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A Cultura da Cana-de-açúcar - Apostilas - Agronomia, Notas de estudo de Agroflorestal

Apostilas de Agronomia sobre o estudo da Cultura da Cana-de-açúcar, Importância, Histórico, Botânica, Fisiologia, Crescimento e Maturação, Inflorescência da cana Flecha encontrada no Brasil, Tipos de gemas.

Tipologia: Notas de estudo

2013
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Compartilhado em 14/06/2013

Rogerio82
Rogerio82 🇧🇷

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Baixe A Cultura da Cana-de-açúcar - Apostilas - Agronomia e outras Notas de estudo em PDF para Agroflorestal, somente na Docsity! A Cultura da Cana-de-açúcar 1. Importância A agricultura brasileira desempenha um importante papel no desenvolvimento do País, gerando emprego, renda e divisas. Nesse contexto está inserida a cana-de-açúcar, matéria-prima para a fabricação do açúcar e do álcool, além de outros subprodutos, tendo nos colocado como líder mundial do setor. A cana-de-açúcar está ligada diretamente à própria história e desenvolvimento do Brasil. Apesar de, em épocas passadas, os preços internacionais e nacionais terem desestimulado esse setor do agronegócio, e de muitos agricultores terem reduzido o manejo cultural, diminuindo com isso a sua produção, atualmente a taxa interna de retorno tem aumentado significativamente, fazendo com que o setor tenha um novo impulso. Com a crise do petróleo e a emergência de novas fontes de energia, a cana-de- açúcar ganha destaque dada as possibilidades reais do etanol no mercado de energias renováveis. Nesse sentido, a experiência brasileira é emblemática ao implementar, nos anos 80, o Proálcool, um programa pioneiro de produção de álcool carburante voltado para abastecer a frota automotiva nacional, tanto para adição na gasolina quanto para abastecimento de motores exclusivos a álcool. Uma verdadeira revolução na cadeia produtiva da cana-de-açúcar que teve como âncora a sólida base científica construída desde os anos 60 com programas de pesquisa como os da Copersucar e do Planalsucar. Um cenário positivo para o futuro desta cultura é que o mercado internacional se abrirá, tanto para açúcar, como para o álcool; e, no mercado interno, o veículo flexível crescerá em vendas e abrirá espaço de demanda, juntamente com o álcool anidro e outros usos, como matéria-prima para o biodiesel. Enfim, se o século XX foi caracterizado como o reinado do petróleo, o século XXI será, sem dúvida, o reinado da agroenergia renovável, ambientalmente limpa, geradora de empregos permanentes, de renda e de riqueza para o Brasil. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 2 a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroalcooleiro – Ridesa-, com a finalidade de dar continuidade à pesquisa gerada pelo Planalsucar. Era o fortalecimento do sistema produtivo da cana-de-açúcar que, depois de 10 anos de estabelecido, liberou 4 variedades RB (República Federativa do Brasil). 3. Botânica, Fisiologia, Crescimento e Maturação Atualmente, a maioria dos técnicos aceita a classificação feita por Jeswiet: Divisão: Embryophyta siphonogama Subdivisão: Angiospermae Classe: Monocotyledoneae Ordem: Glumiflorae Família: Gramineae Tribo: Andropogoneae Subtribo: Sacchareae Gênero: Saccharum Espécies: Saccharum barberi: variedades precoces, com teor médio de sacarose e alta porcentagem de fibra. É resistente ao frio e suscetível ao mosaico. É uma espécie originária da Índia e, por esse motivo, as suas variedades são conhecidas como Canas Indianas. A representante típica dessa espécie é a “Chunee”. Saccharum edule Saccharum officinarum: constituída pelas “canas nobres”, apresentam alto teor de açúcar e baixa porcentagem de fibra. Seus colmos são grossos (3,5 cm ou mais de diâmetro) e enquadram-se na categoria de canas tropicais. São exigentes quanto ao clima e solo. Possuem um sistema radicular reduzido e superficial. Suscetíveis ao mosaico e sereh. As principais variedades são: Badila, Black Cheribon, Cristalina, Loethers e Riscada. Saccharum robustum: é uma espécie com representantes muito altos, os seus colmos podem atingir até 10m de altura e são utilizados como cercas vivas. Baixo teor de sacarose e alta porcentagem de fibra. São canas selvagens, que se adaptam às inúmeras condições ambientais, mas suscetíveis ao mosaico. As variedades gigantes da Nova Guiné são suas representantes típicas. Saccharum sinensis: canas chinesas ou japonesas. Vegeta bem em solos pobres e secos. Possui um sistema radicular bem desenvolvido. Seus colmos finos (de 1,8 a 2,2 cm de diâmetro) e compridos (até 5m de altura) com internódios longos e fibrosos. Os internódios são frequentemente alongados e avantajados. Seu biótipo característico é a cana Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 5 “Ubá”, cultivada na China Continental e em Formosa. Não se deve confundir com a cana “Ubá” encontrada no Brasil, também conhecida por cana Flecha, e pertence ao gênero Gynerium. Inflorescência da cana Flecha encontrada no Brasil Saccharum spontaneum: canas selvagens, os colmos são curtos e muito finos (o diâmetro não ultrapassa 1,5 cm). Perfilham abundantemente e contêm um alto teor e fibra. Possuem sistema radicular bem desenvolvido e vegetam bem, mesmo em situações adversas. Não possuem valor industrial. Deve-se ter em mente que as variedades cultivadas comercialmente não são na verdade, variedades botânicas e sim um “Complexo de Saccharum”. Elas são provenientes de um cruzamento inicial e interespecífico entre os gêneros Saccharum, Ripidium e Sclerostachya. A cana-de-açúcar se desenvolve caracteristicamente em forma de touceira. Possui, como a maioria das espécies, uma parte aérea formada por colmos, folhas e inflorescências, e uma outra subterrânea, constituída de raízes e rizomas. As raízes são fasciculadas, podendo atingir até 4 m de profundidade. A maior concentração delas (85%) situa-se nos primeiros 50 cm e, entre os primeiros 20-30 cm, verificam-se 60% das mesmas. Os rizomas possuem nódios, internódios e gemas. Estas são responsáveis pelo aparecimento dos perfilhos, formados na touceira, característica também de outras gramíneas. São os rizomas que irão brotar, após a colheita, dando origem às novas touceiras tanto da soca como da ressoca. O colmo é a parte da planta que fica acima do solo, sustentando as folhas e a panícula. O seu porte apresenta-se como: ereto, semi-ereto ou decumbente, cujo Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 6 comportamento pode variar com a idade da planta. O entouceiramento pode-se apresentar como fraco, médio ou forte. O capitel mostra-se ralo, médio ou fechado. O colmo é constituído por nódios e internódios. Rizomas de cana-de-açúcar fornecedores de touceiras em cana soca e ressoca Detalhe do capitel da cana-de-açúcar O nódio é uma região muito importante para a descrição de variedades de cana-de- açúcar. Ele engloba a gema, o anel de crescimento, a cicatriz foliar e a zona radicular. A zona radicular apresenta uma variação muito grande, entre as variedades já descritas. A gema é a porção do colmo de grande utilidade na identificação das variedades. A gema é formada de reentrâncias e de um poro germinativo que, ao germinar, emite um Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 7 castanha, e a cor da casca pode variar do amarelo ou vermelho, modificando-se, às vezes, com a exposição ao sol. Nos internódios mais velhos, aparecem, frequentemente, algumas manchas de coloração clara chamadas marcas do tempo. Diferentes tipos de internódios A folha é ligada ao colmo, na região nodal, formando duas fileiras opostas e alternadas ao longo do colmo. A folha é constituída de lâmina foliar, bainha e colar. A borda da lâmina foliar é toda serrilhada, diferindo de aspecto conforme a variedade. Pode se apresentar com os seguintes aspectos: ereta até o topo; dobrada ou curvada próximo ao topo e curvada em sua altura média. O comprimento, a largura e a cor se modificam de acordo com a variedade e com as condições do meio-ambiente. A bainha é a parte compreendida entre a sua ligação com o colmo, na região nodal, com a borda inferior da lâmina. Ela é sempre colorida e pode apresentar-se aderida ou semi-aderida, possuindo ou não cera e pêlos. Estes podem variar em quantidade e arranjos, os quais são designados por números convencionais. O pêlo 57 (joçal) é o mais importante. Na ausência de pêlos, a bainha é chamada glabra e, na presença de grande quantidade de cera, de glauca. A sua cor contrasta com as demais regiões da folha, e a sua borda superior é geralmente seca. A bainha contém um colar representado pela junção da lâmina foliar com a bainha propriamente dita. O colar é uma região importante para sua identificação botânica. É nela que se encontram o dewlap, a lígula e a aurícula, assumindo formas e posições diversas. É nessa região que existe a maior diversificação de pêlos. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 10 O dewlap é também designado por triângulo da junta, triângulo do joelho ou papada. Possui uma dobra que facilita o movimento da folha. A sua cor varia com a idade da planta e a camada de cera, podendo diferir em ambas as faces. A lígula é uma membrana pequena e fina que envolve a parte intermediária do colmo, na base da lâmina, apresentando-se de várias formas. A folha nem sempre possui aurícula. Quando esta se encontra presente, localiza-se nas extremidades superiores da bainha, ocupando um ou ambos os lados da mesma. Apresenta-se em forma de lóbulos mais ou menos triangulares. Denomina-se deltóide, quando pequena, e lanceolada, quando grande. Algumas variedades, no entanto, apresentam uma aurícula na forma unciforme, curvada para dentro ou fora da bainha. Diferente tipos de dewlap encontrados na cana-de-açúcar Forma de lígulas encontradas em cana-de-açúcar Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 11 Tipos de aurículas encontradas na cana-de-açúcar A inflorescência da cana-de-açúcar é uma panícula aberta vulgarmente denominada flor, bandeira ou flecha. É formada por eixo principal, a raque, de onde se originam as ramificações secundárias e terciárias, tomando o formato conoidal. Na base destas e no ápice daquelas encontram-se, aos pares, espiguetas, sendo uma séssil e outra pedicelada. Em cada espigueta, encontra-se uma flor que, consequentemente, irá produzir um fruto. A gema apical do colmo transforma-se em gema floral e, esta, em panícula. A flor propriamente dita é hermafrodita, apresentando-se em sua base um ovário em forma ovalada. Em seu interior, encontra-se um único óvulo, ligado à parede do ovário por uma placenta larga, e, em sua extremidade superior, encontra-se dois pistilos encimados por estigmas plumosos de coloração vermelho-arroxeada. Inflorescências da cana-de-açúcar Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 12 Tolete Os colmos, ainda em crescimento, já possuem gemas, folhas e primórdios radiculares em estado latente que não se desenvolvem em consequência da dominância apical. Em síntese, a propagação vegetativa da cana-de-açúcar consiste no desenvolvimento dos diferentes órgãos que compõem a sua região nodal. A gemas formará a parte aérea da nova planta e os primórdios radiculares darão origem às suas raízes. A brotação se comporta de maneira diversa para cada variedade. Em algumas, a parte aérea se desenvolve antes da subterrânea; em outras, dá-se o inverso. Há casos, porem, em que o desenvolvimento da parte aérea ocorre simultaneamente com o da subterrânea. As gemas mais próximas da ponta do colmo germinam mais facilmente do que as demais, em decorrência da dominância apical. Por essa razão é que se recomenda cruzar os ápices com as bases dos colmos, vulgarmente denominado cruzamento pé com a ponta, tomando-se o cuidado de proporcionar uma população de 15 a 18 gemas por metro de sulco. A gemas necessita de quantidades consideráveis de energia e sais minerais para se transformar em uma nova planta. Nesse período, não devem faltar nutrientes, pois o perfilhamento da touceira depende de uma boa germinação. Nos toletes, também pelo princípio da dominância apical, as gemas mais novas germinam antes que as mais velhas. Plantas que sofreram geadas não seguem esta regra. Os colmos geados apresentam brotações completamente anormais. A germinação pode ser influenciada por fatores intrínsecos (variedade, idade e sanidade das mudas) e externos (pragas e doenças, temperatura, umidade do solo). Uma variedade pode ou não germinar melhor do que a outra. Não só a variedade mas também o número de gemas por tolete contribuem para a variabilidade de Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 15 comportamento no processo reprodutivo da cana. Os toletes com três gemas apresentam melhor índice de brotação. As gemas do terço inferior do colmo de algumas variedades têm dificuldade para brotar. Brotação irregular do colmo em virtude da ação da geada Os colmos velhos, com idade superior a 12 meses, são desaconselhados para a propagação da cana. Eles possuem menor quantidade de glicose e de sais minerais do que os mais jovens. É fácil reconhecer um plantio com mudas de mais de um ano de idade, pois falta vigor de brotação, e as folhas, aparentemente, se apresentam mais estreitas e curtas do que em plantações executadas com mudas mais jovens. Essa diferença poderá ser corrigida por meio de uma adubação nitrogenada complementada por algumas irrigações. A idade das mudas mais recomendada para isso situa-se entre 6 e 8 meses. Um material isento de pragas e doenças germinará melhor do que os danificados por elas. Colmos provenientes de uma área bem adubada e sem ter sofrido seca ou geada irão germinar melhor do que outros que sofreram situações adversas. Na prática, verifica-se um colmo sadio apertando-se algumas gemas com o dedo. A facilidade de penetração da unha na gema, no sentido vertical do colmo, é uma característica de boa qualidade física das mudas. A temperatura ideal para a germinação da cana-de-açúcar situa-se em torno de 27oC. Suas raízes se desenvolvem com menor quantidade de calor do que a parte aérea. Em temperaturas de solo inferiores a 12oC porém, o crescimento do sistema radicular é muito reduzido, enquanto, para o desenvolvimento aéreo, a temperatura deverá ser acima de 15oC. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 16 Temperaturas de solo acima de 35oC inibem a brotação das gemas em colmos com idade superior a 18 meses. A umidade também exerce influência no processo germinativo. A umidade ideal para a brotação situa-se na faixa de 15% a 25%, e os solos bem arejados a facilitam. Sementes de cana-de-açúcar em processo de germinação Após a germinação, as gemas do tolete iniciam o crescimento, dando origem aos colmos. As gemas do rizoma que estiverem no solo, por sua vez, também germinarão, constituindo os colmos do perfilhamento. Este precede o crescimento e é o responsável pelo fechamento da cultura, diretamente influenciado pelo espaçamento entre as linhas de plantio, a densidade populacional da área plantada e a luminosidade. Uma adubação adequada, aliada a uma temperatura e umidade ideais, favorece o perfilhamento que, quando aparece tardiamente, prejudica a qualidade do caldo na sua industrialização, pela diversidade de maturação da população. Após perfilhar, a planta cresce. Esse crescimento engloba três processos: divisão, diferenciação e alongamento celular. Quando a planta cresce, além de aumentar o seu comprimento, aumenta também o seu diâmetro e, consequentemente, o seu peso. Proporcionalmente, aumenta também a sua matéria seca. O crescimento da parte aérea engloba o crescimento do caule e das folhas. O crescimento máximo acontece na panícula, decrescendo, em intensidade, das partes superiores para as inferiores. As folhas mais velhas, ao secarem podem ou não destacarem- Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 17 Os trabalhos da Copersucar tem indicado na média, 30 a 40 kg/ha de N. A aplicação seria feita somente no fundo do sulco. Não há nenhuma contra-indicação quanto ao uso das diversas formas de N, no caso uréia, nitrato de amônia e sulfato de amônio. Para o a adubação fosfatada, considerando uma aplicação no sulco de plantio de 150 kg de P2O5 em solo argiloso, com baixo teor de fósforo; uma fixação pelo solo de 30%; uma extração de 0,43 kg de P2O5/t de massa verde e uma produtividade no ciclo de 400t. A quantidade de P2O5 necessária pela cultura no ciclo é 172 kg e a quantidade existente no solo (deduzida a quantidade fixada) é 105 kg. Nesse exemplo há um déficit de 67 kg de P2O5, que deveria ser reposto nas socas mais velhas, pelo menos para suprir a cultura. Como a maioria dos solos brasileiros cultivados com a cana apresenta baixa quantidade de potássio não trocável, o equilíbrio Knão trocável e Ktrocável não é importante. Sendo assim, o Ktrocável seria a única reserva disponível que controla o K em solução. Devido a essa característica, o teor de Ktrocável no solo é um parâmetro seguro na recomendação da quantidade desse elemento nas adubações, usando as curvas de calibração. Além do N-P-K, o cálcio também é um elemento necessário à boa nutrição da cultura. A cultura deve receber 400 kg/ha/ano de cálcio, que pode ser suprido por meio de calcário ou gesso. Uma das limitações dos solos na região tropical úmida é a baixa fertilidade em profundidade, e isso se reflete no menor volume explorado pelo sistema radicular e, em consequência, na menor produtividade. Em cana-de-açúcar, a profundidade do sistema radicular no Brasil atinge os 60 cm, contra 160 cm em outros países. Portanto, um dos objetivos no manejo da fertilidade desses solos é favorecer o maior volume de exploração radicular. Em trabalho feito no Brasil Central, observou-se que, após a calagem, houve redistribuição de cálcio até 100 cm de profundidade. A partir da década de 1990, principalmente nos Estados Unidos, foi desenvolvida a aplicação pontual de fertilizantes, com objetivo de racionalizar o uso de insumos e corretivos, assim como reduzir o impacto ambiental. Tal tecnologia tem sido desenvolvida com maior rapidez em culturas anuais, inclusive no Brasil, porém em cana-de-açúcar tem- se encontrado uma série de limitações ao seu emprego. A principal limitação ao emprego desse sistema em cana, além do maior custo, tem sido o desenvolvimento de equipamentos para a obtenção do mapa de produtividade. Posteriormente, com o mapa obtido, há dificuldades ou impossibilidade de se avaliar, com a Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 20 rapidez necessária, os fatores limitantes que estão induzindo a variabilidade na produtividade. Além disso, e supondo que haja essa avaliação, é dúvida se haveria tempo suficiente para, através das práticas agrícolas, atenuar tais limitações. Em termos de evolução, é viável nesta cultura o desenvolvimento de aplicação pontual de corretivos e fertilizantes, que é o segmento mais fácil de ser resolvido. 5. Preparo do solo e plantio Sulcação e adubação de plantio Plantio e distribuição de mudas no sulco; Usina da Barra, Barra Bonita, SP; 2001. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 21 Para que haja a conservação do solo na cultura da cana-de-açúcar, diversos fatores devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação, entre eles, o tipo de solo, o tipo de corte (se mecânico ou manual); a época de plantio e de colheita; o sistema de preparo; o tipo de traçado (se em nível ou reto); a cobertura do solo com outras culturas ou com palha, e o tamanho dos talhões. Os principais tipos de solos cultivados na região Centro-Sul são os Latossolos, Terra Roxa Estruturada (Nitossolo Vermelho férrico), Podzólicos Vermelho-Escuros (Nitossolo Vermelho), Solos com gradiente textural, Arenosos profundos, Argilosos de drenagem lenta (Vertissolos) e Solos da região nordestina (Latossolos Vermelhos-Amarelos e Amarelos). Quanto ao sistema de preparo, este pode ser convencional, reduzido ou plantio direto, devendo ser feita uma adequada avaliação global do sistema. A associação de culturas secundárias no sistema de preparo do solo (tais como soja, amendoim, crotalária) é de fundamental importância no manejo. Além de manter o solo coberto no período de maior precipitação, reduzindo os perigos de erosão, a cultura secundária permite atenuação do custo de plantio, como no caso da soja e do amendoim (redução de até 30%), assim o plantio em épocas inadequadas, como no caso da crotalária juncea, em solos podzolizados arenosos. Essa leguminosa pode extrair quantidade de nutrientes comparativamente a outras leguminosas, teores esses que podem ser deduzidos da necessidade de adubação da cana. Além disso, seu uso pode proporcionar acréscimo de produtividade à cana-de-açúcar. O plantio da crotalária é feito em outubro-novembro, após o preparo convencional do solo, usando 20 a 25 kg/ha de semente. A partir de fevereiro, o manejo dessa leguminosa consiste em não incorporá-la ao solo, mas sim mantê-la na superfície, usando rolo-faca, em caso de solo arenoso, ou apenas derrubando-a com o trator, por ocasião da sulcação, em caso de solo argiloso. Tal procedimento permite que o solo fique coberto por ocasião do plantio da cana, reduzindo o processo erosivo e de compactação. Além disso, o sistema radicular pivotante dessa leguminosa age como descompactador do solo. Dentro desse contexto, tem sido usado, por algumas usinas, o plantio direto da soja na soqueira da cana. O esquema tem sido o seguinte: liberação da área para reforma; instalação dos sistema viário e conservacionista; aplicação dos corretivos; erradicação química da soqueira; plantio de soja na entrelinha da soqueira; colheita da soja; sulcação e plantio da cana. Para o êxito desse sistema de manejo, é necessário que o solo tenha razoável fertilidade, assim como níveis não comprometedores de compactação. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 22 para qualquer tipo de solo. Os incovenientes da erosão, encharcamento de sulcos e assoreamento de plantio deixam de ocorrer. Em termos estratégicos, plantam-se canas nos solos arenosos até fins de agosto e, posteriormente, nos argilosos. Quanto às variedades, são sugeridas as precoces no plantio de maio-junho, as médias até fins de agosto e, finalmente, as tardias. 6. Influência do vento A ação do vento sobre os canaviais altera as funções fisiológicas das plantas e causa inclusive danos mecânicos, quando o vento atinge uma determinada intensidade. Tais danos mecânicos são comparáveis ao efeito de um rolo compressor. Em ambos os casos, ocorre uma diminuição de produtividade. Outro efeito do vento é a propagação de patógenos, doenças e sementes de ervas daninhas. A ação do vento é sempre dupla, provocando danos direta e indiretamente: Direta: quando a cana-de-açúcar é danificada pelo impacto da força mecânica do vento, provocando a quebra dos colmos ou a eliminação da soqueira por erradicação. Indireta: quando os danos provocados pela perda de qualidade intrínseca da cana- de-açúcar resultam na redução da riqueza da matéria-prima entregue na usina. Para reduzir a ação do vento, recomenda-se escolher variedades com taxa de perfilhamento elevada, a fim de aumentar a densidade dos colmos por área, sem contudo reduzir os espaçamento entre os sulcos. Aspecto de canavial danificado pelo vento em virtude da baixa tenacidade de variedade plantada na região compreendida entre Araras e Piracicaba Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 25 O vento, por sua ação dissecativa, acentua a evaporação das plantas. Quando essa ação se intensifica das demais, a planta não consegue compensar as perdas, mesmo aumentando a circulação de seiva. Esse desequilíbrio provoca a destruição das partes mais sensíveis. Em geral, são as folhas as primeiras a sofrerem os efeitos, especialmente quando a temperatura se aproxima de 10oC. No inverno, portanto, os ventos frios com pouca umidade são os mais prejudiciais. Um vento constante de 10 km/h, em uma temperatura ambiente de 4oC, com duração de algumas horas durante a madrugada, antes do sol levantar-se, destrói, no caso da cana, a clorofila das folhas novas logo acima da gema apical. Esses danos são visíveis pela faixa esbranquiçada que aparece assim que as folhas se libertam da bainha. Temperaturas mais baixas ainda provocam a queima das folhas e a destruição da gema apical. A ação dos ventos define-se pela redução na produtividade. As alterações são observadas em dois níveis: ● Redução do volume na colheita, seja pela quebra e destruição dos colmos acamados, seja pelo crescimento menor. ● Perda da qualidade dos colmos tombados, pela diminuição do teor de sacarose. 7. Colheita sustentável A mecanização total ou parcial apresenta-se, atualmente, como única opção para a colheita da cana, seja do ponto de vista ergonômico ou econômico, ou ainda – e principalmente – do ponto de vista ambiental, já que apenas o corte mecânico viabiliza a colheita sem queima prévia, o que, por sua vez, permite o aproveitamento do palhiço. O bagaço ou palhiço da cana podem ser utilizados também para incrementar a produção de álcool, por um processo lançado em 2003 pelo Grupo Dedini, de Piracicaba, denominado de DHR – Dedini Hidrólise Rápida. Diferentemente do processo tradicional de produção de álcool por meio de fermentação e destilação dos açúcares contidos no caldo da cana-de-açúcar, esse processo, por atividade química chamada de hidrólise ácida, transforma o material celulósico do bagaço ou palhiço em açúcares, os quais, fermentados e destilados, se transformam em álcool. O início de seu desenvolvimento ocorreu na década de 1980. Foi aprovado e financiado por agências governamentais brasileiras, com recursos provenientes do Banco Mundial. O processo DHR possui patente mundial. No atual estádio de desenvolvimento, a produtividade é de 109 litros de álcool desidratado por tonelada de bagaço in natura, com potencial para atingir 180 litros. Atualmente, o custo do álcool DHR equivale ao da produção de álcool pelo método Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 26 tradicional, com possibilidade futura de se tornar 40% menor que o custo do álcool obtido do caldo de cana. Palhiço em soqueira de cana-de-açúcar Colheita mecanizada A colheita da cana-de-açúcar processou-se, historicamente, de forma totalmente manual, desde o corte da base, até o carregamento. Um primeiro passo no sentido da mecanização foi a introdução de carregamento mecânico dos colmos inteiros. Na década de 1950, surgiu, na Austrália, o princípio mecânico de colheita atualmente utilizado no Brasil, Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 27 base da cana, rente ao solo, para evitar perdas (tocos). Nesse processo, os discos cortam o solo e o conduzem para o interior da máquina, contaminando a matéria-prima e desgastando o equipamento. Cortador de disco duplo rígido para dois modos de operação 8. Agroindústria Ver apresentação no Powerpoint. 9. Pragas e Doenças Ver apresentação no Powerpoint. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 30 Referências Bibliográficas Cesnick, Roberto. Melhoramento da cana-de-açúcar. Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 307p. Nussio, Luiz Gustavo. Cana-de-açúcar: cinco séculos fazendo a história agrícola do país. Visão Agrícola, Piracicaba, ano 1, jan-jun. 2004. 112p. Sites Consultados Agrobyte. http://www. agrobyte.com.br Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA http://www.agricultura.gov.br Única. http://www. unica.com.br Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 31
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