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Guias e Dicas
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Cultivo do Sorgo, Notas de estudo de Agronomia

Cultivo do Sorgo

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 17/06/2010

eng0-agronomo-12
eng0-agronomo-12 🇧🇷

4.6

(33)

46 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Cultivo do Sorgo e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! Cultivo do Sorgo Importância econômica Introdução A moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) ( Taxonomia ) é um produto da intervenção do homem, que domesticou a espécie e, ao longo de gerações, vem transformando-a para satisfazer as necessidades humanas. Sorgo é uma extraordinária fábrica de energia, de enorme utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o homem não consegue boas produtividades de grãos Apresentação A cultura do sorgo, no Brasil, apresentou avanço significativo a partir da década de 70. Nesses poucos mais de 30 anos, a área cultivada tem mostrado flutuações, em decorrência da política econômica, tendo a comercialização como principal fator limitante. Atualmente, a cultura tem apresentado grande expansão (20% ao ano, a partir de 1995), principalmente, em plantios de sucessão a culturas de verão, com destaque para o Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado no país. Existe a expectativa de plantio de 850.000 ha, para a atual safra, com base na estimativa de sementes comercializadas e em vias de comercialização. Essa área poderá ser responsável pela produção de 1.700.000 t de grãos. Projeções feitas sobre o potencial de expansão da cultura indicam aumento de até seis vezes da área plantada, ainda nesta década, sem risco de excesso de oferta. Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo, para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com a ocorrência de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos. O investimento na promoção da produção e utilização do sorgo no Brasil se justifica dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, qualidade e competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações para aves e suínos e totalmente, para ruminantes, com uma vantagem comparativa de menor custo de produção e valor de comercialização de 80% do preço do milho. Além disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no sistema de integração lavoura/pecuária e para produção de massa, proporcionando maior proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica disponível e melhor capacidade de retenção de água no solo, além de propiciar condições para uso no plantio direto. As contribuições dos setores público e privado, no oferecimento de cultivares adaptadas às condições de plantio e de alto potencial de produção têm possibilitado incrementos significativos na produtividade média nacional, com reflexos no aumento da oferta de grãos, na competitividade e na geração de renda. Procurando atender à demanda por informações sobre essa cultura, elaborou-se este Sistema de Produção, que abrange os aspectos relevantes do seu manejo, de modo a propiciar ao usuário condições para familiarização com os seus fundamentos e para o planejamento e tomada de decisões no negócio do sorgo. Este Sistema de Produção renova-se periodicamente, tendo em vista a demanda dos produtores por informações atualizadas e o compromisso por um trabalho sistematicamente aliado à tecnologia. ou de forragem cultivando outras espécies, como o milho. A origem do sorgo está provavelmente na África, embora algumas evidências indiquem que possa ter havido duas regiões de dispersão independentes: África e Índia. A domesticação do sorgo, segundo registros arqueológicos, deve ter acontecido por volta de 3000 AC, ao tempo em que a prática da domesticação e cultivo de outros cereais era introduzida no Egito Antigo à partir da Etiópia. Quando e como o sorgo se dispersou para fora da África é matéria de grande controvérsia. O Sorgo Durra, nome de um dos tipos raciais da espécie, é encontrado extensivamente desde a Etiópia, passando pelo Vale do Nilo até o Oriente Próximo, atingindo a Índia e a Tailândia. Os Durras provavelmente foram introduzidos no mundo árabe por volta de 1000 a 800 AC. As rotas comerciais terrestres ou marítimas da antiguidade que levavam ao Extremo Oriente (China, Coreia, Japão) certamente foram usadas para introduzir o sorgo na Índia. Registros indicam que seu cultivo na Índia (que hoje é a mais extensa área de cultivo de sorgo no mundo) ( Estatísticas Mundiais ) remonta o século I DC. O sorgo chegou ao Oriente Próximo um pouco mais tarde e ao mesmo tempo atingiu a Europa através da Itália, provavelmente com sementes trazidas da Índia por volta de 60 a 70 anos DC. Partindo, também da Índia, o sorgo chegou à China no século III DC. Antes disso ocorrer, no entanto, sorgos do tipo Durra já eram observados na Coreia a nas Províncias Chinesas adjacentes, provavelmente introduzidos através das chamadas "rotas da seda" que partiam da Ásia Menor em direção ao Extremo Oriente. Sorgo não é nativo do hemisfério ocidental e nas Américas é de introdução bem mais recente. As primeiras introduções ocorreram no Caribe, trazidas por escravos africanos, e desta região o sorgo atingiu o Sudoeste dos Estados Unidos por volta da metade do século XIX. Nos Estados Unidos, atualmente o maior produtor mundial de grãos de sorgo ( Estatísticas ), a primeira lavoura de sorgo plantada de que se tem notícia, data de 1853, por William R. Prince de Nova Iorque. Quatro anos mais tarde, em 1857, o Departamento de Agricultura lançou o que pode ter sido a primeira cultivar comercial "moderna" de sorgo do mundo, fruto, já, da manipulação genética promovida pelo homem. À partir daí numerosos materiais genéticos foram introduzidos nos EUA pelo Departamento de Agricultura e outras agências, provenientes de diversas partes do mundo. Os Durras chegaram à Califórnia vindos do Egito em 1874. O tipo Shallu, da Índia em 1890; os Kafirs, da África do Sul em 1904 e alguns anos mais tarde os Milo, os Feterita e os Hegari, do Sudão. Na primeira década do século XX, sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA para produção de xarope ou melaço. As cultivares eram de porte muito alto e tardias, com alguma semelhança fenotípica com os atuais sorgos forrageiros para silagem. O porte avantajado dessas cultivares não permitia sua utilização como plantas graníferas porque a colheita, mesmo que fosse por processo manual, era muito difícil. Além disso, o ciclo extremamente longo, limitava seu cultivo às regiões no sul do país mais próximas da linha do equador. Os primeiros colonizadores das Grandes Planícies do Oeste Americano, então, selecionaram plantas dos tipos Milo e Kafir mais adaptadas à agricultura que se modernizava e que eram muito mais tolerantes ao clima seco da região do que o milho. Com o advento da mecanização na segunda década do século XX, novas seleções foram sendo feitas a partir dos materiais originais, que acrescentaram mais valores às cultivares como precocidade e porte cada vez mais baixos. Mas foi a partir da década de 40, com o surgimento dos chamados "combine types" ou sorgos graníferos como conhecemos hoje, é que a cultura tomou um significativo incremento em várias regiões do Oeste dos EUA. Maiores progressos, no entanto estavam por vir, graças aos trabalhos de um grupo de cientistas como J.R.Quinby e J.C. Stephens, que viabilizaram os híbridos por volta do início dos anos 60. O sorgo híbrido tornou-se um incontestável sucesso nos EUA e a nova tecnologia rompeu suas fronteiras, tornando-se rapidamente uma cultura muito popular em diversos países como: Argentina; México; Austrália; China; Colómbia; Venezuela; Nigéria; Sudão; Etiópia. No Brasil, onde o sorgo foi mais recentemente introduzido, seu cultivo está se popularizando também e já somos um dos 10 maiores produtores mundiais ( recentemente o país recomeçou a exportar este cereal com bons resultados financeiros para produtores e exportadores (link estatísticas /consumo). O sorgo passa a assumir cada vez mais um papel estratégico para a consolidação de uma política de exportação de milho, quer sob a forma direta ou agregada em carnes de aves e suínos. Clima Época de plantio Embora a época de plantio tenha relativamente pouco efeito no custo de produção, seguramente afeta o rendimento e o lucro do agricultor. A tomada de decisão quanto à época de plantio deve-se embasar nos fatores de riscos e nos objetivos propostos pelo agricultor, que tendem a ser minimizados quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas à produção. A produtividade do sorgo é função de vários fatores integrados (interceptação de radiação pelo dossel, eficiência metabólica, eficiência de translocação de fotossintatos para os grãos, capacidade de dreno, entre outros). As relações de fonte e dreno são funções de condições ambientais e genéticas, e as plantas procuram se adaptar a essas condições. As respostas diferenciadas dos genótipos à variabilidade ambiental, ou seja, à interação genótipo x ambiente, significa que os efeitos genotípicos e ambientais não são independentes. Daí a importância de conhecer a época de plantio analisando todo o ciclo da cultura, procurando prever as condições ambientais em todas as suas fases fenológicas. A grande dificuldade que se encontra é com respeito às variações ambientais não previsíveis. Essas variações imprevisíveis correspondem aos fatores ambientais altamente variáveis, não só espacialmente como de forma temporal (precipitação, temperatura do ar, vento, radiação, etc.). Sabe-se que a interação genótipo x ambiente está associada a fatores simples e complexos. Os simples são proporcionados pela diferença de variabilidade entre genótipos nos ambientes e o complexos pela falta de correlação entre os desempenhos do genótipo nos ambientes. Como pode-se observar é uma tarefa difícil estabelecer a época de plantio para uma dada região sem um conhecimento prévio das cultivares a serem plantadas e das condições ambientais onde se pretende desenvolvê-las, embora a cultura do sorgo tenha uma ampla adaptação. No que se refere a resposta do sorgo a condições ambientais deve-se preocupar com temperatura do ar, precipitação e água no solo. A maioria da redução de produtividade esta relacionada ao decréscimo do número de sementes resultante da redução do período de desenvolvimento da panícula. No que se refere a temperatura do ar, a literatura tem mostrado que existem diferentes temperaturas ótimas, ou seja, a temperatura ótima varia com a cultivar e que 5 o C acima do valor da temperatura ótima noturna pode reduzir até 33% a produtividade. Isso se deve ao aumento da taxa respiração noturna , chegando mesmo Eastin et al (1978) a concluir que para cada 1 o C de aumento a temperatura noturna há uma taxa de aumento de respiração em torno de 14%. Na literatura brasileira consultada a temperatura requerida para ótimo crescimento e desenvolvimento da cultura do sorgo não tem sido determinada para as diferentes cultivares de sorgo mas sabe-se que varia para cada cultivar. A literatura internacional tem mostrado que temperatura superior a 38 o C reduz a produtividade e que a maioria das cultivares não crescem bem em temperaturas inferiores a 16 o C. No que se refere a água, é vasta a literatura mostrando que diferentes genótipos apresentam diferente tolerância ao estresse hídrico. O sorgo tem habilidade de manter-se dormente durante o período de seca e retorna o crescimento tão logo o estresse desapareça, e possui relativamente boa resistencia à dessecação. O sorgo tem mostrado a capacidade de recuperar após prolongado período de murchamento. Bastam 5 dias de ritmo normal a abertura de estômato retorna às atividades fisiólogicas normais. As varias características xerofíticas da planta de sorgo é que o torna resistente a seca, porem a sua capacidade de recuperar após a seca é sua mais importante propriedade quando se pensa na predição de sua produtividade. Embora seja uma cultura resistente a estresse hídrico, ela também sofre efeito do déficit hídrico, chegando reduzir consideravelmente a produtividade Portanto, definir a época de semeadura, refere-se ao período em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se em condições edafoclimáticas favoráveis. No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora o cultivo do sorgo seja feito em diversas condições climáticas por ser uma cultura de ampla adaptação, considerando a variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se observar que durante todo o ciclo da cultura a temperatura é superior a 18 o C e raramente ocorrem geadas. A temperatura noturna em momento nenhum local ultrapassa valores superiores as 30 o C, inclusive, segundo a literatura apresenta valores abaixo da temperatura noturna otima. Pode, inclusive, ser em alguns locais onde a altitude é mais elevada, a temperatura noturna se baixa prejudicando o desempenho das plantas. De uma forma geral pode-se sugerir que, nessa região, a semeadura seja entre setembro e novembro, dependendo da época de início das chuvas da região considerada. A produtividade é, provavelmente, mais elevada quanto as condições do tempo permitem o plantio em outubro. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central mostram que, o atraso do plantio a partir da época mais adequada (geralmente em outubro) pode não causar danos a cultura, como causaria a cultura do milho, considerando que a mesma suporta, sem muita perda de produtividade, a déficits hídricos prolongados. Excetuando-se as elevadas altitudes, onde quem determina a época de plantio é a temperatura, no Brasil Central quem define a época de plantio é a distribuição das chuvas. O uso consuntivo de água para o sorgo durante seu ciclo varia de 380 mm e 600mm dependendo das condições climáticas dominantes. A água é absorvida diferencialmente com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale a pena ressaltar a importância da água, ou seja, o déficit hídrico tem influência direta na taxa fotossintética que está associada diretamente com a produção de grãos e, sua importância varia com o estádio fenológico em que se encontra a planta. Pesquisas mostram que até dias de estresse hídrico a cultura do sorgo recupera na sua quase totalidade de forma a reduzir muito pouco a produtividade. Em resumo, a época de semeadura é determinada em função das condições ambientais (temperatura, fotoperiodo e distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade térmicas das cultivares). Ainda com respeito ao clima deve-se levar em consideração a radiação solar e a intensidade e freqüência do veranico nas diferentes fases fenológicas da cultura. O sorgo safrinha que é plantado alem dos limites do Cerrado, não tem um período prefixado para seu plantio. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente após a soja precoce e em alguns locais após milho de verão e feijão das águas. Por ser plantado no final da época recomendada, o sorgo safrinha era esperado ter sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações de radiação solar e de temperatura do ar na fase final de seu ciclo. Além disso, como o sorgo safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de semeadura depende da época do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. Assim, o planejamento do sorgo safrinha começa com a cultura de verão, visando liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potencial e maior o risco de perdas por adversidades climáticas ( temperatura do ar, fotoperiodismo e/ou geadas). Isso a torna uma cultura de maior risco uma vez que a temperatura do ar é bastante heterogênea nessa época, ocorrendo uma variabilidade espacial e temporal muito grande e como conseqüência uma variabilidade de produção muito grande, alem disso a probabilidade de estresses hídricos muito prolongados é grande. Na safrinha além do potencial de produção ser reduzido, é uma cultura de alto risco de frustação de safras e o produtor não investe, consequentemente, tem baixa produtividade e baixo lucro. Considerando a inviabilidade de antever a interação genótipo x ambiente, a variabilidade temporal do clima com inclusive viabilidade de influência da temperatura e radiação alterando o ciclo da cultura para plantio após o mês de fevereiro e o manejo diferencial da cultura, as épocas limites recomendadas preferencialmente para a semeadura, de acordo com vários trabalhos de pesquisa encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Limite das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e região produtora. Estado Época Limite Altitude (1) Região (cidades referência) Mato Grosso 15 de março Alta Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde) Goiás e DF 15 de fevereiro Baixa Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena) 28 de fevereiro Alta Sudoeste (Rio Verde, Jataí e Montividiu) Minas Gerais 28 de fevereiro Baixa Vale do Rio Grande (Conceição das Alagoas) Mato Grosso do Sul 15 de março Baixa e Alta Centro-Norte (Campo Grande, São G. do Oeste, Chapadão do Sul) Baixa Centro-Sul (Dourados, Sidrolândia, Itaporã, Ponta Porã) São Paulo 28 de fevereiro Alta Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva, Capão Bonito) 15 de março Baixa Norte (Guaíra, Orlândia, Ituverava) Baixa Noroeste (Votuporanga, Araçatuba) 30 de março Baixa Médio Vale do Paranapanema (Assis, Ourinhos) Paraná 30 de janeiro Alta Transição (Wenceslau Braz, Mauá da Serra, sul de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até Francisco Beltrão) 15 de março Baixa Oeste e Vale do Iguaçu (Campo Mourão, sul de Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguaçu) 30 de março Baixa Norte (Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, Apucarana) Baixa Noroeste (Paravaí, Umuarama) Fonte: Vários autores citados por Duarte (2001) segundo o número e a distância dos entrenós e também segundo o pedúnculo e a panícula. A quantidade de nós está determinada pelos genes da maturação e por sua reação ao fotoperíodo e a temperatura. A distância dos entrenós varia segundo as combinações de 4 ou mais fatores genéticos e segundo o ambiente. Por outro lado a distância do pedúnculo e da panícula com fregüência são independentes. A altura da planta portanto é controlada por quatro pares de gens principais (dw1, dw2, dw3 e dw4), os quais atuam de maneira independente e aditiva sem afetar o número de folhas e a duração do período de crescimento. As plantas com os gens recessivos nos quatro loci resultam em porte mais baixo (60-80 cm), caracterizadas pelo nanismo e são chamadas "anãs-4"; enquanto que as plantas com gens recessivos em três loci e dominante no outro locus são chamadas "anãs-3". Cultivares graníferos normalmente são "anãs-3 e cultivares forrageiras são "anãs-2 ou "anãs-1", com gens recessivos em dois ou um loci respectivamente. A taxa de produção de matéria seca no sorgo é fortemente afetada pela área foliar no primeiro estádio de crescimento (germinação a iniciação da panícula). A área foliar final é determinada pelas taxas de produção e duração da expansão, pelo número de folhas produzidas e a taxa de senescência, os quais são fatores bastante afetados pelo ambiente. A temperatura, o déficit de água e as deficiências pelos nutrientes, afetam as taxas de expansão das folhas, altura da planta e duração da área foliar, sobretudo nos genótipos sensíveis ao fotoperíodo. Esses efeitos podem ser modificados por mudanças na duração do dia. A insuficiência de água é uma das causas mais comuns de redução de área foliar e está relacionada com a expansão das células. A temperatura noturna do ar baixa, geralmente atrasa o desenvolvimento dos estádios EC 2 e EC 3. Existem diferenças consideráveis das taxas diurnas de crescimento das folhas de sorgo, provavelmente como reflexo das diferenças ambientais. Tem-se observado taxas de expansão foliar de aproximadamente 60 cm2 planta-1 dia-1 o qual se traduz em taxa de crescimento relativo de 70% por dia. As folhas mais velhas mostram taxas de fotossíntese e de crescimento mais baixas, devido a mudanças causadas pela senescência. A quantidade e qualidade de luz também são importantes para a expansão foliar. Folhas que crescem em altas intensidade de luz, têm freqüentemente um maior número de células maiores que aquelas que crescem em intensidade de luz mais baixas. O estádio de três folhas completamente desenvolvidas é caracterizado pelo ponto de crescimento ainda abaixo da superfície do solo. Enquanto a taxa de crescimento da planta depende grandemente da temperatura, esse estádio usualmente ocorrerá cerca de 10 dias após a emergência. Como o ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo, caso aconteça algum problema com a parte aérea, como por exemplo chuva de granizo ou alguma outra intemperia da natureza, isto não matará a planta, ela terá condição de sobreviver. O sorgo no entanto não recupera tão vigorosamente como o milho. No estádio de 5 folhas, aproximadamente 3 semanas após a emergência o ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo. A perda das folhas igualmente não matará a planta. O crescimento nesse caso será mais vigoroso que no estádio anterior, porém ainda menos vigoroso que o milho. Nos estádios iniciais da planta de sorgo, ela entra no chamado período de crescimento rápido, acumulando matéria a taxas aproximadamente constantes até a maturação, desde que as condições sejam satisfatórias. Com cerca de 30 dias após a emergência ocorre a diferenciação do ponto de crescimento (muda de vegetativo, "produtor de folhas" para reprodutivo, "produtor de panícula"). O número total de folhas nesse estádio, já foi determinado e o tamanho potencial da panícula será brevemente determinado. Cerca de 1/3 da área total foliar está totalmente desenvolvida. Neste estádio a planta se encontra com 7 a 10 folhas, dependendo do seu ciclo, sendo que 1 a 3 folhas baixeiras já foram perdidas. Crescimento do colmo aumenta rapidamente, absorção de nutrientes também é rápida. O tempo compreendido entre o plantio até a diferenciação do ponto de crescimento geralmente é cerca de 1/3 do tempo compreendido entre semeadura e maturidade fisiológica. Perfilhamento O perfilhamento no sorgo forrageiro é uma característica considerada vantajosa, ao passo que para o sorgo granífero pode não ser, sobretudo quando não há coincidência de maturação entre planta mãe e perfilhos. Neste caso o perfilhamento pode ter efeito negativo no rendimento por sombrear as folhas da planta mãe e pela competição do uso de água e nutrientes do solo. O perfilhamento é influenciado pelo grau de dominância apical, que é regulado por fatores hormonais, ambientais e genéticos. O perfilhamento pode ser basal ou axilar. O perfilhamento axilar é originado nas axilas das folhas, enquanto que o basal origina-se de gemas basais (1 º nó) logo após o início do desenvolvimento das raízes secundárias ou depois do florescimento. Todas as gemas dos nós são morfologicamente idênticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto são mantidos em "dormência" através do fenômeno da dominância apical. A dominância apical é uma característica herdável e pode ser modificada por fatores ambientais como: temperatura do ar, fotoperíodo e umidade do solo. Fatores de manejo da cultura igualmente afetam o perfilhamento, como por exemplo a população de plantas, quanto menor a população de plantas maior a possibilidade de perfilhamento. O sorgo geralmente produz mais perfilhos em dias curtos e a temperaturas do ar mais baixas. Os perfilhos naturalmente são mais sensíveis ao déficit hídrico que a planta mãe. Acredita-se que quanto maior a disponibilidade de fotoassimilados de reserva na planta maior será o grau de perfilhamento. Dentro deste contexto quando não há fotoassimilados suficientes para a planta mãe e perfilhos, esses ainda que iniciados, podem simplesmente não se desenvolverem. Qualquer dano no ápice de crescimento na planta pode iniciar o processo de perfilhamento, uma vez que a dominância apical será quebrada. Ex.: dano no ápice por insetos, estresse severo de água ou temperatura. Danos causados por insetos na panícula principal vai originar os perfilhos axilares, os quais se desenvolvem de gemas laterais. Sistema Radicular O crescimento das raízes de sorgo está relacionado com a temperatura do ar e é limitado pela falta de umidade no solo e disponibilidade de fotoassimilados oriundos das folhas. Um dos fatores mais importantes que afetam o uso de água e a tolerância a seca é um sistema radicular eficiente. Os tipos de raízes encontrados no sorgo são: primárias ou seminais, secundarias e adventícias. As primárias podem ser uma ou várias, são pouco ramificadas e morrem após o desenvolvimento das raízes secundarias. As secundarias desenvolvem no primeiro nó, são bastante ramificadas e formam o sistema radicular principal. Já as adventícias podem aparecer nos nós acima do solo. Geralmente aparecem como sinal de falta de adaptação. São ineficientes na absorção de água e nutrientes, sua função é mais de suporte. Se fizermos uma comparação entre raízes primárias de milho e sorgo será encontrado que ambas as culturas apresentam basicamente a mesma quantidade de massa radicular, porém as raízes secundarias do sorgo são no mínimo o dobro daquelas encontradas no milho. Além do mais o sistema radicular do sorgo é mais extenso, fibroso e com maior número de pêlos absorventes. A profundidade do sistema radicular chega até 1,5 m (sendo 80% até 30 cm de profundidade no solo), em extensão lateral alcança 2,0 m. O crescimento das raízes em geral termina antes do florescimento, nessa fase a planta passa a priorizar as partes reprodutivas (panículas) as quais apresentam grande demanda por fotoassimilados. Em solos ácidos com alta saturação de Al tóxico a formação do sistema radicular é reduzido. Plantas com gens para tolerância a Al tóxico desenvolvem um sistema radicular mais profundo e mais eficiente na aquisição de água e nutrientes. Geralmente variedades de sorgo resistentes a seca tem mais biomassa radicular e maior volume de raízes e também maior proporção raiz/caule que os materiais susceptíveis a seca. O estresse de fósforo, comum em solos dos Cerrados, pode ser corrigido através de adubações fosfatadas. Neste caso, os subsolos do cerrado geralmente aumentam a proporção raiz / parte aérea das plantas na tentativa de explorar um perfil maior do solo. Desenvolvimento da parte aérea A fotossíntese fornece cerca de 90% a 95% da matéria seca ao vegetal, assim como a energia metabólica requerida para o desenvolvimento da planta. Durante o ciclo, a planta de sorgo depende das folhas como os principais órgãos fotossintéticos, e a taxa de crescimento da planta depende tanto da taxa de expansão da área foliar, como da taxa de fotossíntese por unidade de área foliar. Na medida que a copa da planta se fecha, outros incrementos no índice de área foliar têm pouco ou nenhum efeito sobre a fotossíntese, a qual passa a depender da radiação solar incidente e da estrutura da copa vegetal. A inflorescência do sorgo, considerada grande para os padrões normais, pode interceptar 25 a 40% da radiação incidente e fornecer 15% ou mais da fotossíntese total da copa, variando é claro com o genótipo As taxas de fotossíntese das folhas do sorgo vão de 30 a 100 mg CO 2 dm -2 h -1 dependendo do material genético, intensidade de luz fisiologicamente ativa e da idade das folhas. Folhas de sorgo contém um grande número de estômatos, por sinal tem sido estimado que estas possuem 50% a mais de estômatos por unidade de área do que a planta de milho, porém os estômatos do sorgo são menores. O número total de folhas numa planta varia de 7 a 30, sendo geralmente de 7 a 14 para genótipos adaptados de sorgo granífero. O comprimento da folha pode chegar a mais de 1 metro, enquanto que a largura de 0,5 a 15 cm. Os fatores que determinam o número de folhas no sorgo são: cultivar, fotoperíodo, e temperatura. As partes da folha incluem: limbo no qual estão presentes os estômatos localizados nas 2 faces; bainha a qual liga-se ao nó e envolve o internódio acima e a lígula, que é a junção da bainha com o internódio. A posição da folha na planta pode variar de vertical a horizontal, concentrando-se se mais na base ou ainda serem uniformemente distribuídas na planta. As folhas do sorgo possuem depósito de substância cerosa na junção da bainha com o limbo, o que leva a planta perder menos água na transpiração, sendo importante para a economia de água sobretudo em condições de estresse hídrico. tem concentrado esforços em estudar estresse hídrico durante o enchimento de grãos, e tem sugerido utilizar a "porcentagem de trilhamento" como melhor característica a ser utilizada em programas de seleção de genótipos tolerantes a seca. Esta taxa é a relação entre a massa do grão/massa total da panícula. Em geral parece haver no sorgo uma correlação grande entre resistência ao calor e a falta de água. Também parece haver correlação entre resistência a seca e a teores de alumínio no solo. O déficit hídrico quando acontece no estádio EC1, provoca menos danos a planta do que em EC2. No estádio EC2 a escassez de água vai resultar na redução das taxas de crescimento da panícula e das folhas e no número de sementes por panícula. Esses efeitos são devidos provavelmente a uma redução na área foliar, resistência estomatica aumentada, fotossíntese diminuída e a uma desorganização do estado hormonal da panícula em diferenciação. Quando a falta de água acontece no EC3, o resultado é a senescencia rápida das folhas inferiores, com consequente redução no rendimento de grãos. O sorgo para produzir grãos requer cerca de 25 mm de água após o plantio, 250 mm durante o crescimento e 25 a 50 mm durante a maturidade. Luz Em condições não estressantes, fotossíntese é afetada pela quantidade de luz fotossinteticamente ativa, proporção desta luz interceptada pela estrutura do dossel e pela distribuição ao longo do dossel. O efeito do sombreamento no sorgo, com a consequente redução da fotossíntese, tem um efeito menor quando acontece em EC1 do que quando em EC2 e EC3. Isto pode ser explicado pela maior atividade metabólica da planta nesses dois estádios. Além da maior atividade, a demanda por fotoassimilados também é maior, portanto requer da planta uma taxa fotossintética alta para satisfazer os órgãos reprodutivos em crescimento. Muito embora o sombreamento vai sempre resultar numa redução de crescimento da cultura, em proporção direta a redução da radiação, o efeito final no rendimento de grãos pode ser pequeno. Temperatura do ar Devido a sua origem tropical o sorgo é um dos cultivos agrícolas mais sensíveis a baixas temperaturas noturnas. A temperatura ótima para crescimento está por volta de 33 a 34 º C. Acima de 38 º C e abaixo de 16 º C a produtividade decresce. Baixas temperaturas durante o desenvolvimento vegetativo,(< 10 º C) causam redução na área foliar, perfilhamento, altura, acumulação de matéria seca e um atraso na data de floração. Isto é devido a uma redução da síntese de clorofila, especialmente nas folhas que se formam primeiro na planta jovem com conseqüente redução da fotossíntese. Os efeitos da temperatura durante EC2 se manifesta no número de grãos por panícula afetando diretamente o rendimento final de grãos. Temperaturas mais altas geralmente tendem a antecipar a antese, assim como pode causar aborto floral. O desenvolvimento floral e a fertilização dos grãos pode ocorrer até com temperaturas de 40 a 43 º C, 15% a 30% de umidade relativa, desde que haja umidade disponível no solo. Altas e baixas temperaturas estimulam perfilhamento basal. Quando comparado ao milho, o sorgo é mais tolerante a temperaturas altas e menos tolerante a temperaturas baixas. A temperatura baixa afeta, o desenvolvimento da panícula principalmente por seu efeito sobre a esterilidade das espiguetas. A sensibilidade a temperaturas baixas é maior durante a meiose. Tanino no grão de sorgo Devido ao fato do sorgo não apresentar uma proteção para as sementes, como por exemplo a palha no caso do milho, as glumas para o trigo e a cevada, a planta de sorgo produz vários compostos fenólicos os quais servem como uma defesa química contra pássaros, patógenos e outros competidores. Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de proteína, amido, lipídios etc., porém vários compostos fenólicos pode ocorrer ou não, e entre esses compostos destaca-se o tanino condensado que tem ação antinutricional principalmente para os animais monogastricos. Como esses polifenóis são metabólitos secundários, ou seja não participam de vias metabólicas responsáveis por crescimento e reprodução, a presença e a natureza deles variam enormemente. A presença do tanino no grão de sorgo depende da constituição genética do material. Caso os genótipos possuam os genes dominantes B 1 , e B 2 , este sorgo é considerado com presença de tanino. No passado, era comum encontrar classificação de sorgo, dos grupos I, II e III representando teores baixos, médios e altos de tanino. Hoje sabe-se que o tanino está presente ou ausente no grão. A pesquisa tem mostrado que percentuais abaixo de 0,70% no grão, verificado em algumas análises laboratoriais, são devidos a outros fenóis e não ao tanino condensado, e que portanto, não são prejudiciais a dieta alimentar dos animais. Assim, este sorgo é considerado com ausência de tanino, acima de 0,70% de fenois totais é considerado com presença de tanino. O tanino no sorgo tem causado bastante controvérsia, uma vez que, apesar de algumas vantagens agronômicas, como a resistência a pássaros e doenças do grão, ele causa problemas na digestão dos animais pelo fato de formarem complexos com proteínas e assim diminuírem a sua palatabilidade e digestibilidade. A determinação da presença dos taninos no grão de sorgo apresenta vários problemas, uma vez que os métodos colorimétricos geralmente não diferenciam taninos de outros compostos fenólicos. Outra dificuldade é a obtenção de substâncias adequadas para serem utilizadas como padrão para estes métodos. Os vários compostos fenólicos presentes no grão de sorgo podem afetar a cor, a aparência e a qualidade nutricional . Esses compostos podem ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são encontrados em todo tipo de sorgo, ao passo que flavonóides podem ser detectados em muitos porém não em todo sorgo. O fenol conhecido como tanino encontra-se concentrado na testa da semente. A testa é um tecido altamente pigmentado localizado logo abaixo do pericarpo. A presença da testa é fator determinante da presença de tanino em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolizáveis e condensados. Não há evidências da presença de grandes quantidades de tanino hidrolizável no sorgo. Já o tanino condensado é aquele que é encontrado em materiais de sorgo resistentes a pássaros. Os ácidos fenólicos não tem efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem causar cor indesejável aos alimentos quando processados sob condições alcalinas. Os flavanóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem-se em um amplo grupo de compostos fenólicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles estão entre os principais pigmentos presentes em vegetais. Solos O cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de rotação e/ou sucessão, necessita de condições mínimas de solo para que a cultura se estabeleça e se desenvolva normalmente. Especialmente no caso da safrinha é importante manejar adequadamente o solo para proporcionar o rápido estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolverá em condições menos favoráveis especialmente quanto à umidade disponível no solo. Com este enfoque, o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens comparativas aos métodos tradicionais de preparo do solo, que envolvem aração e gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na implantação da cultura em sucessão, com menor consumo de energia e, a maior infiltração da água associado a menor perda por evaporação que resulta em maior conservação de umidade. Solos Manejo do solo para o cultivo do sorgo A área cultivada com sorgo deu um salto extraordinário à partir do inicio dos anos 90. O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo granífero, enquanto o Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a área de sorgos forrageiros. O sorgo granífero é cultivado basicamente sob 3 sistemas de produção no Brasil: no Rio Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central a semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja. E no Nordeste a cultura é plantado na estação das chuvas ou de "inverno". Esse tópico trata basicamente do sorgo plantado após a soja precoce, (ou sorgo safira) portanto o manejo do solo deve ser considerado levando em consideração essa sucessão de culturas e não somente o sorgo. O sorgo “safrinha” é definido como sorgo de sequeiro cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, na região Centro-Sul brasileira, envolvendo basicamente os estados de SP, GO, MT, MS, DF, MG e BA A implantação do sorgo safrinha no final do período chuvoso deixa o agricultor na expectativa de ocorrência de déficit hídrico a partir desse período. Assim, toda estratégia de manejo do solo deve levar em consideração propiciar maior quantidade de água disponível para as plantas. Nesse caso, sempre que possível deve-se optar pelo sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas operações, principalmente no plantio realizado simultaneamente à colheita, permitindo o plantio o mais cedo possível. Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da superfície do solo, permitirá o aumento da infiltração da água no solo e a redução da evaporação. Em algumas áreas de plantio direto, já se constatou aumento do teor de matéria orgânica do solo, afetando a curva de retenção de umidade e aumentando ainda mais o teor de umidade para as plantas. Embora exista uma grande diversidade de preparo de áreas para o cultivo do sorgo na segunda safra, predomina o emprego do plantio direto permanente (PDP) ou temporário (PDT), visando antecipar a implantação do sorgo “safrinha”. No preparo direto temporário realiza-se a semeadura direta do sorgo “safrinha” e o preparo convencional para a soja. Nesse caso, no verão, tem sido freqüente o preparo com grades. Em áreas com grande infestação de plantas daninhas, no momento da colheita da soja, e quando o agricultor não dispõe de máquina para semeadura direta, utiliza-se o preparo com grades no outono-inverno. Uma desvantagem da grade aradora é que provoca grande pulverização do solo. Alem disso, o uso da grade continuamente no verão e na safrinha por anos sucessivos pode provocar a formação do "pé-de- grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a com vistas à introdução de sistema SPD e de integração lavoura-pecuária que possibilitam o uso intensivo e sustentável do recurso solo. Somente com a tomada de consciência de que todas estas etapas são igualmente importantes e que o produto final, a produtividade, vai refletir aquela etapa que for executada com pior qualidade é que se conseguirá eficiência no manejo do solo. Em outras palavras, em nada adiantará alta eficiência nas atividades se, em apenas uma delas, houver descuido. Esta falha vai nivelar por baixo a produtividade, com graves prejuízos ao produtor. Disto se conclui que o manejo do solo deve contemplar, de maneira harmoniosa, atividades relacionadas ao solo, às plantas e aos seus resíduos visando maximização da produtividade sem perder de vista os seus efeitos no manejo e na conservação do solo e da água. Equipamentos para o manejo do solo A escolha e utilização dos equipamentos agrícolas, nos diferentes sistemas de manejo do solo, são dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para exploração agrícola. Além disso, os requerimentos de energia nos sistemas de manejo do solo poderão definir a viabilidade econômica dos referidos sistemas. Para que um equipamento seja utilizado racionalmente e eficientemente, é necessário conhecer o sistema de manejo de solo que ele vai atender, as características desejáveis que o solo deverá apresentar, a energia consumida e, também a sua capacidade efetiva de trabalho, (ha/h). Dos diferentes sistemas de manejo de solo e suas características, utilizados, em diferentes regiões produtoras do mundo, podemos destacar a seguir: 1. Sistema Convencional: combinação de uma aração (arado de disco) e duas gradagens, feitas com a finalidade de criar condições favoráveis para o estabelecimento da cultura. 2. Sistema Cultivo Mínimo: refere-se à quantidade de preparo do solo, para criar nele condições necessárias a uma boa emergência e estabelecimento de planta. 3. Sistema Conservacionista: qualquer sistema de preparo do solo que reduza a perda de solo ou água, comparado com os sistemas de preparo que o deixam limpo e nivelado. 3.1. Plantio Direto: método de plantio que não envolve preparo de solo, a não ser na faixa e profundidade onde a semente será plantada. O uso de picador de palha na colhedora automotriz é importante para uma melhor distribuição da palhada na superfície do solo e as plantas daninhas são controladas por processos químicos. 3.2. Escarificador: tem a finalidade de quebrar a estrutura do solo a uma profundidade de 20-25 cm, através do arado escarificador, sem inversão da leiva, deixando o solo com bastante rugosidade e com uma apreciável quantidade de cobertura morta. Com isto, apresenta uma excelente capacidade de infiltração de água no solo. 3.3. Camalhão: pode-se fazer camalhões anuais e permanentes, sendo, em ambos os casos, usados para plantio de culturas em linha. Os melhores resultados deste sistema são em solos nivelados, mal drenados. Os camalhões podem ser construídos com arado de aiveca, sulcadores ou implementos próprios. O plantio é feito após reduzido preparo de solo. A conservação do solo apresentada neste sistema vai depender da quantidade de resíduo e direção das linhas de plantio. Plantio em curva de nível, juntamente com o acúmulo de resíduo na superfície reduz as perdas de solo. Equipamentos agrícolas utilizados para o manejo da palhada. Nos sistemas de produção onde o agricultor explora uma cultura anualmente, o picador de palha tem a finalidade de aumentar a rapidez de decomposição dos restos de cultura, melhorar a habilidade de o arado incorporá-lo e evitar embuchamento nas operações de plantio. Nos sistemas de produção de duas culturas anuais, (inverno e verão) o volume de restos de cultura é maior e o tempo disponível para decomposição dos mesmos é menor; conseqüentemente, há necessidade de uma boa distribuição deste material no solo para maior facilidade das operações subseqüentes. O material deve ser bem picado, para evitar embuchamento junto aos sulcadores das semeadoras. Caso seja adotado o sistema convencional de preparo do solo, os motivos para se usar o picador de palha são os mesmos descritos anteriormente. Se o sistema adotado for de plantio direto o uso do picador de palha trará como conseqüências à uniformização da palhada em toda a área, diminuindo a evaporação da água da superfície, e a melhoria da eficiência dos herbicidas. Nos sistemas de exploração de culturas mecanizadas, esta etapa de picar palha, realiza-se durante a colheita, tendo-se vista que as colhedoras são geralmente providas de um picador de palha, posteriormente sendo esta palha distribuída na superfície do solo, Mesmo assim, para cultura do milho, haverá necessidade de uma operação complementar para picar melhor a palha, pois, somente uns 30% da palhada passa por dentro da colhedora. Para tanto, pode-se utilizar uma roçadeira ou de um picador de palha. Para outras culturas, tais como soja, trigo e arroz a necessidade da operação complementar vai depender da altura do corte da colhedora. Caso a colheita seja feita com a barra de corte bem próxima ao solo e com colhedora equipada com picador de palha, esta operação será dispensada. Para o caso de não utilização de colhedoras com picadores e há necessidade de manejar outras culturas de cobertura, pode-se usar triturador, roçadora ou um rolo-faca. Tanto o triturador quanto a roçadora promovem uma fragmentação excessiva, recomendada apenas quando há grande quantidade de massa vegetal e quando se utiliza semeadoras com espaçamento entre linhas reduzido(menor que 50cm). O rolo faca realiza o acamamento e o corte total ou parcial do material, dependendo de suas características construtivas. Como a palha não é muito picada , a decomposição dos resíduos é mais lenta, no entanto, sua eficiência depende do tipo de cobertura vegetal, do desenvolvimento da planta na época do manejo, da umidade do solo e da regularidade da sua superfície. Equipamento para Preparo do Solo O nosso sistema convencional de preparo de solo consiste de uma aração com arado de disco e duas gradagens com grade (destorroadora e niveladora). Para as culturas anuais, as grades pesadas vinham sendo bastante utilizadas, por promoverem maior rendimento por hectare, devido às altas velocidades de trabalho e pela habilidade de trabalhar nos solos, recém desmatados, onde o sistema radicular da vegetação traz sérios problemas para os arados. Tem sido verificado que a medida que se aumenta a área da propriedade, há uma preferência pela grade aradora em detrimento do arado de disco, conforme é mostrado na Tabela 1. Tabela 1. Distribuição percentual do uso do Arado de Disco e da Grade Pesada por extrato de áreas no município de Ituiutaba, MG Área (ha) Arado de Disco Grade Aradora 0-50 84 16 51-100 100 0 101-200 75 25 201-500 25 75 501-1000 0 100 Fonte: Gois(1993) Esta tendência é confirmada por Melo Filho &Richetti (1998) que ,em levantamento realizado no MS, verificaram que a grade pesada é usada por 57,32% dos produtores entrevistados enquanto que o arado de discos, é utilizado por apenas 5,10% dos produtores. A maior preferência pela grade aradora ou grade pesada pode ser atribuído a seu maior rendimento de trabalho e menor consumo de combustível (Tabela 2). Tabela 2. Consumo de combustível e rendimento de diferentes implementos de preparo do solo. Equipamento Consumo de combustível Rendimento l/há Relativo(%) ha/hora Arado de discos 25,7 (100) 0,40 Grade pesada 13,9 (54) 0,90 Escarificador A 17,1 (67) 0,83 Escarificador B 20,2 (79) 0,78 Escarificador C 17,4 (68) 0,87 Escarificador D 20,6 (80) 0,70 Fonte: Hoogmoed e Derpsch,1985 citados por Derpsch, et al.,1991 Uma desvantagem da grade aradora é que provoca grande pulverização do solo. Além disso, o uso da grade continuamente, no verão e na safrinha, por anos sucessivos, pode provocar a formação do "pé-de-grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a 10-15 cm. Essa camada reduz a infiltração de água no solo, o que, por sua vez, irá favorecer maior escorrimento superficial e, conseqüentemente, a erosão do solo e a redução da produtividade do milho safrinha (DeMaria & Duarte, 1997; DeMaria et al., 1999) e do milho na safra normal (Cruz,1999). A incorporação de corretivos e, esporadicamente, de fertilizantes a menores profundidades, com a grade aradora, associada à existência de uma camada compactada logo abaixo, vai estimular o sistema radicular das culturas a permanecer na parte superficial do solo. A planta passa a explorar, portanto, menor volume de solo e fica mais vulnerável a veranicos que porventura ocorram durante o ciclo da cultura, podendo causar prejuízos ao agricultor (Castro, 1989, DeMaria et al., 1999). Devido a dificuldades técnicas encontradas no uso dos arados de aiveca, fabricados no País, para tração mecânica, os mesmos vinham sendo mais utilizados para tração animal. Entretanto, nos últimos anos, alguns fabricantes começaram a se interessar por este tipo de Total 62.7 Plantio Direto 1ª pulverização (0,4 kg/ha)PARAQUAT 2.528 2ª pulverização (2,4 kg/ha) ALACHLOR 13.986 (1,5 kg/ha) ATRAZINE 8.73 Plantio 4.7 Total 29.726 Fonte: Richey et all, 1977 Iniciado nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, em 1970, e com o processo de adoção pelos agricultores a partir de 1976, o Plantio Direto está hoje sendo adotado e adaptado a quase todas as regiões do Brasil. Segundo levantamento da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (Febrapdp), na safra 90/91, apenas 1 milhão de hectares eram cultivados com o sistema. Dois anos depois, em 92/93, a área dobrou e, em 1994, atingia três milhões de hectares, alcançando hoje, cerca de 12 milhões de hectares, incluindo tanto grandes como médios e pequenos produtores, dentre estes os que utilizam tração animal, e expandindo-se em todo o território nacional ( Técnicos, 2000). Os estados do Rio Grande do Sul e Paraná e a região dos Cerrados são os locais de maior expansão dessa técnica, que hoje é aplicada não só nas culturas de soja e milho, mas também de feijão, sorgo, arroz, trigo, cana-de-açúcar e pastagens, além das aplicações de pré-plantio para florestas, citrus e café (Frutos da terra, 2000). Nutrição e adubação Introdução A fertilidade dos solos, a nutrição e adubação são componentes essenciais para a construção de um sistema de produção eficiente. A disponibilidade de nutrientes deveestar sincronizada com o requerimento da cultura, em quantidade, forma e tempo. Um programa racional de adubação envolve as seguintes considerações: a) diagnose da fertilidade do solo; b) requerimento nutricional do sorgo de acordo com a finalidade de exploração, grãos ou forragem; c) os padrões de absorção e acumulação do nutrientes, principalmente N e K; d) fontes dos nutrientes; e) manejo da adubação. É importante ressaltar que nos últimos anos, a agricultura brasileira, de um modo geral, vem passando por importantes mudanças tecnológicas resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Dentre essas tecnologias destaca-se a conscientização dos agricultores da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao manejo adequado, o qual incluí entre outras práticas, a rotação de culturas, o plantio direto e o manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc). Diagnose da fertilidade do solo Os solos apresentam diferenças em sua capacidade no fornecimento de nutrientes, dependendo da quantidade de reservas totais, dinâmica de mobilização e fixação e da disponibilidade dos nutrientes para as raízes, Desse modo, é necessário quantificar, por meio de análises químicas, o potencial dos solos em fornecer os nutrientes e oestado nutricional das plantas, como instrumentos para o uso eficiente de corretivos e fertilizantes. Além destes fatos, é necessário também levar em consideração osdiferentes esquemas de rotação e sucessão de culturas que apresentam diferençasnas exigências nutricionais e reciclagem dos nutrientes pelas diferentes culturas componentes dos sistemas de produção utilizados nas propriedades agrícolas. A Figura 1, ilustra a classificação da fertilidade dos solos, utilizada para interpretação da capacidade dos solos em suprir nutrientes as culturas. Para que o objetivo do manejo racional da fertilidade do solo seja atingido é imprescindível a utilização de uma série de instrumentos de diagnose de possíveis problemas nutricionais que, uma vez corrigidos, aumentarão as probabilidades de sucesso na agricultura. Assim, o agricultor ao planejar o cultivo do sorgo deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) expectativa de produção; b) diagnose adequada dos problemas – análise de solo e histórico de calagem e adubação das glebas; c) quais nutrientes devem ser considerados neste particular caso? (muitos solos tem adequado suprimento de Ca, Mg, Fe, etc.); d) quais nutrientes não necessitam ser considerados a cada ano ? (Ca e Mg suprido pela calagem; Zn e Cu residual no solo e, maior ou menor exigência da cultura); e) quantidades de P e K necessários na semeadura ? - determinado pela análise de solo e removido pela cultura; f) qual a fonte, quantidade e, quando aplicar N ? (baseado na análise de solo e produtividade desejada); g) quais nutrientes podem ter problemas neste solo ? (lixiviação de nitrogênio em solos arenosos, ou são necessários em grandes quantidades); h) outros fatores agronômicos (híbridos, espaçamento, densidade de plantas, sanidade, disponibilidade de água, etc.), são satisfatórios?. Figura 1. Conceitos utilizados para interpretação dos indicadores da fertilidade dos solos e sua capacidade potencial no suprimento de nutrientes às culturas. Exigências nutricionais O requerimento nutricional varia diretamente com o potencial de produção. Por exemplo, os dados apresentados na Tabela 1, dão uma idéia da extração de nutrientes pelo sorgo. Observa-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, e que a maior exigência do sorgo refere-se ao nitrogênio e potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e fósforo. Devido ao fato de culturas com maiores rendimentos extraírem e exportarem maiores quantidades de nutrientes (Tabela 1) e, portanto, necessitarem de doses diferentes de fertilizantes, nas recomendações oficiais de adubação para a cultura do sorgo no Brasil, as doses dos nutrientes são segmentadas conforme a produtividade esperada. Isso se aplica mais apropriadamente, a nutrientes como nitrogênio e o potássio, extraídos em grandes quantidades, mas também é valido para o fósforo e, de certo modo para o enxofre. O conceito é menos importante para o cálcio e o magnésio, cujos teores nos solos, com a acidez adequadamente corrigida, devem se suficientes para culturas de sorgo com altas produtividades. Tabela 1. Extração média de nutrientes pela cultura do sorgo em diferentes níveis de produtividades. Matéria seca Grãos Nutrientes extraídos1/ total N P K Ca Mg kg/ha % ---------------------------kg/ha ------------------------------- 7.820 2/ 37 93 13 99 22 8 9.9503/ 18 137 21 113 27 28 12.5403/ 16 214 26 140 34 26 16.5803/ 18 198 43 227 50 47 1/ Para converter P em P2O5, K em K2O, Ca em CaO e Mg em MgO, multiplicar por 2,29, 1,20, 1,39 e 1,66, respectivamente. Fonte: 2/Pitta et al. (2001) e 3/Fribourg et al. (1976). No que se refere à exportação dos nutrientes (Tabela 1), o fósforo e o nitrogênio é quase todo translocado para os grãos, seguindo-se o magnésio, o potássio e o cálcio. Isso implica que a incorporação dos restos culturais do sorgo devolve ao solo parte dos nutrientes, principalmente potássio, cálcio e magnésio, contidos na palhada. Entretanto, mesmo com a manutenção da palhada na área de produção e, em decorrência da grandes quantidades que são exportadas pelos grãos, faz-se necessária a reposição desses nutrientes em cultivos seguintes. O sorgo destinado a produção de forragem, tem recomendações especiais porque todo material é cortado e removido do campo antes que a cultura complete seu ciclo. Com isso, a remoção de nutrientes é muito maior do que aquela para a produção de grãos. Diagnose foliar Além dos sintomas característicos de uma ou outra desordem que só se manifestam em casos graves, a identificação do estado nutricional da planta somente é possível pela análise química da mesma. A utilização da análise do tecido vegetal como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em seus tecidos. A parte amostrada deve ser representativa da planta toda e o órgão preferencialmente escolhido é a folha, pois a mesma é a sede do metabolismo e reflete bem, as mudanças na nutrição. No caso do sorgo, folhas na posição mediana da planta, coletadas por ocasião do emborrachamento são comumente utilizadas. Normalmente recomenda-se a coleta de 30 folhas por hectare ou talhão homogêneo. Não se deve coletar amostras das folhas quando, nas semanas antecedentes, fez-se uso de adubação no solo ou foliar, aplicaram-se defensivos ou após períodos intensos de chuva. O ideal é que as amostras cheguem ao laboratório ainda verdes, no mesmo dia a coleta, acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e transportadas em caixas com gelo. Caso isto não seja possível, é aconselhável que as folhas sejam rapidamente lavadas com água corrente e enxaguadas com água filtrada ou destilada, acondicionadas em sacos de papel reforçados e postas para secar ao sol ou em estufa a 70oC. A identificação da amostra deve conter o seu número, cultura, localidade, data da coleta, nutrientes para analisar e endereço para resposta. Os teores foliares de macro e micro nutrientes considerados adequados para culturas produtivas de sorgo, são apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Valores de referência dos teores foliares de nutrientes considerados adequados para a cultura do sorgo Macronutrientes Teor (%) Micronutrientes Teor (mg/dm3) Nitrogênio 2,31- 2,90 Boro 20 Fósforo 0,44 Cobre 10-30 Figura 5. Sintomas de deficiência de zinco. Foto: Grundon et al. (1987). Sem necrose Cor verde escuro das folhas mais velhas seguindo-se tons roxos nas pontas e margens; o colmo também pode ficar roxo (Figura 6) - Fósforo Foto: Embrapa Milho e Sorgo Figura 6. Sintomas de deficiência de fósforo. Pequenas manchas brancas nas nervuras maiores, encurvamento do limbo ao longo da nervura principal - Molibidênio. Sintomas Iniciais na Parte Superior da Planta Com clorose As pontas das folhas mais novas gelatinizam e, quando secas, grudam umas às outras; à medida que a planta cresce, as pontas podem estar presas. Nas folhas superiores aparecem, sucessivamente, amarelecimento, secamento, necrose e dilaceração das margens e clorose internerval (faixas largas); morte da região de crescimento (Figura 7) - Cálcio Foto: Embrapa Milho e Sorgo Figura 7. Sintomas de deficiência de cálcio. Faixas alongadas aquosas ou transparentes que depois ficam brancas ou secas nas folhas novas, o ponto de crescimento morre; baixa polinização; quando as espigas se desenvolvem podem mostrar faixas marrons de cortiça na base dos grãos (Figura 8) - Boro Foto: Grundon et al. (1987). Figura 8. Sintomas de deficiência de boro. Amarelecimento das folhas novas logo que começam a se desenrolar, depois as pontas se curvam e mostram necrose, as folhas são amarelas e mostram faixas semelhantes às provocadas pela carência de ferro; as margens são necrosadas; o colmo é macio e se dobra (Figura 9) - Cobre Foto: Grundon et al.(1987) Figura 9. Sintomas de deficiência de cobre. Foto: Grundon et al.(1987). Clorose internerval em toda a extensão da lâmina foliar, permanecendo verdes apenas as nervuras (reticulado finas de nervuras) (Figura 10) - Ferro Foto: Grundon et al. (1987) Figura 10. Sintomas de deficiência de ferro. Foto: Grundon et al. (1987). Clorose internerval das folhas mais novas (reticulado grosso de nervuras) e depois de todas elas, quando a deficiência for moderada; em casos mais severos aparecem no tecido faixas longas e brancas e o tecido do meio da área clorótica pode morrer e desprender-se; colmos finos (Figura 11) - Manganês Foto: Grundon et al. (1987). As recomendações de calagem objetivam corrigir a acidez do solo e tornar insolúvel o alumínio, o que, aliadas a outras práticas de manejo da fertilidade, têm a função de elevar a capacidade produtiva dos solos. As quantidades de corretivos da acidez do solo são determinadas por diferentes metodologias e visam o retorno econômico das culturas a médio prazo (4 a 5 anos). Como a calagem é uma prática que envolve sistemas de rotação e sucessão de culturas, na sua recomendação, deve-se priorizar a cultura mais sensível à acidez do solo. Assim, pelos seus efeitos e sua importância nos diferentes níveis tecnológicos dos diversos sistemas de produção usados no Brasil, o desenvolvimento ou adaptação de cultivares mais tolerantes à acidez do solo via melhoramento genético, não elimina o uso do calcário na agricultura. Embora a toxidez de alumínio na superfície do solo (0-20cm) possa ser corrigida pela aplicação de calcário, sua baixa solubilidade e movimentação no solo, impedem, em um curto período de tempo, a eliminação ou redução do alumínio tóxico no subsolo (>40 cm). Assim, o uso de genótipos de sorgo mais tolerantes ao Al é uma importante estratégia para uma maior estabilidade e sustentabilidade da produção. A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve sempre ser feita com base no conhecimento de algumas características químicas e na textura do solo, da camada subsuperficial (20 a 40 cm). Haverá maior probabilidade de resposta ao gesso quando a saturação por Al3+ da CTC efetiva, for maior que 25 %, e/ou o teor de Ca, menor que 0,5 cmolc /dm3 de solo. Recomendação e Manejo da Adubação Com a introdução do conceito de adubação dos sistema de produção e não por culturas específicas, pode-se dizer que o manejo dos corretivos da acidez do solo (calcário e gesso), fertilizantes fosfatados, potássicos e micronutrientes, são bem definidos. De acordo com as necessidades dos solos e culturas estes podem ser manejados através da aplicação a lanço, na pré - semeadura como adubação corretiva; no sulco de semeadura, como adubação de manutenção e, combinação desses métodos. Para os micronutrientes a aplicação pode também ser via foliar e nas sementes. No caso específico do sorgo granífero semeado em sucessão as culturas de verão, o principal questionamento que tem sido feito é se há necessidade de adubação e, em caso afirmativo, qual deve ser a quantidade a ser aplicada na semeadura e em cobertura. Dentro desse enfoque, pesquisas sobre a adubação do sorgo granífero em sucessão a cultura da soja, tem evidenciado efeitos positivos na produção (Tabela 3). Mesmo em anos com ocorrência de acentuado déficit hídrico, a adubação tem mostrado ganhos significativos na produção do sorgo (Tabela 4). Tabela 3 – Produção de grãos de sorgo, em kg/ha, cultivado em sucessão à soja, em diferentes níveis de adubação, Uberaba, MG. Adubação nasemeadura(kg/ha de 4-14- 8) Doses de nitrogênio em cobertura (kg/ha)1/ ......0...................... 40 ................................ 80 0 2.418 3.188 2.865 200 2.670 3.552 3.263 400 3.159 3.801 3.622 200 + 20N + 20N2/ ****** 4.266 ****** 1/Cobertura nitrogenada, na forma de uréia, aplicada aos 35 dias após a emergência das plantas. 2/Nitrogênio aplicado aos 35 e 45 dias após a emergência das plantas. Fonte: modificada de Viana et al. (1992). Tabela 4 – Produção média de grãos, em kg/ha, de sorgo em diferentes níveis de adubação. Manga, MG. Adubação na semeadura 4 – 30 – 16 Nitrogênio em cobertura 1/ S. amônio -----------Anos------------ -----------Kg/ha--------------- -----------Grãos-kg/ha----- 0 0 4.546 339 0 40 4.436 1.511 0 80 4.022 1.411 100 0 6.022 2.664 100 40 6.694 2.170 100 80 5.718 2.515 200 0 6.380 3.113 200 40 6.540 3.376 200 80 6.360 3.106 Cobertura nitrogenada, aplicada aos 35 dias após a emergência das plantas. Fonte: modificada de Viana et al. (1986). As sugestões para recomendação de fertilizantes na cultura do sorgo granífero, devem seguir tabelas estaduais ou mesmo regionais, pois estas são adaptadas experimentalmente às mesmas. Todavia, neste capítulo são apresentadas as recomendações sugeridas pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, e estão resumidas na Tabela 5. Tabela 5. Recomendação de adubação para o sorgo granífero e forrageiro em função dos teores de P e K no solo e expectativas de produtividades. Produtividade (t/ha) Dose de N no plantio Disponibilidade de fósforoBaixa Média Alta P2O5(kg/ha) Disponibilidade de potássioBaixa Média Alta k2O(kg/ha) Dose de N em cobertura Grãos Sorgo Granífero 4 - 6 20 - 30 70 50 30 50 20 40 60 6 - 8 20 - 30 80 60 40 70 60 40 80 Forragem Sorgo Forrageiro < 50 20 - 30 70 50 30 75 60 30 70 50 - 60 20 - 30 80 60 40 100 90 60 100 > 60 20 - 30 90 70 50 150 120 90 140 Fertilidade do Solo, Nutrição e Adubação do Sorgo Na adubação fosfatada e potássica de manutenção para a cultura do sorgo, em solos em que os teores de fósforo e potássio “disponível”, sejam iguais ou maiores do que o limite superior da classe média (Figura 1, Tabela 5), pode-se utilizar o conceito da aplicação da dose de acordo com a quantidade removida no produto colhido. Para o fósforo, considera-se que para cada tonelada de grãos produzida, são exportados de 8 a 10 kg de P2O5. Esse mesmo valor pode ser considerado quando se cultiva o sorgo para produção de forragem, visto que, a exportação de fósforo, quando se cultiva o sorgo para esta finalidade, é semelhante àquela para a produção de grãos, onde encontra-se mais de 80% do fósforo absorvido pela cultura. Para o potássio, as quantidades exportadas variam de acordo com o nível de produtividade. Assim, para produtividades inferiores a 6,0 t de grãos ha-1 tem-se uma exportação média ao redor de 4 kg de K2O por tonelada de grãos e para produtividades acima de 8,0 t de grãos ha-1 de 6 kg de K2O por tonelada de grãos. Quando o sorgo for destinado à produção de forragem, a extração média é de aproximadamente 13 kg de K2O por tonelada de matéria seca produzida. A adubação nitrogenada em cobertura deve ser efetuada quando as plantas atingirem entre 30 a 40 centímetros de altura. Em plantios estabelecidos de sucessão ou rotação com a soja, o nitrogênio nas adubações de cobertura, poderá ser diminuído em 20 kg/ha daquela sugerida na Tabela 5. Nas adubações em coberturas convencionais e se o fertilizante usado for a uréia, esta deve ser incorporada a uma profundidade de 5 cm para redução das perdas. Em solos de textura arenosa ou em casos onde a recomendação da adubação potássica for superior a 80 kg/ha, sugere-se que a metade deva ser aplicada no plantio e a outra metade juntamente com a adubação nitrogenada de cobertura. Nos solos deficientes em zinco (< 1 mg/dm3 de solo - extrator Melich1), aplicar de 1 a 2 kg/ha de zinco. Nos casos de uso constante de formulações concentradas, sugere-se a aplicação de 30 Kg/ha de enxofre por ano. Ressalta-se também que a prática da incorporação dos restos culturais pode favorecer a restituição de até 42% do N, 45% do P e 85% do K extraídos pela cultura durante o seu crescimento e desenvolvimento. Esse valores devem ser considerados na economicidade no uso dos fertilizantes a longo prazo, bem como na melhoria das condições físicas e químicas do solo. Cultivares O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é o quinto cereal mais importante no mundo, sendo precedido pelo trigo, arroz, milho e cevada. É utilizado como principal fonte de alimento em grande parte dos países da África, Sul da Ásia e América Central e importante componente da alimentação animal nos Estados Unidos, Austrália e América do Sul. Os grãos, também, podem ser utilizados na produção de farinha para panificação, amido industrial, alcool e a palhada como forragem ou cobertura de solo. No Brasil, as zonas de adaptação da cultura se concentram no Sul (região de fronteira) em plantios de verão, no Brasil Central em sucessão a plantios de verão e no Nordeste em plantios nas condições do semi-árido com altas temperaturas e precipitação inferior a 600 mm anuais. Atualmente, tem sido verificado grande expansão do cultivo do sorgo, principalmente, em plantios de sucessão em algumas regiões, com destaque para o Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado no Brasil. A planta do sorgo se adapta a uma gama de ambientes, principalmente, sob condições de deficiência hídrica, desfavoráveis à maioria de outros cereais. Essa característica permite que a cultura seja apta para se desenvolver e se expandir em regiões de cultivo com distribuição irregular de chuvas e em sucessão a culturas de verão. O potencial de rendimento de grãos de sorgo, normalmente, pode ultrapassar as 10t/ha e 7 t/ha, respectivamente , em condições favoráveis no verão e em plantios de sucessão. Entretanto, as condições em que predominantemente o sorgo se desenvolve não possibilitam a expressão de todo o seu potencial uma vez que a produtividade média alcançada nas lavouras está em torno de 2,5t/ha. O uso de cultivares adaptadas aos sistemas de produção em uso e às condições de ambiente encontradas nas regiões de plantio, com planejamento e manejo adequado, constituem fatores de grande importância para a obtenção de rendimentos elevados, para a expansão da cultura, para o aumento da oferta de grãos e estabilidade de produção. Dentre as cultivares disponíveis, tem predominado o uso de híbridos simples para plantios em sucessão, para as condições do Sul e atualmente para o Nordeste. Esses materiais apresentam ampla adaptabilidade e estabilidade de produção. Na escolha do híbrido principalmente para o plantio em sucessão, devem ser Por outro lado em todos os sistemas de produção de sorgo, a calagem tem sido uma prática rotineira para correção da acidez e do alumínio tóxico. Sorgo é uma cultura 100% mecanizável e usa os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos como a soja, o arroz e o trigo. Mas a cultura pode ser conduzida manualmente também e sua adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores é muito boa. A semeadura Sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante e semente. Qualquer que seja o processo de semeadura, alguns cuidados devem ter sido tomados com relação à correção da acidez e do alumínio tóxico, bem como com o controle de plantas daninhas e insetos praga do solo. A regulagem do equipamento de plantio A densidade de semeadura conforme o espaçamento Uma boa semente fiscalizada de sorgo no Brasil deve ter, no mínimo, 75% de poder germinativo (padrão federal). No entanto, as mais conceituadas marcas já distribuem sementes de sorgo com padrão mínimo de 80%. Portanto, para uma boa regulagem do equipamento de plantio, o produtor deve procurar saber qual o padrão de qualidade da semente que está adquirindo e exigir o boletim de análise do fabricante ou distribuidor. Para iniciar o procedimento de regulagem da plantadeira, além dessa informação, o produtor deve procurar saber se o fabricante da semente indica um disco pré perfurado que se adapte à sua semente e ao equipamento de que o produtor dispõe. Caso contrário, o produtor deve seguir as instruções do fabricante da máquina, que normalmente indica o número de furos e seu diâmetro para semear sorgo. O produtor deve se basear também nas indicações de densidade e população de plantas recomendadas para a cultivar que vai ser plantada e que devem ser fornecidas pelo produtor de semente. A tabela abaixo ajuda o produtor na regulagem, levando em conta o tipo de sorgo, o espaçamento escolhido e a população de plantas final desejada: Tabela 1. Sugestões para Regulagem de equipamentos de plantio de acordo com diferentes tipos comerciais de sorgo, seus usos e seus espaçamentos recomendados Tipo Comercial de sorgo Espaçamento entre linhas (m) Nr. Sementes por metro (80% germ.). Consumo de sementes (kg) População na colheita (mil plantas) Granífero 0,50 a 0,70 15 a 18 6 a 8 140 a 170 Duplo Propósito 0,70 a 0,80 18 a 20 6 a 8 140 a 170 Silagem 0,80 a 0,90 13 a 15 5 a 7 90 a 110 Corte verde * 0,30 a 0,60 20 a 22 10 a 12 200 a 300 Pastejo/fenação/ Cobertura morta (em linha) 0,30 20 a 25 15 a 20 400 a 500 Pastejo/fenação/ Cobertura morta ( a lanço) A lanço 20 a 30 600 Fonte: Paulo Mota Ribas · corte manual: 0,30 m · corte mecânico: 0,60m O desenvolvimento da cultura O ciclo de uma planta de sorgo pode ser dividido em três partes: da emergência aos 30 dias; dos 30 dias até inicio do florescimento; e do florescimento até maturação fisiológica. A seguir uma sucinta descrição dos fatos mais importantes do ciclo de vida da planta e as recomendações básicas de manejo da lavoura. Da emergência até os 30 dias A planta de sorgo é muito frágil do estádio de emergência até os 20 dias de idade. A semente de sorgo tem poucas reservas de alimentos para promover o arranque inicial da plântula, que é lento até que o sistema radicular esteja bem desenvolvido e a jovem planta passe a se alimentar dos nutrientes do solo. Para se obter pronta e uniforme emergência, é importante que a semente seja depositada também em uma profundidade adequada e uniforme. De um modo geral, recomenda-se semear sorgo entre 3 a 5 cm de profundidade, e o fertilizante depositado a mais ou menos 8 a 10 cm de profundidade. O produtor de sorgo deve ficar atento às mudanças do tempo durante o decorrer da semeadura, especialmente quando se planta sorgo em extensas áreas, como ocorre no Brasil Central. Com bom nível de umidade no solo, a semeadura poderá ser mais rasa. Se a umidade decresce ao longo dos dias, a profundidade de semeadura deverá aumentar. Nesse primeiro terço da vida da planta o produtor deve cuidar do campo com esmero e observar atentamente o ataque de insetos-praga subterrâneos e de superfície, que atacam na região do coleto da planta. Esses insetos, incluindo as formigas cortadeiras, podem danificar seriamente os stands e mesmo destruir toda a lavoura. O produtor deverá ficar atento ao ataque precoce de lagartas das folhas (Spodoptera) e do pulgão verde (Schizaphis), que em certas circunstâncias poderão reduzir drasticamente os stands. O controle inicial de plantas daninhas deve estar entre as preocupações do produtor neste estádio do desenvolvimento do sorgo. O produtor que se decidiu por um herbicida de pós-emergência, deverá fazer a aplicação quando as plantinhas atingirem o estádio de três folhas. Finalmente, esse é o estádio em que o produtor deve tomar a decisão de replantar a lavoura se os stands não estiverem satisfatórios. Como regra prática e geral, toda vez que o stand inicial for reduzido em mais de 20% em relação à recomendação para determinada cultivar, o produtor deve fazer o replantio. Se a redução do stand for igual ou inferior a 20% do ideal, não há necessidade de replantio. As plantas remanescentes compensarão a redução. Dos 20 aos 30 dias de vida as plantas iniciam o período de rápido crescimento e a taxa de absorção dos nutrientes do solo é acelerada. Em torno dos 30 dias após emergência, para a maioria das cultivares comerciais, é o tempo de se fazer a adubação nitrogenada e potássica em cobertura. É o tempo, também, para completar o serviço de controle das plantas daninhas, ou com o uso de herbicidas ou por meio de cultivo mecânico. O cultivo mecânico não deve ser feito após os 30 dias, ou após o início da diferenciação floral. É nesse estádio também que se completa o controle dos insetos-pragas, principalmente da lagarta Spodoptera ou lagarta do cartucho. Dos 30 aos 70 dias Este é o estádio de rápido desenvolvimento da planta de sorgo e acúmulo de matéria seca e nutrientes. É também o estádio em que se dá a diferenciação floral: entre 30 e 40 dias, para a maioria das cultivares comerciais, a planta deixa de produzir partes vegetativas, colmo e folhas, e inicia a formação da parte reprodutiva, a panícula. À partir desse ponto, o rápido alongamento do colmo e da panícula leva a planta ao estádio que chamamos de emborrachamento e que se completa aos 50-55 dias aproximadamente. A panícula emerge ao final desse período e o florescimento se dá entre 60 a 70 dias após a emergência da planta para a maioria das cultivares comerciais. Toda e qualquer agressão às plantas nesse estádio, como a aplicação indevida de agroquimicos, ou um evento climático desfavorável, como a falta de umidade no solo, afetarão a emergência da panícula e comprometerão a produtividade final da lavoura. Do florescimento à maturação fisiológica Neste estádio inicia-se uma rápida transferência de nutrientes acumulados nas folhas e nos colmos para as panículas. Portanto os cuidados para que a planta esteja bem nutrida e preparada para essa fase devem ser tomadas nos estádios anteriores. Durante o florescimento o produtor deverá estar atento à ocorrência da mosca do sorgo e fazer o controle químico se necessário, assim como monitorar o aparecimento de colônias de pulgão verde e a presença de seus inimigos naturais, que poderá evitar o uso de inseticidas. Nesse estádio a planta continua dependendo de um bom nível de água no solo para um bom enchimento dos grãos. Deficiência hídrica nesse período geralmente ocasiona chochamento de grãos e queda da produtividade. Nesse período os grãos passam do estádio de grão leitoso para o estádio de massa dura ou pastoso. É o período ideal para a ensilagem da planta inteira. A maturação fisiológica Próximo da idade de 90 dias após emergência a planta está fisiologicamente madura, mas não está pronta para colher sem secagem artificial. No período que antecede o ponto de maturação fisiológica ocorre uma rápida translocação de nutrientes acumulados no colmo e folhas para os grãos. Quando a planta está mal nutrida e/ou é submetida a um estresse de umidade, pode ocorrer um acamamento severo e a produtividade ficar comprometida. No caso de estabelecimento da cultura em épocas ou situações que sejam de alto risco para deficiência hídrica no ponto de maturação fisiológica, a recomendação é trabalhar com uma população de plantas final que seja de 15 a 20 % inferior à recomendada para situações normais. É a situação comumente encontrada no sistema de produção de sucessão de culturas do Brasil Central. O ponto de maturação fisiológica pode ser facilmente visualizado pelo produtor: é só observar a formação de uma camada preta no ponto de inserção do grão na gluma ou palha que o envolve. O aparecimento da camada preta nos grãos de sorgo se dá da ponta para a base da panícula, acompanhando a marcha da maturação que é no mesmo sentido. Na maturação fisiológica o grão de sorgo estará com 25 até 40% de Considerando que durante o ciclo de uma cultura poderá ocorrer ataque de pragas, doenças na semente, falta d'água e até danificações mecânicas no plantio, o estande será mais ainda prejudicado. Além disso, as rodas motrizes das semeadoras causam redução de distribuição de sementes por patinagem e em situações de plantio direto, onde há excesso de palha na superfície, palhada mal distribuída, microrelevo irregular, normalmente associados a solo com maior teor de umidade do que o adequado, pode haver uma redução na densidade de plantio. Nestes casos, é recomendável efetuar o plantio com uma densidade de sementes 10% acima do valor do estande inicial desejado. No exemplo anterior, esse acréscimo seria de: Então, o número de sementes a ser semeadas para obter um estande final de 150.000 plantas será de: Regulagem da Distribuição de Sementes nas Semeadoras: 1. Determinação do número de sementes por metro Se queremos uma população final de 150.000 plantas por hectare, deveremos plantar 183.000 sementes. Se plantarmos com um espaçamento de 0,60 metro, o número de sementes por metro será calculado da seguinte maneira: Sendo 1 hectare = 10.000 metros quadrados e o espaçamento entre fileiras de 0,60 m, temos o equivalente a uma faixa de 0,60 metros por 16.667 metros lineares (10.000 dividido por 0,60). Se a densidade desejada é de 183.334 sementes em 16.667 metros lineares, em 1 metro deve ser colocada 10,9 = 11 sementes(183.334 dividido por 16.667), ou seja: 111 sementes a cada 10 metros. Para calcular o número de sementes por metro linear, pode-se utilizar a seguinte fórmula: No exemplo anterior: 2. Checar os discos já existentes Podemos classificar as semeadoras em termos de regulagem de dois tipos:  Máquinas com caixa de regulagem(engrenagens) e discos ou pratos  Máquinas com somente discos ou prato Todos os fabricantes de semeadoras fornecem manuais de instruções com tabelas indicando o número de sementes distribuídas para cada tipo de disco e cada regulagem. Para as máquinas sem caixa de regulagem, basta escolher o disco com as características mais próximas do desejado e testá-lo:  Ou rodando com a semeadora no chão e depois medindo o número de sementes por metro linear;  Ou, com a semeadora levantada, fazer girar a roda motriz, por exemplo 10 vezes e recolher as sementes. Neste caso é preciso medir o diâmetro da roda para calcular o seu perímetro. Por exemplo:  Diâmetro da roda = 0,83 mNúmero de giros = 10Número de sementes recolhidas = 350Perímetro da roda = p(PI) X diâmetro0,83m X PI(3,1416) = 2,60 metros  Distância percorrida: 2,60 m X 10 = 26 metros Se o número de sementes encontrado não é satisfatório, testar outro disco(máquina sem caixa de engrenagem) ou mudar a relação de engrenagens(máquina com caixa de engrenagem). Mas nem sempre é encontrado a disposição o disco ideal para plantio. Neste caso, a solução é furar um disco virgem e adaptá-lo para a densidade de plantio desejada Plantas daninhas As plantas daninhas têm grande importância na produção agrícola devido ao alto grau de interferência (ação conjunta da competição e da alelopatia) imposta as culturas. Ao contrário dos ataques de pragas e doenças, ocasionados normalmente por uma ou poucas espécies, a infestação de plantas daninhas é representada por muitas espécies, emergindo em épocas diferentes, dificultando sobremaneira o seu controle. Um dos principais problemas na cultura do sorgo tem sido o controle de plantas daninhas. Silva et al. (1986) verificaram que não havendo o controle das plantas daninhas nas quatro primeiras semanas após a emergência do sorgo, pode ocorrer uma redução na produção de grãos da ordem de 35%. Em caso de não se empregar nenhum método de controle esta redução pode chegar a aproximadamente 71%. O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do sorgo deve ser empregado para racionalizar o uso dos recursos de produção, aproveitar os benefícios das plantas daninhas, evitar ao máximo danos ao ambiente e permitir à cultura obter a sua máxima produção. Os principais métodos de controle de plantas daninhas na cultura do sorgo são: Método Preventivo O controle preventivo tem como objetivo evitar a introdução ou disseminação de plantas daninhas na área de produção. A introdução de novas espécies geralmente ocorrem através de sementes contaminadas, máquinas agrícolas e animais. O uso de sementes de qualidade e boa procedência livres de sementes de plantas daninhas, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas antes de movimenta-los de um campo para outro e a interrupção do ciclo reprodutivo das invasoras presentes em cercas, pátios, estradas, terraços, canais de irrigação ou em qualquer outro lugar da propriedade são técnicas recomendadas para evitar a disseminação das plantas daninhas (Gazziero et al., 1989). Baixas infestações de plantas daninhas permite um manejo mais fácil e mais eficiente possibilitando que a cultura do sorgo um melhor crescimento e desenvolvimento. Método Cultiral O método cultural deve ser utilizado como uma técnica de manejo importante, pois em relação às demais possui baixo custo e faz parte naturalmente dos sistemas de produção. O método cultural visa aumentar a capacidade competitiva das plantas de sorgo em relação as plantas daninhas. Para isso podem ser empregados espaçamento mais reduzido entre as fileiras de plantio, maior densidade de semeadura, época adequada de plantio, uso de variedades adaptadas as regiões de cultivo, uso de coberturas mortas, adubações adequadas. Método Mecânico Capina Manual É um método amplamente utilizado em pequenas propriedades; utiliza duas a três capinas com enxada durante os primeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir daí, o crescimento do sorgo contribuirá para a redução das condições favoráveis à germinação e ao crescimento/desenvolvimento das plantas daninhas. A capina deve ser realizada com o solo seco, preferencialmente em dias quentes. Cuidados devem ser tomados para evitar danos às plantas, principalmente às suas raízes. Esse método de controle demanda grande quantidade de mão-de-obra, visto que a produtividade dessa operação é de aproximadamente 8 dias.homem por hectare. Capina Mecânica O uso de cultivadores (tracionados por animal ou trator) ainda são equipamentos utilizados no controle de plantas daninhas na cultura do sorgo. O cultivo mecânico apresenta a desvantagem de causar injúrias ao sistema radicular e de não eliminar as plantas daninhas na fileira de plantio. O cultivo mecânico é incompatível também com o sistema de plantio direto, ficando restrito aos plantios no sistema convencional de aração e gradagem. Em relação a capina manual tem a grande vantagem de maior rendimento operacional, de 0,5 a 1 dia.homem por ha, no caso de tração animal, e de 1 a 2 h.homem por ha, com trator. Controle Químico O método de controle químico consiste na utilização de produtos herbicidas registrados no Ministério da Agricultura para o controle das plantas daninhas. Em alguns casos as Secretarias Estaduais de Agricultura podem baixar portarias proibindo o uso de determinados produtos. Ao se pensar em controle químico em sorgo, várias considerações devem ser feitas, sendo necessário conhecer a seletividade do herbicida para a cultura, a sua eficiência no controle das principais espécies daninhas presentes na área cultivada e o efeito residual no solo para evitar problemas de fitotoxicidade nas culturas utilizadas em sucessão ou em rotação. O uso de herbicidas, por ser uma operação de maior custo inicial, é indicado para lavouras médias e grandes com alto nível tecnológico, onde a expectativa é de uma alta produtividade. A aplicação de herbicidas representa uma solução viável para o controle de plantas daninhas, no período em que elas mais competem com o sorgo. O seu uso está vinculado aos cuidados normais recomendados nos rótulos pelos fabricantes e à assistência de um técnico responsável. Embora seja o método de controle que mais vem crescendo ultimamente, o controle químico, se utilizado indiscriminamente, pode vir a causar Fig. 2 Estria bacteriana Epidemiologia : A bactéria é transmitida pela semente. Restos culturais infestados também contribuem para a disseminação a longas distâncias. Doenças causadas por fungos Helmintosporiose ( Exserohilum turcicum ) Importância e distribuição: A ocorrência da doença antes da emergência da panícula pode ocasionar perdas superiores a 50% na produção. A sua incidência tem sido maior em áreas de plantios de safrinha no Centro - Oeste e Sudeste do Brasil. Sintomas: Lesões alongadas de formato elíptico, púrpura avermelhadas ou cinza amareladas, que se desenvolvem inicialmente nas folhas inferiores ( Figura 3 ). Foto : Alexandre da Silva Ferreira Fig. 3 Helmintosporiose em sorgo Epidemiologia : O fungo persiste como micélio e conídios em restos culturais infectados deixados no solo. Os conídios podem ser transportados a longas distâncias pelo vento e são responsáveis pela disseminação da doença. A doença á favorecida por temperaturas amenas entre 18-27 º C e pela ocorrência de chuvas. Manejo da Doença: Plantio de cultivares geneticamente resistentes e rotação de culturas com hospedeiros não suscetíveis. Antracnose Importância e distribuição: Esta é a mais importante doença do sorgo, estando presente em, praticamente, em todas as áreas de plantio de sorgo do Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 70% . Sintomas: Lesões elípticas a circulares com até 5mm de diâmetro, no centro das quais desenvolvem-se pequenos centros circulares e de coloração palha, com margens avermelhadas, alaranjadas, púrpura-escuras ou castanhas dependendo da cultivar. No centro das lesões formam-se numerosos acérvulos que são a frutificação do patógeno ( Figura 4 ). A doença pode ocorrer também na nervura central da folha, onde são formadas lesões elípticas a alongadas de coloração variável, onde são formados os acérvulos em grande quantidade ( Figura 5 ). Foto : Alexandre da Silva Ferreira Fig. 4 Antracnose Foliar com lesões coalescentes Foto : Alexandre da Silva Ferreira Fig. 5 Antracnose na nervura central da folha Epidemiologia : A antracnose é mais severa durante períodos prolongados de temperatura e umidade elevadas, principalmente se estas fases coincidem com a fase de formação dos grãos. C. graminicola pode sobreviver como micélio e conídios em restos de cultura e em sementes infectadas. A disseminação do patógeno ocorre através de vento e de respingos de chuvas. Manejo da Doença: A principal medida de manejo da doença é o plantio de cultivares geneticamente resistentes, à qual deve-se associar o uso da rotação de culturas, a eliminação de restos culturais e de outras gramíneas hospedeiras do patógeno . Míldio do Sorgo ( Peronosclerospora sorghi ) Importância e distribuição: O míldio do sorgo é uma com ampla faixa de adaptação climática, sendo encotrada em todas as regiões de plantio de sorgo no Brasil. Sintomas: O míldio corre na forma de infecção sistêmica e localizada . Os sintomas típicos de infecção sistêmica são a formação de faixas paralelas de tecidos verdes alternadas com áreas de tecidos cloróticos ( Figura 6 ). Em estádios mais avançados as áreas de tecidos cloróticas tornam-se necróticas que se rasgam pela ação do vento (Figura 7). A forma localizada da doença caracteriza- se por lesões de formato retangular delimitadas pelas nervuras da folhas ( Figura 8 ). Foto : Carlos Roberto Casela Fig. 9 Ferrugem do sorgo Epidemiologia : Os uredosporos de P. purpurea têm vida curta na ausência do hospedeiro vivo e são disseminados pelo vento. As mesmas condições que favorecem a antracnose são também favoráveis à ocorrência da ferrugem. Manejo da Doença: Plantio de cultivares resistentes é medida mais eficiente de manejo em áreas de alta incidência da doença. Mancha Zonada ( Gloeocercospora sorghi ) Importância e distribuição: Esta doença é de menor importância, estando sua presença associada à ocorrência de períodos de alta umidade. Sintomas: Manchas foliares de formato circular contendo faixas de coloração vermelho-púrpura alternadas com áreas de coloração palha ou cinza, formando anéis concêntricos, e com margens irregulares ( Figura 10 ). Foto : Alexandre da Silva Ferreira Fig. 10 Mancha zonada do sorgo Epidemiologia : O fungo sobrevive na forma de escleródios formados no interior das lesões foliares mais desenvolvidas. Sob condições de alta umidade, as lesões produzem uma grande quantidade de conídios que são disseminados pelo vento ou pela chuva. A disseminação pode ocorrer também pela semente. Manejo da Doença: A rotação de culturas e eliminação de restos de cultura são importantes para se reduzir os danos causados pela doença. Cercosporiose (Cercospora fusimaculans) Importância e distribuição: a cercosporiose é encontrada em áreas onde predominam condições quentes e úmidas, durante o ciclo da cultura. Essa doença pode causar, em cultivares susceptíveis, danos na área foliar, mas o seu impacto econômico não foi determinado. Sintomas: os sintomas aparecem, principalmente, após o florescimento. As lesões, nas folhas, são alongadas, limitadas pelas nervuras e de coloração vermelho-escura ou amarelada, dependendo da cultivar. O sintoma típico consiste no aparecimento, no interior das lesões, de pequenas áreas necrosadas circulares, dando à lesão a aparência de uma corrente ou de um rosário ( Figura 11 ). Foto : Alexandre da Silva Ferreira Figura 11. Cercosporiose do sorgo Epidemiologia: o fungo sobrevive no solo em restos de cultura infectada, em plantas remanescentes da cultura anterior, em espécies de sorgo silvestre e em sementes. Condições quentes e úmidas favorecem o desenvolvimento e a disseminação do fungo. Os conídios constituem o inóculo inicial e secundário e são disseminados pelo vento e pela chuva. Controle: a cercosporiose é controlada eficientemente pelo uso de cultivares resistentes. Mancha Alvo (Bipolaris sorghicola) Importância e Distribuição: a mancha alvo foi constatada recentemente no Brasil em áreas de plantio de sorgo do estado de São Paulo. Há relatos de sua ocorrência nos Estados Unidos, Índia, Chipre, Israel, Sudão, Taiwan e Filipinas. Sintomas: a doença surge inicialmente como pontuações avermelhadas ou cinzas que, mais tarde, desenvolvem-se em manchas de formato elíptico ou oval a cilíndrico. Na maioria das vezes as lesões são vermelhas a púrpuras ou cinzas, dependendo do cultivar. Ocasionalmente o centro das lesões torna-se adquire uma coloração marrom ou palha circundado por margens avermelhadas ou púrpuras ( Figura 12 ). Foto : Carlos Roberto Casela superiores a 50% na produção de grãos em cultivares susceptíveis e sob condições ambientais favoráveis. O patógeno causador da antracnose é o fungo Colletotrichum graminicola (Cesati) Wilson (sin,. C. sublinealum P. Henn), cuja a forma perfeita é Glomerella graminicola Politis. Esse patógeno incide nas folhas, pedúnculo, colmo, panícula, grãos e raízes. Várias espécies de gramíneas são hospedeiras de Colletotrichum graminicola tais como Sorghum bicolor, S. halepense, S. verticilliphorum, S. arundinacerum, S. margaritiferum, S. sudanense e S. dochna . Sintomas: Sintomas de infecção no colmo e no pedúnculo aparecem normalmente no período de maturação da planta. Esses órgãos infectados adquirem, internamente, uma coloração avermelhada ou amarelada com pontuações brancas correspondentes aos pontos de penetração do fungo( Figura 1 ). Nestes pontos, externamente, o fungo frutifica, sob condições de alta umidade e temperatura há formação de uma massa de esporos de cor rosa. Foto: Alexandre da Silva Ferreira Fig. 1 Podridão de antracnose em colmo de sorgo Epidemiologia : A fonte primária de inóculo de C. graminicola é constituída pelos conídios produzidos nas espécies selvagens de sorgo, em plantas remanescentes ou de restos de culturas. A disseminação dos conídios dá-se por meio do vento e de respingos de chuva. A sobrevivência do fungo, de um ano para outro, ocorre nos restos de cultura, em espécies selvagens e em sementes. A sobrevivência é drasticamente reduzida quando se faz um enterramento dos restos de cultura. As condições favoráveis para o aparecimento da antracnose são de alta umidade e temperatura em torno de 25 a 30 o C. Controle: A antracnose do colmo e do pedúnculo é eficientemente controlada pelo uso de cultivares resistentes. A rotação de culturas, o enterramento de restos de cultura, a eliminação de gramíneas hospedeiras de C. graminicola , o uso de sementes sadias e tratamentos de sementes são medidas de controle importantes, principalmente, para reduzir a fonte primária do inóculo . Podridão seca do colmo ( Macrophomina phaseolina ) Importância e distribuição: A podridão seca do colmo ou podridão por Macrophomina é uma doença importante para regiões sujeitas a períodos de seca e quentes, sendo observada em vários países da África, Ásia, Austrália e Américas. No Brasil a doença assume maior importância em plantios de sorgo de "safrinha" no Brasil Central e em áreas do Nordeste principalmente quando o período de enchimento dos grãos coincide com temperatura elevada e déficit hídrico. Sob estas condições climáticas, principalmente em plantios de híbridos de sorgo, as perdas na produção de grãos e forragem podem ser superiores a 50% devido a problemas de acamamento. O patógeno é capaz de infectar mais de 400 espécies de plantas, dentre as quais a soja, girassol, tomate, batata, batata doce, feijão, algodão, juta, fumo, milho, milheto e amendoim. A podridão seca do colmo é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina (Tassi) G. Goid (Sin. M. phaseoli (Maubl.) Ashby). A forma imperfeita é Rhizoctonia bataticola (Taub.) Butl. (Sin. Sclerotium bataticola Taub.). Sintomas: Embora a infecção na planta possa ocorrer nos primeiros estádios de seu desenvolvimento, causando queima e tombamento das plântulas, os sintomas, geralmente, aparecem em plantas adultas. As raízes doentes apresentam lesões com aspecto encharcado de coloração castanha ou preta. O colmo torna-se macio devido à desintegração da medula, permanecendo somente os vasos sobre os quais se pode notar numerosos esclerócios pretos e pequenos ( Figura 2 ). Esta desintegração do colmo facilita a ocorrência de acamamento, o sintoma mais típico da doença no campo( Figura 3 ). Foto: Alexandre da Silva Ferreira Fig. 2 Podridão seca do colmo Foto: Alexandre da Silva Ferreira Fig. 3 Acamamento do sorgo causado por Macrophomina. Epidemiologia : Altas temperaturas e baixa umidade do solo após o florescimento são os fatores que predispõem as plantas à infecção por M. phaseolina e ao desenvolvimento da doença. O patógeno sobrevive no solo na forma de esclerócios que podem permanecer viáveis por períodos de dois a três anos. Controle: A incidência da podridão seca pode ser reduzida pela manutenção de níveis adequados de umidade no solo a partir do florescimento. A utilização de cultivares resistentes ao acamamento, tolerantes à seca e não senescentes pode reduzir as perdas causadas pela doença, bem como a utilização de níveis adequados de N e K. Podridão Vermelha do Colmo ( Fusarium moniliforme ) Importância e distribuição: A podridão vermelha do colmo é comum em todas regiões onde se cultiva o sorgo. A redução na produção e qualidade de grãos e de forragem é atribuída a ela por afetar o enchimento dos grãos e provocar o enfraquecimento do colmo, causando, geralmente, o tombamento e/ou quebramento do colmo. Esse patógeno pode infeccionar as raízes, o colmo e o pedúnculo da planta, comprometendo a firmeza do tecido interno. Esse fungo pode causar, também, podridão de sementes e morte das plântulas. Fusarium moniliforme Shed, agente causal dessa doença, produz dois tipos de conídios : Os macroconídios possuem 3 a 5 septos e apresentam curvaturas próximas as extremidades e os microconídios são produzidos em cadeias e possuem 1 septo. A forma perfeita, Giberella fujikuroi Saw.) Wr., é caracterizada pela produção de ascósporos em peritécios . Sintomas: Os sintomas da doença são evidenciados, normalmente, após o florescimento das plantas. Estas secam prematuramente e tombam com facilidade. Internamente, os tecidos do colmo e do pedúnculo infeccionados adquirem uma coloração avermelhada, que progride de forma uniforme e continua do ponto inicial da infecção em direção á parte superior da planta ( Figura 4 ). Foto: Alexandre da Silva Ferreira modo a se obter uma boa produção de polém na lavoura e a utilização de fungicidas. Dentre estas medidas são seguintes: 1. uso de cultivares bem adaptadas a região de plantio e mais tolerantes a baixas temperaturas; 2. semeadura em épocas adequadas, de modo a se evitar que o período de florescimento não coincida com baixas temperaturas; 3. remoção de plantas remanescentes e de plantas hospedeiras secundárias do patógeno; 4. adequação da proporção de linhagens macho-estéreis e restauradoras em campos de produção de sementes para garantir uma boa disponibilidade de polém, uma vez que a infecção não ocorre em flores fertilizadas; 5. programação do plantio a fim de que haja uma boa coincidência de florescimento entre as linahgens macho e fêmeas para garantir uma rápida fertilização; e 6. Utilização dos fungicidas Tebuconazole e Propiconazole recomendados para controlar a doença. Esta medida de controle deve ser restrita a área de produção de sementes. Mosaico da cana-de-açúcar ( Virus - "SCMV" ) Importância e distribuição: Mosaico da cana-de-açúcar é uma importante doença do sorgo, que causa, em cultivar susceptível, mosqueado ou necroses nas folhas, raquitismo e esterilidade parcial ou total da planta, resultando redução na produção de grãos e de forragem. A doença é causada pelo vírus do mosaico da cana-de-açúcar (SCMV - "Sugar cane mosaic virus"), o qual pertence ao grupo dos Potyvirus. Várias espécies são hospedeiras do SCMV, incluindo, além da cana-de-açúcar e do sorgo, outras gramíneas como milho, milheto, capim sudão, cevada, trigo, centeio, arroz. Sintomas: O vírus provoca o aparecimento de dois sintomas: o de mosaico típico e o necrótico. No primeiro, aparecem, nas folhas, áreas verde-claras entremeadas com áreas verde-escuras. Normalmente, esse sintoma é mais evidente em folhas mais novas, podendo desaparecer com o envelhecimento da planta. No necrótico, aparecem, nas folhas, áreas necrosadas de cor avermelhada ou amarelada, dependendo da cultivar atacada ( Figura 1 ). Esses tipos de sintomas, na maioria das vezes, levam a planta do sorgo à morte, principalmente quando a infecção ocorre prematuramente. Foto: Alexandre da Silva Ferreira Fig. 1 Mosaico da cana–de-açúcar Epidemiologia : O vírus é transmitido de maneira estiletar não persistente por, pelo menos, sete espécies de afídeos. O pulgão do milho ( Rhopalosiphum maidis ) é o principal vetor do SCMV. Os afídeos, geralmente, adquirem o vírus a partir da cana-de-açúcar ou de gramíneas perenes infectadas e depois o transmitem para outras plantas. Controle: A utilização de cultivares resistentes ou tolerantes é a maneira mais eficiente de controlar a doença. O controle da doença por meio do controle de vetores não tem sido satisfatório tanto do ponto de vista econômico quanto da eficiência de controle. Doenças causadas por nematóides Introdução Em levantamentos realizados em 7 áreas experimentais cultivadas com sorgo, na Embrapa Milho e Sorgo, mostraram que os nematóides dos gêneros Criconemoides , Pratylenchus e Meloidogyne foram os predominantes nesta cultura. Não obstante, foram encontrados também nematóides dos gêneros Helicotylenchus , Tylenchulus , Trichodorus , Xiphinema e Dorylaimus . Morfologia dos nematóides Os nematóides parasitas de plantas de sorgo são animais muito pequenos, 0,4 - 4 mm de comprimento e 0,01 - 0,05 mm de diâmetro, são multicelulares e habitantes naturais do solo. Em geral, eles possuem o corpo em forma de agulha, são transparentes, com corpo não segmentado, possuindo sistemas sensorial, digestivo, excretor e reprodutivo. Todos os nematódes parasitas de sorgo possuem um estilete - uma estrutura robusta semelhante a agulha e que se localizada na porção anterior deste verme. O estilete está conectado com o esôfago e é utilizado para perfurar a parede celular dos tecidos da raiz, e então sugar os nutrientes da planta, necessários para a sobrevivência e desenvolvimento biológico do nematóide. Biologia dos nematóides Os nematóides são classificados com base no seu hábito alimentar. Os nematóides ectoparasitas, geralmete alimentam em células próximas da superfície e podem inserir parte de sua porção anterior dentro dos tecidos vegetais onde eles se alimentam. Os nematóides endoparasitas entram nas plantas, passam através do processo de maturação, põem ovos, e se alimentam nos tecidos da planta. Os ectoparasitas são geralmente muito maiores que os endoparasitas e possuem um estilete mais longo. Ambos podem ser classificados como sedentários e migratórios. Os nematóides sedentários normalmente penetram as raízes, porém alguns espécimes podem ficar com apenas a parte anterior do corpo imersa nos tecidos da planta e onde permanecem imóveis; enquanto os nematóides migradores movem dentro das raízes e podem retornar ao solo. Principais nematóides parasitas do sorgo 1- Nematóide do enfezamento Os nematóides do gênero Tylenchorhynchus são comumente detectados em amostras de solo coletadas na cultura de sorgo, e podem aumentar os níveis de danos em áreas com monocultivo. O sistema radicular das plantas infestadas tem fraco desenvolvimento e algumas das extremidades das raízes podem ser curtas e grossas (Figura 2). Em parcelas infestadas por T. martini , o tratamento com nematicida aumentou a produção de sorgo em 55%. 2- Nematóide formadores de galhas Diversas espécies de Meloidogyne , incluindo M. incognita são citadas como paraistas de sorgo. M. incognita causa danos severos em sorgo quando em sequência rotacional com algodão. O sintoma típico de infestação de M. incognita inclue aréas irregulares contendo plantas cloróticas e enfezadas, proliferação de raízes, retardamento no florescimento e redução na produção. O tecido radicular parasitado pode exibir galhas abundantes (Figura 3) ou as galhas podem ser discretas. 3- Nematóides lesionadores de raízes ( Pratylenchus spp.) O nematóide Pratylenchus zeae tem sido encontrado parasitando plantas de sorgo. Este nematóide é endoparasita migrador, coloniza o córtex da raiz e causa lesões necróticas. Plantas severamente infectadas têm o sistema radicular debilitado e são cloróticas e enfezadas. Sintomas nas plantas de sorgo Os danos causados por nematóides em plantas de sorgo podem ser semelhantes aos sintomas provocados por estresse hídrico e por deficiências nutricionais. O sintoma típico de danos por nematóides é a formação de áreas de tamanho variado onde as plantas têm uma aparência irregular. Plantas pesadamente infectadas são menores do que as plantas normais, são usualmente cloróticas e têm uma tendência ao murchamento devido terem o sistema radicular reduzido e danificado. Como resultado da infestação por nematóides as raízes de sorgo podem apresentar, entre outros, os seguintes sintomas: Prevenção de grãos mofados O controle do mofamento dos grãos pode ser obtido pela escolha da época de plantio que permita a ocorrência dos estádios de enchimento de grãos e de maturidade fisiológica em período sem chuvas freqüentes; e pela utilização de cultivares de sorgo com grãos resistentes (p.ex., alto teor de tanino) ao ataque dos fungos presentes no campo de produção dos grãos. Pragas Manejo de pragas na cultura do sorgo Um dos aspectos do cultivo do sorgo que o produtor deve estar atento é para a ocorrência de pragas. Desde o plantio até a colheita, várias espécies de insetos podem estar associadas à cultura. Entretanto, apenas algumas são fitófagas e somente poucas causam dano econômico. Portanto, é importante visitar periodicamente a lavoura para identificar as espécies que são nocivas e adotar medidas de controle somente quando for necessário, pois o número de insetos nem sempre está relacionado com o dano. Fatores como vigor da planta, susceptibilidade da cultivar, estádio de desenvolvimento, umidade do solo, período do ano e abundância de predadores e parasitóides são igualmente importantes. Para facilitar o entendimento do complexo das pragas na cultura do sorgo, estas foram agrupadas de acordo com seu nicho. Pragas subterrâneas Os insetos-praga que atacam a parte subterrânea das plantas são, normalmente, mais difíceis de ser observados. Entretanto, os danos causados por estas pragas contribuem, de várias maneiras, para a redução da produtividade. Devido à destruição de semente e "plântula", os danos provocam redução na população de plantas da cultura. O ataque destes insetos ao sistema radicular provoca redução do vigor da planta, contribuindo inclusive para o maior acamamento. As principais pragas subterrâneas são: Larva-arame - Conoderus scalaris - São larvas de besouros, parecidos aos vaga- lumes, que vivem no solo alimentando-se de diferentes tecidos vegetais. Importância econômica - Os danos causados ao sorgo pela larva-arame são devidos, principalmente, à destruição das sementes e, em menor escala, ao ataque no sistema radicular na fase de plântula. O estabelecimento da população ideal e o vigor das plantas são reduzidos, causando perdas significativas na produção. Sintomas de dano - Falhas na lavoura e plantas raquíticas com maior sensibilidade aos estresses devido ao sistema radicular danificado por pragas subterrâneas. Métodos de controle - O controle dessa praga pode ser feito através do tratamento das sementes com inseticidas, ou através da aplicação de inseticidas granulados, aplicados no sulco de plantio. Métodos culturais, como rotação de culturas, são eficientes para diminuir a população de larvas no solo. Bicho-bolo, Pão-de-galinha ou Corós - São larvas de várias espécies de besouros dos gêneros: Eutheola, Dyscinetus, Stenocrates, Diloboderus, Cyclocephala, Phytalus e Phyllophaga. Importância econômica - Estes besouros são bastante abundantes nos meses de outubro, novembro e dezembro. Eles são facilmente percebidos à noite, próximo a fontes de luz. As fêmeas fazem postura no solo. Depois de uma semana eclodem as larvas que se alimentam do sistema radicular das plantas. Estes insetos causam danos às culturas de verão e inverno principalmente nas áreas de plantio direto. Sintomas de dano - Falhas nas linhas e plantas pouco desenvolvidas com alta sensibilidade aos estreasses hídricos. Os danos causados pelo bicho-bolo são resultados da alimentação das larvas no sistema radicular e pelos adultos que se alimentam dos colmos das plantas, embora este dano dos adultos seja de pouca importância. O ataque das larvas pode provocar a morte de pequenas plantas causando redução na população. Em plantas maiores os danos no sistema radicular reduzem o vigor, aumentam a susceptibilidade ao tombamento e à seca e abrem entrada para microorganismos fitopatogênicos. Métodos de controle - O procedimento para se detectar a presença do bicho-bolo é semelhante ao usado para larva-arame e pode ser feito simultaneamente. Amostras de 30 x 30 cm de solo devem ser analisadas utilizando uma peneira. A média de uma larva por amostra é suficiente para causar dano significativo. Neste caso, o tratamento do solo com inseticidas é necessário. Também funcionam medidas culturais de controle como, por exemplo, o preparo antecipado da área, a eliminação de hospedeiros alternativos e plantas voluntárias e destruição dos restos de cultura após a colheita. Brocas do colmo Várias espécies de lepidópteros podem atacar as plantas do sorgo na região do coleto ou em todo o colmo inclusive o pedúnculo da panícula. Este grupo de pragas tem sido limitante na produção do sorgo em várias regiões da África e, no Brasil, na região Centro-oeste e Nordeste. Nas condições brasileiras destacam-se principalmente duas espécies: Lagarta-elasmo - Elasmopalpus lignosellus - São lagartas que atacam a região do coleto da planta e ficam protegida dentro de um casulo de teia e detritos que fica na superfície do solo ligado ao orifício de entrada para a galeria na planta. Importância econômica - É uma praga esporádica com grande capacidade de destruição num intervalo curto de tempo. Seus danos estão associados a estiagem logo após a emergência das plantas, o que aumenta o período de susceptibilidade pelo atraso no desenvolvimento da planta e favorece a explosão populacional de lagartas na lavoura. Maiores danos são observados em solos leves e bem drenados, sendo sua incidência menor sob plantio direto. Sintomas de danos - As lagartas recém eclodidas iniciam raspando as folhas e dirigem para a região do coleto da planta, onde cava uma galeria vertical que, pela destruição do ponto de crescimento, provoca inicialmente murcha e posteriormente morte das folhas centrais causando o sintoma conhecido como "coração morto". Métodos de controle - Em áreas de risco, deve ser usado o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos à base de tiodicarb, carbofuran ou imidacloprid. Sob condições de estresse hídrico mesmo esse tratamento não é efetivo, recomendando-se a aplicação de inseticidas com ação de contato e profundidade como, por exemplo, o clorpirifós. Broca-da-cana-de-açúcar - Diatraea spp. - Os adultos desta praga são mariposas que ovipositam nas folhas do sorgo e de outras gramíneas, sendo também praga importante nas culturas da cana-de-açúcar, milho e arroz. Após a eclosão, as lagartas raspam o limbo foliar e dirigem internamente para a base da bainha das folhas por onde penetram no colmo e, ao se alimentarem, cavam galerias. Estas galerias normalmente são verticais e ascendentes ou podem ser circulares seccionado o colmo. Em ambos os casos as galerias podem ser contaminadas por fungos que provocam uma reação vermelha no interior do colmo, contribuindo para aumentar os danos. Importância econômica - Os prejuízos são causados principalmente pelo quebramento das plantas o que pode ser agravado por ventos fortes e plantios muito adensados. Na região Centro Oeste, as brocas-do-colmo têm sido problema sério em culturas anuais como milho, sorgo e arroz. Quando a infestação é na região do pedúnculo, pode provocar a morte da panícula com perda total das plantas atacadas. Sintomas de dano - No início de desenvolvimento da cultura, os danos são semelhantes aos causados pela lagarta-elasmo cujo sintoma é conhecido como "coração morto". Em plantas mais desenvolvidas, os danos podem causar tombamento das plantas com sintomas conhecidos como pescoço-de-ganso ou plantas com colmos quebrados. Métodos de controle - Em áreas cultivadas com culturas anuais próximas à lavouras de cana-de-açúcar onde é utilizado o controle biológico, as culturas anuais se beneficiam desse controle. Entretanto, nos outros casos, o tratamento de sementes pode proteger as plantas do ataque da broca-da-cana no início de desenvolvimento, porém em estádios mais desenvolvidos o controle via pulverização, mesmo com inseticidas apresentando bom efeito de profundidade, tem apresentado resultados limitados. Medidas culturais como destruição dos restos culturais após a colheita reduzem significativamente a infestação nos próximos plantios. Pragas das folhas Destaca-se neste grupo de pragas duas espécies de pulgões e duas de lepidópteros, cujas lagartas causam danos significativos no limbo foliar. Entre os pulgões, destaca-se o pulgão-verde que prefere se alimentar nas partes mais maduras das plantas e o pulgão-do-milho que apresenta preferência pelas partes novas das plantas. Pulgão-verde - Schizaphis graminum - Apresentam coloração verde-limão, com 3 riscas mais escuras no dorso e alimentam-se na face inferior ou bainha das folhas mais maduras das plantas. É uma das pragas-chave para a cultura do sorgo. A reprodução é por partenogênese e devido seu potencial biótico pode formar grandes populações num período curto de tempo. Importância econômica - Esta praga infesta o sorgo desde a emergência das plantas até a maturação dos grãos. Tanto os adultos como as ninfas sugam seiva das folhas e introduzem toxinas que provocam bronzeamento e morte da área afetada que, dependendo da infestação, podem causar a morte de toda a planta. Os adultos, principalmente as formas aladas, são também importantes vetores de vírus como o do mosaico da cana-de-açúcar capaz de causar danos significativos ao sorgo. Sintomas de dano - Embora o inseto infeste a face inferior das folhas, na face superior podem ser observadas manchas bronzeadas ou necrosadas. Devido à intensa sucção de seiva, os insetos produzem um volume significativo de excrementos que cobrem as folhas inferiores deixando-as pegajosas ou coberta com uma camada escura (fumagina). Também a presença de exúvias brancas e danos são vistos somente após a granação onde é observado um grande número de espiguetas chochas. Métodos de controle - Na fase de larva é praticamente impossível controlar essa praga, pois a larva fica protegida dentro da espigueta do sorgo. Portanto, o controle efetivo da mosca depende da integração de várias estratégias para reduzir a população dos adultos ovipositando na lavoura. Assim, são recomendadas várias medidas culturais tais como: a eliminação do sorgo selvagem nas áreas próximas ao plantio comercial para evitar a multiplicação do inseto antes do florescimento das plantas; o plantio cedo para que floresça antes da ocorrência do pico populacional da mosca; bom preparo do solo; plantio num curto período de tempo; uso de híbridos que permitam a floração uniforme para evitar a multiplicação da mosca nas plantas que florescerem primeiro. O controle químico deve ser o último recurso e somente quando os levantamentos realizados de 3 em 3 dias durante o florescimento indicarem em média uma fêmea/panícula. Tanto os levantamentos quanto as pulverizações devem ser realizados pela manhã quando as fêmeas estão ovipositando. Lagarta-da-espiga do Milho ( Helicoverpa zea ) e Lagarta-do-cartucho do Milho ( Spodoptera frugiperda ) - As lagartas dessas duas espécies podem também atacar a panícula do sorgo durante o período de enchimento de grãos. Importância econômica - A postura é feita durante o florescimento e as lagartas alimentam-se dos grãos em formação, causam prejuízo direto na produção. Nas condições brasileiras não se tem tido noticias de problemas causados por esses insetos à panícula do sorgo. Sintomas de danos - A alimentação dos insetos nos grãos leitosos causam perdas diretas e indiretas pela contaminação, dos grãos danificados, por fungos. Os danos são semelhantes aos causados por pássaros. Métodos de controle - O controle natural é altamente eficiente e somente sob condições de desequilíbrio biológico a interferência do produtor é necessária. Neste caso, o controle pode ser feito através da pulverização que deve ser realizada somente quando os levantamentos indicarem uma média de duas lagartas/ panícula. Percevejos da Panícula - Várias espécies de percevejos fitófagos infestam a panícula de sorgo durante o desenvolvimento dos grãos. Para facilitar o manejo, poderíamos dividi-los em dois grupos principais: os percevejos grandes (ex. Percevejo-gaucho - Leptoglossus zonatus , Percevejo-verde - Nezara viridula e Percevejo-pardo - Thyanta perditor ) e percevejos pequenos ( Percevejo-do- sorgo - Sthenaridea carmelitana e Percevejo-chupador-do-arroz - Oebalus spp. ). Importância econômica - Tanto as ninfas como os adultos desses insetos alimentam-se principalmente nos grãos em enchimento e, menos freqüentemente, das partes da panícula. Dependendo da população, os percevejos podem causar danos econômicos expressivos reduzindo até 59,5 % do peso dos grãos e mais de 98% na germinação e vigor das sementes. Portanto, constituem problemas principalmente nos campos de produção de sementes. Sintomas de danos - Devido à sucção de seiva dos grãos, estes tornam-se manchados e ficam reduzidos no tamanho. Portanto, panículas com grãos mal formados e manchados constituem no principal sintoma de danos. Algumas espécies podem também inocular agentes fitopatogênicos nos grãos. Métodos de controle - O controle natural é feito por parasitóides de ovos, entretanto, a população desse tipo de praga tem se tornado cada vez mais freqüente no campo. O controle químico fica limitado pela dificuldade de entrar com o trator no campo. Quando é possível utilizar outros métodos de aplicação (água de irrigação ou pulverização aérea), recomenda-se iniciar o controle quando os levantamentos indicarem 12 percevejos pequenos ou quatro percevejos grandes/panícula . O controle dos percevejos pode ser feito com inseticidas fosforados ou carbamatos. Inimigos naturais de pragas na cultura do sorgo No agroecossistema, a população de insetos está sujeita a uma série de fatores ambientais, cujas combinações determinam o aumento ou redução da sua densidade. O resultado da ação dos fatores desfavoráveis a uma determinada espécie é denominado - controle natural . Além dos fatores climáticos, vários organismos como vírus, bactérias, fungos, nematóides, artrópodes, pássaros etc., contribuem para o balanço das espécies pragas. A introdução, o aumento ou a preservação desses agentes de controle biológico são muito importantes para manter a população de insetos e ácaros fitófagos em equilíbrio e abaixo dos níveis de dano econômico para a cultura. Entre os predadores destacam-se as tesourinhas, larvas de Syrphidae, chrisopídeos ( Chysoperla esterna ), percevejos ( Orius insidiosus e Geocoris sp. ) e várias espécies de coleópteros das famílias Carabidae e Coccinelidae, como as joaninhas (ex. Cyncloneda sanguinea ) que são importantes agentes de controle biológico principalmente dos pulgões. Existem também várias espécies de parasitóides (ex. Aphidius spp. ) e microorganismos que desempenham papel importante na manutenção do balanço ecológico das principais espécies-pragas. O grande desafio para as pesquisas na área do controle biológico das pragas na cultura do sorgo, visando o manejo integrado, é a avaliação da seletividade dos novos inseticidas para a utilização em situações emergenciais e a determinação dos níveis de não controle em função da densidade populacional da espécie-alvo e de seus respectivos inimigos naturais considerando os diferentes níveis de susceptibilidade dos híbridos disponíveis no mercado. Sumário e conclusões Nos últimos dois anos a Embrapa Milho e Sorgo realizou levantamentos da incidência de pragas e doenças na cultura do sorgo cultivado na safrinha nas regiões Sudeste e Centro Oeste. Entre os principais problemas detectados destacam-se alguns associados aos tratamentos fitossanitários. Em primeiro lugar pode ser mencionada a irregularidade na população de plantas. Foi comum observar falhas e plantas mortas, possivelmente devido ao ataque de diferentes pragas subterrâneas e/ou doenças em plantas jovens. É possível que o tratamento de sementes traga grandes benefícios para o estabelecimento da população ideal de plantas e se obter melhoria expressiva na produtividade da cultura. Os problemas relacionados com as pragas tradicionais do sorgo em outras regiões do País ou mesmo do mundo, como a mosca-do-sorgo e o pulgão-verde, parecem razoavelmente equacionados. O plantio do sorgo na safrinha permite o escape da fase de susceptibilidade do sorgo do pico populacional da praga, reduzindo seus danos a níveis insignificantes. Entretanto, sob algumas condições especiais (ex. clima e local) pode-se observar a incidência dessas espécies. A partir dos meses de março e abril a maioria da população de larva entra em diapausa ocorrendo baixa emergência de adultos nos meses subseqüentes. Por outro lado, a população de pulgão-verde encontra-se sob controle por dois efeitos independentes: um foi a introdução de alguns parasitóides dessa espécie pela Embrapa Trigo e outro foi a mudança da época de plantio do sorgo da safra normal para o plantio em safrinha. Com a colheita das culturas de verão, os inimigos naturais como a Chrysoperla externa concentram-se nas culturas de milho, sorgo e nos cereais de inverno semeados depois de fevereiro, mantendo-se as populações de pulgões sob controle. São raros os casos de necessidade de controle químico para essas pragas nas regiões Sudeste e Centro Oeste. A lagarta-do-cartucho tem se tornado uma praga importante para a cultura do sorgo safrinha. Embora fosse esperado um fato semelhante ao que aconteceu com o pulgão-verde, ou seja, um aumento da ação dos inimigos naturais também sobre a população das pragas em geral, incluindo a lagarta-do-cartucho, isto não vem se verificando na prática. Na safrinha, tanto no milho como no sorgo, tem-se registrado um aumento da incidência (acima de 50%) da lagarta-do-cartucho. Mesmo no verão, a incidência dessa espécie tem aumentado sendo hoje citada também como praga importante no algodão. Entretanto, métodos alternativos de controle dessa praga necessitam ser implementados, pois o uso somente do controle químico pode ser desastroso, especialmente para o sorgo, pois a eliminação dos inimigos naturais poderá provocar um aumento drástico da população de pulgão-verde que é, sem dúvida, muito mais prejudicial para a cultura do sorgo que a lagarta-do-cartucho. Em geral, tem sido observado também um aumento da incidência da broca-da-cana tanto no sorgo como no milho. Isto pode ser conseqüência do aumento da área com o plantio direto. A permanência dos colmos de gramíneas, como o milho, sorgo e milheto, permite a sobrevivência de larvas da Diatraea saccharalis em diapausa durante o inverno aumentando assim sua população ano após ano. Como o controle químico dessa praga é extremamente difícil, devido ao seu sítio de alimentação, medidas culturais como trituração mecânica dos restos culturais da palhada torna- se uma medida essencial para a redução da população dessa espécie. O controle biológico também é possível, entretanto, mais estudos são necessários para ajustar os atuais métodos utilizados na cultura da cana-de-açúcar para as culturas anuais. No atual sistema de produção do sorgo safrinha,, pode ser enfatizado que os dois principais problemas (tradicionais) de insetos-praga (mosca-do-sorgo e pulgão- verde) estão razoavelmente resolvidos. Entretanto, novas alternativas precisam ser implementadas para regulação das populações de Spodoptera frugiperda e Diatraea saccharalis tendo em vista o aumento da incidência dessas espécies nas culturas hospedeiras anuais em geral (milho, sorgo, arroz e milheto). Portanto, como recomendação geral, uma proposta para reduzir os danos causados por essas espécies nessas culturas seria o manejo em grandes-áreas. Isto implicaria na utilização de vários métodos de controle de forma estratégica para manter essas populações sob controle em unidades de agroecossitemas (ex. microbacias). Hoje, este nos parece o caminho mais seguro para um modelo sustentável, o qual poderia ser denominado de Manejo Ecológico de Pragas (MEP). Colheita e pós-colheita O agricultor deve integrar a colheita ao sistema de produção e planejar todas as fases, para que o grão colhido apresente bom padrão de qualidade. Nesse sentido, várias etapas, como a implantação da cultura até o transporte, secagem e armazenamento dos grãos, têm de estar diretamente relacionadas. A qualidade do grão de sorgo é função dos fatores pré-colheita, da colheita propriamente dita e da pós-colheita. No grão, após colhido, somente é possível manter sua qualidade, obtida no campo e remanescente da etapa de colheita. Com Grãos na panícula - Esse tipo de perda ocorre em função da regulagem do cilindro e côncavo e apresentam como possíveis causas a grande folga entre cilindro e côncavo, velocidade elevada de avanço, baixa velocidade do cilindro trilha, barras do cilindro estão tortas ou avariadas, côncavo está torto e existência de muito espaço entre as barras do côncavo Nos teores de umidade mais altos, testes indicaram que a perda de grãos na panícula foi o que mais contribui para o aumento da perda total. Por isso, rotações mais altas (600 a 700 rpm) são mais indicadas. Nos teores de umidade mais baixos, a perda de panículas após a colheita foi a maior responsável pelas perdas totais, e a rotação mais indicada está na faixa de 400 a 600 rpm. A secagem natural do sorgo no campo traz benefícios no sentido de economizar energia na secagem artificial, mas, à medida que o sorgo seca, diminui a concorrência com as plantas daninhas, aumentando a incidências destas. Este fato traz inúmeros problemas para a operação de colheita mecânica, como, por exemplo, o embuchamento das colhedoras com plantas daninhas, impedindo que as máquinas tenham bom desempenho. Exemplo de cálculo para uso da colhedora Considerando-se uma colhedora trabalhando a uma velocidade de 5 km/h e com plataforma de 3,6m, em um campo cuja produtividade é de 6.000 kg/ha, a capacidade teórica de colheita é: Se no período de uma hora foram colhidos 1,42 ha de sorgo, a eficiência de campo é igual a: No caso de colheita mecânica, são aceitáveis valores médios de eficiência de campo entre 70% e 80% ou, em outras palavras, 20% a 30% do tempo perdido em manobras, desembuchamento, consertos, entre outros. Considerando que as áreas a serem colhidas, de modo geral, apresentam produtividades (t/ha) desuniformes, é importante relacionar a capacidade efetiva de trabalho em t/h. Se, por exemplo, uma determinada colhedora automotriz estiver trabalhando em dois locais diferentes, campos A e B, com produtividades de 7 t/ha e 3 t/ha, respectivamente, e eficiência de campo de 80%, o tempo necessário para colher o campo B poderá ser menor, mas a quantidade colhida por tempo, é maior em A. Justifica-se, assim, a redução da velocidade de colheita, para evitar embuchamento. Pode-se, então, fazer o seguinte cálculo de Capacidade Efetiva de Trabalho (CET): Campo A: velocidade 3 km/h Campo B: Velocidade 5 km/h Conclusão: Em colheita mecânica a eficiência é medida em t/h e não em t/ha, como pode ser visto no exemplo acima. Campos de produção com produtividades altas, necessitam redução de velocidades de trabalho para evitar embuchamento, mas apresentam eficiência de colheita por hora excelente. Secagem e armazenamento Introdução A qualidade do grão de sorgo é função dos fatores pré-colheita, da colheita propriamente dita e da pós-colheita. No grão, após colhido, somente é possível manter sua qualidade, obtida no campo e remanescente da etapa de colheita. Com isso, para que se obtenha grãos de sorgo com boa qualidade final, é preciso que se planeje toda a cadeia produtiva. 1. Fatores pré-colheita 1.1. Cultivar 1.2. Clima e Safra 1.3. Manejo da lavoura 1.4. Tipo de colheita e perdas 2. Limpeza 3. Secagem 3.1. Natural 3.2. Artificial 3.2.1. Secadores comerciais 3.2.2. Secadores acoplados a silos 3.3. Mista 4. Armazenamento 4.1. Em armazém 4.2. Em silos metálicos 5. Higienização das instalações e controle de pragas 5.1. Expurgo 5.2. Controle químico 1. Fatores pré-colheita São todos aqueles que se referem à fase de produção do sorgo, envolvendo cultivar escolhida, clima na época de cultivo e colheita, os tratos culturais, culminando com a colheita, na qual pode-se comprometer a qualidade obtida no campo. 1.1. Cultivar: talvez este ainda seja o ítem mais difícil de se manejar em termos de qualidade pós-colheita do sorgo, pois os programas de melhoramento, em geral, ainda estão na fase de desenvolver genótipos para determinadas condições edafoclimáticas e resistência a pragas. No futuro, deve-se dar ênfase à genótipos com qualidade nutricional superior, aliada a boa conservação pós-colheita. 1.2. Clima e Safra: o sorgo pode ser produzido e colhido em duas épocas contrastantes do ano: aqueles plantados a partir do início da época das chuvas, constituirão a "safra das chuvas", estando muito úmidos na colheita, e aqueles plantados a partir de janeiro e que serão colhidos em época seca, estando com menor umidade na panícula ("safra das secas"). Esta diferença será considerada, mais adiante, ao se discutir a secagem dos grãos, porém já se pode relatar que os primeiros serão mais susceptíveis à pragas. 1.3. Manejo da lavoura: quando se conduz a lavoura adequadamente, ou seja, com adubações equilibradas, aplicação correta de agroquímicos, espaçamento adequado, entre outros ítens, a tendência é se obter grãos com a qualidade desejada e projetada para determinada cultivar e para o sistema de produção planejado. 1.4. Tipo de colheita e perdas: a colheita manual permite menores perdas, consistindo no corte da panícula com facão, remoção destas do campo para o terreiro e bateção da panícula em obstáculo para liberar os grãos, deixando-os secar ao sol para terminar a secagem. A colheita mecânica é mais barata e viável para grandes produções, embora espere-se perdas superiores. As colheitadeiras disponíveis fazem a colheita, bateção, limpeza e ensaque dos grãos de sorgo. 2. Limpeza Etapa em que se remove as impurezas, tais como terra, restos de plantas e de insetos. O grão de sorgo, em geral, carrega mais impureza que outros grãos, acarretando problemas que serão descritos mais adiante, na secagem. Extremamente necessária para que se reduza a possibilidade de infestação de insetos na fase de armazenamento, reduzindo a possibilidade de problemas na secagem. A colheita mecanizada promove maior sujeira dos grãos, pela movimentação das máquinas, que levantam as partículas de solo mais finas. Pode ser feita mecanicamente, por meio de máquinas de pré-limpeza, ou manualmente, por meio de peneiras. 3. Secagem É a etapa em que se reduz a umidade dos grãos para percentuais que minimizem sua atividade metabólica e a possibilidade de ataque de insetos. É fundamental para o eficiente armazenamento do sorgo. Ao se reduzir a umidade do sorgo, garantem-se melhores germinação e vigor da semente, além de se reduzir a deterioração primária, devido a insetos, e secundária, devido a fungos. 3.1. Natural: realiza-se em terreiros, ao se utilizar os recursos naturais de energia solar e eólica. Pode ser utilizada para o sorgo da "safra das secas", uma vez que as panículas apresentam-se com baixa umidade. Deve seguir os seguintes passos: espalhamento no terreiro, aquecimento natural pelo sol, revolvimento das camadas de grãos para aeração e uniformização e, finalmente, abafamento, visando maior uniformidade de secagem. 3.2. Artificial: Deve ser aplicada nos grãos de sorgo da "safra das chuvas", pois as panículas colhidas estão muito úmidas nesta época. Os secadores podem utilizar aquecedores ou não. Caso se utilize a secagem será mais rápida, porém deve-se evitar que a temperatura ultrapasse 60o C, para que não se comprometa a qualidade dos grãos de sorgo. Pode ser feita em secadores, antes do armazenamento, ou no próprio silo metálico. Fig. 1 Sitophilus zeamais : Identificação, descrição da biologia e natureza do dano Fonte: Jamilton Pereira dos Santos Fig. 2 Sitotroga cerealella Identificação, descrição da biologia e natureza do dano. Fonte: Jamilton Pereira dos Santos Fig. 3 Rhy zopertha dominica : Identificação, descrição da biologia e natureza do dano. Fonte: Jamilton Pereira dos Santos Fig. 4 Tribolium castaneum : Identificação, descrição da biologia e natureza do dano Importância da cultivar na preservação da qualidade do sorgo De modo geral as cultivares que produzem grãos mais duros são mais resistentes ao ataque de pragas. Fatores como, a dureza do grão e a concentração em ácidos fenólicos são preponderantes para a menor incidência de pragas, as quais iniciam o ataque no campo, mas é no armazém que se multiplicam em grande número e causam os maiores danos. Efeito da temperatura e umidade na preservação da qualidade A temperatura e a umidade do grãos constituem elementos determinantes na qualidade porque influencia na ocorrência de insetos e fungos durante o armazenamento. A maioria das espécies de insetos e de fungos reduz sua atividade biológica a 15oC. E a aeração, que consiste em forçar a passagem de ar através da massa de grãos, constitui uma operação fundamental para abaixar e uniformizar a temperatura da massa de grãos armazenados. O teor de umidade do grão é outro ponto crítico para um armazenagem de qualidade. Grãos com altos teores de umidade tornam-se muito vulneráveis a serem colonizados por altas populações de insetos e fungos. Para uma armazenagem segura é necessário secar o grão, forçando a passagem do ar aquecido através da massa de grãos ou secando-o com ar natural. Embora o fluxo de ar durante a aeração seja tão baixo ao ponto de não reduzir a umidade do grão (quando realizado à temperatura natural), mas deve-se ter cuidado porque uma aeração excessiva poderá reduzir o teor de umidade e consequentemente o peso. O desenvolvimento de insetos e fungos acelera rapidamente sob as condições ideais de temperatura e umidade, impondo limites no tempo para uma armazenagem segura. Grãos com umidade adequada e uniformemente distribuída por toda a massa podem permanecer armazenados com segurança por longo período de tempo. Quando não houver aeração, a umidade migra de um ponto para outro. Esta movimentação da umidade ocorre em função de diferenças significativas na temperatura dentro da massa de grãos, provocando correntes de convecção de ar, criando pontos de alta umidade relativa e alto teor de umidade no grão e, consequentemente, pontos com condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento de insetos e fungos. Portanto a aeração exerce uma função essencial tanto para manter a temperatura e a umidade no ponto desejado, quanto para uniformizar e distribuir estes fatores na massa de grãos. Conclui-se portanto que estabilidade da umidade e temperatura são fundamentais para o controle preventivo da ocorrência de insetos e fungos. Efeito da aeração na preservação da qualidade O uso da aeração tem sido usada para inibir o desenvolvimento de insetos e fungos. A aeração pode reduzir a temperatura da massa de grãos a um valor que inibe a multiplicação destes organismos, conforme observou Sutherland, (1968) e Reed et al., (2000). Porém alguns insetos e fungos são mais adaptadas às condições de temperaturas mais baixa e o efeito da aeração, somente, não é capaz de reprimir o desenvolvimento populacional de algumas espécies. Pesquisas realizadas com milho por Arthur e Throne, (1994), utilizando-se de um processo contínuo de aeração, demonstraram que populações de Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum foram significativamente reduzidas nos silos submetidos a aeração. Eles também observaram uma perda de eficiência mais rápida do inseticida aplicado no silo não submetido a aeração do que no silo aerado. A aeração reduz substancialmente a ocorrência de fungos. A aeração deve ser realizada quando a temperatura do ar estiver mais baixa e o ar estiver mais seco. Ela pode ser realizada de forma contínua ou em intervalos de tempo determinado, considerando-se faixas de temperatura ideal, ou mesmo baseando-se na diferença entre a temperatura do ar ambiente e temperatura do grãos. Monitoramento e amostragem na prevenção da infestação Nesse caso, as pragas devem ser combatidas de forma preventiva pela aplicação uma solução inseticida sobre os grãos na correia transportadora, da mesma forma que se faz com o milho, dotada de paletas (tombadores) para revolver os grãos e uniformizar a mistura do inseticida, durante o enchimento do silo. Para a correta utilização dos silos graneleiros horizontais recomenda-se remover todo o estoque no início da safra, promover uma higienização total da estrutura afim de receber o grão da nova safra - não misturar grãos velhos com grãos novos, na mesma célula armazenadora. Armazenamento em sacaria O armazenamento de sorgo em sacaria, em armazéns convencionais, pode ser empregado com sucesso, desde que as estruturas armazenadoras atendam às condições mínimas. O sorgo deve estar seco (13-13,5% de umidade), haver boa ventilação na estrutura. O piso deve ser concretado, cimentado e com a cobertura perfeita e com proteção anti-ratos. As pilhas de sacos devem ser erguidas sobre estrados de madeira e afastados das paredes. O combate dos insetos deve ser realizado através de expurgo periódico, iniciando-se, de forma preventiva, logo após o ensacamento, e repetindo-se a cada três meses (Tabela 2). Recomenda-se também uma pulverização externa das pilhas de sacos, bem como de toda a estrutura, seguindo as concentrações sugeridas nas (Tabela 3) como forma de prevenir a reinfestação. Tabela 2. Dose e tempo de exposição recomendados para expurgo com fosfina. Tipo de estrutura Material a fumigar Doses Temperatura Tempo de duração pastilhas (3 g) comprimidos (0,6 g) ( o C) (dias) Sob lonas plásticas Sacaria 2 por 15 a 20 sacas de 60 kg 10 por 15 a 20 sacas de 60 kg 20-25 07 No próprio silo granel 2 / ton. ou 1 m 3 ou 1 m 3 10 / ton. ou 1 m 3 + de 25 4-5 Fonte: Jamilton Pereira dos Santos Não se recomenda expurgo com temperatura inferior 15oC Tabela 3. Orientação sobre o uso de alguns inseticidas para controle ou prevenção contra pragas de grãos armazenados. UTILIZAÇÃO DELTAMETHHRIN (CE) PIRIMIPHOS METIL (CE) BIFENTRINA (CE) Mistura direta com grãos 20-40 ml/1 l de água/t de grãos 8-16 ml/l l de água/t de grãos 20-40 ml/1 l de água/t de grãos Superfície de Sacaria 10 ml/l l de água/20 m 2 10 ml/l l de água/20 m 2 10 ml/l l de água/20 m 2 Superfície de Parede 15 ml/l l de água/20 m 2 15 ml/l l de água/20 m 2 15 ml/l l de água/20 m 2 Superfície de madeira 10 ml/l l de água/20 m 2 10 ml/l l de água/20 m 2 10 ml/l l de água/20 m 2 Nebulização 10 ml/90 ml óleo/ 100 m 2 5 ml/95 ml óleo/ 100 m 2 10 ml/90 ml óleo/ 100 m 2 Fonte: Jamilton Pereira dos Santos Mercado e Comercialização A produção de sorgo granífero no Brasil O sorgo foi introduzido no Brasil no início do século XX, mas desde então nunca se firmou como uma cultura com características comerciais marcante. Por ser identificado como substituto do milho em seus vários usos, o sorgo teve problema para ser identificado pelos produtores e consumidores como tal. Também por ser apresentado como rústico, com sua origem em regiões semi-áridas e áridas, seria resistente a seca, foi introduzido no Nordeste como o produto que salvaria a produção agropecuária daquela região, no entanto, o sorgo é um pouco mais resistente á um estresse hídrico do que o milho, mas não é resistente à seca como se propagava, e depende de boas práticas culturais para atingir produtividades melhores, assim, novamente teve dificuldades para se tornar um produto comercial de porte naquela região. As informações que disponíveis com respeito ao sorgo, indica-o como um bom substituto do milho na produção agrícola e na alimentação animal, mas aspectos culturais que afetam o comportamento dos agentes do agronegócio do Brasil dificultam esta substituição e geram problemas de mercado para o produto. Na realidade o produtor de sorgo é quase que integrado com algumas firmas produtoras de rações, visto que nos canais normais de comercialização eles têm dificuldades de colocar o produto. Por exemplo, os armazéns graneleiros são usados prioritariamente para estocagem de milho e soja, sendo usados apenas espaços marginais para armazenagem de sorgo. O sorgo é uma cultura marginal ao milho e depende do desempenho dele para participar no mercado. Outro exemplo é relacionado ao preço do sorgo que é atrelado ao preço do milho, sendo cotado ao redor de 80% do valor deste. A despeito das dificuldades de mercado encontradas pelos produtores de sorgo, a cultura alcançou maior volume de produção na última década do século passado no Brasil. Na Tabela 1 e 2 são apresentados os dados da produção e área colhida da cultura do sorgo, nas regiões e no Brasil. Observa-se que a região Norte apenas o estado de Tocantins compõe a tabela, dado que esta região tem uma produção de sorgo incipiente. Em relação às outras regiões, destaca-se o crescimento da produção de sorgo na no Centro-Oeste brasileiro. No início da década de 90, a Região Centro-Oeste produzia em média menos de 50 mil toneladas de sorgo em grão, no final da mesma década, a região estava produzindo mais de dez vezes mais deste total, ultrapassando a 500 mil toneladas ao ano de sorgo granífero. Pode-se observar na Figura 1 que o crescimento da produção na região teve um efeito forte no crescimento da produção no Brasil. Pelo menos três fatores concorreram fortemente para o aumento desta produção. O primeiro está relacionado à criação no início dos anos noventa do Grupo Pró-Sorgo, constituído de representantes da indústria de semente, da pesquisa agropecuária, de instituições públicas e outros, que teve como objetivo o fomento da produção de sorgo no Brasil, com maior divulgação das potencialidades da cultura e suas modernas tecnologias. A segunda está relacionada ao uso do sistema de produção de PLANTIO DIRETO na região Centro-Oeste e Sudeste tendo o sorgo como uma cultura que além de servir para rotação com a soja produz boa palhada necessária a este sistema. E a terceira diz respeito à crescente importância da Safra de Inverno (Segunda Safra ou Safrinha) na região central do Brasil, onde o sorgo representa menor risco uma vez que é mais resistente ao estresse hídrico do que o milho (veja Figura 2 para identificar épocas de cultivo do sorgo). Fonte : CONAB, 2007 Fig. 1 Evolução da produção de sorgo no Brasil 1990-2007 Elaboração:Mitidieri,2002 Fig. 2 Época de cultivo de sorgo no Brasil. Os dados relativos à produtividade apontam para o cultivo do sorgo sendo desenvolvidos na segunda safra nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, uma vez que as produtividades destas regiões são menores que a da região Sul. Na Figura 3, pode-se observar que enquanto a produtividade da região Sul tem tendência de do estado da Bahia. Estas são áreas de expansão do cultivo de soja e milho, com alguma produção de sorgo surgindo nos anos finais do século passado. A importância destes estados para a produção de sorgo está atrelada ao abastecimento de grãos, cereais, para a região nordeste, possibilitando a diminuição dos custos de produção de frangos e suínos. A incorporação destas novas áreas na produção de sorgo pode resultar na diminuição da pressão de demanda por milho no Nordeste e no Centro sul do país. Fonte: Guilherme Mezzena/ Grupo Pró Sorgo Fig. 6 Estados Produtores de Sorgo no ano de 2006 Na Figura 7 está representada a distribuição da produção de sorgo granífero no Brasil na safra 2005/06. Observa-se que o estado de Goiás tem a maior participação na produção, sendo seguido por São Paulo, por Mato Grosso e Minas Gerais no rank dos maiores produtores desta safra, embora no rank de produção a disputa pela segunda posição acontece entre os estados de São Paulo e Mato Grosso. Na realidade, os estados de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais tem sido responsáveis por mais de 80% da área plantada com sorgo e mais de 70% da produção nacional. Fonte : IBGE, 2007 Fig. 7 Distribuição de Área Plantada com Sorgo no Brasil – Média das Safras 2004 a 2006. Na Figura 8 e na Figura 9 está representada a inversão do eixo de produção de sorgo no país. Observa-se que até os anos noventa o Rio Grande do Sul era o Maior produtor de Sorgo no país. A partir do início desta década o estado de Goiás começa a ter um crescimento vertiginoso na produção e na área plantada com sorgo, porém não foi apenas este estado que teve crescimento. De uma forma geral, os estados da região Centro-Oeste e sudeste participaram deste crescimento, que pode ser bem representado pelo gráfico representando o estado de Goiás. Devido a sua alta produção de sorgo, Goiás tornou-se o maior exportador deste grão para outros estados brasileiros, principalmente para a região Nordeste. Fonte : CONAB, 2007 Fig. 8 Evolução da Produção de Sorgo em Goiás e Rio Grande do Sul 1973-2007. Fonte : CONAB, 2007 Fig. 9 Evolução da Área Colhida com Sorgo em Goiás e Rio Grande do Sul. 1973-2007. Uma observação final sobre a produção de sorgo está relacionada ao baixo índice de produtividade da cultura no Brasil quando comparado aos 4200 quilogramas por hectare produzidos nos Estados Unidos da América e aos 4300 kg/ha produzidos na Argentina. O ponto positivo em termos de produtividade é que apesar de termos índices baixos, a produtividade média do Brasil está acima dos níveis médios mundiais, i.e., enquanto que a média da produtividade mundial é de 1439 kg/ha, a produtividade média brasileira é em torno de 1800 kg/ha, registrando 1760 kg/ha na safra 2000/01. Os baixos índices de produtividade do sorgo no Brasil estão relacionados com a opção dos produtores de cultivo da cultura na segunda safra e
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