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Fisica III, Notas de estudo de Engenharia Ambiental

Apostila de Fisica III

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 06/05/2008

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carlos-roberto-marinho-junior-6 🇧🇷

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Baixe Fisica III e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity! Física III 2007  Objetivos da disciplina Física III: Levar o aluno a compreender os fenômenos gerados por cargas estáticas e suas interações. Entender e analisar os efeitos produzidos pela passagem da corrente elétrica em componentes de circuitos de corrente contínua. Adquirir conhecimentos sobre os fenômenos magnéticos gerados pela corrente elétrica e por materiais magnéticos e suas aplicações em circuitos elétricos.  Programa da disciplina: 1. Carga elétrica : Lei de Coulomb. Campo elétrico. Potencial elétrico. 2. Corrente Elétrica : Resistividade. Resistência. Força eletromotriz. Potência elétrica. Resistores em série e em paralelo. Circuitos de corrente contínua. Leis de Kirchhoff. 3. Capacitância : Capacitores. Dielétricos. Capacitores em série e em paralelo. Circuitos R-C. 4. Magnetismo : Campo magnético. Força magnética. Torque. Movimento de cargas. 5. Fontes de Campo Magnético : Lei de Biot-Savart. Lei de Ampère. Aplicações da Lei de Ampère. Fluxo Magnético. Corrente de deslocamento. 6. Indução Magnética : Lei de Faraday. Lei de Lenz. Força eletromotriz produzida pelo movimento. Campos elétricos induzidos. Correntes de Foucault. 7. Indutância : Indutância mútua. Indutores e auto-indutância. Energia do campo magnético. 8. Materiais Magnéticos : Paramagnetismo. Diamagnetismo. Ferromagnetismo.  Bibliografia mínima:  YOUNG, H.D.; FREEDMAN, R.A. Física. São Paulo: Pearson, 2003, v. 3.  KELLER, F. J.; GETTYS, W. E.; SKOVE, M. J. Física. São Paulo: Makron Books, 1999, v. 2.  NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica. São Paulo: Edgard Blucher, 2002, v. 3  HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1996. v. 3.  TIPLER, P.A. Física. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1999. v. 2.  HENNIES, C. E.; GUIMARÃES, W.O.N; ROVERSI, J.A. Problemas Experimentais em Física. Campinas-SP: UNICAMP, 1993. v. 1 e 2. 1 A Lei de Coulomb – Força elétrica  Cargas elétricas. Grécia Antiga, 600 a.C., o âmbar quando atritado com a lã, adquiria a propriedade de atrair objetos leves.  Cargas semelhantes repelem-se; cargas diferentes atraem-se.  Prótons: carga elétrica positiva; elétrons: carga elétrica negativa.  Corpo elétricamente neutro: a soma algébrica das cargas positivas do núcleo e das cargas negativas dos elétrons cancelam-se.  Corpo eletrizado: objeto que perdeu ou recebeu elétrons.  Condutores e isolantes. Nos condutores, os elétrons livres, mais externos, se movem de uma região à outra, o que não ocorre nos isolantes.  Eletrização por atrito, por contato ou por indução.  Eletrização por indução:  Lei de Coulomb: A interação elétrica entre duas partículas eletrizadas é descrita em termos das forças que elas exercem mutuamente. O módulo da força elétrica que a carga 1 exerce na carga 2, separadas por uma distância r, é dado por: 2 21 r qq kF  onde F= força de atração ou repulsão entre as cargas, em newtons (N). k=8,98755.109 N.m2.C-2 9,0.109 N.m2.C-2 = constante eletrostática. q1, q2 = carga elétrica da partícula, em coulomb (C). r=distância entre as cargas elétricas, em metros (m). A equação pode ser expressa, também, da seguinte forma: 2 21 o r qq 4 1 F   onde o4 1  = k = 8,98755.109 N.m2.C-2 9,0.109 N.m2.C-2 o = 8,854185.10-12 C2.N-1.m-2 = permissividade do espaço livre (vácuo).  Módulo das cargas elétricas do elétron e do próton=1,602192.10-19 C 1,6.10-19 C.  Coulomb: 1 C é a quantidade de carga que passa pela área da seção transversal de um fio condutor em 1 segundo, quando circula pelo condutor uma corrente elétrica de 1 A.  Se várias forças atuam sobre uma carga elétrica, a força resultante sobre ela é determinada através da soma vetorial de todas as forças: N321tetansulRe F....FFFF   2  Energia potencial de uma carga de teste no campo elétrico de várias cargas puntiformes: U = U1 + U2 + U3 + .....+ Ui =  i i o o r q 4 q  A unidade de trabalho (w) e energia potencial (U), no S.I., é o joule (J). Potencial Elétrico  O potencial elétrico V em um ponto P é igual à energia potencial elétrica U de uma carga de teste no ponto P dividida pela carga de teste qo. oq U V   Potencial devido a partículas carregadas.  i i o r q 4 1 V  onde ri é a distância entre a carga i e o ponto P. O potencial elétrico é dado, no S.I., em J/C que recebe o nome de volt (V).  Diferença de potencial. o ba ba q UU VV    Em um campo elétrico constante, a diferença de potencial entre os pontos a e b é dada por: xEVV ba   Campo elétrico em termos do potencial: z V E y V E x V E zyx          Estas equações mostram que a unidade de campo elétrico também pode ser o volt/metro (V/m).  Superfícies Equipotenciais É uma superfície na qual o potencial é constante. A energia potencial de um corpo eletrizado é a mesma em todos os pontos desta superfície. Com isto, não há trabalho realizado para mover o corpo eletrizado em tal superfície. Portanto, a superfície equipotencial, em qualquer ponto, deve ser perpendicular ao campo elétrico neste ponto. 5 Figura mostrando as linhas de força do campo elétrico e as superfícies equipotenciais. Exemplos:  Lei de Coulomb: 1. Três cargas puntiformes estão sobre o eixo x. A carga q1 = 25 nC está na origem, a q2 = -10 nC em x = 2 m e a qo = 20 nC em x = 3,5 m. Determine a força resultante sobre qo exercida por q1 e q2. 2. Uma carga de 5 C é colocada em x=0, e uma segunda de 7 C é colocada em x=100 cm. Em que posição deve se colocar uma terceira carga para que a força resultante sobre ela, devido às outras duas, seja nula?  Campo Elétrico: 3. Quando uma carga de prova de 5 nC é colocada num certo ponto, sofre uma força de 2 x 10-4 N na direção X. Qual o campo elétrico neste ponto ? 4. Uma carga positiva q1 = 8 nC está na origem e uma outra carga positiva q2 = 12 nC está em x=4 m. (a) Determinar o campo elétrico deste sistema de cargas em x=7 m; (b) Determinar o ponto, sobre o eixo dos X, onde o campo elétrico é nulo.  Potencial Elétrico: 5. Uma partícula cuja carga é q = 3x10-9 C move-se do ponto A ao ponto B, ao longo de uma linha reta. A distância total é d = 0,5 m. O campo elétrico é uniforme ao longo desta linha, na direção de A para B, com módulo E = 200 N/C. Determinar a força sobre q, o trabalho realizado pelo campo e a diferença de potencial VA - VB. 6. Cargas puntiformes de 12x10-9 C e -12x10-9 C são colocadas a 10 cm de distância, como indicado na figura. Calcular os potenciais nos pontos a, b e c. 6 Corrente elétrica  A força motriz (F = qE) sobre uma partícula carregada (q) faz com que esta se mova no mesmo sentido da força, com uma velocidade de arrastamento vd (os choques entre as partículas produzem aquecimento).  Corrente elétrica: carga resultante que flui através da área, por unidade de tempo. dt dQ iou t Q i    No S. I., a corrente elétrica é dada em ampére (A = C/s). Seja: n = número de partícula por unidade de volume. vd = velocidade de arrastamento das partículas. vd dt = dl = distância percorrida pela partícula em um tempo dt. A vd dt = volume do cilindro. n A vd dt = número de partículas dentro do cilinndro sombreado. q = carga de uma partícula. Então: dQ = q n A vd dt dvAnqdt dQ i  Generalizando para várias partículas diferentes, temos:  i iii vnqAi  Densidade de corrente (J): corrente por unidade de área transversal. Da equação  i iii vnqAi temos:   i iii JvnqA i Resistividade  A densidade de corrente em um condutor depende do campo elétrico E  e da natureza do condutor. Em metais, temos: 7 (a) Corrente elétrica em um fio com portadores de carga positivos. (b) Corrente em um fio com portadores de carga negativo. O sentido da corrente é para a direita em ambos os casos. Vab =   A força eletromotriz é uma característica da fonte, em muitos casos, uma constante independente da corrente elétrica.  No circuito fechado, abaixo, temos: Vab =  - r.i A corrente i no circuito é dada por: VR = Vab R i =  - r i R i + r i =  i (R + r) =  )rR( i    Se os terminais da fonte forem curto-circuitados com um condutor de resistência nula ou desprezível (R =0), a corrente de curto-circuito será igual a: r icc   e a ddp entre os terminais será: Vab =  - r icc Vab =  - r r  =  -  Vqb = 0 Gráfico característico de uma fonte (gerador) (Vab =  - r i) Potência Elétrica  10 tiVQVw abab   w = trabalho = variação de energia potencial da carga circulante. A taxa de ganho ou perda de energia é chamada de potência (P), ou seja, iv t w P ab  ou P = V i A unidade de potência, no S.I., é o joule por segundo (J/s) que é chamado de watt (W). O trabalho também pode ser expresso da seguinte maneira, tPw  Se a potência for expressa em quilowatt (kW) e o tempo em horas (h), o trabalho será expresso em quilowatt-hora (kWh). Como V = R i, a potência dissipada por uma resistência será dada por: P = V i = R i i  P = R i2 ou, fazendo R V i  , temos:  R V VP P = R V 2 Resistores  Resistores são dispositivos que convertem parte da energia elétrica recebida em energia térmica (efeito joule).  Resistores em série: - A corrente elétrica i é a mesma em todos os resistores. - A diferença de potencial V é dada por: V = V1 + V2 + V3 - Como V = R i, temos: R i = R1 i + R2 i + R3 i  R = R1 + R2 + R3 , onde R = resistor equivalente.  Resistores em paralelo: 11 - A ddp é a mesma em todos os resistores - A corrente elétrica total i é dada por: i = i1 + i2 + i3 - Como V = R i, temos: i = V/R, então: 321 R V R V R V R V   321 R 1 R 1 R 1 R 1  , onde R = resistor equivalente - Para dois resistores em paralelo, temos: 21 21 21 12 21 RR RR R R.R RR R 1 R 1 R 1     , onde R = resistor equivalente - Para n resistores iguais em paralelo: n R R R ...111 ... R 1 R 1 R 1 R 1 1 1111    , onde R = resistor equivalente Exemplos 1. Um fio de cobre tem 80 m de comprimento e seção transversal de 0,4 mm2. A resistividade do cobre é 1,72.10-8 m. Determine a resistência desse fio. 2. Deseja-se projetar um aquecedor elétrico que seja capaz de elevar a temperatura de 100 kg de água de 20oC a 56oC em duas horas. (a) Que potência deve ter esse aquecedor?; (b) Se o aquecedor for projetado para ser ligado em 220 V, que valor de resistência deverá ser utilizado? (considere o calor específico da água = 4,2 J/goC) 3. No circuito a seguir, determine a potência dissipada pelo resistor de 20 , na Fig.1. Figura 1 Figura 2 Figura 3 4. Da Fig.2: (a) Calcular a resistência equivalente no circuito; (b) Determinar a ddp entre os pontos x e y, se a corrente elétrica no resistor de 8  for 0,5 A. 5. Cada um dos três resistores na Fig.3 tem resistência igual a 2  e pode dissipar um máximo de 18 W, sem ficar excessivamente aquecido. Qual é a potência máxima que o circuito pode dissipar? As Leis de Kirchhoff  São aplicadas quando não for possível reduzir um circuito em combinações simples em série e paralelo. 12 CAPACITORES  Capacitores são dispositivos utilizados para armazenar, temporariamente, carga elétrica e energia em circuitos. São constituídos por dois condutores, isolados entre si, mas muito próximos um do outro, que quando estão carregados, tem cargas elétricas iguais, porém, de sinais opostos.  Utilizados em flash de máquina fotográfica; para amortecer as ondulações da corrente alternada, quando se converte esta corrente em corrente contínua; para sintonia de rádio ou televisão, etc.  Símbolos:  Tipos: Capacitores: de poliéster metalizado, cerâmica, eletrolítico Capacitor variável Construção de dois tipos de capacitores: (a) Duas folhas de dielétrico (isolante) e duas lâminas de metal são comprimidas e enroladas sob forma de um cilindro; (b) Um capacitor eletrolítico utiliza um eletrólito (solução condutora) com uma "placa" e uma lâmina de metal como outra placa. O dielétrico é constituído por uma camada delgada de óxido na lâmina de metal. 15  Capacitância (C): é a medida da capacidade de armazenamento de carga para uma determinada diferença de potencial nos terminais do capacitor. V Q C  No S.I., a unidade de capacitância é o farad (F): 1 F = 1 C/V.  Capacitor de placas paralelas: Sejam duas placas planas, paralelas, de área A cada uma, eletrizadas e separadas por uma distância d. Da Lei de Gauss, temos que:   A Q E Q dAE oo n  Do potencial elétrico, temos: Vab = E d , substituindo a expressão do campo elétrico nesta equação: d A C d A V Q A dQ V oo abo ab    onde: C = capacitância do capacitor. A = área de cada placa. d = distância entre as placas.  Dielétricos: Um material não-condutor, como vidro, papel ou madeira, é um dielétrico. Quando o espaço entre os dois condutores de um capacitor for ocupado por dielétrico, a capacitância do capacitor aumenta por um fator K, característico do dielétrico, e denominado de constante dielétrica. A razão deste aumento está na diminuição do campo elétrico, entre as placas do capacitor, provocado pela presença do dielétrico. Assim, para uma dada carga elétrica nas placas, a diferença de potencial fica diminuída e a razão Q/V fica aumentada. Um dielétrico enfraquece o campo elétrico entre as placas de um capacitor, pois, na presença de um campo elétrico externo, as moléculas no dielétrico são polarizadas, resultando numa carga superficial nas faces do dielétrico, produzindo um campo elétrico adicional na direção oposta à do campo externo. Se o campo elétrico entre as placas de um capacitor sem dielétrico for Eo, o campo com o dielétrico é: K E E o 16 onde K é a constante dielétrica. Num capacitor de placa planas e paralelas, com uma separação d, a diferença de potencial entre as placas é: K V K dE dEV oo  onde V é a diferença de potencial com o dielétrico e Vo = Eo d é a diferença de potencial sem o dielétrico. A nova capacitância é: o oo CKCou V Q K K/V Q V Q C  A capacitância de um capacitor de placas planas e paralelas, com um dielétrico de constante dielétrica K é então: o o Konde d A d AK C    é a permissividade do dielétrico (a) (b) (c) Figura: (a) Campo elétrico entre as placas de um capacitor sem dielétrico; (b) Moléculas polarizadas em um material dielétrico devido a um campo elétrico; (c) Campo elétrico entre as placas de um capacitor com dielétrico. A carga superficial no dielétrico enfraquece o campo original entre as placas. Tabela - Constantes Dielétricas e Rigidez Dielétrica de diversos materiais Material Constante dielétrica K Rigidez dielétrica (kV/mm) Água (a 20o C) 80 Ar 1,00059 3 Baquelite 4,9 24 Mica 5,4 10-100 Neoprene 6,9 12 Óleo de transformador 2,24 12 Papel 3,7 16 Parafina 2,1-2,5 10 Plexiglass 3,4 40 Poliestireno 2,55 24 Porcelana 7 5,7 Vidro Pyrex 5,6 14 17 Circuitos RC  Carregando um capacitor: Consideremos um capacitor de capacitância C ligado em série com um interruptor S, um resistor de resistência R e uma bateria de f.e.m. . Inicialmente, o capacitor está sem carga e o interruptor S, aberto, de modo que não existe corrente. Quando se fecha S, a bateria começa a transferir carga de uma placa do capacitor para outra, passando a existir uma corrente no circuito. Se i é a corrente no circuito e seu sentido é o sentido horário, então, dt dq =i onde q é a carga instantânea na placa positiva do capacitor. Isto é, a corrente no circuito corresponde à taxa na qual a carga é transferida de uma placa para a outra. Consequentemente, a corrente é igual à taxa na qual o capacitor é carregado. A soma das diferenças de potencial ao percorrer a malha no sentido horário (lei de Kirchhoff), começando pelo ponto a, é (Vb - Va) + (Vc -Vb) + (Va - Vd) = 0  - C q - R i = 0  - C q - R dt dq = 0 dt dq R C qC dt dq R C q    qC dq CR dt   Fazendo: u =  C - q , temos du = -dq . Substituindo na equação acima: tetancons CR t uln CR dt u du u du CR dt  tetancons CR t )qC(ln  Para determinar a constante de integração, fazemos: para t=0, q=0, substituímos na equação acima e obtemos: ln ( C) = constante Com este resultado temos: CR t )C(ln)qC(ln)C(ln CR t )qC(ln  20 CR t e C qC CR t C qC ln             CR t CR t CeCqeCqC   )e1(C)t(q CR t   Equação para a carga em um capacitor sendo carregado. onde CR = constante de tempo. A carga em um capacitor em carregamento, em função do tempo, é dado pelo gráfico a seguir. Para obtermos a corrente elétrica, deriva-se a equação obtida em função tempo: )e( CR 1 C)e1(C dt d dt dq i CR t CR t                    t o CR t eie R )t(i Corrente elétrica no circuito de um capacitor carregando. A corrente elétrica no circuito de um capacitor em processo de carga é dado pelo gráfico a seguir, onde io é a corrente inicial.  Descarregando um capacitor: Consideremos um capacitor de capacitância C colocado em série com um interruptor S e um resistor de resistência R. Inicialmente o capacitor tem carga Qo e o interruptor está aberto, de modo que não existe corrente no circuito. 21 No instante em que S é fechado, passa a existir corrente. Se i é a corrente com sentido anti- horário, então dt dq i  O sinal negativo deve ser incluído porque a carga diminui com o tempo. Partindo do ponto a, somamos as diferenças de potencial (lei de Kirchhoff) percorrendo a mallha em sentido anti-horário e obtemos: C q iR0 C q iR  Substituindo a expressão da corrente na equação acima, temos   dt CR 1 q dq dt CR 1 q dq C q dt dq R tetancons CR t qln  Para determinarmos a constante de integração, fazemos: para t = 0, q = Qo. Substituindo na equação acima, temos: constante = ln Qo Com isto, temos: CR t Q q ln CR t QlnqlnQln CR t qln o oo          CR t o CR t o eQ)t(qe Q q   Equação da carga em um capacitor sendo descarregado. O gráfico a seguir mostra a carga em função do tempo em um capacitor em regime de descarga. 22 Figura - Direção e sentido da força magnética para: (a) carga positiva; (b) carga negativa. Como a força exercida por um campo magnético sobre uma partícula carregada em movimento é sempre perpendicular à velocidade, o trabalho realizado por esta força é nulo. A unidade de campo magnético no S.I. é chamada de tesla (T): 1 T = 1 mA N s m C N  No sistema CGS, a unidade de campo magnético é o gauss (G): 1 T = 104 G O tesla é uma unidade muito grande. Por exemplo, o módulo do campo magnético da Terra em pontos próximos à superfície varia, mas é cerca de 3.10-5 T, ou 0,3 G. Os maiores valores de campos magnéticos até agora produzidos em laboratório são da ordem de 30 T. (a) (b) Figura - Linhas do campo magnético: (a) na Terra; (b) no ímã.  Força sobre um condutor de corrente elétrica. 25 No trecho l do condutor, a velocidade v é dada por: v l t t l v    Como t q i   , temos: v l iqtiq  A força magnética é dada por:  senBv v li senBvqF BxliFousenBliF   (Força magnética sobre um condutor de corrente dentro de um campo magnético) Torque sobre espiras conduzindo corrente elétrica  Assim como um campo magnético exerce uma força sobre um fio portador de corrente, ele pode produzir também um torque, isto é, uma força magnética pode produzir um movimento rotacional da espira. De particular interesse é o torque sobre um fio em forma de anel que pivota sobre um eixo e transporta uma corrente. O movimento rotacional causado por tal torque é a base de um motor elétrico. Consideremos o anel retangular de corrente mostrado em duas posições na figura seguinte. O anel transporta a corrente i e está em um campo magnético uniforme B. As dimensões retangulares do anel são l e w, de modo que a área do plano do anel é S = l w. É conveniente usar o vetor de área S para especificar a orientação do anel (figura b). A direção de S é perpendicular ao plano do anel. Para determinar o sentido, dobre os dedos de sua mão direita para acompanhar o sentido da corrente ao longo do circuito. O polegar distendido dá a direção da área. 26 O módulo da força magnética sobre cada segmento retilíneo do anel pode ser determinado com base na equação F = i l B sen Como a corrente elétrica i é perpendicular ao campo B,  é igual a 90o e sen = 1. Com isto, a força F1 sobre o elemento superior na figura (a) é dirigida para cima e tem módulo F1 = i l B A força F2 sobre o elemento inferior tem o mesmo módulo, mas sentido oposto, assim como as forças F3 e F4 são iguais em módulo, mas com sentidos opostos. Se o anel pivota em torno do eixo OO', na figura (a), as forças F3 e F4, que atuam paralelamente ao eixo, não produzem nenhum torque em relação à este eixo. O torque  produzido por uma força F, em relação a um eixo de rotação é dado por  = F r onde r é a distância entre o ponto de aplicação da força F e o eixo de rotação do anel, medido perpendicularmente em relação à força F, como mostra a figura a seguir. A distância r é dada por:  sen 2 w r Assim, o torque produzido pela força F1 é  sen 2 w Blisen 2 w F1 Este torque tem sentido horário. A força F2 também produz um torque com o mesmo sentido em relação a esse eixo e seu módulo é o mesmo produzido por F1, ou seja, 2 = 1. Portanto, o torque magnético resultante no anel tem módulo 27 A força magnética sobre a partícula positiva é perpendicular ao vetor velocidade. Se a força magnética for a única força atuando sobre a partícula, então, a aceleração produzida provoca apenas mudança na direção do deslocamento. A partícula se move em uma trajetória circular de raio r com velocidade constante v, e a aceleração é a aceleração centrípeta (ac = v2/r). A força centrípeta é igual à força magnética, ou seja,  senBvq r vm FF 2 MagnéticaCentrípeta como v e B são perpendiculares,  = 90o e sen = 1, então, Bq vm rBvq r vm 2   Um seletor de velocidade. Consideremos agora uma configuração de campos elétrico e magnético que serve como seletor de velocidade para partículas carregadas. Suponha que, em uma região do espaço, existam campos elétrico e magnético uniformes, e que esses campos sejam perpendiculares, conforme mostra a figura a seguir. A força sobre uma partícula carregada que se move nesta região é dada pela equação BxvqEqF   Para esta partícula carregada positivamente, existe uma determinada velocidade para a qual a força resultante é zero, ou seja, a força elétrica para cima equilibra a força magnética para baixo. As cargas que se movem com esta determinada velocidade passarão através desta região sem se desviarem. Como a força magnética depende da velocidade da partícula, mas a força elétrica não depende, a força resultante já não será zero para uma velocidade diferente. Para uma carga com maior velocidade, a força magnética terá módulo maior do que o da força elétrica. Estas partículas carregadas positivamente e com maior velocidade serão defletidas para baixo. Da mesma forma, partículas carregadas positivamente e mais lentas serão defletidas para cima. Se as forças estão equilibradas, então, 30 EqsenBvq0BxvqEqF   como  = 90o, sen = 1, EBv  em módulo, B E v   O Efeito Hall Consideremos uma seção de um condutor de corrente elétrica em um campo magnético uniforme, conforme a figura a seguir. Supondo que cargas positivas estejam se movendo no condutor, elas sofrem a ação da força magnética para cima, fazendo com que estas cargas sejam deslocadas para a parte superior do condutor. Esta separação de cargas produz um campo elétrico no condutor (figura b). No caso estacionário, o campo elétrico E, chamado campo de Hall, exerce uma força elétrica FE sobre as cargas em movimento, a qual tende a equilibrar a força magnética F. Esses campos elétrico e magnético cruzados atuam como seletores de velocidade para a velocidade de arraste vd.  Exemplos: 1. Um próton de massa 1,67.10-27 kg e carga q =e= 1,6.10-19 C, move-se num círculo de 21 cm de raio, perpendicular a um campo magnético B = 4000 G. Determine a velocidade do próton. 2. O vetor velocidade de um elétron faz um ângulo de 66,5o com a direção do campo magnético. Sabendo que o módulo da velocidade é 2,81.106 m/s e o do campo magnético é 4,55.10-4 T, determine o raio da sua trajetória helicoidal. (massa do elétron = 9,11.10-31 kg) Fontes de campo magnético  Campo magnético gerado por cargas puntiformes em movimento. 31 Quando uma carga q se move com velocidade v, gera, no espaço, um campo magnético B dado por: 2 o r rxvq 4 B      onde µo é a permeabilidade magnética do vácuo e µo = 4.10-7 T.m/A = 4.10-7 N/A2  Lei de Biot-Savart Campo magnético gerado por um elemento de corrente elétrica: O sentido do campo magnético é dado pela regra da mão direita, com o polegar no sentido da corrente elétrica e os dedos segurando o fio indicam o sentido do campo. Campo magnético gerado por uma corrente elétrica em um fio longo e retilíneo: R2 i B o    onde R é a distância perpendicular do fio ao ponto P. Campo Magnético no centro de uma espira circular de raio R: 32 Em notação vetorial: 2 o r rxdli 4 Bd      O módulo de dB é: 2 o r sendli 4 dB     Na forma integral: 2 o r rxdli 4 B       R2 i B o    Exemplos: 1. A figura representa uma montagem experimental denominada galvanômetro de tangente. Uma bobina plana com N espiras de raio R, disposta verticalmente, está ligada a um circuito constituído por fonte de tensão contínua, uma chave e um amperímetro. No centro da bobina há uma pequena plataforma onde se coloca uma bússola. Com o circuito desligado, alinha-se o plano da bobina ao campo magnético terrestre (a agulha da bússola deve ficar contida no plano da bobina, apontando para o norte geográfico). Em seguida, fecha-se o circuito. Observa-se que a agulha da bússola gira até encontrar nova posição de equilíbrio. O ângulo  formado pela agulha da bússola com a direção leste-oeste permite medir o módulo do vetor campo magnético terrestre local. Suponha que, em determinado local, uma bobina de N = 10 espiras de 5 cm de raio, para uma corrente 0,20 A, medida no amperímetro, faça a agulha da bússola desviar-se marcando um ângulo de 60o. Qual o módulo do vetor campo magnético terrestre nesse local? (µo = permeabilidade magnética do ar = 4.10-7 T.m/A; tg 60o = 1,73) 2. O campo magnético a uma distância de 2,3 cm do eixo de um fio retilíneo longo é de 13 mT. Qual a corrente no fio ? 3. No circuito, a força eletromotriz da fonte é 1,5 V e a sua resistência interna é 0,30 . A resistência do circuito é desprezível. (a) Qual a direção e sentido das forças de interação entre os dois ramos mais longos do circuito? (b) Qual o módulo de cada uma dessas forças? (µo = permeabilidade magnética do ar = 4.10-7 T.m/A 4. Um solenóide, de comprimento 50 cm e raio 1,5 cm, contém 2000 espiras e é percorrido por uma corrente de 3 A. Determine o campo magnético no centro do solenóide. 35 O fio 1 produz um campo magnético dado por: R2 i B 1o1    . O fio 2 encontra-se imerso no campo magnético B1. Um comprimento L deste fio fica sujeito a uma força lateral igual a d2 Lii FBLiF 21o121212     Lei de Ampère Um condutor conduzindo corrente elétrica, cujo sentido é saindo do plano da folha, gera um campo magnético conforme mostra a figura a seguir. Para obtermos a representação matemática da lei de Ampère, fazemos a integração do produto escalar entre o vetor campo magnético B e o deslocamento infinitesimal dl ao longo do círculo de raio R. O campo B e dl são paralelos, então, o ângulo entre eles é  = 0o. O campo magnético B possui o mesmo módulo em todos os pontos a uma distância R do condutor. Então,    )R2(BdlBdlB0cosdlBdl.B o  O campo magnético gerado por uma corrente elétrica em um fio longo e retilíneo é dado pela equação i)R2(B R2 i B o o     Então, obtemos,   idl.B o  Se vários condutores conduzindo corrente contribuem para a geração do campo magnético, então, temos,   idl.B o  ( lei de Ampère)  Aplicações da lei de Ampère Campo magnético dentro do solenóide: O campo magnético dentro de um solenóide pode ser determinado aplicando-se a lei de Ampère ao trajeto fechado mostrado na figura a seguir. A integral ao longo do trajeto fechado é a soma das integrais ao longo de cada um dos quatro segmentos retilíneos: 36     b a c b d c a d dl.Bdl.Bdl.Bdl.Bdl.B     LBdlB0cosdlBdl.Bdl.B b a o b a  onde L é o comprimento do segmento ab. Para um solenóide com n espiras por unidade de comprimento, o número de espiras dentro do trajeto fechado é nL. Como cada uma dessas espiras transporta a corrente i, a corrente resultante unindo este trajeto fechado é iLni  Então, de acordo com a lei de Ampère, temos iLnLBdl.B o  ou inB o (campo magnético no interior de um solenóide) Campo magnético no interior de um solenóide toroidal: Solenóide toroidal é um solenóide encurvado em forma de anel, como mostra a figura a seguir. Pela simetria, as linhas do campo magnético B formam círculos concêntricos dentro do toróide. Aplicando a lei de Ampère, sobre a curva amperiana de raio r, temos, iNr2Bdl.B o  r2 iN B o    a < r < b (campo magnético no interior do solenóide toroidal)  Fluxo magnético Uma superfície pode ser dividida em elementos infinitesimais de área. A direção de um elemento de área dS em um ponto na superfície é perpendicular à mesma naquele ponto. Na figura a seguir, o fluxo magnético Bd para o elemento de área dS é Sd.Bd B   37 Agora, definimos uma pseudocorrente iD na região entre as placas, à partir da equação dt d i ED   (corrente de deslocamento) Ou seja, imaginamos que o fluxo que está variando através da superfície bojuda na figura anterior é semelhante, na lei de Ampère, a uma corrente de condução através da superfície. Incluímos essa corrente fictícia adicional com a corrente de condução real iC na lei de Ampère:   eintDCo )ii(dl.B  (lei de Ampère generalizada) A lei de Ampère na forma generalizada é válida qualquer que seja a superfície usada na figura anterior. Para a superfície plana, iD é igual a zero, e para a superfície bojuda, iC é igual a zero, e o valor de iD para a superfície bojuda é igual ao valor de iC para a superfície plana. Essa corrente fictícia foi introduzida por Maxwell, que a chamou de corrente de deslocamento. Existe uma correspondente densidade de corrente de deslocamento dada por jD=iD/A. Para verificar se esta corrente tem algum significado real, vamos descrever uma experiência fundamental que ajudará a esclarecer essa dúvida. Considere a área plana circular entre as placas do capacitor, como na figura a seguir. Se a corrente de deslocamento realmente desempenha o papel indicado na lei de Ampère, então deveria haver um campo magnético na região entre as placas durante o processo de carregar o capacitor. Podemos usar a lei de Ampère generalizada para fazer uma previsão de qual deveria ser esse campo magnético. Figura – Um capacitor de placas paralelas sendo carregado por uma corrente de condução iC possui uma corrente de deslocamento igual a iC entre as placas, com uma densidade de corrente de deslocamento jD. Isso pode ser visto como uma fonte de campo magnético entre as placas. Para sermos mais específicos, vamos considerar placas circulares de raio R. Para determinarmos o campo magnético em um ponto na região entre as placas a uma distância r do eixo, aplicamos a lei de Ampère a uma circunferência de raio r passando pelo ponto, sendo r<R. Essa circunferência passa pelos pontos a e b na figura a seguir. A corrente total que flui através da área delimitada por essa circunferência é igual a jD vezes sua área ou (iD/R2)(r2). A integral  dl.B  na lei de Ampère é igual a B vezes o comprimento da circunferência 2r, e, como iD=iC durante a carga do capacitor, a lei de Ampère fornece C2 2 o i R r Br2dl.B   ou seja, 2 Co R2 ir B    40 O resultado obtido prediz que B entre as placas é igual a zero sobre o eixo e aumenta linearmente com a distância ao eixo. Um cálculo semelhante mostra que, fora da região entre as placas (ou seja, para r>R), B seria o mesmo que o obtido por um fio contínuo sem a presença das placas do capacitor. Quando medimos o campo magnético nessa região, verificamos que ele de fato existe e se comporta exatamente como previsto pela equação anterior. Isso confirma diretamente o papel desempenhado pela corrente de deslocamento como uma fonte do campo magnético. Assim mostrou-se que o conceito de corrente de deslocamento, longe de ser apenas um artifício, é um fato fundamental da natureza. A corrente de deslocamento foi o elo que faltava na teoria do eletromagnetismo para que Maxwell e outros pudessem entender as ondas eletromagnéticas. Dois comentários finais: primeiro, a forma generalizada da lei de Ampère, penúltima equação, permanece válida no interior de um material magnético, desde que a magnetização seja proporcional ao campo magnético externo e que µo seja substituído por µ. Segundo, a lei de Ampère é válida mesmo no espaço vazio onde não pode existir nenhuma corrente de condução. Esse fato possui implicações profundas: ele significa, entre outras coisas, que, quando os campos E e B variam com o tempo, eles devem ser relacionados entre si. Em particular, um campo elétrico variável em uma região do espaço induz um campo magnético nas regiões vizinhas mesmo quando não existe nenhuma matéria nem nenhuma corrente de condução presente. Veremos, em tópicos seguintes, que um campo magnético variável é uma fonte de campo elétrico. Essas relações, inicialmente escritas de maneira completa por Maxwell forneceram a chave para o entendimento da radiação eletromagnética e da luz como um exemplo particular dessa radiação. 41 Indução Magnética Quando o fluxo magnético varia através de uma bobina, ocorre a indução de uma fem e de uma corrente no circuito no qual a bobina está instalada. Este fenômeno é chamado de indução magnética. Em uma usina geradora de energia elétrica, o movimento de um ímã em relação a uma bobina produz um fluxo magnético que varia através das bobinas e, portanto, surge uma fem. Outros componentes essenciais de sistemas elétricos também dependem desta indução; por exemplo, um transformador funciona em virtude da ação de uma fem induzida. Na figura a seguir estão ilustrados exemplos de geração de fem devido à indução magnética. Figura – (a) Um ímã se aproximando de uma bobina conectada a um galvanômetro induz uma corrente na bobina. Quando o ímã se afasta da bobina, a corrente induzida possui sentido contrário ao anterior. Quando a bobina permanece em repouso, não existe nenhuma corrente induzida. (b) Uma segunda bobina conduzindo uma corrente contínua se aproximando da primeira bobina conectada ao galvanômetro induz uma corrente na primeira bobina. Quando a segunda bobina se afasta da primeira, a corrente induzida possui sentido contrário ao anterior. Quando as bobinas permanecem em repouso, não existe nenhuma corrente induzida. (c) Quando a chave é aberta ou fechada, surge uma corrente variável na bobina interna que induz uma corrente na bobina externa ligada ao galvanômetro.  Lei de Faraday Em algumas de suas investigações sobre correntes induzidas magneticamente, Faraday utilizou um arranjo semelhante ao mostrado na figura a seguir. Uma corrente na bobina à esquerda produz um campo magnético concentrado no anel de ferro. A bobina à direita é ligada a um galvanômetro G que indica a presença de corrente induzida no circuito. Não há corrente induzida para um campo magnético estacionário. Mas uma corrente induzida aparece momentaneamente no circuito à direita quando o interruptor S é fechado no circuito à esquerda. Quando o interruptor é aberto, aparece momentaneamente uma corrente induzida com o sentido oposto. Assim, a corrente induzida só pode existir quando o campo magnético, devido à corrente no circuito à esquerda, está variando. Figura - Duas bobinas enroladas em torno de um anel de ferro. O galvanômetro G sofre uma deflexão momentânea quando o interruptor é aberto ou fechado. A necessidade da variação é demonstrada também no arranjo mostrado na figura a seguir. Se o ímã está em repouso em relação à bobina, então não existe corrente induzida. Mas, se o ímã é aproximado da bobina, então induz-se uma corrente com sentido indicado no item a da figura. Se o ímã for afastado da bobina, induz-se uma corrente no sentido oposto (item b). Note que, em ambos 42 movimento relativo entre o ímã e a espira. Quando o movimento relativo termina, a corrente induzida diminui rapidamente até zero em virtude da resistência da espira. Figura – Sentidos das correntes induzidas quando um ímã desloca-se ao longo do eixo de uma espira condutora. Quando o ímã está em repouso, não existe nenhuma corrente induzida.  Força Eletromotriz produzida pelo movimento Em situações em que ocorre o movimento de um condutor em um campo magnético, podemos compreender melhor a fem examinando as forças magnéticas que atuam sobre as cargas do condutor. O item a da figura a seguir mostra uma haste em um campo magnético B uniforme e dirigido para dentro da página. Se deslocarmos a haste para a direita com uma velocidade constante v, uma partícula com carga q no interior da haste sofre a ação de uma força magnética dada por BxvqF   , cujo módulo é F = q v B. Se a carga for positiva, o sentido da força é de baixo para cima, ou seja, de b para a. Essa força magnética produz movimento de cargas na haste, criando um excesso de cargas positivas na extremidade superior a e de cargas negativas na extremidade inferior b. Isso faz surgir um campo elétrico E no interior da haste no sentido de a para b (contrário ao da força magnética). As cargas continuam a se acumular nas extremidades da haste até que a força elétrica orientada de cima para baixo (de módulo igual a qE) seja exatamente igual à força magnética de baixo para cima (de módulo igual a qvB). Então, qE=qvB e as cargas permanecem em equilíbrio. O módulo da diferença de potencial Vab = Va – Vb é igual ao módulo do campo elétrico E multiplicado pelo comprimento L da haste. Então, q E = q v B E = v B assim Vab = E L = v B L onde o ponto a possui um potencial maior do que o ponto b. Suponha agora que a haste esteja deslizando sobre um condutor em forma de U, formando um circuito fechado (item b da figura a seguir). Sobre as cargas nos condutores em repouso em forma de U não existe nenhuma força magnética, porém as cargas nas vizinhanças de a e de b se redistribuem ao longo dos condutores em repouso, criando um campo elétrico no interior deles. Esse campo produz uma corrente no sentido indicado. A haste deslizante torna-se uma fonte de força eletromotriz; no interior dela as cargas se movem do potencial mais baixo para o potencial mais elevado e no restante do circuito as cargas se deslocam do potencial mais elevado para o potencial mais baixo. Essa força eletromotriz produzida pelo movimento será designada por  e chamada de força eletromotriz do movimento. De acordo com a equação anterior, temos: LBv (fem do movimento; comprimento e velocidade perpendicular a B uniforme) 45 Figura – Uma haste condutora se movendo em um campo magnético uniforme. (a) A haste, a velocidade e o campo são mutuamente perpendiculares. (b) Sentido da corrente induzida no circuito. Chamando de R a resistência total dos condutores em forma de U com a haste, a corrente induzida no circuito é dada por vBL=Ri. Podemos generalizar o conceito de fem do movimento para um condutor que possui qualquer forma e que se desloca em qualquer campo magnético, uniforme ou não (supondo que o campo magnético em cada ponto não varie com o tempo). Para um elemento ld  do condutor, a contribuição d da fem é dada pelo módulo dl multiplicado pelo componente de Bxv  (a força magnética por unidade de carga) paralela a ld  , ou seja,   ld.Bxvd   para qualquer espira condutora fechada, a fem é dada por   ld.Bxv   Campos Elétricos Induzidos Quando um condutor se move em um campo magnético, podemos entender a fem induzida com base nas forças magnéticas que atuam sobre o condutor. Contudo, também existe uma fem quando ocorre um fluxo magnético variável através de um condutor em repouso. Qual é a força que atua sobre as cargas ao longo do circuito nesse tipo de situação? Como exemplo, considere a situação ilustrada na figura a seguir. Um solenóide longo e fino com seção transversal de área S com n espiras por unidade de comprimento é circundado em seu centro por uma espira condutora circular. O galvanômetro G mede a corrente na espira. A corrente i no enrolamento do solenóide produz um campo magnético B ao longo do eixo do solenóide. Desprezando o campo magnético fora do solenóide, o fluxo magnético através da espira é dado por SinSB oB  Quando a corrente i do solenóide varia com o tempo, o fluxo magnético B também varia, e, de acordo com a lei de Faraday, a fem induzida na espira é dada por dt id Sn dt d o B    Se R for a resistência total da espira e i' a corrente induzida na espira, temos i' = /R. 46 Porém, qual é a força que atua sobre as cargas obrigando-as a se mover ao longo do circuito? Não pode ser uma força magnética porque a espira não está em movimento e nem mesmo está dentro de um campo magnético. Podemos concluir, então, que se trata de um campo elétrico induzido no condutor, produzido pela variação do fluxo magnético. Isto pode parecer estranho, pois estamos acostumados a pensar em campos elétricos produzidos por cargas elétricas e agora observamos que um campo magnético variável pode ser fonte de campo elétrico. A integral de linha de E ao longo de um percurso fechado fornece a fem induzida:  ld.E  De acordo com a lei de Faraday, a fem  é dada pela taxa de variação do fluxo magnético, com o sinal negativo, através de uma espira. Logo, para esse caso podemos escrever a lei de Faraday na seguinte forma    dt d ld.E B  Figura – (a) As espiras de um solenóide longo conduzindo uma corrente i que cresce com uma taxa di/dt. O fluxo magnético no solenóide cresce com uma taxa dt/d B e esse fluxo variável passa através da espira. Uma fem dt/d é induzida na espira, produzindo uma corrente induzida i', medida pelo galvanômetro G. (b) Vista frontal da montagem.  Correntes de Foucault (correntes de vórtice ou correntes parasitas) Suponhamos que um campo magnético variável seja perpendicular a uma face de um condutor extenso, tal como uma placa condutora. O campo elétrico induzido ocasiona correntes circulatórias chamadas correntes de vórtice na placa. Tais correntes de vórtice surgem também quando um condutor se move através de uma região de campo magnético. Essas correntes dissipam energia por efeito Joule (a uma taxa P=Ri2). Um material condutor pode ser aquecido pelas correntes de vórtice induzidas pela variação do campo magnético na substância; esse processo é chamado aquecimento por indução. Em outros casos, a dissipação de energia que acompanha as correntes de vórtice pode ser indesejável. Para reduzir essas correntes no núcleo de ferro de um transformador, o núcleo é laminado, isto é, lâminas finas de ferro condutor são separadas por camadas isolantes. Tais camadas isolantes aumentam efetivamente a resistência do trajeto para cargas circulantes, de modo que as correntes de vórtice ficam confinadas às lâminas. Então, não existem grandes circuitos para as correntes de vórtice e a perda de potência se reduz grandemente, pois não podemos esquecer que essas correntes de vórtice produzem campo magnético em oposição ao campo magnético original.  Exemplos 47 1 2B2 21 i N M   Podemos repetir o raciocínio anterior para o caso oposto no qual uma corrente variável i2 no bobina 2 produz um fluxo magnético variável B1 e induz uma fem 1 na bobina 1. Poderíamos pensar que a constante correspondente M12 fosse diferente de M21 porque em geral as duas bobinas não são idênticas e os fluxos magnéticos através delas são diferentes. Contudo, verificamos que M12 é sempre igual a M21, mesmo quando as duas bobinas não são simétricas. Chamaremos esse valor comum simplesmente de indutância mútua, designada pelo símbolo M sem nenhum índice inferior; essa grandeza caracteriza completamente a fem induzida pela interação entre duas bobinas. Portanto, temos dt di Me dt di M 21 1 2  (fem mutuamente induzida) onde a indutância mútua M é 2 1B1 1 2B2 i N i N M     (indutância mútua) Os sinais negativos na penúltima equação são decorrentes da lei de Lenz, ou seja, a variação da corrente na bobina 1 produz uma variação do fluxo magnético na bobina 2, induzindo uma fem na bobina 2 que se opõe à variação desse fluxo. No S.I., a indutância mútua é dada em henry (H). 1 H = 1 Wb/A = 1 V.s/A = 1 .s = 1 J/A2 A indutância mútua pode provocar perturbações em circuitos elétricos, visto que a variação da corrente em um circuito é capaz de gerar uma fem indesejável em outro circuito. Para amenizar esse efeito, os sistemas compostos por muitos circuitos devem ser projetados minimizando-se os valores de M; por exemplo, duas bobinas devem ser montadas com distâncias grandes entre elas ou em planos perpendiculares entre si. Felizmente, a indutância mútua também possui muitas aplicações úteis. Um transformador, empregado em circuitos de corrente alternada para aumentar ou diminuir a tensão, é fundamentalmente um dispositivo semelhante ao arranjo de duas bobinas. Uma corrente alternada em uma bobina do transformador produz uma fem alternada na outra bobina; o valor de M, que depende da geometria das bobinas, determina a amplitude da fem induzida na outra bobina e, portanto, a amplitude da tensão na saída do transformador.  Indutores e Auto-Indutância Na discussão sobre a indutância mútua, foram considerados dois circuitos separados e independentes; uma corrente em um dos circuitos cria um campo magnético que produz um fluxo magnético sobre o outro circuito. Quando a corrente no primeiro circuito varia, o fluxo através do segundo circuito varia, induzindo uma fem. Um efeito importante relacionado com isto ocorre até mesmo quando consideramos um único circuito isolado. Quando existe uma corrente em um circuito, ela produz um campo magnético que gera um fluxo magnético através do próprio circuito; quando a corrente varia, esse fluxo também varia. Portanto, qualquer circuito percorrido por uma corrente variável possui uma fem induzida nele mesmo pela variação de seu próprio fluxo magnético. Tal fem denomina-se fem auto-induzida. De acordo com a lei de Lenz, uma fem auto-induzida sempre se opõe à variação da corrente que produz a fem e, portanto, tende a tornar mais difícil qualquer variação da corrente. Por esta razão, a fem auto-induzida é muito importante quando existe uma corrente variável. Uma fem auto-induzida pode ocorrer em qualquer circuito, visto que sempre existirá algum fluxo magnético através de espiras fechadas em um circuito que conduz uma corrente. Porém, o efeito é bastante ampliado quando o circuito contém uma bobina com N espiras (figura a seguir). 50 Figura – A corrente do circuito produz um campo magnético na bobina e, portanto, um fluxo magnético através da bobina. Quando a corrente do circuito varia, o fluxo também varia, produzindo uma fem auto-induzida no circuito. Em virtude da corrente i, existe um fluxo magnético médio B através de cada espira da bobina. Por analogia com a última equação, define-se a auto-indutância L do circuito da seguinte maneira i N L B   (auto-indutância) A auto-indutância pode ser chamada simplesmente de indutância. As unidades de auto- indutância são as mesmas que as unidades de indutância mútua; ou seja, a unidade no S.I. para a auto-indutância é o henry (H). Quando a corrente i no circuito varia, B também varia, as taxas de variação são relacionadas por dt di L dt d N B   De acordo com a lei de Faraday para uma bobina com N espiras, a fem auto-induzida é dada por dt/dN B , portanto concluímos que dt di L (fem auto-induzida) O sinal negativo na equação anterior decorre da lei de Lenz; ele mostra que a fem auto- induzida em um circuito se opõe a qualquer variação de corrente que ocorra no circuito. O dispositivo de um circuito projetado para possuir um valor particular de auto-indutância denomina-se indutor. O símbolo usado para representar um indutor em um circuito é: Assim como os resistores e os capacitores, os indutores são elementos indispensáveis na moderna tecnologia eletrônica. A função de um indutor é criar uma corrente que se oponha à variação da corrente no circuito. Um indutor colocado em um circuito de corrente contínua ajuda a manter a corrente constante, apesar de eventuais flutuações da fem aplicada; em um circuito de corrente alternada, o indutor pode ser usado para suprimir variações da corrente que sejam mais rápidas do que as desejadas. Para entendermos o comportamento de circuitos contendo indutores, precisamos desenvolver um princípio geral semelhante à lei das malhas de Kirchhoff. Para aplicar essa lei, percorremos o circuito calculando sucessivamente a diferença de potencial através de cada elemento do circuito. A soma algébrica de todas as diferenças de potencial através do circuito fechado deve ser igual a zero, porque o campo elétrico produzido pelas cargas distribuídas ao longo do circuito é conservativo e é chamado de Ec. Mas, se existe um indutor no circuito, a situação muda. O campo elétrico induzido magneticamente nas bobinas do indutor não é conservativo; designamos esse campo por En. Vamos supor que a bobina possua uma resistência desprezível. Então, basta um campo elétrico muito pequeno para que a carga desloque-se através da bobina, daí o campo elétrico total Ec + En nas espiras da bobina deve ser igual a zero, embora nenhum dos dois campos seja individualmente igual a zero. Como Ec não é zero, sabemos que, para produzir esse campo, deve existir um acúmulo de cargas nas extremidades do indutor e sobre as superfícies de seus condutores. Considere o circuito da figura a seguir onde a fonte de tensão é variável, o que permite a variação da corrente i no circuito. 51 Figura – Um circuito contendo uma fonte de tensão e um indutor. A fonte é variável, de modo que a corrente i e sua taxa de variação di/dt podem variar. De acordo com a lei de Faraday, a integral de linha de En em torno do circuito é a taxa da variação do fluxo, com sinal negativo, que passa através do circuito, que por sua vez é dada pela última equação (fem auto-induzida). Combinando estas duas relações, obtemos   dt di Lld.En  em que realizamos a integral no sentido horário. Porém, En só é diferente de zero dentro do indutor. Portanto, a integral de linha de En em torno do circuito todo pode ser substituída por uma integral somente de a até b através do indutor, ou seja,   b a n dt di Lld.E  A seguir, como Ec + En = 0 em cada ponto do interior das bobinas do indutor, podemos escrever o resultado anterior na forma   b a c dt di Lld.E  Porém, a integral anterior é precisamente o potencial Vab do ponto b em relação ao ponto a, de modo que obtemos finalmente dt di LVVV baab  Concluímos que existe uma genuína diferença de potencial entre os terminais do indutor associada com as forças eletrostáticas conservativas, apesar de o campo elétrico associado com a indução magnética não ser conservativo. Assim, justificamos o uso da equação anterior na lei das malhas de Kirchhoff para a análise de circuitos. Note que a fem auto-induzida não se opõe à própria corrente i; em vez disso, ela se opões a qualquer variação da corrente (di/dt). Portanto, o comportamento de um indutor em um circuito é completamente diferente do comportamento de um resistor. Na figura a seguir, comparamos o comportamento de um indutor com o do resistor e resumimos as relações dos sinais. Figura – (a) Quando uma corrente i flui de a para b através de um resistor, o potencial sempre diminui de a para b quando i é positivo e Vab = Va – Vb = R i. (b) Quando a corrente flui de a para b através de um indutor, o potencial cai de a para b quando di/dt é positivo (corrente crescente) e cresce de a para b quando di/dt é negativo (corrente decrescente). Para cada caso, Vab=Va–Vb=Ldi/dt. Quando i é constante, Vab=0. 52 Atualmente, os materiais magnéticos desempenham papel muito importante nas aplicações tecnológicas do magnetismo. Nas aplicações tradicionais, como em motores, geradores, transformadores, etc, eles são utilizados em duas categorias: os ímãs permanentes são aqueles que têm a propriedade de criar um campo magnético constante; os materiais doces, ou permeáveis, são aqueles que produzem um campo proporcional à corrente num fio nele enrolado, muito maior ao que seria criado apenas pela corrente. A terceira aplicação tradicional dos materiais magnéticos, que adquiriu grande importância nas últimas décadas, é a gravação magnética. Esta aplicação é baseada na propriedade que tem a corrente numa bobina, na cabeça de gravação, em alterar o estado de magnetização de um meio magnético próximo. Isto possibilita armazenar no meio a informação contida num sinal elétrico. A recuperação, ou a leitura, da informação gravada, é feita, tradicionalmente, através da indução de uma corrente elétrica pelo meio magnético em movimento na bobina da cabeça de leitura. A gravação magnética é a melhor tecnologia da eletrônica para armazenamento não-volátil de informação que permite re-gravação. Ela é essencial para o funcionamento dos gravadores de som e de vídeo, de inúmeros equipamentos acionados por cartões magnéticos, e tornou-se muito importante nos computadores. As propriedades magnéticas das substâncias se devem a uma propriedade intrínseca dos elétrons, seu spin (palavra em inglês que significa girar em torno de si mesmo). O spin é uma propriedade quântica do elétron, mas pode ser interpretado, classicamente, como se o elétron estivesse em permanente rotação em torno de um eixo, como o planeta Terra faz numa escala muita maior. Como o elétron tem carga, ao spin está associado um momento magnético, o qual se comporta como uma minúscula agulha magnética, tendendo a se alinhar na direção do campo magnético a que está submetido. Nos átomos mais comuns o spin total é nulo, pois os elétrons ocupam os orbitais satisfazendo o princípio de Linus Pauling, ora com o spin num sentido, ora no outro. Entretanto, para certos elementos da tabela periódica, o spin total é diferente de zero, fazendo com que o átomo tenha um momento magnético permanente. Este é o caso dos elementos do grupo de transição do ferro, como níquel, manganês, ferro e cobalto, e vários elementos de terras raras, como európio, gadolínio, etc. Os materiais formados por esses elementos ou suas ligas têm propriedades que possibilitam suas aplicações tecnológicas.  Magnetização A magnetização é definida como o momento de dipolo magnético por unidade de volume no meio material: V m M   A magnetização descreve o estado magnético de um meio ou de um material. Por exemplo, se M=0 em todo o ponto de um meio, então, nenhum ponto desse meio tem momento de dipolo magnético. Por outro lado, em um pedaço de aço magnetizado, o módulo da magnetização é grande em toda a amostra. Constata-se que ela varia, por exemplo, se é imposto um campo magnético externo ou se a temperatura varia. Vários materiais reagem de diferentes maneiras a alterações em sua vizinhança. A maioria dos materiais se enquadra em uma das três categorias de comportamento magnético: diamagnetismo, paramagnetismo e ferromagnetismo.  Paramagnetismo Em um átomo, muitos momentos magnéticos orbitais e de spin se somam produzindo uma resultante igual a zero. Contudo, em alguns materiais, o átomo possui um momento magnético resultante da ordem de m. Quando esse tipo de material é colocado em um campo magnético, o campo exerce um torque sobre cada momento magnético. Estes torques tendem a alinhar os momentos magnéticos com o campo, que é a posição correspondente a uma energia potencial mínima. Nessa posição, o sentido de cada espira de corrente é tal que ela fornece um campo que se soma com o campo magnético externo. Dizemos que é paramagnético todo material que possui um comportamento análogo ao que acabamos de descrever. O resultado é que o campo magnético no interior do material fica levemente ampliado, em relação ao valor que existiria se ele fosse substituído pelo vácuo, por um fator adimensional Km, conhecido como permeabilidade relativa do material ( om /K  ). A maioria dos 55 materiais são fracamente atraídas por campos magnéticos devido ao efeito paramagnético. Esses efeitos são muito pequenos e não são percebidos em nossa experiência doméstica.  Diamagnetismo O diamagnetismo é um tipo de magnetismo característico de materiais que se alinham em um campo magnético não uniforme, e que parcialmente expelem de seu interior o campo magnético, no qual eles estão localizadas. Através de estudos, Faraday concluiu que alguns elementos e quase todos os compostos exibem esse magnetismo "negativo". De fato, todas as substâncias são diamagnéticas: o forte campo magnético externo pode acelerar ou desacelerar os elétrons dos átomos, como uma maneira de se opor à ação do campo externo em acordo com a Lei de Lenz. O diamagnetismo de alguns materiais, no entanto, é mascarado por uma fraca atração magnética (paramagnetismo) ou uma forte atração (ferromagnetismo). O diamagnetismo é observado em substâncias com estrutura eletrônica simétrica (como por exemplo os cristais iônicos ou gases nobres) e sem momento magnético permanente. Você nunca percebeu nem perceberá que o cobre é repelido pelo ímã. O efeito é muito pequeno. O diamagnetismo não é afetado por mudanças na temperatura.  Ferromagnetismo O Ferromagnetismo é caracterizado por uma magnetização espontânea do material a temperaturas abaixo de uma certa temperatura crítica. O ferro, o cobalto e o níquel são exemplos de materiais ferromagnéticos. Este efeito é observado mesmo na ausência de um campo magnético aplicado ao material em questão. Esta situação sugere que os spins dos átomos (ou moléculas) que constituem o material tenham uma forte tendência a se alinhar uns aos outros, dando origem a um momento magnético espontâneo. A situação está ilustrada esquematicamente na figura abaixo, no caso de uma pequena rede bi-dimensional. As setas na figura representam o spin do átomo (ou molécula). Esta orientação espontânea tende a desaparecer gradualmente à medida que o sistema é aquecido. Neste caso, os spins tendem a um estado de desordem. A temperatura crítica Tc para a qual a magnetização espontânea desaparece, isto é, ocorre a transição entre "ordem" e "desordem", é chamada Temperatura de Curie. A permeabilidade relativa Km do material ferromagnético é muito maior do que 1, em geral da ordem de 1000 até 100.000. À medida que o campo magnético aumenta, por fim atinge-se um ponto para o qual quase todos os momentos magnéticos do material ferromagnético estão alinhados com o campo magnético externo. Essa condição é chamada de magnetização de saturação; depois de atingido esse ponto, um aumento posterior do campo magnético externo não produz nenhum aumento da magnetização. Para muitos materiais ferromagnéticos, a relação entre a magnetização e o campo magnético externo quando o campo magnético aumenta é diferente da relação obtida quando ele diminui. A figura a seguir mostra este tipo de comportamento para tal material. Quando o material é magnetizado até atingir a saturação e a seguir o campo magnético é reduzido até zero, alguma magnetização persiste. Esse comportamento é característico de um ímã, que mantém a maior parte de sua magnetização de saturação quando o campo magnético é removido. Para reduzir a magnetização até zero, é necessário aplicar um campo magnético em sentido contrário. Esse tipo de comportamento denomina-se histerese e as curvas indicadas na figura a seguir são chamadas de ciclos de histerese. A magnetização e a desmagnetização de um material que 56 possui histerese produz dissipação de energia e a temperatura do material aumenta durante o processo. Figura – Ciclos de histerese. Os materiais (a) e (b) permanecem fortemente magnetizados quando Bo se reduz a zero. Visto que o material (a) dificilmente se desmagnetiza, ele seria bom para a fabricação de um ímã permanente. Como o material (b) se magnetiza e desmagnetiza com mais facilidade, ele seria indicado como material para a memória de um computador. O material do tipo (c) seria útil para ser empregado no núcleo de transformadores e de outros dispositivos que usam correntes alternadas para os quais uma histerese zero seria ideal. Os materiais ferromagnéticos são largamente empregados em eletroímã, transformadores, motores e geradores, nos quais é desejável a obtenção do mais elevado campo magnético possível para uma dada corrente. Como a histerese produz dissipação de energia, os materiais usados nessas aplicações devem possuir um ciclo de histerese o mais estreito possível. Geralmente, se utiliza o ferro doce; ele possui elevada permeabilidade com uma pequena histerese, com um alto valor de magnetização na ausência de campo externo e um campo inverso elevado para produzir sua desmagnetização. Vários tipos de aço e muitas ligas, tal como a Alnico, são geralmente usadas para a fabricação de ímãs. O campo remanescente nesses materiais, depois que são magnetizados até as vizinhanças da saturação, é normalmente da ordem de 1 T, o que corresponde a uma magnetização remanescente o/BM  aproximadamente igual a 800.000 A/m. Em geral, podemos classificar os materiais ferromagnéticos em dois grupos: materiais ferromagnéticos duros (ímãs) e materiais ferromagnéticos moles ou doces. Uma das propriedades que é utilizada para separar os dois tipos de ferromagnetismo é a coercividade, ou seja, o campo necessário para levar a magnetização do material a zero. Embora não exista uma linha divisória definida de maneira clara, assume-se que materiais ferromagnéticos que possuem uma coercividade alta sejam duros, e aqueles que possuem coercividade baixa sejam classificados de moles ou doces. Em geral, um material com uma coercividade maior que 104 A/m é duro, e um outro que tenha coercividade menor que 500 A/m é doce.  Intensidade Magnética H Em toda análise realizada até aqui, foi considerado que o campo magnético B era devido a correntes macroscópicas em enrolamentos de um solenóide ou toróide, por exemplo. Desprezamos o efeito de materiais vizinhos ao obtermos expressões para o campo magnético. O campo magnético em um meio material pode apresentar dois tipos de contribuição. Uma delas é a contribuição devido às correntes macroscópicas em solenóides ou toróides. Em alguns casos consideramos essa contribuição do campo como um campo aplicado. A outra contribuição para B provém do meio material. Descrevemos o efeito em termos da magnetização M no material. A corrente um uma bobina, em geral, pode ser ajustada, mas a magnetização em um material não só depende de B, como contribui para B. Assim, nem sempre é fácil determinar ou controlar B, particularmente para materiais ferromagnéticos. Em um material ferromagnético, M e B dependem do tratamento prévio da amostra. Para determinar B e M, em geral convém introduzir outro campo. Esse campo vetorial é representado pelo símbolo H e é chamado de intensidade magnética. Define-se pela expressão M/BH o  ou, de maneira equivalente, 57
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