) e a presença de grãos chochos (5 grãos chochos = 1 defeito) e mal granados (5 grãos = 1 defeito). Slide 5 - Produção brasileira e alternância de safras O Brasil é o maior produtor individual de café, com mais de 40 milhões de sacas anuais (safra 2006/07). Pela análise da série histórica da produção nacional observa-se o efeito da alternância da safra, que pode acontecer pela combinação do sistema de produção a pleno sol e a fisiologia do cafeeiro originário de sub-bosque. Do total de 45,5 milhões de sacas produzidas, aproximadamente, 35 milhões de sacas (77,8%) são de grãos arábicos e 10,5 milhões de grãos canéfora (23,2%). Em cafeeiro a pleno sol a produtividade por planta é elevada e não repete a carga nas partes dos ramos que já deram frutos. Assim, haverá alternância de safras, ou seja, após uma safra elevada segue uma safra inferior (sistema de produção x fisiologia da planta). A alternância de safras afeta a competitividade, pela incapacidade de atender os contratos firmados, o que serve de estímulo para a entrada de concorrentes. A variação de safras já foi maior quando o cafeeiro era plantado em espaçamentos largos (próximo de 1.000 plantas por hectare). Na atualidade têm-se aumentado o número de plantas por hectare diminui a quantidade Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 7 de frutos por planta (5 a 8 litros) e assim sobram CH2O para uso na produção de novos locais nos ramos produtivos (novos ramos e crescimento de ramos já em produção). Este fato acaba por amenizar as variações de cargas entre safras. O aumento da densidade de plantas por área chega a ser igual ou superior a 5.000 plantas por hectare, a tendência é de reduzir a alternância, pela diminuição da produtividade por planta. O aumento da população de plantas, como afirmado anteriormente, reduz a alternância por diminuir a produtividade por planta. Uma característica dos grãos de café é a possibilidade de armazená-lo amento por vários anos, se forem acondicionados em ambiente adequado. A perda de qualidade inicia a partir do 2º ano, mas a vida útil poderá superar os 10 anos. Esta é uma característica do café, que difere da maioria das plantas perenes, e uma das responsáveis pelos ciclos de crise prolongados, o que prejudica a capacidade dos cafeicultores de superarem os períodos de preços não remuneradores. Slide 6 – Distribuição da produção brasileira por Estados No Brasil o café é produzido em 13 Estados, com a maioria das áreas cultivadas e em produção concentradas em 6 Estados, como: MG, ES, SP, PR, BA e RO. Os Estados de MG (maior produtor), SP, PR e BA (3º, 4º e 5º, nessa ordem) produzem somente grãos da espécie C. arabica, enquanto RO produz somente C. canephora e ES (2º maior produtor) cultiva as duas espécies, com predominância de canéfora. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 10 Este fato favorece a entrada de outras formas, como: grãos verde e torrado e moído. Entretanto, o café solúvel é considerado um produto de qualidade inferior, devido ao uso de grãos com diferentes problemas para seu uso após processamento industrial. O mercado de solúvel não tem crescido, apesar da agregação de valor, cujo preço atual é da ordem de R$ 7.200,00 por tonelada, comparativamente aos grãos verde R$ 2.700,00 e ao torrado e moído R$ 5.300,00 por tonelada. Uma das razões é a política comercial do mercado europeu que taxa as exportações brasileiras de café solúvel em 9 a 10%. Entretanto os países como a Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá gozam de ausência tarifária para seus produtos. Este comportamento diferencial para com o Brasil é adotado com o argumento de ajudar na erradicação do plantio de coca e outros produtos ilícitos. Embora insistam em afirmar que se trata de política social, mas o que ocorre de fato é protecionismo maquiado em nome do social. Slide 9 – Comercialização: torrado e moído A exportação de cafés industrializados é relativamente nova e começou oficialmente em 2002. O Brasil caminha firme na comercialização de torrado e moído, dentro dos países concorrentes internacionais, como: Alemanha e Itália (1º e 3º importadores do Brasil) e maiores exportadores no mundo. Ao longo dos últimos anos as torrefadoras brasileiras aprenderam agregar valor ao produto, e hoje vendem para países da Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 11 Europa, Ásia, África, América do Norte etc. Os cafés para exportação são totalmente processados, industrializados e embalados nas torrefadoras nacionais, o que gera mais empregos e renda no país. Um grande desafio do setor é ser competitivo, de maneira que possa superar as barreiras tarifárias impostas pelo mercado europeu, em que 4 grandes empresas (Nestlé, Tchibo, Sara Lee, Procter & Gamble e Philip Morris), as quais compram quase a metade (50 a 60 milhões de sacas) de todo o café produzido no mundo. Para tanto, as empresas devem adequar seus produtos ao gosto e exigência dos mercados mundiais e adotarem o conceito de café de qualidade. Slide 10 – Consumo interno O consumo interno cresce sistematicamente desde a década de 80. Primeiro em razão do Programa Selo de Pureza da ABIC, em que somente os cafés comercializados que não possuam substâncias estranhas ao café, recebam o selo. Mais recentemente, a partir de 2000 a Indústria de café oferece produtos diferenciados, com alta qualidade e maior valor agregado. Na atualidade, o Brasil consome 17,4 milhões de sacas de café, muito próximo do maior consumidor - os EUA, com 22 milhões de sacas anuais. Além dos programas desenvolvidos pela ABIC cresce também o mercado de cafeterias com cerca de 2,5 mil casas de café e movimento superior a R$ 70 milhões por mês ou R$ 840 milhões por ano, e emprega mais de 30 mil funcionários. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 12 O Programa do Selo de Pureza foi criado em 1989 e ainda permanece ativo. Sua implantação se deu com a finalidade de impulsionar o consumo por meio da melhoria da qualidade. Em 2004, a ABIC lançou a segunda iniciativa, com a criação e lançamento do PQC - Programa de Qualidade do Café. Uma das finalidades do Programa é informar a qualidade do café que está sendo vendido, além de permitir que o consumidor identifique o tipo de grão utilizado em cada marca e, com isso, escolha o sabor que lhe agrade. Com a elevação de produção de cafés Superiores e Gourmets, os quais são ofertados tanto no mercado externo quanto no mercado interno, contribuirá para o crescimento do consumo doméstico, o que estimulará a abertura de novas cafeterias, com geração de mais renda e empregos. O Brasil exporta, em grãos verdes, ao redor de 25 milhões de sacas e 3,5 milhões na forma de café solúvel, que acrescido do consumo interno (17,4 milhões), sem considerar o mercado externo de torrado e moído, demandará do setor produtivo, aproximadamente, 45,9 milhões de sacas. Na última safra brasileira (2007/08) foi alta e igual a 45,5 milhões de sacas, com estoques escasseando (7,8 milhões). Assim, a perspectiva para o próximo ano (2008/09) será de safra baixa, fato preocupante do agronegócio café. Ressalte-se que as informações faladas ou escritas sobre as estatísticas pelas atividades relativas à comercialização (interna e externa), industrialização, bolsa de mercadorias e corretores diverge do setor produtivo, que se refere, por exemplo, a safra 2007/08 (florescimento em 2007 e colheita e comercialização da referida safra Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
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