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A terra e seus movimentos, a esfera celeste, Notas de estudo de Matemática

ESTUDO DO MOVIMENTO DO PLANETA TERRA

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 17/02/2010

danilo-miranda-4
danilo-miranda-4 🇧🇷

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Baixe A terra e seus movimentos, a esfera celeste e outras Notas de estudo em PDF para Matemática, somente na Docsity! A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 569 Navegação astronômica e derrotas 17 A TERRA E SEUS MOVIMENTOS. A ESFERA CELESTE 17.1 A TERRA 17.1.1 FORMA E DIMENSÕES. A ESFERA TERRESTRE Primeiramente, o homem imaginou a Terra como uma superfície plana, pois era assim que ele a via. Como mencionado no capítulo anterior, mesmo os babilônios, que eram avançados em Astronomia, tinham essa concepção. Com o correr dos tempos, descobriu-se que a Terra era aproximadamente esféri- ca. Embora a natureza esférica da Terra seja de conhecimento do homem comum apenas por um período de tempo comparativamente curto, esse conceito já era aceito pelos astrô- nomos há cerca de 25 séculos. Na realidade, a superfície que a Terra apresenta, com todas as suas irre- gularidades exteriores, é o que se deno- mina superfície topográfica da Terra e não tem representação matemática. Na tentativa de contornar esse problema, concebeu-se o geóide, que seria o sólido formado pela superfície do nível médio dos mares, supondo-o recobrindo toda a Terra, prolongando-se através dos conti- nentes (figura 17.1). Figura 17.1 – Forma da Terra A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste Navegação astronômica e derrotas570 O geóide, entretanto, ainda não é uma superfície geometricamente definida. As- sim, medições geodésicas precisas, realizadas no século passado e no início deste, estabe- leceram como a superfície teórica que mais se aproxima da forma real da Terra a do ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO, que é o sólido gerado pela rotação de uma elipse em torno do eixo dos pólos (figura 17.2). O ELIPSÓIDE INTERNACIONAL DE REFERÊNCIA tem os seguintes parâmetros: – RAIO EQUATORIAL (SEMI-EIXO MAIOR) a = 6.378.388,00 metros – RAIO POLAR (SEMI-EIXO MENOR) b = 6.356.911,52 metros – ACHATAMENTO m = a – b = = 0,003367 = 1 a 6.378.388,00 297 – EXCENTRIDADE e = a 2 – b2 = 0,0819927 a2 Os parâmetros de outros elipsóides de referência podem ser encontrados no Apên- dice C, no final do Volume III deste Manual. A diferença deste ELIPSÓIDE para uma SUPERFÍCIE ESFÉRICA é, porém, muito pequena e, assim, a ESFERA é adotada como SUPERFÍCIE TEÓRICA DA TER- RA nos cálculos da Navegação Astronômica e em muitos outros trabalhos astronômicos. A esfera terrestre pode ser considerada como possuindo um raio de 6.366.707,019 metros, o que lhe confere uma circunferência de 40.003,200 km, correspondentes exa- tamente a 21.600 milhas náuticas. Assim, 1 grau de Latitude equivale a 60 milhas náu- ticas e 1 minuto de Latitude a 1 milha náutica, conforme se usa em navegação. Figura 17.2 – Parâmetros do Elipsóide Internacional de Referência 21.476,05 A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 573 Navegação astronômica e derrotas – MERIDIANO INFERIOR é a metade que se encontra diametralmente oposta. Na realidade, o termo MERIDIANO é normalmente aplicado ao MERIDIANO SUPERIOR, sendo o MERIDIANO INFERIOR denominado ANTIMERIDIANO. PRIMEIRO MERIDIANO, MERIDIANO DE ORIGEM ou MERIDIANO DE REFERÊNCIA (figura 17.7) – é o meridiano tomado como origem para contagem das Longitudes. Conforme mencionado no Capítulo 16, adota-se como primeiro meridiano, por acordo internacional firmado no final do século XIX, o meridiano de Greenwich. 17.1.3 A POSIÇÃO NA TERRA. SISTEMA DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS Para localizar qualquer ponto na superfície da Terra, utiliza-se o Sistema de Coor- denadas Geográficas (Latitude e Longitude), que tem como planos fundamentais de referência o do EQUADOR e o do MERIDIANO DE GREENWICH. LATITUDE DE UM LUGAR (o símbolo é a letra grega j) – é o arco de meridiano com- preendido entre o Equador e o paralelo do lu- gar. Conta-se de 0º a 90º para o Norte e para o Sul do Equador (figura 17.8). A Latitude deve ser sempre designada Norte (N) ou Sul (S), con- forme o lugar esteja, respectivamente, ao Norte ou ao Sul do Equador. Na figura 17.8, por exem- plo, a Latitude do ponto “A” deve ser designada “N”, pois o mesmo está ao Norte do Equador. A COLATITUDE, elemento muito usado nos cálculos de Navegação Astronômica, é o complemento da LATITUDE do lugar, isto é, COLATITUDE = 90º – LATITUDE. LONGITUDE DE UM LUGAR (o símbolo é a letra grega l) – é o arco do Equador, ou o ângulo no pólo, compreendido entre o MERIDIANO DE GREENWICH e o MERIDIANO DO LUGAR. Conta-se de 0º a 180º, para Leste ou para Oeste de Greenwich. A Longitude deve ser sempre designada Leste (E) ou Oeste (W), conforme o lugar esteja, respectivamente, a Leste ou a Oeste do meridiano de Greenwich. Na figura 17.8, a longi- tude do ponto “A” deve ser designada “W”, pois o mesmo está a Oeste do meridiano de Greenwich. O quadro abaixo ilustra o Sistema de Coordenadas Geográficas COORDENADAS SÍMBOLOS ABREVIATURAS VALORES GEOGRÁFICAS POSSÍVEIS LATITUDE j 0º a 90º DO EQUADOR PARA N/S LONGITUDE l 0º a 180º DO MERIDIANO DE GREENWICH PARA E/W AB: ORTODROMIA ENTRE OS PONTOS A E B Figura 17.8 – Sistema de Coordenadas Geográficas SENTIDO DE CONTAGEM Lat Long A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste Navegação astronômica e derrotas574 Associados aos conceitos de Latitude e Longitude, é oportuno recordar as seguin- tes definições: DIFERENÇA DE LATITUDE ENTRE DOIS LUGARES (símbolo D j) – é o arco de meridiano compreendido entre os paralelos que passam por esses lugares. Para se obter a DIFERENÇA DE LATITUDE entre dois pontos, deve-se subtrair ou somar os valores de suas Latitudes, conforme eles sejam, respectivamente, de mesmo nome ou de nomes contrá- rios. Assim, por exemplo, a DIFERENÇA DE LATITUDE, entre o ponto “A”, situado sobre o paralelo de 30ºN, e o ponto “B”, situado sobre o paralelo de 45ºN, será de 15º. Ademais, costu- ma-se indicar, também, o SENTIDO da DIFERENÇA DE LATITUDE. Desta forma, dir-se- ia que a D j de “A” para “B” é de 15ºN, ao passo que a Dj de “B” para “A” seria de 15ºS. LATITUDE MÉDIA ENTRE DOIS LUGARES (símbolo jm) – é a Latitude cor- respondente ao paralelo médio entre os paralelos que passam pelos dois lugares. Seu va- lor é obtido pela semi-soma ou semidiferença das Latitudes dos dois lugares, conforme estejam eles no mesmo hemisfério ou em hemisférios diferentes (neste caso, terá o mesmo nome que o valor maior). No exemplo anterior, a LATITUDE MÉDIA entre os pontos “A” (Latitude 30ºN) e “B” (Latitude 45ºN) é: jm = 30o + 45o = 37,5º N = 37o 30' N 2 A LATITUDE MÉDIA entre o ponto “C” (Latitude 40ºN) e o ponto “D” (Latitude 12ºS) será: jm = 40 o _ 12º = 14º N 2 DIFERENÇA DE LONGITUDE ENTRE DOIS LUGARES (símbolo D l) – é o arco do Equador compreendido entre os meridianos que passam por esses lugares. A obtenção de seu valor é semelhante à da DIFERENÇA DE LATITUDE. Assim, por exemplo, a DIFERENÇA DE LONGITUDE entre “G” (Longitude 015ºW) e “H” (Longitude 010ºE) é de 025ºE. APARTAMENTO (ap) – aparta- mento entre dois pontos é a distância, em milhas náuticas, correspondente à dife- rença de Longitude entre os dois pon- tos. Em outras palavras, apartamento é o comprimento, em milhas náuticas, do arco de paralelo subtendido entre dois meridianos, ou a distância, em milhas náu- ticas, percorrida no sentido E–W, quando se navega de um ponto para outro da su- perfície terrestre. Em virtude da forma esférica da Terra, os meridianos conver- gem, à medida que a Latitude cresce, con- forme se verifica na figura 17.9. A DIFE- RENÇA DE LONGITUDE entre os dois meridianos mostrados na figura é de 1º. No entanto, o apartamento entre eles é deEQUADOR 30 MILHAS NÁUTICAS 52 MILHAS NÁUTICAS 60 MILHAS NÁUTICAS Figura 17.9 – Apartamento e Diferença de Longitude A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 575 Navegação astronômica e derrotas 60 milhas náuticas no Equador, 52 milhas no paralelo de 30º e 30 milhas no paralelo de 60º. Assim, o comprimento de 1 grau de Longitude (medido ao longo de um paralelo) decresce de 60 milhas náuticas, no Equador, até zero, nos pólos. Enquanto isto, o comprimento de 1 grau de latitude (medido ao longo de um meridiano) é o mesmo em qualquer ponto da esfera terrestre, desde o Equador até os pólos. Como vimos, para os propósitos da navegação, tal comprimento corresponde a 60 milhas náuticas e, assim, 1 minuto de Latitude é igual a 1 milha náutica, em qualquer lugar da Terra. Conforme será demonstrado no Capítulo 33, o apartamento (para distâncias de até 600 milhas) é igual à DIFERENÇA DE LONGITUDE multiplicada pelo cosseno da LA- TITUDE MÉDIA entre os dois pontos, ou seja: ap = Dl . cos jm. 17.2 OS MOVIMENTOS DA TERRA 17.2.1 MOVIMENTOS VERDADEIRO E APARENTE Os movimentos principais da Terra (MOVIMENTOS VERDADEIROS) são os se- guintes (figura 17.10): I – ROTAÇÃO em torno da linha dos pólos (EIXO DA TERRA), uma vez por dia. A rotação da Terra se processa de Oeste para Leste; e II – TRANSLAÇÃO (OU REVOLUÇÃO) ao redor do Sol, uma vez por ano. A TERRA GIRA EM TORNO DO SEU EIXO DE ROTAÇÃO, UMA VEZ POR DIA, DE OESTE PARA LESTE. A TERRA DESCREVE, NO PERÍODO DE 1 ANO, UMA ÓRBITA ELÍTICA EM TORNO DO SOL, QUE OCUPA UM DOS FOCOS DA ELIPSE (PRIMEIRA LEI DE KEPLER). A VELOCIDADE ORBITAL DA TERRA VARIA, DE FORMA QUE ÁREAS IGUAIS SEJAM VARRIDAS EM TEMPOS IGUAIS (SEGUNDA LEI DE KEPLER). A VELOCIDADE ORBITAL É MÁXIMA NO PERIÉLIO E MÍNIMA NO AFÉLIO. Figura 17.10 – Movimentos Principais da Terra A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste Navegação astronômica e derrotas578 Equador da Terra, o Equador Celeste divide a Esfera Celeste em dois hemisférios, Hemisfério Norte Celeste e Hemisfério Sul Celeste. – PARALELOS DE DECLINAÇÃO ou CÍRCULOS DIURNOS são círculos menores da Esfera Celeste, paralelos ao Equador Celeste. MERIDIANOS CELESTES E CÍRCULOS HORÁRIOS: – MERIDIANO CELESTE é um círculo máximo da Esfera Celeste que contém os Pólos Celestes e o Zênite de um ponto da Terra. Os Meridianos Celestes representam as projeções dos meridianos da Terra na Esfera Celeste, sendo, então, círculos máximos perpendiculares ao Equador Celeste. – CÍRCULO HORÁRIO é um círculo máximo da Esfera Celeste que contém os Pólos Celestes e o centro de um astro. Assim, os CÍRCULOS HORÁRIOS são, também, círculos máximos perpendiculares ao Equador Celeste. Desta forma, um CÍRCULO HO- RÁRIO e um MERIDIANO CELESTE têm a mesma definição, sendo os MERIDIANOS CELESTES usados para referência de locais (posições do observador) e os CÍRCULOS HORÁRIOS para astros. A única diferença é que os CÍRCULOS HORÁRIOS deslocam- se com os astros, no seu movimento aparente em torno da Terra, enquanto os MERIDIANOS CELESTES permanecem fixos, formando uma espécie de gaiola, no interior da qual gira a Esfera Celeste, no seu movimento aparente de Leste para Oeste. Quando um observador se desloca, move-se de um meridiano para outro. III – Movimento Diurno dos Astros Os astros, em seus movimentos aparentes em torno da Terra, descrevem CÍRCU- LOS DIURNOS paralelos ao EQUADOR CELESTE, movendo-se de Leste para Oeste, conforme mostrado na figura 17.13. Nessa figura, os astros A e B têm Declinação Norte (N); por isso, descrevem CÍRCULOS DIURNOS ao Norte do Equador Celeste, isto é, no Hemisfério Norte Celeste. O astro C tem Declinação igual a zero; assim, seu CÍRCULO DIURNO é o próprio Equador Celeste. Os astros D e E têm Declinação Sul (S); portanto, descre- vem CÍRCULOS DIURNOS ao Sul do Equador Celeste, ou seja, no Hemisfério Sul Celeste. Como visto no item anterior, os CÍRCULOS DIURNOS são também denomina- dos PARALELOS DE DECLINAÇÃO, pois são círculos menores da Esfera Celeste, A B C D E Figura 17.13 – Movimento Diurno dos Astros A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 579 Navegação astronômica e derrotas paralelos ao Equador Celeste, correspondendo, na Terra, aos PARALELOS ou PARA- LELOS DE LATITUDE. Da mesma forma, conforme será explicado no próximo capítulo, a Declinação de um astro na Esfera Celeste é a sua distância angular ao Norte ou ao Sul do Equador Celeste, correspondendo, assim, à Latitude na Terra (distância angular ao Equador Terrestre). O aspecto do movimento aparente (movimento diurno) dos astros altera-se com a posição do observador na superfície da Terra, pois, à medida que este se desloca, o seu Horizonte Verdadeiro (círculo máximo da Esfera Celeste perpendicular à vertical do lugar, ou seja, à linha Zênite–Nadir) varia, modificando o aspecto do movimento diur- no dos astros. Examinemos, então, como o fenômeno seria observado de três posições dife- rentes do nosso planeta. a. Observador em uma Latitude Qualquer (do Hemisfério Norte ou do Hemisfério Sul) Na figura 17.14, o observador em uma Latitude (j) qualquer do Hemisfério Nor- te, voltado para o Norte, veria os astros nasce- rem no setor Leste, à sua direita, elevarem-se no céu até alcançar a altura máxima, na pas- sagem meridiana e se porem no setor Oeste, à sua esquerda. A altura do pólo elevado (Pólo Norte) seria igual à Latitude do obser- vador. O círculo diurno ou PARALELO DE DECLINAÇÃO descrito por qualquer astro, paralelo ao Equador Celeste, estaria incli- nado em relação ao Horizonte de um ângulo igual a 90º_ j. O arco diurno seria diferente do arco noturno para todos os astros que tivessem nascer e pôr e cuja Declinação fosse diferente de zero. A Esfera Celeste denominar-se-ia ESFERA OBLÍQUA. Assim, denomina-se esfera oblíqua ao aspecto da Esfera Celeste quando observada de um ponto na superfície terrestre situado entre o Equador e os pólos. Da figura 17.14 deduz-se que quanto mais próximo do pólo elevado estiver o astro, mais tempo será ele visível ao observador. No círculo diurno ou PARALELO DE DE- CLINAÇÃO descrito pelo astro A, estão marcados os pontos onde o mesmo nasce e onde se põe. Verifica-se, assim, que o arco diurno da estrela A (ou seja, a porção do seu para- lelo de declinação que está acima do Horizonte) é maior que o arco noturno (parte que está abaixo do Horizonte). Certas estrelas, como a Polar, estão tão próximas do pólo elevado que nunca se põem, permanecendo sempre acima do Horizonte (só não sendo vistas durante o dia por causa da ausência de contraste, devida ao excesso de luminosidade). São as chamadas Estrelas Circumpolares. A estrela B, na figura 17.14, é um astro circumpolar. Para que um astro tenha esta condição, é necessário que sua Declinação (d) seja de mesmo nome que a Latitude (j) do observador e que tenha um valor igual ou maior que 90º_ j, isto é, d> 90º_ j. Figura 17.14 – Esfera Oblíqua PÔR A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste Navegação astronômica e derrotas580 Assim como há estrelas que nunca se põem, há outras que nunca aparecem sobre o horizonte, como se pode ver na figura 17.14. A estrela POLAR, por exemplo, nunca é visível para os observadores situados no Hemisfério Sul. Para que um astro permaneça sempre abaixo do Horizonte, é necessário que sua Declinação (d) tenha o nome contrá- rio à Latitude (j ) do observador e seja de valor absoluto igual ou maior que 90º_ j, confor- me ocorre com o astro C na figura 17.14. b. Observador no Equador Neste caso, a Latitude do observador seria nula. Todas as estrelas, conforme se vê na figura 17.15, descreveriam paralelos de declinação (ou círculos diurnos) perpendiculares ao Horizonte local, pois o Equador Celeste seria perpendicular ao Horizonte Verdadeiro. Para cada estrela, o arco diurno seria igual ao arco noturno, isto é, qualquer estrela permaneceria 12 horas acima e 12 horas abaixo do Horizonte. Não haveria estrela invisível, pois todas nasceriam e se poriam diariamente, com movimentos perpendiculares ao Horizonte. O Pólo Norte coincidiria com o pon- to N do Horizonte e o Pólo Sul com o ponto S. A Esfera Celeste seria denominada ESFERA RETA. Assim, denomina-se esfera reta ao aspecto da Esfera Celeste quando observada de um ponto do Equador Terrestre. Nessa situação, os círculos diurnos aparentes dos astros estão em planos verticais perpendiculares ao plano do meridiano. c. Observador no Pólo O Zênite (Z) do observador coincidiria com o pólo elevado (N ou S) e sua Lati- tude seria igual a 90ºN ou 90ºS. O Horizonte do observador coincidiria com o Equa- dor Celeste e, assim, todos os astros descreveriam círculos diurnos (ou paralelos de declinação) paralelos ao Horizonte, conforme mostrado na figura 17.16. Do Pólo Norte, seriam avistadas continuamente todas as estrelas com Declinação Norte, como os astros A e B. Para o observador no Pólo Sul, as estrelas com Declinação Sul per- maneceriam sempre acima do Horizonte, como os astros D e E mostrados na figura. A Esfera Celeste seria denominada ESFERA PARALELA. Figura 17.15 – Esfera Reta NORTE PÓLO LESTE OESTEE Q U A D O R HORIZONTE PÓLO C E L E ST E SUL A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 583 Navegação astronômica e derrotas – TRÓPICO DE CÂNCER: é o PARALELO DE DECLINAÇÃO ou CÍRCULO DIURNO descrito pelo Sol quando este se encontra no SOLSTÍCIO DE VERÃO (ou, é o PARALELO DE DECLINAÇÃO de 23,5ºN, aproximadamente). – TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO: é o PARALELO DE DECLINAÇÃO ou CÍR- CULO DIURNO descrito pelo Sol quando este se encontra no SOLSTÍCIO DE INVER- NO (ou, é o PARALELO DE DECLINAÇÃO de 23,5ºS, aproximadamente). – CÍRCULO POLAR ÁRTICO: é o PARALELO DE DECLINAÇÃO de 66,5ºN, aproximadamente, que contém o pólo norte (p) da Eclítica. – CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO: é o PARALELO DE DECLINAÇÃO de 66,5ºS, aproximadamente, que contém o pólo sul (p ') da Eclítica. 17.2.4 CONSEQÜÊNCIAS DA PRECESSÃO TERRESTRE A precessão terrestre é um movimento cônico do eixo da Terra em torno da linha dos pólos da eclítica. A Terra completa um ciclo precessional em cada 25.800 anos, apro- ximadamente, ou seja, o Pólo se move cerca de 50,28'' por ano. Este movimento não é comple- tamente circular. Variações na posição da Lua com relação ao Equador Terrestre e o efeito menor de outros astros causam ligeiras alterações no movimento precessional. O efeito combinado destas variações recebe o nome de NUTAÇÃO. Podemos também definir NUTAÇÃO como sendo a parte irregular do movimen- to precessional. Como conseqüências principais desses movimentos de precessão e nutação, po- demos, então, mencionar: a) Deslocamento do Ponto Vernal O Ponto Vernal desloca-se sobre a Eclítica, no sentido retrógrado, de cerca de 50,28'' por ano (figura 17.19). b) Deslocamento dos planos funda- mentais Os planos do Equador e da Eclítica es- tão sempre em movimento lento no espaço; em conseqüência, variam as coordenadas equa- toriais e eclíticas de todos os astros, em geral. c) Diferença entre o ano sideral e o ano trópico Denomina-se ANO SIDERAL o tempo gasto pelo Sol, no seu movimento aparente, para dar uma volta completa em torno da Terra. ANO TRÓPICO é o intervalo de tempo que decorre entre duas passagens consecutivas do centro do Sol pelo Ponto Vernal. Em conseqüência da retrogradação do Ponto Vernal, o ANO TRÓPICO é mais curto que o ANO SIDERAL de cerca de 20,4 minutos. Figura 17.19 – Movimento Aparente e Precessão dos Equinócios g : POSIÇÃO DO PONTO VERNAL NO INÍCIO DO ANO TRÓPICO g 1 : POSIÇÃO DO PONTO VERNAL NO FINAL DO ANO TRÓPICO A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste Navegação astronômica e derrotas584 d) Deslocamento dos pólos entre as estrelas O movimento do pólo acarretará, com o decorrer do tempo, a substituição de uma estrela polar por outra. Atualmente, a estrela a da URSA MENOR (figura 17.20) encontra-se a menos de 1º do Pólo Norte Celeste, sendo conhecida por ESTRELA POLAR. Por volta do ano 2102, esta distância angular ficará reduzida a aproximada- mente 28', e passará a aumentar desta data em diante. Portanto, a atual estrela polar norte continuará a sê-la por vários séculos, até que seja substituída, por exemplo, por g do CEPHEUS no ano 4500. Já cerca do ano 14000, a polar será a estrela VEGA (figu- ra 17.21), e assim por diante. e) Deslocamento do Ponto Vernal nos signos do Zodíaco Será explicado no item que se segue (17.2.5). f) Variação da duração das estações Será abordada no item 17.2.6. 17.2.5 ZODÍACO O Zodíaco é uma faixa do céu que se estende 8º para cada lado da Eclítica (figu- ra 17.22). É importante porque delimita as órbitas do Sol, da Lua e dos planetas usa- dos em Navegação. Vênus, contudo, ocasionalmente se aventura além dos limites do Zodíaco. Figura 17.20 – Deslocamento dos Pólos entre as Estrelas (Conseqüência da Precessão Ter- restre) Figura 17.21 – Precessão e Nutação I I A Terra e seus Movimentos. A Esfera Celeste 585 Navegação astronômica e derrotas Figura 17.22 – O Zodíaco O Zodíaco está dividido em 12 partes iguais, de 30º de Longitude, sendo uma para cada mês. Cada uma de suas seções recebe o nome de uma constelação; são os chamados 12 signos do Zodíaco. Os antigos, ao denominarem as seções do Zodíaco, usaram o nome das constelações que, na época, se encontravam parcial ou completamente dentro de cada seção. Entretan- to, em virtude da precessão terrestre, o equinócio de março tem retrogradado sobre a eclítica de cerca de 50,28'' por ano, o que faz com que o Ponto Vernal, já decorridos 2.000 anos, encontre-se presentemente na constelação de PISCES. Para manter os signos originais, diz-se que o Sol atinge o primeiro ponto de ARIES quando cruza o equador a 20 de março, muito embora ele esteja realmente entrando em PISCES nesta época. Desta forma, todos os signos do Zodíaco se encontram atualmente deslocados de sua verdadeira posição. O Ponto Vernal (g), que há 2.000 anos se encontra- va na constelação de ARIES, somente dentro de 25.775 anos, a contar daquela época, terá completado seu deslocamento através de todos os signos do Zodíaco e voltado, assim, a coincidir com o signo de ARIES. 17.2.6 ESTAÇÕES DO ANO E ZONAS CLIMÁTICAS I – Estações do Ano O Sol está mais próximo da Terra durante o inverno no Hemisfério Norte. As- sim, não é a distância Terra–Sol a responsável pelas diferenças de temperaturas entre as diversas estações. No periélio a quantidade de energia solar que alcança a Terra é, natu- ralmente, maior que quando o nosso planeta está no afélio. Entretanto, por causa da pe- quena excentricidade da órbita (0,0167), o Sol está situado muito próximo do seu centro e, assim, a distância da Terra ao Sol varia muito pouco. Desta forma, a quantidade total diária de energia solar incidente sobre a Terra também varia pouco (até, no máximo, + 3,33% da média diária do ano); o máximo diário de energia incidente sobre a Terra (cerca do dia 2 de janeiro, com a Terra no periélio) é apenas 1,07 vez a quantidade mínima, que ocorre com a Terra no afélio (no dia 5 de julho).
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