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Horticultura Geral, Notas de aula de Engenharia Agronômica

Notas de Aula 2º parte

Tipologia: Notas de aula

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Baixe Horticultura Geral e outras Notas de aula em PDF para Engenharia Agronômica, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA ÁREA DE FITOTECNIA HORTICULTURA GERAL NOTAS DE AULA: 2a PARTE Luciane Vilela Resende Gustavo Jonnas S. M. Bezerra RECIFE 2003 Capítulo VI: Propagação Assexuada ou Vegetativa 1. Introdução Por reprodução assexual entende-se a multiplicação vegetativa de um indivíduo, capaz de produzir uma planta geneticamente idêntica àquela que lhe deu origem, sem a união de gametas. A regeneração de um novo por via assexual ocorre em plantas superiores devido à mitose que ocorre nos pontos de crescimento, como brotos terminais, ápices radiculares, câmbio vascular e nos callus originados em tecidos feridos de raízes e caules. A propagação assexual é, portanto, a multiplicação dirigida de partes da planta, baseada na capacidade que certas estruturas vegetais de determinadas espécies possuem, para formar um novo indivíduo completo, quando destacadas da planta-mãe e colocadas em condições propícias. Pela aplicação de diferentes técnicas, a propagação vegetativa permite a multiplicação em larga escala de uma planta individual, selecionada, reproduzindo fielmente as características que lhe conferem vantagens adicionais em relação a um padrão da espécie. A propagação vegetativa é feita utilizando-se métodos naturais e métodos artificiais. Os métodos naturais são aqueles que utilizam órgãos da planta como veículo de propagação. São eles: caules modificados, raízes modificadas e folhas modificadas. E os métodos artificiais utilizam determinadas técnicas para propagação da espécie. São elas: estaquia, mergulhia, enxertia e micropropagação. 2. Estruturas Naturais • Caules modificados: acumulam substâncias de reserva. Em geral são subterrâneos. ⌦ Bulbos: caule subterrâneo de reservas, encurtados, constituídos por folhas escamosas, grossas, polpudas, e modificadas de base carnosas, com gemas nas axilas das escamas foliares. Ex.: cebola, alho, narciso, jacinto, etc. ⌦ Cormos ou bulbos sólidos: caule subterrâneo de reserva, semelhante ao bulbo, porém é mais curto e intumescido não contendo folhas polpudas. Tipo bulbo sólido, com nós e entrenós bem visíveis. Ex: gladíolo, açafrão. ⌦ Estolhos: são caules aéreos que se desenvolvem a partir das axilas das folhas na base ou coroa da planta. Ex: morangueiro, gerânio, etc. ⌦ Rizomas: são caules subterrâneos que contém nós e entre-nós, apresentam raízes adventícias. Ex: íris, inhame, etc. ⌦ Tubérculos: partes carnudas de rizomas subterrâneos. O tubérculo poderá ser utilizado todo ou parte dele (quebrando a dominância apical). Ex: batatinha ⌦ Estolões: caules alongados que crescem rente à superfície do solo. Ex: gramas, morangueiro. ⌦ Rebentos ou “filhotes”: desenvolve-se a partir do caule. Ex: abacaxi, etc. • Raízes modificadas: ⌦ Raízes tuberosas: gemas vegetativas e raízes adventícias. Ex: batata-doce, begônia, etc. ⌦ Rebentos de raízes: surgem de modo adventício das raízes. • Folhas modificadas: são folhas carnosas (armazenam reservas), utilizadas na propagação de algumas espécies. Ex: violeta, cactos, etc. • Rebentos: Podem ocorrer naturalmente como em abacaxi e caqui. • Divisão de touceiras: é a separação de uma planta em pedaços, contendo raiz, caule e folhas. Ex: Alpinia, Espada-de–São Jorge, etc. OBS.: Pode-se pincelar o local anelado com fungicidas e hormônios de enraizamento 4 - Umedecer e amarrar na parte superior 5 - Após o enraizamento, proceder o desmame. • Enxertia: Envolve a união de partes da planta por meio da regeneração de tecidos. Sobrepõe duas plantas diferentes, proporcionando a união física que lhes permitem desenvolver-se como uma única planta. A grande vantagem da enxertia é poder reunir em um único indivíduo, características diferentes de dois ou mais indivíduos. É o principal método de propagação, largamente utilizado em citrus, pessegueiro, macieira, ameixeira, pereira, abacateiro, noz-macadâmia. Partes de uma planta propagada por enxertia: 1. Porta-Enxerto ou cavalo: A planta que fornece a raiz é dita porta-enxerto ou cavalo. O porta-enxerto pode ser uma planta inteira ou uma parte da raiz. O enxerto pode ser uma gema, pedaço de caule, etc. Pode ser homogêneo, quando praticado entre plantas da mesma espécie ou heterogêneo, se utilizar espécies diferentes. O porta-enxerto deve conter características desejáveis de raiz, como sistema radicular com boa formação, resistência a patógenos ou pragas de solo, resistência a salinidade, estresse hídrico, etc. Exemplo: Sementes de laranjeira, pessegueiro, mangueira, abacateiro, caquizeiro, mirtáceas, caramboleira, jaqueira; e estacas de videira, pereira, marmeleiro, macieira, ameixeira, figueira, roseira. 2. Enxerto ou cavaleiro – parte aérea: Diz respeito à parte que conterá características desejáveis de copa como bom formato e tamanho de copa, produção com características desejáveis de mercado, como formato e coloração de fruto. Utiliza-se um segmento de ramo que será denominado de garfo ou uma gema com uma pequena porção de casca, denominado de borbulha. 3. Interenxerto – enxerto intermediário: O enxerto intermediário, normalmente pertence a uma cultivar diferente do enxerto e do porta-enxerto, sendo compatível com ambos, e conferindo característica desejável à copa. Como exemplo, temos a cultivar de macieira Fuji, utilizando o porta-enxerto Marubakaido, ambos muito vigorosos. Utiliza-se neste caso, como interenxerto o porta-enxerto M-9, de efeito ananizante. Este porta-enxerto permite a redução do vigor da cultivar-copa (Fuji) facilitando o manejo do pomar. Finalidade da enxertia: − Aproveitamento de características favoráveis do porta-enxerto: Pode definir características importantes da copa, como vigor, produtividade, qualidade do fruto e resistência a fatores adversos, além da adaptação a diferentes condições de solo e de clima e a ocorrência de pragas e patógenos. − Propagação de plantas com difícil multiplicação por outros métodos: Se a propagação por outro método for inviável, a enxertia pode permitir a propagação. − Alteração da cultivar-copa em plantas adultas: Utilizando-se a sobreenxertia, pode-se alterar a copa de um pomar já adulto. Isto pode ocorrer por questões de mercado, hábito de crescimento inadequado, frutos de baixa qualidade, suscetibilidade a pragas e doenças e outros. Estes fatores podem exigir a mudança da cultivar-copa. − Correção de deficiências de polinização: Pode-se utilizar a sobreenxertia para resolver problemas de polinização, ou mudando a cultivar-copa ou fazendo sobreenxertia em apenas alguns galhos da planta. − Recuperação de partes danificadas da planta: No caso de perda da copa ou parte desta, pela incidência de pragas e patógenos é possível, utilizando técnicas de enxertia, recuperar esta copa. − Estudo de viroses: Utilizada no caso de indexação, quando se deseja verificar se a planta matriz está isenta de viroses. Tipos principais de enxertia: a) Borbulhia; b) Garfagem; c) Encostia. a) Borbulhia: é o processo mais utilizado. Neste caso o enxerto é uma gema com uma pequena porção de casca. Pode ser do tipo escudagem ou anelamento. Para que o enxerto vingue, deve haver afinidade entre o cavalo e o cavaleiro. Deve haver o entrelaçamento dos tecidos de ambos, havendo circulação da seiva. Tipos de borbulhia: ⌦ Borbulhia em T normal; 1-Retirada da borbulha 2-Retirada da borbulha 3- Corte em T 4- Corte em T 5- Abertura da janela 6- Colocação da borbulha 7- Amarrio do enxerto ⌦ Borbulhia em T invertido; ⌦ Borbulhia em T duplo; ⌦ Borbulhia em cruz; ⌦ Borbulhia de gema com lenho (em casos que a casca não se desprende facilmente); ⌦ Borbulhia em placa ou escudo; ⌦ Borbulhia em anel. Escudagem: Quando se introduz sobre a casca do cavalo um pedaço de casca provido de borbulha. Abre-se a casca do cavalo em forma de T ou T invertido (⊥) ou T duplo ou em cruz (┼). O enxerto borbulha é colocado em contato com o lenho do cavalo e amarrado. b) Garfagem: o enxerto é um ramo. Faz-se uma fenda no topo do galho e encosta-se o enxerto, previamente cortado em bisel. O enxerto recebe o nome de garfo. Também chamado de enxertia de fenda. Utilizado em: Videira, macieira, pereira, amexeira, caquizeiro, figueira, sapoti, caju, jabuticaba. Tipos de garfagem: ⌦ Fenda cheia; ⌦ Meia fenda; ⌦ À inglesa (simples e composta, embutida ordinária e na coroa). c) Encostia: Consiste em aproximar duas plantas, o cavaleiro e o porta-enxerto, sem separar o enxerto da mãe (soldadura de dois ramos de duas plantas que vivem juntas). Vantagens da Enxertia: ⌦ Multiplicar fielmente cultivares, o que não seria possível por reprodução sexuada; ⌦ Permite o cultivo de fruteiras em solos que lhes são impróprios, mas propícios aos porta- enxertos; ⌦ Plantas enxertadas crescem menos do que as de pé-franco. Ideal para algumas fruteiras: para facilitar a colheita e os tratos culturais; ⌦ Alguns porta-enxertos são imunes, tolerantes ou resistentes a determinadas pragas e doenças; ⌦ Plantas enxertadas frutificam mais rapidamente. Ex.: laranjeira enxertada – 2 anos, pé-franco – 5 a 6 anos; Capítulo VII: Viveiros e instalações para produção de mudas 1. Introdução Uma muda de boa qualidade eleva a produção e rentabilidade dos produtos hortícolas, por isso são necessários cuidados para obtenção de boas mudas, influindo na escolha da planta matriz até a comercialização da muda. Viveiros são áreas onde ficam concentradas todas as atividades de produção de mudas. Vale salientar que a área na qual a muda será cultivada deverá ter uma boa infra-estrutura, adequada racional e tecnificadamente, conforme a atividade, ou seja, eficiente e economicamente viável. A escolha da infra-estrutura depende: • Quantidade de mudas produzidas; • Regularidade desejada de ofertas de mudas; • Número de espécies a serem propagadas; • Método de propagação; • Custo das instalações; e • Tecnificação do viveiro (contato contínuo com novas tecnologias). 2. Tipos de viveiros 2.1. Quanto à duração, os viveiros podem ser classificados em: a) Permanentes: são fixos, destinados à produção por longos anos. Para este tipo de viveiro é necessário fazer um bom planejamento da estrutura, observar as dimensões, o tipo de cultura, as pragas e doenças inerentes desta cultura, as plantas invasoras, a possibilidade de se fazer rotação de culturas, o tipo de solo, etc. Por exemplo: fazer um plantio no solo durante dois anos, neste período deverá observar as pragas, doenças, plantas invasoras nnnn rotação de cultura. b) Temporários: para produção de mudas durante certos períodos, sendo desativados após a produção. Representa menor custo, não sendo necessário infra-estrutura muita apurada. 2.2. Quanto à proteção do sistema radicular: a) Viveiros de mudas de raiz nua: feitos numa área de solo profundo, que deverá ser em torno de 1 metro com canteiros delimitados por carreadores. b) Viveiros com mudas em recipientes: exigem menor área, possibilitando o uso prolongado da mesma área, desde que o substrato venha de local isento de pragas, doenças e propágulos de invasoras. 3. Localização dos viveiros Primeiro passo, considerar: a) Facilidade de acesso: para livre escoamento da produção através das estradas de acesso. No entanto, deve estar afastado de vias públicas de grande movimento, reduzindo risco de infestação de mudas. b) Suprimento de água: • A água principal insumo para: ⌦ Irrigação; ⌦ Tratamentos fitossanitários; ⌦ Fertirrigação. • Localização próxima de fontes de água: reduz custos de canalização e bombeamento; • Boa qualidade (lagos, rios, subterrâneos): a fim de evitar água contendo propágulos de algas, pragas, doenças e invasoras. E ainda, partículas suspensas, que reduz a eficiência do sistema de irrigação. Altos teores de silte ou argila impermeabilizam a superfície do substrato diminuindo a aeração predispondo as mudas às doenças. c) Distância da área de plantio: • Mesma região do plantio reduz tempo de transporte, perdas com movimentação e custo do frete; • Observar distância mínima (50 cm), quanto maior, menor será o risco de infestação. Recomenda-se fazer isolamento, devido a vetores aéreos de viroses (afídeos) e vetores de solo (nematóides). d) Ocorrência de invasoras: as principais são a tiririca (Cyperus rotundus) e a grama seda (Cynodon dactylon), que impedem a comercialização das mudas. e) Facilidade de obtenção de mão-de-obra: utiliza-se grande quantidade na produção e no manejo. f) Declividade da área: preferencialmente que possua pequena declividade, pois caso seja muito planas ocasionará um acúmulo de água indesejável para o manejo da área. Para os canteiros localizados no sentido perpendicular à movimentação da água, reduzirá os riscos de erosão. Áreas com declives acentuados recomenda-se fazer uso das práticas conservacionistas. g) Aspectos físicos do solo: preferencialmente utilizar aqueles que sejam profundos, que possuam textura mediana à arenosa; solos muito argilosos dificultam a mecanização e o desenvolvimento do sistema radicular. Os solos porosos são desejáveis porque podem conter matéria orgânica e adubos verdes. O encharcamento poderá ocasionar podridão nas raízes e toxidez de manganês. h) Aspectos químicos do solo: baixa acidez, boa fertilidade natural (reduz custos de implantação), matéria orgânica. i) Aspectos biológicos do solo: • Matéria orgânica – flora microbiana ativa, que favorece o desenvolvimento de mudas; • Livres de nematóides, insetos de solo, fungos (Fusarium, Pythium, Armillaria, Phythophtora, Rosellinia, etc), bactérias (Agrobacterium tumesfaciens). Recomenda-se efetuar análises microbiológicas do solo; • Rotação de culturas: forma mais barata de evitar pragas e patógenos no solo. j) Cultivos anteriores. k) Aspectos climáticos: o melhor clima depende das espécies a serem propagadas. Os fatores limitantes são temperatura, geada, luz e ventos. 4. Dimensionamento do viveiro O dimensionamento do viveiro irá depender da quantidade de mudas para plantio, replantio e da demanda para a comercialização. A densidade das mudas dependerá da espécie e do tempo de permanência no local. O período de rotação está relacionado com a permanência da muda no viveiro, desde o plantio até a comercialização, e dependendo da espécie, do método de propagação e do manejo da muda. As dimensões dos canteiros e carreadores dependerão das diversas espécies, do grau de mecanização, quanto mais mecanizados mais os canteiros deverão ser largos e os carreadores também serão mais longos. As dimensões das instalações serão determinadas pela quantidade das mudas produzidas, o método de propagação utilizado e o grau de tecnologia utilizado. As áreas para rotação de culturas são importantes para o caso de mudas feitas no solo. 5. Seleção das espécies Para a implantação do viveiro poderá ser utilizada uma única espécie ou diversas espécies, dependendo da capacidade do mercado, do tipo de clientela, das condições ambientais, das exigências climáticas de várias espécies. Vale salientar que a economia de escala reduz os custos unitários sem diminuir a qualidade. 6. Instalações As instalações necessitam da máxima eficiência do uso, economicidade para a construção, facilidade no manejo, no grau de sofisticação (as diversas espécies a serem propagadas, quantidade de mudas a serem produzidas e poder aquisitivo do viveirista). a) Escritório: • Dados da produção • Comercialização • Contratação de mão-de-obra b) Depósito para equipamentos e ferramentas c) Depósito para produtos químicos d) Telado: • Estrutura de madeira ou metal, coberta com tela de sombreamento (ex.: Sombrite, que possibilita cerca de 5 graus de sombreamento – 50%, mais utilizado). • Manutenção de matrizes isentas de viroses • Aclimatização de mudas e produção • Pode ser dotado de irrigação ou nebulização e) Estufa ou casa de vegetação: • Completa ou parcialmente fechada • Estrutura de metal ou madeira • Coberta com plástico – anti UV aditivado; acetato de vinil; alumínio e silicatos de magnésio proporcionam maior opacidade do plástico infravermelho favorecendo o enraizamento; também pode ser utilizados vidro ou fibra de vidro. ⌦ Vantagens: - Controle ambiental: Temperatura, Umidade Relativa (UR) e Fotoperíodo - Maximiza a Produção - Reduz tempo necessário para propagação - Permite a produção de mudas em diferentes épocas do ano - Temperatura e Umidade controladas - Nebulização: Mantém elevada a U.R. do ar – estacas de folha são favorecidas por temperaturas e U.R. elevadas; aumenta a velocidade de crescimento. - Estufas no Brasil: elevada Temperatura (35º e 40ºC – limita o desenvolvimento das raízes na maioria das espécies lenhosas). 7. Recipientes São todos e quaisquer materiais destinados a acondicionar substrato, durante a produção de mudas. Constituem a evolução tecnológica dos sistemas de propagação. 7.1. Tipos de recipiente: • Sacos plásticos: - Dimensões: 8x12 cm e 12x20 cm; • Cultura de protoplastos ou suspensões celulares: cultivo de células desprovidas de parede celular em meio nutritivo líquido sob agitação. • Micro-enxertia: enxertia in vitro. 4. Micropropagação ou propagação vegetativa in vitro É um conjunto de técnicas de propagação vegetativa in vitro utilizando propágulos de pequeno tamanho. • Aplicação mais prática e de impacto na Cultura de Tecidos. • 1ª aplicação: Morel (1960) • Cultura de ápices caulinares e protocornos em orquídeas • Hoje: grande aplicação comercial, nos EUA, Europa e recentemente no Brasil. 4.1. Aplicação comercial da micropropagação: • 1º Plano: Limpeza clonal Multiplicação de spp. ornamentais herbáceas e arbustivas, obtendo-se maior sucesso na primeira. • 2º Plano: Produção de porta-enxertos de frutíferas, de clima temperado e árvores elites de essências florestais. 4.2. Vantagens da micropropagação: • Manter características da planta matriz. Ex.: propagação vegetativa; • Alto rendimento/planta matriz, os propágulos são pequenos; • Propagação de plantas livres de vírus e outras doenças; • Cultura de meristema ou ápices caulinares, micro-enxertia; • Controle total das condições ambientais, ou seja, pode ser feita em qualquer época do ano; Figura 2: Esquema da cultura de Meristemas Figura 3: meristema apical, presente nos pontos de crescimento • Produção intensiva de mudas em curto período de tempo e com necessidade mínima de espaço. Por exemplo: 30 explantes de abacaxizeiro com 6 a 8 meses dará 1.250.000 mudas e um meristema de bananeira com 9 meses terá 4.000 mudas; • Aplicação no melhoramento genético; • Clonagem de espécies de difícil propagação vegetativa; • Preservação a longo prazo de plantas matrizes; • Obtenção de porta-enxertos sadios, como por exemplo de citrus e videira; • Aumento de produtividade em algumas espécies. Por exemplo: em morangueiro – 22 ton/ha, enquanto que em uma produção normal em média seria 3 ton/ha. 4.3. Fatores que limitam o uso mais amplo da propagação in vitro: • Custo e mão-de-obra: mudas mais caras, devido ao meio nutritivo e 70% da mão-de-obra; • Distância entre pesquisa e micropropagação comercial (custo excessivo e baixo rendimento); • Pouco conhecimento sobre o efeito dos fatores físicos: comprimento do dia, intensidade da luz, composição espectral da luz, fase gasosa (O2, CO2 e etileno) e a temperatura diurna e noturna; • Infecções internas: fungos e bactérias endógenas; • Ocorrência de mutações: principal barreira da propagação comercial. Elas ocorrem devido à instabilidade cromossômica das células. A intensidade depende do tipo de propagação, dos reguladores de crescimento, do grau de diferenciação, do genótipo, do número de sub-cultivos, do número de células do explante e do nível de ploidia; • Produção de compostos tóxicos in vitro, como os fenóis. Observa-se um escurecimento da superfície injuriada do explante e do meio; • Dificuldade de enraizamento em plantas lenhosas; • Aclimatação. 4.4. Fatores de sucesso: • Material inicial livre de doenças; • Viabilidade econômica; • Facilidade de propagação in vitro; • Estabilidade genética e ausência de mutações; e • Facilidade de aclimatação. 4.5. Etapas do processo de micropropagação: Murashige (1974) – sistematização das etapas em processo de micro-propagação. • Estágio 0 – Condicionamento das plantas matrizes ⌦ Casa de vegetação ou câmara de crescimento: estresse e contaminantes (cultivo em casa de vegetação visa reduzir o estresse e contaminantes in vitro). As plantas matrizes devem ser sadias – afeta o estabelecimento in vitro e qualidade final da muda, vigorosas, isentas de estresse, e estar em pleno crescimento vegetativo; ⌦ Melhores explantes: próximos à região apical, com intensa atividade meristemática e consistência herbácea; ⌦ Sob condições controladas: em casa vegetação ou em câmaras de crescimento. Reduz estresse e contaminação por patógenos; ⌦ Poda: pode ser usado para indução de novas brotações; ⌦ Armazenamento a frio: induz alongamento de gemas e estimula o crescimento de gemas laterais dormentes; ⌦ Pré-tratamento com reguladores de crescimento; ⌦ Tratamento com fungicidas e bactericidas; e ⌦ Estiolamento: menos lignina e menos fenóis. • Estágio 01 – Estabelecimento do cultivo in vitro ⌦ Seleção do explante: Inicial – gemas apicais ou axilares, ou ainda, segmentos foliares, botões florais, etc.; ⌦ Alta capacidade de regeneração: depende dos genótipos, das condições ambientais, fitorreguladores e, estado de desenvolvimento da planta matriz; Tabela 1: Diferenças relativas à capacidade de regeneração in vitro de plantas herbáceas e lenhosas Plantas herbáceas Plantas lenhosas Maior capacidade regenerativa Menor capacidade regenerativa Maior tempo de estudos Estudos mais recentes Fácil indução do rejuvenescimento Difícil indução do rejuvenescimento Maior velocidade de multiplicação Menor velocidade de multiplicação Pouco problema de dormência Maior problema com dormência de gemas Menor problema de oxidação fenólica Maior propensão ao explante ser afetado por substâncias tóxicas oriundas da oxidação de compostos fenólicos Desinfestação relativamente fácil Maior dificuldade de desinfestação Permite uso de material juvenil Exige material adulto para clonagem, criando dificuldades para a regeneração Menor variação genética Maior variação genética, devido à alta heterozigose. Fonte: Pierik (1990) ⌦ Preparo do meio de cultura: 1º passo – Padrão: usar meio MS (Murashige e Skoog, 1962); 2º passo – Termoterapia na planta matriz: calor úmido a 35° C / 30 dias; 3º passo – Assepsia do explante: brotações são tratadas com hipoclorito de sódio e lavadas com água destilada e autoclavada; 4º passo – Isolamento dos ápices meristemáticos em câmara de fluxo laminar; 5º passo – Transferência para salas de crescimento a 25° C, 2000 lux e fotoperíodo de 16 horas. ⌦ A partir do meristema brotações (organogênese direta e indireta); ⌦ Termoterapia: calor úmido a 35° C com 30 dias; ⌦ Assepsia: desinfestação do explante, não atua em patógenos endógenos. A assepsia é feita com hipoclorito de sódio ou cálcio, ácido clorídrico, cloreto de mercúrio, Twien 20; ⌦ Reações de HR; ⌦ Isolamento dos ápices meristemáticos em câmara de fluxo laminar; ⌦ Transferência para salas de crescimento: 25° C, 2000 lux, fotoperíodo de 16 horas; e ⌦ Meristema – Calo / brotações • Estádio 02 – Multiplicação (transferência dos calos para o meio de multiplicação) ⌦ Explantes: brotações – acrescenta-se citocinina (Meio – BAP) ao meio de multiplicação; e ⌦ Realização de sub-cultivos. • Estádio 03 A – Alongamento das brotações ⌦ Meio – adiciona GA3; ⌦ Diminui citocinina. As empresas hortícolas são classificadas em modalidades diferentes e em 2 tipos. Quadro 1: Tipos X Modalidades de exploração hortícolas MODALIDADE TIPO DESTINO OBJETIVO COMERCIAL • Especializada • Diversificada • Mercado atacadista • Mercado varejista • Indústria • Lucro • Crescimento • Prestígio • Sobrevivência CASEIRA • Diversificada • Família • Complementação alimentar COLETIVA • Diversificada • Pessoas da comunidade • Complementação alimentar EXPERIMENTAL • Diversificada • Organizações • Pesquisadores • sociedade • Avanços científicos Dentre os tipos mencionados, nos interessa no momento é a modalidade comercial que se configura como empresa. Faz parte do processo de planejamento, optar pelo tipo de empresa diversificada ou especializada. Na empresa comercial diversificada cultiva-se mais de uma espécie, como por exemplo: manga, banana, uva ou vários tipos de hortaliças. Na olericultura, uma empresa comercial diversificada é aquela típica dos cinturões verdes, próximas às grandes cidades, sendo a sua renda proveniente de uma única atividade, em torno de 70%. Quadro 2: Caracterização de uma empresa hortícola especializada x diversificada ESPECIALIZADA DIVERSIFICADA VANTAGENS - maior facilidade administrativa; - maior eficiência no uso de recurso; - maior eficiência de mão-de-obra - redução dos riscos; - possibilidade de melhor aproveitamento dos recursos. Ex: terra DESVANTAGENS - maiores riscos; - possibilidade de não aproveitamento total de recursos - dificuldades administrativas. 3.1. Áreas de uma Empresa Hortícola: No planejamento devem-se considerar as áreas da empresa: • Produção: está relacionada à utilização de recursos físicos (terra, água) e materiais (insumos) necessários à operação da empresa e que podem ser classificados em: ⌦ Recursos de utilização: são aqueles aplicados ao processo produtivo, mas não são incorporados ao produto final. Ex.: terra, máquina, equipamentos e instalações físicas. ⌦ Recursos produtivos: são aqueles incorporados ao produto final. Ex.: sementes, fertilizantes, defensivos, serviços, etc. • Finanças: previsão de recursos monetários necessários à obtenção de insumos, serviços equipamentos e demais fatores para a produção e comercialização dos produtos hortícolas (receitas, despesas, investimentos e financiamentos). • Comercialização e marketing: relacionadas ao cliente ou consumidor dos produtos. Devem ser considerados alguns aspectos importantes: ⌦ Pesquisa e análise de mercado; ⌦ Conhecer preços e preferências; ⌦ Canais de distribuição; ⌦ Onde comercializar: atacadistas, varejistas e consumidores. • Recursos humanos: relacionada com as pessoas que fazem parte da organização. Deve-se considerar: ⌦ Disponibilidade de mão-de-obra; ⌦ Qualidade e mão-de-obra; ⌦ Questões trabalhistas. 3.2. O processo administrativo: Uma vez definida a modalidade, o tipo de empresa e as áreas que a compõe, é preciso administrá-la. A administração utiliza-se do processo administrativo. Este se compõe de: 1. Planejamento: consiste em fazer os planos que orientarão a produção e servirão de guia para o controle do produtor. 2. Organização: agrupar e estruturar todos os recursos da empresa (físicos e humanos), consiste no arranjo (layout) das benfeitorias e plantações, preparo de máquinas e equipamentos, etc. 3. Direção: execução do que foi planejado e organizado. 4. Controle: medir e corrigir o desempenho do que foi planejado. Verificar se está de acordo com o que foi planejado e apontar as falhas. Dentro do processo administrativo temos o planejamento e organização. 3.3. Instalação de uma empresa hortícola: Observar vários aspectos associados a momentos de decisão. Estas decisões fazem parte do planejamento. O planejamento da produção procura determinar antecipadamente o que vai ser produzido, quanto vai ser produzido, quando vai ser produzido e como vai ser produzido. Considera ambiente interno e externo. Quadro 3: Processos administrativos MOMENTOS DE DECISÃO ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS O que Plantar? • Mercado • Viabilidade econômica • Tecnologia disponível • Modalidade da exploração Quanto Plantar? • Mercado • Viabilidade econômica • Disponibilidade de recursos • Domínio da tecnologia Quando Plantar? • Mercado (sazonalidade) Como plantar? • Tecnologia disponível • O que plantar? Para isso deve-se observar determinados aspectos, como mercado, viabilidade econômica, tecnologia disponível, modalidade de exploração. ⌦ Análise de mercado: busca de informações de preços e produtos nos principais pontos de consumo do país e na própria região, onde se localiza a empresa rural. Busca de informações em instituições governamentais, jornais, bolsas de mercadorias, etc. Observar as variações e tendências de preços de diversos produtos agropecuários, facilitando a tomada de decisões sobre o que plantar. Opção pelo mercado (canais de comercialização). Verificar qual o melhor destino para a produção, se mercado local, regional, nacional ou exportação. Se for local: verificar hábitos da população se for regional ou nacional ao nível de CEASAS. Analisar períodos de safra e entressafra para obtenção melhor de preços. Pode-se optar por consumidores mais requintados, supermercados, hotéis, indústrias de processamento, etc. ⌦ Tecnologia disponível: analisar a tecnologia disponível e verificar se ela está acessível aquele empresário especificamente. A tecnologia pode existir, mas não significa que o empresário poderá utilizá-la naquele momento (falta de capital, falta de treinamento). Ex.: semente híbrida, plantas transgênicas, plasticultura, fertirrigação, etc. ⌦ Viabilidade econômica: analisar preços praticados no mercado, elaborar custos de produção. É fator definido da tecnologia. É compensador ou não usar determinada tecnologia. ⌦ Modalidade de exploração: se diversificada ou especializada. Tendência => especialização – facilidade de administração • Quanto plantar? Para definir quanto plantar deve-se analisar: ⌦ Mercado: demanda, canais distribuidores como CEASAS, capacidade instalada e efetiva de indústrias processadoras. ⌦ Responsabilidade de recursos: terra, capital e matéria orgânica. Capital próprio ou linhas de crédito. ⌦ Viabilidade econômica: definir a quantidade que maximiza a renda. Para isto, existem metodologias que indicam as quantidades que vão maximizar a renda, minimizar os custos pagar todas as despesas (ponto de equilíbrio). ⌦ Domínio da tecnologia: define quanto plantar. Se não houver domínio no início do empreendimento, com a experiência acumulada, o empresário aumentará a área de produção. • Quando plantar? Analisar a sazonalidade do mercado. Períodos de safra e entressafra. Definir qual sua melhor estratégia, plantar o ano todo ou na entressafra. Caso ocorra pela entressafra, providenciar tecnologia para tal, como estufas, irrigação, cobertura do solo, etc. Para este aspecto existe uma metodologia definida as curvas de sazonalidade: ⌦ Obtenção dos preços nominais; ⌦ Conversão destes para preços reais (corrigidos por determinado índice – IGP), para torná-los comparáveis; ⌦ Indústria define o quando plantar. Diversificada: obedece a uma programação cíclica para que se tenha sempre produto em oferta. Portanto sempre teremos os diversos estágios de uma determinada cultura ao mesmo tempo. Este aspecto é válido para culturas anuais. Em culturas perenes o quando plantar obedece a dois fatores básicos: quando começar a produzir e/ou quando renovar a cultura com base no seu ciclo biológico. • Como plantar? Definir tecnologias que serão utilizadas e as formas mais modernas. • Considerações finais: Por que trabalhar de forma empresarial? ⌦ Administração profissional; ⌦ Planejamento da produção; ⌦ Visão de mercado; ⌦ Agricultura de precisão; ⌦ Controle gerencial.
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